A população portuguesa está a decrescer
Foi divulgado nos media um estudo que indica que Portugal tem vindo a perder habitantes a um ritmo crescente e preocupante e que quando terminar o período de intervenção da Troika seremos o país com menor população e também mais envelhecida.
As contas não são difíceis de fazer. Basta para isso somar a taxa de natalidade verificada no último ano à maior vaga de emigração, e facilmente compreendemos que Portugal em 2012 registou a maior quebra populacional desde 1969.
Há 43 anos que o país não assistia a uma quebra demográfica tão significativa. Porém, e apesar da taxa de natalidade ter registado mínimos históricos (cerca de 70% de decréscimo no ano passado)a baixa da densidade populacional está diretamente relacionada com o aumento da emigração. Enquanto o saldo verificado pela diferença entre nascimentos e mortes levou a uma diminuição de 17.757 pessoas, o saldo migratório (imigração menos emigração) cifra-se em menos 37.352 pessoas. Este padrão pode mesmo vir a repetir-se nos próximos anos o que implicará um impacto negativo na economia, porquanto haverá menos hipóteses de desenvolver setores competitivos, retirando ao país potencialidades de crescimento a prazo.
Com menos população, tendo em conta que a população que emigrou era constituída maioritariamente por jovens com maiores qualificações, a capacidade da economia portuguesa para ser mais produtiva, competitiva e inovadora pode esbater-se por um período de tempo. De facto, a diminuição que tem origem na emigração acaba por contaminar outros setores, porque se reflete no PIB (Produto Interno Bruto) e também porque a saída num único ano de mais de 1% da população ativa, reduz a nossa capacidade de produtividade de longo prazo. Contudo, o problema não se esgota no impacto económico. Somando este ao envelhecimento da população, a tendência de decréscimo deverá manter-se, com efeitos negativos a nível económico, cultural, civilizacional e social, uma vez que o número de cidadãos em idade ativa será insuficiente para gerar rendimentos para suportar os encargos com as gerações mais velhas.
Com fatores económicos, sociais e culturais difíceis de inverter a curto e médio prazo, a mudança passará inevitavelmente pela adaptação do modelo social a esta nova realidade, como seja, atrair ativos mais qualificados (portugueses e estrangeiros) para o país o que, convenhamos, não se afigura uma tarefa nada fácil.