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Narrativa Diária

Não escrever um romance na «horizontal», com a narrativa de peripécias que entretêm. Escrevê-lo na «vertical», com a vivência intensa do que se sente e perturba. Vergílio Ferreira

Narrativa Diária

Dom | 31.03.13

JEREMY IRONS

Na passada 3ª feira, o programa “5 para a meia noite”, na RTP 1, teve dois convidados excelentes.O filme Comboio Noturno para Lisboa, rodado em Lisboa, protagonizado por Jeremy Irons, que conta também com a participação de Nicolau Breyner, foi o mote para uma conversa com o reconhecido ator britânico e com o ator português. Estavam reunidas as condições para ser um programa fantástico, não fosse a total inépcia do apresentador. José Pedro Vasconcelos estava visivelmente nervoso por ter naquela noite personagens de tal gabarito no seu programa. Meteu “os pés pelas mãos". Valeu-lhe o “fair-play” e a categoria dos convidados. Mas, a certa altura, a má educação do apresentador superou todos os limites. Volta-se para Nicolau Breyner e dispara:” this guy has an Oscar, but you know how to act”. Que falta de chá! Por amor da Santa, não ponham gente desta a entrevistar pessoas com a classe e o nível de Jeremy Irons! A RTP terá certamente entrevistadores com outra preparação (estou a lembrar-me de Mário Augusto, Júlio Isidro ou Herman José entre outros). Para mais, o programa tinha sido previamente gravado, certamente para a colocação de legendas, dado que a conversa foi mantida em inglês. É que não é apenas a má imagem do programa que está em causa, foi também passada uma péssima imagem da RTP (serviço público de televisão) e em última instância do País. Quanto a Jeremy Irons, resta-me dizer que é um "gentleman". Tem um sentido de humor fabuloso e  carradas de charme apesar dos seus 64 anos.

Sab | 30.03.13

OVOS DA PÁSCOA

 

  

Na época pascal é comum oferecer ovos. A tradição de oferecer um ovo na Páscoa é milenar. Os primeiros ovos eram de galinha e o hábito de oferecê-los vem da tradição pagã. Na Ucrânia, por exemplo, muito antes da era cristã, já se trocavam ovos pintados com motivos de natureza para celebrar a chegada da Primavera. Os chineses e os povos do Mediterrâneo também tinham por hábito oferecer ovos para comemorar a nova estação do ano. Há 5.000 anos, quando os persas queriam desejar felicidade a alguém, ofereciam ovos de galinha, símbolo de fecundidade e renovação. Os ovos simbolizavam o início da vida. O costume veio para a Europa e começou a ser praticado na Páscoa. O Domingo Pascal marca o fim da quaresma, período de jejum dos fiéis que, entre outros alimentos, não comiam ovos. Assim, no dia do renascimento de Jesus, os católicos consumiam a produção de ovos acumulada durante aquele período. Esta tradição alastrou-se a outros países. Eduardo I de Inglaterra oferecia ovos banhados a ouro aos seus súbditos. Luís XIV de França enviava-os pintados e decorados, como presentes. Foi assim que teve início a moda de os fazer artificiais, de madeira, porcelana ou metal, contendo no seu interior, algumas surpresas para os contemplados. Estas tradições inspiraram anos mais tarde também Peter Carl Fabergé na criação dos famosos e valiosos Ovos Fabergé, mundialmente conhecidos. Mais tarde, no século XVIII, os doceiros franceses começaram a fabricar ovos em chocolate, iguaria muito apreciada que constitui uma tentação para miúdos e graúdos. Atualmente há ovos dos mais variados estilos, com diferentes qualidades de chocolate, diferentes tamanhos, formas, cores e recheios. O difícil é mesmo escolher...

Sex | 29.03.13

FOLAR DA PÁSCOA

Uma das tradições da Páscoa é o folar. Experimente fazer e delicie-se!

 

INGREDIENTES:

Para a massa:

  • 500 g de farinha
  • 35 g de fermento de padeiro
  • ½ dl de leite morno
  • 1 pitada de sal
  • 100 g de açúcar
  • 75 g de margarina
  • 3 ovos
  • raspa de uma laranja
  • 1 colher (café) de canela em pó
  • ½ cálice de brandy
  • 4 ovos cozidos em água com cascas de cebola

 Para decoração:

  • Ovos cozidos em casca de cebola
  • 1 Ovo (pincelar)



 

PREPARAÇÃO:

Coza os ovos com as cascas de cebola. Deite a farinha sobre uma mesa, abra uma concavidade no meio, junte o fermento e junte metade do leite quente. Para amassar o fermento, deverá ir retirando alguma farinha da que está em volta na mesa. Faça uma bola, dê-lhe um golpe em cruz e deixe levedar. Junte em volta do fermento o açúcar, a canela, o sal, a margarina e amasse, sempre no centro. Junte 2 dos ovos crus, o restante leite, a raspa da laranja e o brandy e amasse tudo muito bem, envolvendo a farinha toda.

Bata bem a massa, cortando-a para ficar fofa e elástica, polvilhando com farinha sempre que necessário, até se descolar facilmente da mesa e formar uma bola. Polvilhe uma taça com farinha, deite-lhe a massa, cubra com um pano aquecido e deixe levedar umas horas num ambiente aquecido, até a massa ter o dobro do volume.

Deite a massa sobre a mesa, pondo de parte uma pequena porção (tiras)e, com o resto, faça uma espécie de bola achatada. Coloque num tabuleiro, untado e polvilhado, com os ovos cozidos em casca de cebola sobre o centro da massa. Faça umas tiras com a porção que tinha reservado, colocando-as em cruz sobre os ovos, deixando levedar novamente. Pincele com ovo batido e leve a cozer em forno médio, durante cerca de 30 minutos, aproximadamente. 

 

Sex | 29.03.13

SEXTA-FEIRA SANTA

Hoje, Sexta-Feira Santa ou Sexta-Feira de Paixão, é a data em que os cristãos celebram a paixão e a morte de Jesus Cristo, através de diversos rituais religiosos. Na Igreja Católica este dia faz parte do Tríduo Pascal (composto pela Quinta-Feira Santa, Sexta-Feira Santa e Vigília Pascal, o período mais importante do ano litúrgico). Na noite de Sexta-Feira Santa realiza-se a Via Sacra, uma oração que tem como objetivo levar os cristãos a meditar na paixão, morte e ressurreição de Cristo e não se realiza a eucaristia. A Igreja aconselha a que neste dia os seus fiéis pratiquem alguns sinais de penitência, em respeito e veneração pela morte de Cristo. Assim, convida-os à prática do jejum e de abstinência da carne, em respeito ao sacrifício de Jesus Cristo na cruz.

Qui | 28.03.13

ENTREVISTA DE SÓCRATES À RTP

Sócrates começou por afirmar que as intenções que marcaram o seu regresso, não envolvem projetos de candidatura a Belém ou à liderança do PS. Simplesmente achou ser este o momento oportuno para voltar. A RTP convidou-o para ter um espaço  semanal de comentário político e ele aceitou "pro bono". As suas críticas nesta entrevista focalizaram-se em Passos Coelho e na direita em geral, e em Cavaco Silva em particular.

A sua “narrativa” (palavra, aliás, que repetiu até à exaustão) passou por «desmontar três embustes»: primeiro, não foi o seu governo responsável pela crise política criada. Esta crise foi consequência da crise internacional, disse. Segundo, foi negar, veementemente, ter contribuído para o pedido de ajuda financeira. Segundo Sócrates «nessa narrativa há uma mistificação histórica, que tem uma ideologia por trás - a da direita». O PEC IV pelo qual se bateu ferozmente e havia já sido aprovado nas instâncias europeias, teria evitado, em sua opinião, o pedido de ajuda externa. O PSD e Cavaco Silva foram, segundo o ex-primeiro ministro, os principais responsáveis pela sua inviabilização (omitiu aqui o papel do PCP e Bloco de Esquerda). Terceiro, foi a aplicação do memorando pelo atual executivo. O ex-primeiro-ministro socialista diz que «o Governo nunca aplicou o memorando inicial», quis ir mais além e procedeu a 7 alterações.

Relativamente ao Presidente da República (PR), disse que não lhe reconhecia autoridade moral para lhe dar lições de lealdade. O PR «usou dois pesos e duas medidas». Dizia «que havia limites aos sacrifícios pedidos aos portugueses» e agora aceita pacificamente que não se pague os subsídios de férias e de Natal. Sócrates rejeitou que tivesse ocultado o PEC 4 ao PR. «Nem nos Orçamentos do Estado nem nos PEC ’s havia a tradição de os discutir com o PR, antes de os anunciar», arguiu. «Se o PR queria evitar uma crise politica teve tempo para o fazer. Mas não tinha esse interesse». Com o discurso de posse, mostrou «a mão escondida atrás dos arbustos que desencadeou a crise». Cavaco «deu um sinal à oposição que podia provocar uma crise». E agora está calado, diz Sócrates, porque «é o patrono desta solução política».

Jose Sócrates contrariou a ideia de que o seu governo tenha sido despesista, recorrendo a estatísticas. No aumento da despesa do Estado, designadamente com o aumento dos ordenados dos funcionários públicos, antes das eleições de 2009, Sócrates defendeu-se da acusação de eleitoralismo. Os aumentos de salário (2,9 por cento, os maiores da década) justificavam-se porque o Governo «tinha uma doutrina de ajudar as famílias, compensar o aumento dos preços da alimentação e do petróleo, para além da circunstância dos ordenados estarem congelados há 3 anos. «Não vi nenhum partido com medidas de contenção da despesa, pelo contrário». Outra “narrativa” que negou, também, foi ter sido «o pai das PPP».

Manifestou compreensão por o atual secretário-geral do PS não ter vindo a terreiro em sua defesa. «O papel de um partido é pensar no futuro, para me defender estou cá eu». Ainda assim salientou que esta «atitude nobre» de Seguro o deixou exposto às mentiras sobre a sua governação.

Sócrates foi fiel à imagem combativa que conhecíamos. O seu regresso ao comentário político é, sem dúvida, um bom ponto de partida para a revitalização do debate e da discussão no espaço público. «O animal feroz» continua em grande forma. Sabe exatamente o que quer dizer e como deve passar a mensagem. Ontem, esta “narrativa” foi muito centrada em si próprio, mas haverá certamente muitos mais capítulos. Aguardemos pelas cenas dos próximos.

 

Qui | 28.03.13

QUINTA-FEIRA SANTA

Hoje, quinta-feira santa, é o último dia da Quaresma. É o dia em que Cristo, na ceia de despedida, antes da sua morte, instituiu a Eucaristia, lavando os pés aos seus apóstolos, e constituindo-os sacerdotes mediadores da sua Palavra, dos seus sacramentos e da sua salvação. A Eucaristia, para a comunidade católica, celebra-se, hoje à tarde, com o Lava-pés, depois da homilia. Esta Missa, «in Coena Domini», abre o Tríduo Pascal da morte e ressurreição de Jesus Cristo, adiantando assim todo o simbolismo dinâmico da Páscoa no sacramento eucarístico, como Ele fez antes de ser crucificado.

Qua | 27.03.13

TEMOS FILÓSOFO!

Reparem nesta pérola:

“Eu quis aqui estar hoje porque, num tempo em que somos confrontados diariamente com a gestão da incerteza e a gestão das incógnitas, é importante que aqueles que têm responsabilidades públicas sejam capazes em cada uma das áreas de ter respostas concretas para o que é concreto e respostas objetivas para o que é específico”.

“Isto foi o que disse Miguel Relvas, ontem. Respostas concretas para o que é concreto! Respostas objetivas para o que é específico! Isto é poesia em prosa. Não deixem sair este filósofo do Governo” 

(extraído de crónica de Rui Tavares,jornal Público, 27 março de 2013)

Qua | 27.03.13

ASSESSORA DE CAVACO SILVA

Era uma vez um banqueiro
a Dona Isabel ligado.
Vive do nosso dinheiro,
mas nunca está saciado.

Vai daí, foi a Belém
E pediu ao presidente
que à sua Isabel também
desse um job consistente.

E o bom do senhor Cavaco
admitiu a senhora,
arranjando-lhe um buraco
e o cargo de consultora.

O banqueiro é o Fernando,
conhecido por Ulrich,
e que diz, de vez em quando,
«Quero que o povo se lixe!».

E o povo aguenta a fome?
«Ai aguenta, aguenta!».
E o que o povo não come
enriquece-lhe a ementa.

E ela, Dona Isabel,
com Cavaco por amigo.
não sabe da vida o fel
nem o que é ser sem-abrigo.

Cunhas, tachos, amanhanços,
regabofe à descarada. É fartar,

que nós, os tansos, somos malta

bem mandada.

Mas cuidado, andam no ar
murmúrios de madrugada.
E quando o povo acordar
um banqueiro não é nada.

É só um monte de sebo,
bolorento gabiru.
Fora do banco é um gebo,
um rei que passeia nu.

Cavaco, Fernando Ulrich,
Bancos, Troikas, Capital.
Mas que aliança tão fixe
a destruir Portugal!

 

Ter | 26.03.13

MOÇÃO DE CENSURA

O mês de março tem sido fatídico para o governo. Não bastava os resultados da 7ª avaliação da troika, as previsões negativas sobre o crescimento económico e os números do desemprego, veio ainda juntar-se a esta conjuntura a ameça à estabilidade do euro, proveniente da crise financeira de Chipre, e o regresso de José Sócrates à cena política portuguesa. Acresce, que um eventual chumbo do Tribunal Constitucional a normas do Orçamento do Estado para 2013 pode tornar este quadro ainda mais sombrio.

Perante este cenário, Passos Coelho e o seu governo recuaram. Já colocam em causa o “desenho do programa de ajustamento" e abriram espaço a fraturas internas dentro do PSD e no partido de coligação que suporta a maioria governamental, o que acabou por agravar toda a fragilidade política que já os vinha afetando desde o famoso “caso Relvas”.

É neste cenário que António José Seguro irá jogar a sua cartada – moção de censura ao governo –, pressionado por várias fações dentro do seu partido. Seguro sabe de antemão que a moção será chumbada pelos partidos que suportam a maioria, resta-lhe apenas o capital simbólico que a mesma representa e não será coisa pouca. Porque de agora em diante, nada poderá ser como dantes. Seguro terá que assumir-se, pelo menos teoricamente, como alternativa, embora saibamos que, neste momento, não lhe agrada muito a queda do governo. Não tem  soluções alternativas ao programa de ajustamento da Troika, nem lhe interessa governar o país nas atuais condições.

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