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Narrativa Diária

Não escrever um romance na «horizontal», com a narrativa de peripécias que entretêm. Escrevê-lo na «vertical», com a vivência intensa do que se sente e perturba. Vergílio Ferreira

Narrativa Diária

Sab | 31.01.15

Cavaco recusa-se a depor no Parlamento sobre o BES

A polémica estalou na quinta-feira quando foi divulgada a segunda carta que o ex-presidente do BES enviou à comissão de inquérito, onde referia que se havia reunido duas vezes, em 2014, com o Presidente da República, tendo alertado então Cavaco Silva sobre os riscos sistémicos envolvendo o GES e o BES.

Na missiva ora enviada, o ex-banqueiro detalhava as duas reuniões com o Presidente da República e referia ainda encontros com vários responsáveis políticos, incluindo o primeiro-ministro vice-primeiro-ministro, Paulo Portas e a ministra das Finanças.

Os partidos de esquerda (PS, PCP e BE) pediram naturalmente explicações àqueles dirigentes sobre as reuniões que mantiveram com Ricardo Salgado. Querem saber exatamente qual a informação que dispunham meses antes da queda do grupo.

Para os sociais-democratas trata-se de uma «manobra de diversão» a audição dos partidos da oposição a Cavaco, já que «nunca um Presidente da República foi chamado a depor numa Comissão Parlamentar de Inquérito». O PSD já fez saber que votará contra. CDS-PP deve ir atrás. Será a primeira vez que uma audição vai ser chumbada nesta comissão de inquérito.

Ora, como Pedro Nuno Santos afirmou «todos os portugueses têm direito de saber tudo o que aconteceu e o senhor Presidente da República pode dar um contributo muito importante» nesse sentido.

No entanto, Cavaco já deixou claro que «o Presidente da República não tem esclarecimentos adicionais a prestar», porque esclarece o chefe de Estado, «desde logo porque não tem nenhuma competência executiva, não toma nenhuma decisão em relação ao sistema financeiro ou a quaisquer outras áreas. Os senhores ainda não perceberam bem o que é a vida de um Presidente da República. Já deu mais de 2.500 audiências». «Quem fala com um Presidente da República tem que ter a certeza de que aquilo que lhe conta não será dito por ele a mais ninguém», acrescentou.

Acontece que Cavaco quebrou o sigilo ao emitir juízos a respeito da situação financeira do BES aquando do aumento de capital, quando o BES já era uma entidade praticamente falida. E ele sabia-o, não temos agora dúvidas. Se não usou de sigilo nesse momento, tem de explicar quando falou aos portugueses acerca da situação do BES, levando alguns investidores a investirem no aumento de capital do banco e a perder somas avultadas de dinheiro.

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