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Narrativa Diária

Não escrever um romance na «horizontal», com a narrativa de peripécias que entretêm. Escrevê-lo na «vertical», com a vivência intensa do que se sente e perturba. Vergílio Ferreira

Narrativa Diária

Sab | 30.11.13

Elina Fraga é a nova bastonária da Ordem Advogados

 

 (imagem retirada da Net)

Elina Fraga é a nova bastonária da Ordem dos Advogados (OA) para o triénio de 2014/2016. Apoiada por Marinho Pinto, bastonário desde 2007, Elina Fraga foi a candidata mais votada nas eleições mais concorridas de sempre na OA, com a participação de seis candidatos. Na história da OA, Elina Fraga, de 43 anos, é a segunda mulher a exercer o cargo de bastonária dos advogados, depois de Maria Serra Lopes, na década de 1990.

Sex | 29.11.13

Soares e Eanes: saudades de anteontem

«A estranha aparição dos presidentes é o sinal de um desespero romântico. Nem a agitação de Soares, nem a homenagem a Eanes são indícios de um regresso ao velho messianismo português, que sempre se espera e que nunca de facto seriamente se manifesta.

A crise da economia e das finanças talvez tenha criado um sentimento geral de impotência. Mas ninguém espera um salvador desconhecido ou uma inversão miraculosa da História ordenada pela benevolência dos deuses. Pelo contrário, o país foi buscar a um episódio e a heróis muito recentes a receita para a sua duvidosa salvação. Eanes, que acabou por submeter o exército ao poder civil, e Soares, que afastou Cunhal e estabeleceu a custo uma democracia habitável, não representam mais do que a nostalgia por uma solução rápida e definitiva das nossas desgraças contemporâneas, que parecem sem fim e sem saída.

Infelizmente, a relativa simplicidade do PREC não voltará. Agora, as coisas não se resolverão com manifestações na Alameda ou em Belém ou com uma espécie de “25 de Novembro” e a rápida derrota do radicalismo militar. Primeiro, porque do défice à dívida, passando pela banca, os problemas não dependem só de nós. E, segundo, porque não existe qualquer força política, dentro ou fora do exército, capaz de organizar e dirigir um movimento que renove a sociedade que o regime gerou e de a tornar compatível com o mundo em que vivemos. O burburinho à volta de Soares e o jantar a Eanes são a prova disso. Como disse Eanes numa bela frase, são um presente sem futuro. Depois do entusiasmo, de um e de outro lado não ficará mais do que a melancolia de tempos mais simples.

De resto, os próprios partidos da República começam-se lentamente a desagregar. O dr. Cavaco pede “consenso”. Mas de quem com quem? Do PSD que se julga “liberal” ou do PSD que se proclama “social-democrata” com o PS oficial de Seguro ou com as facções de Sócrates, de Costa ou do confuso e desarticulado populismo de Soares? Pior ainda, o PC (e a CGTP) e também o Bloco não entram nestas contas? Vai o regime entregar o descontentamento, que não falta e com certeza irá aumentar, à programática irresponsabilidade da extrema-esquerda? A estranha aparição dos presidentes é o sinal de um desespero romântico, que prefere fugir à grosseira realidade da “crise” e pensar na altura idílica em que o dinheiro escorria e Portugal, segundo a propaganda do Estado, estava na “cabeça da Europa”. Com dinheiro emprestado e a sua provinciana inconsciência».

(Vasco Pulido Valente - crónica de hoje no Público)

Qui | 28.11.13

A Exortação Apostólica do Papa Francisco

 (imagem retirada da NET)

Na sua primeira exortação apostólica  divulgada nesta terça-feira pelo Vaticano, o Papa Francisco atacou o capitalismo sem limites que classificou como «uma nova tirania» e advertiu que a desigualdade e a exclusão social «geram violência» no mundo e podem provocar «uma explosão».

O documento escrito pelo Santo Padre, de 84 páginas, é  um guião oficial do seu papado e contém as posições que o próprio tem vindo a expressar nos seus sermões e discursos desde março, quando se se tornou o primeiro Sumo Pontífice não europeu dos últimos 1300 anos. «Não quero uma Igreja preocupada em ser o centro e que acaba presa num emaranhado de obsessões e procedimentos», adverte. Deixa várias recomendações para o interior das comunidades católicas, alertando para um «pessimismo estéril» e para os que ficam «inflexivelmente fiéis a um certo estilo católico próprio do passado».

Nesta exortação com o título Evangelii Gaudium" (A alegria do Evangelho) o Papa refere que «como bispo de Roma, cabe-me estar aberto às sugestões para que o exercício do meu ministério se torne mais fiel ao sentido que Jesus Cristo quis dar-lhe e às necessidades atuais da evangelização» e  sublinha a necessidade de fazer crescer a responsabilidade dos leigos, mantidos «à margem nas decisões» por um «excessivo clericalismo», bem como a  necessidade de «ampliar o espaço para uma presença feminina mais incisiva». O documento papal expressa mais claramente as posições que o Papa tem vindo a assumir na luta contra a pobreza e a exclusão, no qual pede aos políticos para que garantam a todos os cidadãos «trabalho digno, educação e cuidados de saúde» e aos ricos para que partilhem a sua fortuna: «tal como o mandamento da igreja «não matarás» impõe um limite claro para defender o valor da vida humana, hoje também temos de dizer «tu não» a uma economia de exclusão e desigualdade, porque «esta economia mata», afirmou o Papa Francisco na sua exortação apostólica.

Qua | 27.11.13

Tribunal declara constitucionalidade das 40h semanais

No acórdão que declara a constitucionalidade da norma que aumenta de 35 para 40 horas semanais o horário de trabalho da função pública, os juízes do Tribunal Constitucional (TC) atenderam a argumentos expostos pelo Governo PSD/CDS-PP na exposição de motivos do diploma, no quadro da «situação de crise económico-financeira».

Para o TC, «resulta claro que um dos principais propósitos das medidas» é «uma certa flexibilização do regime laboral dos trabalhadores em funções públicas, tendo também em vista a contenção salarial e a redução de custos associados à prestação de trabalho fora do período normal».

Os juízes do Palácio Ratton admitem que a mudança da lei «frustra expetativas bem fundamentadas» e que o aumento do horário de trabalho é «passível de gerar ou acentuar dificuldades» aos cidadãos, nomeadamente a «conjugação lograda entre a vida privada e familiar e a vida laboral» ou o direito à fruição da cultura, contudo, consideraram que o aumento do horário de trabalho da Função Pública de 35 para 40 horas semanais visou salvaguardar interesses públicos de «grande relevo», apesar do sacrifício causado aos trabalhadores. Assim, «ainda que não se ignore a intensidade do sacrifício causado aos trabalhadores em funções públicas", devido à alteração da lei, «a verdade é que, a existirem expectativas legítimas relativamente ao regime anteriormente em vigor, ainda assim não resulta evidente que a tutela das mesmas devesse prevalecer sobre a proteção dos interesses públicos que estão na base da alteração legislativa».

«E, em face da situação de crise económico-financeira, é de atribuir grande peso valorativo a esses objetivos de redução da remuneração do trabalho extraordinário e de contenção salarial, associados ao aumento do período normal de trabalho dos trabalhadores em funções públicas», refere o acórdão, publicado esta segunda-feira à noite no site do TC.

Penso que a produtividade não decorre necessariamente de mais horas de  trabalho como já referi anteriormente. Na minha ótica resulta claro que o Governo optou pelo caminho mais fácil. Aumentar o horário de trabalho não parece a forma mais eficaz de combater as famosas "gorduras" do estado, antes pelo contrário. Seria, porventura, mais eficaz  um esforço com vista à reorganização e estruturação de serviços e de funcionários, ao invés de recorrer ao aumento da carga horária sem o consequente aumento de remuneração, que só terá como resultado funcionários mais desmotivados com rendimentos cada vez mais reduzidos. E sinceramente essa comparação de que os funcionários públicos são privilegiados em relação aos do privado já cansa.  Até porque atualmente os funcionários públicos já estão claramente  em situação de desvantagem em relação aos trabalhadores no privado, tendo em conta o salário/hora auferido em categorias similares.

Ter | 26.11.13

Bolo de Chocolate Divinal

 

 (imagem retirado da net)

 

Ingredientes:

7 ovos

250 g de margarina 

200 g de açúcar

1 tablete de chocolate (200 g)

4 colheres de sopa de farinha com fermento

1 colher de chá de essência de baunilha

1 colher de chá de café

Preparação:

Derreter o chocolate com a margarina no microndas. Bater as claras em castelo bem firme. Bater bem as gemas com o açúcar e juntar à mistura o chocolate e da margarina, a essência de baunilha e o café. Adicionar a farinha peneirada e, por fim, as claras. Separar 1/3 da massa e colocar no frio. Untar uma forma redonda (sem buraco, e daquelas com o fundo amovível) levar ao forno pré-aquecido a 200 graus durante 20 minutos. Deixar arrefecer e colocar no frigorífico durante 1h. Finalmente, colocar por cima  do bolo 1/3 da massa e levar mais 1 hora ao frio. 

Seg | 25.11.13

O Golpe Militar de 25 de Novembro

Há 38 anos, no dia 25 de Novembro de 1975, no final do período revolucionário que se seguiu ao 25 de Abril, Portugal esteve à beira de uma guerra civil, depois de um período de disputa pelo poder político-militar. As forças democráticas e a igreja lutavam por uma democracia do tipo europeu, enquanto as fações pró-comunistas (PCP, extrema-esquerda e a esquerda militar) procuravam impor ao País um regime autoritário semelhante aos dos países comunistas.

No verão de 1975, no chamado «Verão Quente» havia em Portugal um clima de tensão latente. Houve ataques às sedes dos partidos políticos, as quais eram saqueadas e queimadas. O pavor dos setores mais à direita e ao centro da sociedade portuguesa prendia-se com as nacionalizações das principais indústrias, bem como da  ocupação de habitações e de latifúndios, tendo como lema «a terra de quem a trabalha», a par de um certo clima de anarquia que se vivia, com greves constantes nas quais os trabalhadores exigiam, além de reivindicações económicas e de manifestações quase diárias, o saneamento dos patrões (capitalistas).

Para os setores da esquerda moderada a questão incidia na «unicidade sindical», no controlo dos órgãos de comunicação social, no saneamento de professores das Universidades, determinadas na RGA’s (Reunião Geral Alunos) e na substituição de cursos por preleções políticas, sendo os alunos aprovados apenas por «passagens administrativas».

A nível da sociedade civil havia reações mais ou menos espontâneas provenientes dos mais diversos setores, mas a reação política com maior significado foi protagonizada pelo Partido Socialista (PS), sob a orientação de Mário Soares. Esta postura teve como consequência a sua  expulsão da tribuna de honra nas comemorações oficiais do Dia do Trabalhador. Pouco tempo depois, Soares abandona o Governo, presidido por Vasco Gonçalves (que tinha ligações ao PCP) e promove uma manifestação na Fonte Luminosa,  na qual tem um discurso acalorado, condenando veementemente  as posições assumidas pelo Governo e pelo PCP. Era o início da viragem política do regime.

Face a esta situação começaram a organizar-se movimentos e fações. Um grupo de militares, que ficou conhecido pelo «Grupo dos 9» chefiados pelo major Melo Antunes, e no qual participavam outros nomes da Revolução de abril, como Vítor Alves e Vasco Lourenço, elaborou um comunicado, o «Documento dos 9» no qual afirmava que a situação tinha de mudar.

A posição do primeiro-ministro, coronel Vasco Gonçalves, é posta em causa e este, perdendo o apoio na Assembleia do MFA, é obrigado a demitir-se, sendo substituído pelo almirante Pinheiro de Azevedo, pertencente a uma linha política  mais moderada. O Partido Socialista e o Partido Popular Democrático(PPD) faziam parte, juntamente com o Partido Comunista, deste Governo.

Pinheiro de Azevedo não tinha força militar suficiente para impor as suas ideias, pelo que a agitação social continuou. O poder militar, pelo menos em Lisboa, estava nas mãos do COPCON (Comando Operacional do Continente), chefiado por  Otelo Saraiva de Carvalho. Em finais de outubro e princípios de novembro verificaram-se em Lisboa e no Porto manifestações dos SUV (Soldados Unidos Vencerão). 

A direita militar, chefiada por Ramalho Eanes e Jaime Neves (comandante do Regimento dos Comandos na Amadora) preparava  um contragolpe. O Conselho da Revolução determinou a substituição de vários comandantes militares e a dissolução da Base de Tancos. A reação das esquerdas militares  pautou-se pela ocupação de algumas bases militares, bem como meios de comunicação social.  O Regimento de Comandos atacou o Quartel da Pontinha. Entretanto, o COPCON era sobrevoado por aviões com intuitos intimidatórios, assim como Setúbal e o Barreiro, tidos como bastiões da esquerda.

A extrema esquerda era cada vez mais contestada assim como Otelo. A sua demissão do COPCON era exigida pelos militares mais conservadores. A saída das forças militares dos Comandos da Amadora chefiadas por Jaime Neves no dia 25 de Novembro de 1975 e liderada por Ramalho Eanes levará a cabo o processo com êxito. O carismático líder da Revolução dos Cravos, Otelo Saraiva de Carvalho, comandante do COPCON, que não desejava confrontos, cede. O PCP, que bem conhecia os limites do seu poder, decidiu não intervir. Isolados, os partidos da esquerda manifestaram-se, mas por pouco tempo. O presidente da República, general Costa Gomes, embora conotado com o PCP, apoiou politicamente o golpe e assim o fim do PREC teve lugar de forma pacífica.

Faz hoje 38 anos que o PREC foi travado. Na preparação militar do que se passou em 25 de Novembro de 1975 teve papel decisivo o então tenente-coronel Ramalho Eanes. Em 1976, Eanes foi escolhido pelos principais partidos portugueses para se candidatar a presidente da República, ganhando com clara maioria. Viria a incompatibilizar-se politicamente com Sá Carneiro e Mário Soares.  Ramalho Eanes foi Presidente da República entre 1976 e 1986. Foi o coordenador das operações militares de 25 de Novembro de 1975 que pôs fim ao PREC. Eanes teve um papel preponderante no 25 de Novembro? Sim, teve, mas não foi o único.

Um «testemunho público» homenageará, hoje, o antigo presidente da República, Ramalho Eanes , que estará presente na iniciativa em que será também apresentado um prémio com o seu nome para distinguir os valores cívicos de pessoas ou instituições. No auditório da Associação Industrial Portuguesa estão previstas as intervenções de João Lobo Antunes, que se debruçará sobre a faceta de « Eanes , cidadão», Guilherme d'Oliveira Martins, que intervirá sobre «Eanes , político», e Garcia Leandro, que falará sobre a faceta de militar do antigo Chefe de Estado.

 

Dom | 24.11.13

Cinema King tem hoje a sua última sessão

 

 

 (imagem retirada da Net)

Quem, como eu, aprecia cinema não pode deixar de sentir alguma nostalgia ao saber que o Cinema King vai fechar as portas e que hoje terá a sua última sessão. O espaço hoje conhecido por King foi inaugurado como Vox em Abril de 1969. É um espaço cultural, atualmente com duas salas e uma biblioteca que se diferenciava de todas a outas por resistir ao chamado cinema «mainstream» e dar preferência ao chamado «cinema de autor». Das últimas vezes que por lá passei achei o espaço um pouco degradado. Mas não me esqueço de um filme argentino que lá assisti e que me marcou profundamente «O segredo dos seus olhos» - El secreto de sus ojos (2009), realizado por Juan José Campanella, absolutamente fabuloso.

Lisboa tem vindo, há algum tempo a esta parte, a perder muitas de salas de cinema de referência, como o Condes, Éden, Tivoli, São Jorge, Castil, Mundial, Monumental e Satélite, Apolo 70, Berna, Império, Londres, Roma, Alvalade, Estúdio 444, Caleidoscópio, Star, Quarteto, memórias que fazem parte de toda uma vida. As atuais salas de cinema inseridas, na sua esmagadora maioria em centros comercias, embora mais confortáveis, com melhor acústica e tecnologias mais avançadas não possuem metade da mística das antigas salas acima referidas. Falta a tal magia do espetáculo que tanto encantou gerações e gerações durante décadas.

Antigamente as produções cinematográficas tentavam obter lucro através das bilheteiras, DVS’s, videocassetes ou licenciamento dos produtos, hoje o cinema é um negócio que vive não apenas da produção de filmes mas de toda a indústria que gira à sua volta. Num mercado em recessão, com índices baixíssimos de consumo cultural e rendas imobiliárias muito elevadas, só se vão aguentando os cinemas que pertencem aos grandes grupos económicos.

Sex | 22.11.13

JFK foi assassinado há 50 anos

 

 

 (foto retirada da Net)

Faz hoje precisamente 50 anos que o Mundo entrou em choque com o brutal assassinato do presidente John F. Kennedy, popularmente conhecido como JFK e considerado uma das grandes personalidades do século XX.  Eleito em 1960, John F. Kennedy tornou-se o 35º presidente dos Estados Unidos até à sua morte, com apenas 46 anos.

Na altura, Lee Oswald foi considerado o único responsável pela morte de JFK. No entanto, ao fim deste meio século continuam a surgir teorias da conspiração relativas a este  crime violento, ocorrido dia 22 de novembro de 1963, em Dallas, no Texas que tem inspirado a literatura, o cinema e a televisão. O próximo grande projeto envolvendo o nome de JFK será a adaptação televisiva da obra 11-22-63 do reconhecido escritor norte-americano Stephen King. O cinema também não ficou indiferente à data. Esta quinta-feira, Parkland chegou às salas portuguesas de cinema. O filme relata os momentos após o ataque, nomeadamente, a chegada do corpo de JFK ao hospital. Escrito e realizado por Peter Landesman e produzido por Tom Hanks, este filme é a história verídica e, até agora, desconhecida das pessoas que estiveram nos bastidores de um dos acontecimentos mais marcantes da história dos EUA.

Os norte-americanos prepararam uma série de eventos para  homenagear a memória daquele que foi um dos símbolos políticos mais carismáticos do mundo. Já hoje serão realizadas várias cerimónias em diversos pontos dos EUA, nomeadamente em Dallas, onde JFK foi assassinado. Em Washington, a conferência JFK Remembrance Day tem lugar esta sexta-feira, onde vão estar presentes escritores, jornalistas e realizadores de cinema. O documentário, narrado por George Clooney (JFK: One PM Central Standard Time) será projetado, dando início a uma série de debates. Os canais de televisão estão a preparar uma programação especial dedicada a Jonh Kennedy. A 10 de novembro, estreou nos EUA, na National Geographic, o filme ‘Killing Kennedy', com Rob Lowe, Ginnifer Goodwin e Michelle Trachtenberg nos principais papéis. Ao longo de toda a semana serão transmitidos outros documentários, que também  estrearão em Portugal, dedicados ao presidente Kennedy.

Sex | 22.11.13

Último editorial de Pedro Santos Guerreiro no «Negócios»

Último editorial do Pedro Santos Guerreiro na liderança do Jornal de Negócios: «50 maneiras de deixar o seu amor»

«Um jornal não se faz por quem o escreve, mas por quem o lê. Um jornal não é uma colagem de factos, mas um chaveiro para o entendimento. Um jornal tem poder - o poder que o leitor lhe endossa. Para que o jornalismo seja a celebração diária da liberdade. Para que o jornalismo garanta a liberdade do dia seguinte. Quase sete anos depois do primeiro, escrevo hoje o último editorial como director do Negócios. Nós passamos, o Jornal fica. É assim que está certo.

Imparcialidade não é neutralidade. Caos não é muito. Informação não é um vidro fosco entre realidade e verdade. Por isso, no canto desta página três, a direcção escreve todos os dias sobre o extraordinário mundo em que vivemos. Muitas vezes para simplificar o que é complexo. Muitas vezes para dar referências para que o leitor forme a sua própria opinião. Muitas vezes para enfrentar o poder, a situação, o que manda. Não é intrepidez, é função. Não é por exibicionismo, mas por serviço. Como disse Noam Chomsky, a questão não é dizer a verdade ao poder - o poder provavelmente já conhece a verdade e está sobretudo interessado em suprimir, limitar ou distorcer a verdade. Se te questionas se já foste longe demais, dizia Christopher Hitchens, é porque ainda não foste. Informe-se e que desabem os céus. Mas este canto de página é apenas um canto de página. Um jornal é a sua redacção e a redacção do Negócios é a mais excepcional equipa que já conheci. Pela dedicação. Paixão. Pela coragem. Discutimos milhões de vezes uns com os outros. Temos dúvidas sobre tudo o que nos rodeia. Nunca tivemos um conflito sobre o jornalismo que perseguimos e praticamos. Nunca tivemos dúvidas uns sobre os outros. E na lista infindável de agradecimentos que terei de fazer, aos editores e redactores, aos chefes e chefiados, expresso a gratidão à minha direcção, pela superação das mais indizíveis guerras e dificuldades. E em especial aos dois maravilhosos jornalistas que escreveram comigo este canto de página três, e que convidei para me porem sempre em causa e por serem melhores do que eu: a Helena Garrido, a quem entrego com orgulho e certeza a direcção do Negócios; e o João Cândido da Silva, homem da cepa dos que têm a generosidade persistente de fazer bem e de dizer não. Ensinaram-me que é mais importante sair bem do que entrar bem. Saio do Grupo Cofina com a mais franca confissão: fui feliz. Serei sempre testemunha abonatória de uma administração que pratica a independência editorial e respeita a liberdade dos jornalistas. Assim foi sempre no Negócios. Devo-o ao meu director-geral, Luís Santana, a alma da Cofina. Devo-o a Paulo Fernandes, que se firmou como industrial obcecado em criar valor, e que acreditou em mim, quando herdei a direcção do Sérgio Figueiredo. Estes anos não foram quaisquer. Foram anos de ruína na economia, de desgraça na política, de devastação na sociedade. Conto hoje o que me foi sempre mais difícil: assistir à inconsequência da denúncia antes do início da intervenção externa; e continuar a transmitir esperança depois dela. A destruição dos sonhos dos mais novos, a pobreza entre os mais velhos, os cortes, os impostos, os resultados falhados, as políticas sem comando, a austeridade desembestada, a regeneração fracassada, a sucessão arrogante e desatinada de medidas tortas e a direito, a preservação dos instalados, a supremacia dos mais fortes sobre os mais fracos foram – são – testes diários à capacidade de não desistir, de não perecer à derrota, de encontrar dentro de nós mesmos força e amor para continuar a lutar - contra eles se necessário; por nós, por sobrevivência . Para não perder a esperança. Para não espalhar miséria. Perdemos quando sucumbimos ao cinismo, doença que ensombra a luz e come os sonhos por dentro. Ganhamos quando vivemos cada dia ingénuos como se fosse o primeiro e desprendidos como se fosse o último. O Negócios é um jornal com vida, com esta alegria, esta inconformação, esta liberdade de pensamento, esta esperança em Portugal, esta dedicação aos leitores. Eu serei doravante um deles. Um de vós. Um de nós. E é uma alegria. E é uma alegria! Por tudo, por todas as vezes, obrigado.

"Just slip out the back, Jack Make a new plan, Stan You don’t need to be coy, Roy Just listen to me Hop on the bus, Gus You don’t need to discuss much Just drop off the key, Lee And get yourself free" "50 ways to leave your lover", Paul Simon».

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