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Narrativa Diária

Não escrever um romance na «horizontal», com a narrativa de peripécias que entretêm. Escrevê-lo na «vertical», com a vivência intensa do que se sente e perturba. Vergílio Ferreira

Narrativa Diária

Ter | 28.05.13

Mia Couto

Escritor Mia Couto foi o vencedor do Prémio Camões. O galardão mais importante da criação literária da língua portuguesa. O escritor moçambicano autor de Terra Sonâmbula, Fio de Missangas Jesusalém diz-se “surpreendido e muito feliz” e afirma que «só quando quis contar histórias é que se me colocou este desafio de deixar entrar a vida e a maneira como o português era remoldado em Moçambique para lhes dar maior força poética.... Temos sempre a ideia de que a língua é a grande dama, tem que se falar e escrever bem. A criação poética nasce do erro, da desobediência.».

Dom | 26.05.13

Benfica é o campeão do desperdício!

 

 (imagem retirada do facebook) 

À terceira não foi de vez. O ditado desta vez não se confirmou. O Benfica é o campeão do desperdício. Mais um final, mais uma derrota. Perderam o campeonato, a Liga Europa e agora a Taça de Portugal. Uma época que podia ter sido de sonho acabou num enorme pesadelo.

Dom | 26.05.13

Carta de Ruy de Carvalho

Num texto publicado no Facebook, o ator, Ruy de Carvalho revela-se indignado e esclarece que decidiu manifestar a sua revolta depois de ter recebido uma carta das Finanças que indica que já não é “artista” e passou a ser apenas “prestador de serviços”, deixando de ter «direitos conexos e de propriedade intelectual».

«Senhores Ministros:

Tenho 86 anos, e modéstia à parte, sempre honrei o meu país pela forma como o representei em todos os palcos, portugueses e estrangeiros, sem pedir nada em troca senão respeito, consideração, abertura – sobretudo aos novos talentos -, e seriedade na forma como o Estado encara o meu papel como cidadão e como artista. Vivi a guerra de 36/40 com o mesmo cinto com que todos os portugueses apertaram as ilhargas. Sofri a mordaça de um regime que durante 48 anos reprimiu tudo o que era cultura e liberdade de um povo para o qual sempre tive o maior orgulho em trabalhar. Sofri como todos, os condicionamentos da descolonização. Vivi o 25 de Abril com uma esperança renovada, e alegrei-me pela conquista do voto, como se isso fosse um epítome libertador. Subi aos palcos centenas, senão milhares de vezes, da forma que melhor sei, porque para tal muito trabalhei. Continuei a votar, a despeito das mentiras que os políticos utilizaram para me afastar do Teatro Nacional. Contudo, voltei a esse teatro pelo respeito que o meu público me merece, muito embora já coxo pelo desencanto das políticas culturais de todos os partidos, sem excepção, porque todos vós sois cúmplices da acrescida miséria com que se tem pintado o panorama cultural português.
Hoje, para o Fisco, deixei de ser Actor…e comigo, todos os meus colegas Actores e restantes Artistas deste país – colegas que muito prezo e gostava de poder defender. Tudo isto ao fim de setenta anos de carreira! É fascinante. Francamente, não sei para que servem as comendas, as medalhas e as Ordens, que de vez em quando me penduram ao peito? Tenho 86 anos, volto a dizer, para que ninguém esqueça o meu direito a não ser incomodado pela raiva miudinha de um Ministério das Finanças, que insiste em afirmar, perante o silêncio do Primeiro-Ministro e os olhos baixos do Presidente da República, de que eu não sou actor, que não tenho direito aos benefícios fiscais, que estão consagrados na lei, e que o meu trabalho não pode ser considerado como propriedade intelectual. Tenho pena de ter chegado a esta idade para assistir angustiado à rapina com que o fisco está a executar o músculo da cultura portuguesa. Estamos a reduzir tudo a zero… a zeros, dando cobertura a uma gigantesca transferência dos rendimentos de quem nada tem para os que têm cada vez mais. É lamentável e vergonhoso que não haja um único político com honestidade suficiente para se demarcar desta estúpida cumplicidade entre a incompetência e a maldade de quem foi eleito com toda a boa vontade, para conscientemente delapidar a esperança e o arbítrio de quem, afinal de contas, já nem nas anedotas é o verdadeiro dono de Portugal: nós todos! É infame que o Direito e a Jurisprudência Comunitárias sirvam só para sustentar pontualmente as mentiras e os joguinhos de poder dos responsáveis governamentais, cujo curriculum, até hoje, tem manifestamente dado pouca relevância ao contexto da evolução sociocultural do nosso povo. A cegueira dos senhores do poder afasta-me do voto, da confiança política, e mais grave ainda, da vontade de conviver com quem não me respeita e tem de mim a imagem de mais um velho, de alguém que se pode abusiva e irresponsavelmente tirar direitos e aumentar deveres. É lamentável que o senhor Ministro das Finanças, não saiba o que são Direitos Conexos, e não queiram entender que um actor é sempre autor das suas interpretações – com diretos conexos, e que um intérprete e/ou executante não rege a vida dos outros por normas de Exel ou por ordens “superiores”, nem se esconde atrás de discursos catitas ou tiradas eleitoralistas para justificar o injustificável, institucionalizando o roubo, a falta de respeito como prática dos governos, de todos os governos, que, ao invés de procurarem a cumplicidade dos cidadãos, se servem da frieza tributária para fragilizar as esperanças e a honestidade de quem trabalha, de quem verdadeiramente trabalha. Acima de tudo, Senhores Ministros, o que mais me agride, nem é o facto dos senhores prometerem resolver a coisa, e nada fazer, porque isso já é característica dos governos: o anunciar medidas e depois voltar atrás. Também não é o facto de pôr em dúvida a minha honestidade intelectual, embora isso me magoe de sobremaneira. É sobretudo o nojo pela forma como os seus serviços se dirigem aos contribuintes, tratando-nos como criminosos, ou potenciais delinquentes, sem olharem para trás, com uma arrogância autista que os leva a não verem que há um tempo para tudo, particularmente para serem educados com quem gera riqueza neste país, e naquilo que mais me toca em especial, que já é tempo de serem respeitadores da importância dos artistas, e que devem sê-lo sem medos e invejas desta nossa capacidade de combinar verdade cénica com artifício, que é no fundo esse nosso dom de criar, de ser co-autores, na forma, dos textos que representamos. Permitam-me do alto dos meus 86 anos deixar-lhes um conselho: aproveitem e aprendam rapidamente, porque não tem muito tempo já. Aprendam que quando um povo se sacrifica pelo seu país, essa gente, é digna do maior respeito… porque quem não consegue respeitar, jamais será merecedor de respeito!»

 

Sab | 25.05.13

Novo Acordo Ortográfico

  

(imagem retirada da Net) 

Quem por aqui passa, já deve ter percebido que escrevo “de acordo com o Novo Acordo Ortográfico”. Na verdade, razões profissionais ditaram a minha adaptação a esta nova grafia. A escrita é uma convenção mas é também um hábito, e a língua (falada e escrita) é um meio de comunicação, cujas regras são suscetíveis de serem mudadas (dentro de certos limites). As línguas para além de serem um instrumento poderoso de comunicação, são vivas, representando um dos nossos maiores legados para a cultura universal. Existem, em todo o mundo, 225 milhões de lusófonos e nós, em Portugal, somos apenas 10 milhões (o Brasil tem 200 milhões). O nosso grande património é termos uma língua comum com o Brasil, com Angola e com Moçambique. Tudo o que pudermos fazer no sentido de unificar a grafia dos vários países, só nos trará benefícios: primeiro, porque facilita a aprendizagem e o ensino do português e depois porque permite, por exemplo, que um único documento represente todos os países da CPLP e, consequentemente, fortaleça o incremento da língua portuguesa no panorama mundial. Acresce a tudo isto que a língua deve ser simplificada e aproximação da oralidade à escrita reforçada. Sem esquecer a sua matriz etimológica, deve expurgar-se de elementos desnecessários, só mantidos para conservar a história das palavras, defendida, obstinadamente, pelos eruditos do grego e do latim e pelos puristas da língua. A resiliência manifestada por alguns é, sobretudo, um problema de conservadorismo e de nacionalismo.

 

Sex | 24.05.13

Dia Verde

Os Jardins do Museu do Eletricidade promovem mais uma edição do Dia Verde. Esta festa terá lugar  a 26 de maio e celebra  de forma lúdica as causas da  sustentabilidade e pretende ser um evento especial e atrativo para as quatro gerações.  Há mercados de produtos biológicos, de 2ª mão e de trocas, música e animação de rua, workshops de bem-estar, alimentação saudável  e atividades para os mais novos.

Sex | 24.05.13

Miguel Sousa Tavares dixit

  (imagem retirada da net) 

«Miguel Sousa Tavares disse numa entrevista publicada, esta sexta-feira, no “Jornal de Negócios”, que “o pior que nos pode acontecer é um Beppe Grillo, um Sidónio Pais. Mas não por via militar. Nós já temos um palhaço. Chama-se Cavaco Silva. Muito pior do que isso, é difícil”.

O escritor fez esta afirmação a propósito das declarações de Pacheco Pereira prestadas a este mesmo jornal em que dizia que “estamos a caminho de coisas ainda mais tortas”.

Não poupando críticas a ninguém, o comentador político disse que “já não temos idade para brincar aos generais”.

Segundo ele, “estamos hoje reduzidos aos Passos Coelhos e Antónios Josés Seguros. Que são o grau zero da política”.

Questionado sobre o estado do país, Sousa Tavares disse que “antes de pedirmos 78 mil milhões de euros, tínhamos mais liberdade para negociar com a Europa, para exigir condições. A partir do momento em que recebemos o dinheiro, ficámos nas mãos deles, completamente. Quem manda são os credores”.

Para Sousa Tavares, “os três mal endémicos de Portugal são a dependência do Estado, o poder das corporações e a inveja”.

O escritor classificou ainda os portugueses como ora sendo “escravos”, ora sendo “reis”. “São capazes do melhor e do pior”, sublinha Sousa Tavares.

O escritor prepara-se para lançar o livro "Madrugada Suja", a sua obra mais recente».

Qui | 23.05.13

Georges Moustaki - 1934-2013

(imagem retirada da Net) 

Georges Moustaki, o cantor francês de origem grega, nascido em Alexandria (Egito), morreu hoje aos 79 anos em Nice. Com uma carreira de  mais de 50 anos, havia-se retirado dos palcos em 2009, devido a doença pulmonar.  Contemporâneo de uma geração de artistas da chamada "chanson française", tendo como mestres Georges Brassens, Jacques Brel e Serges Gainsbourg, Moustaki compôs letras interpretadas por Edith Piaf, Yves Montand e Serge Reggiani, das quais se destacam: Milord", na voz de Edith Piaf, "Le Facteur", "La Mer m'a Donné", "Ma Solitude" , "Le Temps de Vivre" e "Méteque".