1º Round entre António Costa e António José Seguro
Foi um debate morno e pouco esclarecedor aquele que opôs Antonio Costa e António José Seguro. Os dois candidatos do PS às eleições primárias de 28 de Setembro limitaram-se a repetir aquilo que tem sido o discurso de ambos durante estes últimos tempos.
Seguro entrou a matar, acusando o seu adversário de traição. De realçar que o atual Secretário-Geral fica mais acutilante quando se vira para o combate interno. Aí o homem transfigura-se. Fica mais vibrante quando ataca o governo liderado por José Sócrates ou quando aponta defeitos a António Costa, do que consegue quando defronta Passos Coelho ou quando se trata de discutir assuntos relacionados com o país.
António Costa mostrou que se sente pouco confortável neste registo de ofensas, ataques pessoais e de raivinhas incontidas que caracterizam o perfil de Seguro. Penso, no entanto, que o atual Presidente da Câmara de Lisboa ganharia em assumir uma postura mais dura e mais assertiva, porque este tipo de debates assim o exige.
De realçar que este formato adotado em dosear o tempo entre os candidatos é demasiado redutor. Corta a argumentação e torna a discussão desinteressante e pouco esclarecedora.
O Secretário Geral do PS garantiu que se demitirá caso venha a ser Primeiro Ministro e se veja obrigado a aumentar a carga fiscal. Com isto penso que Seguro deu um tiro no próprio pé. É impensável que um candidato a primeiro-ministro se comprometa, a um ano de eleições, sobre o não aumento de impostos. E pior ainda, que diga que se demite se não tiver outra alternativa. Porque o que os portugueses esperam de um primeiro-ministro é que garanta estabilidade governativa e que não bata com a porta à mínima contrariedade.
Seguro entende que ser Primeiro Ministro é um direito que lhe assiste porque fez o «caminho das pedras» durante três anos, mas ele esquece-se que para o ser tem de mobilizar o povo português - o que até agora não conseguiu e as sondagens refletem isso mesmo. Com Seguro o PS perde para a direita, com Costa ganha.
Agora cabe aos portugueses fazer a sua escolha - tudo o mais que se possa dizer é conversa sem sentido.