Não escrever um romance na «horizontal», com a narrativa de peripécias que entretêm. Escrevê-lo na «vertical», com a vivência intensa do que se sente e perturba.
Vergílio Ferreira
O eurodeputado independente, Rui Tavares apresentou o novo partido «LIVRE» no teatro São Luiz. O partido que tem como princípios: a liberdade, esquerda, ecologia e Europa pretende reunir pessoas da área de esquerda (PS, PCP e BE), desiludidas com os partidos situados nesse espaço político. Tem como símbolo uma papoila, já conta com um website e está agora a recolher 7500 assinaturas para se legalizar e concorrer nas próximas eleições europeias.
«O lugar que nós achamos que é o mais dinâmico da esquerda é precisamente o que se encontra ao meio da esquerda e é também o que tem tido o maior défice de representação», afirmou Rui Tavares. «Não tendo em quem votar eu recuso-me a fugir para a abstenção, recuso-me a fugir para o voto em branco», sublinhou Rui Tavares. «Em democracia tem de haver sempre soluções de representação, se houvesse neste momento algum partido em que me sentisse confortável, que me representasse, eu neste momento entrava no partido», acrescentou, frisando que «aqueles que não se sentem representados devem fazer por se representar» e usar os seus direitos constitucionais.
O aparecimento de um novo partido à esquerda representa, por um lado, um sério concorrente para os atuais partidos de esquerda com representação parlamentar - PS, BE e PCP - que ameaça disputar uma franja de eleitorado representado por essas forças políticas e, por outro, vem reacender o debate da esquerda dividida e sem opções de mudança. Na verdade a esquerda portuguesa é extremamente conservadora e avessa a qualquer mudança e a novas ideias políticas, o que tem levado muitos portugueses a afastarem-se dela, exceção feita ao PCP que mantém a sua linha dogmática e os seus indefetíveis apoiantes. Este novo partido poderá ser uma boa aposta. Porque agrega os independentes que se situam no espaço político à esquerda do PS e os desiludidos com os partidos do status quo que nas eleições engrossam os números da abstenção.
Tenho apreço por Rui Tavares. Reconheço-lhe qualidades essenciais apreciáveis que, dificilmente se encontra na grande maioria da classe política, apesar de muitas vezes discordar dos seus pontos de vista. Entendo, por isso, que este novo partido pode ser uma lufada de ar fresco que falta à política nacional em geral e à esquerda portuguesa em particular e desejo que tenha sucesso.
Demolhar as folhas de gelatina em água fria. Bater as natas até ficarem em chantilly, adicionar a lata de leite condensado cozido e bater novamente até estar bem firme, juntar as folhas de gelatina demolhadas (depois de escorridas põem-se no microondas cerca de 10 segundos para derreter). Bater novamente até estar uniforme e reservar.
Para fazer a montagem utilizar o aro de uma forma amovível e colocar as bolachas directamente no prato de servir e retirar o aro na hora de servir. Assim o bolo sai direito. Colocar as bolachas na forma a gosto, passadas por café frio quente, ligeiramente açucarado, cobrir com creme entre cada camada, repetir a operação até finalizar com o creme. Levar ao frigorífico durante várias horas. O ideal mesmo é fazer de véspera. Na hora de servir, abrir o aro da forma e retirá-lo. Por cima do bolo colocar bolachas Maria, esfareladas a gosto.
A Irlanda concluirá o seu programa de assistência financeira no próximo mês e já fez saber que iria regressar aos mercados, de forma autónoma, não necessitando de qualquer ajuda financeira. A Irlanda partiu para um pedido de resgate, assente em pressupostos diferentes de Portugal. O cerne do problema irlandês residia no sistema financeiro, enquanto o nosso, começando na economia nacional extremamente débil, rapidamente alastrou-se para o sistema financeiro. A economia irlandesa goza de uma série de especificidades diferentes da economia nacional. Os bancos irlandeses cresceram em demasia, ganhando uma dimensão brutal, superior à economia do próprio país. Quando a crise de 2008 explodiu, a banca irlandesa rebentou também, abatendo-se como «um castelo de cartas». Para evitar uma corrida desenfreada aos bancos, o Estado irlandês foi obrigado a nacionalizar a banca e a assumir suas dívidas astronómicas. A dívida do Estado multiplicou-se, não porque o Estado gastasse demais, mas porque teve de assumir a dívida dos bancos. A credibilidade do Estado irlandês nunca esteve em causa, e a austeridade só foi necessária para tranquilizar os investidores. O facto de a Irlanda conseguir sair bem de todo este processo, é uma vitória do próprio país. O governo geriu bem toda esta crise e conseguiu recuperar a credibilidade perdida com as graves crises bancárias irlandesas, a partir de 2008. Apesar de a Irlanda não ter os problemas do seu sistema financeiro resolvidos e manter um défice orçamental alto, acima do português, tem – e isso foi essencial – taxas de juro, pouco acima dos 3%, sendo que Portugal tem pouco abaixo dos 6%.
O facto de a Irlanda conseguir libertar-se das amarras financeiras da europa não seria uma má notícia para Portugal, uma vez que até prova que um programa de resgate pode resultar, se não deixasse Portugal isolado – ou pior ainda, tendo a Grécia como único parceiro – e não aumentasse a ansiedade e incerteza nacionais, gerando um impacto psicológico em Portugal. Portugal estava interessado em saber o desfecho do caso irlandês, para então começar a entender o que é que esse programa poderia originar e se o modelo poderia ser replicado a nível nacional. A Irlanda seria o primeiro país a testar o modelo pós-troika. Já não vai ser. Portugal perde assim a sua referência principal e a força negocial, tendo apenas como termo de comparação a situação grega. Paulo Portas chegou mesmo a dizer que no que diz respeito a uma ajuda cautelar para o Portugal no pós-troika, «antes celta do que grego». As taxas de juro que Portugal está a conseguir no mercado ainda não lhe permitem dispensar ajuda como fez a Irlanda, o que significa que, se o cenário não melhorar, quando o programa de assistência terminar, é expectável Portugal precise de pedir novo auxílio financeiro. Ficaremos, nesse caso, mais gregos que celtas.
O jornalista Miguel Carvalho, autor do Blogue A Devida Comédia, publicou, ontem, na revista Visão, uma entrevista muito interessante com Fernando Moreira de Sá, a pretexto da sua tese de mestrado , na Universidade de Vigo, em que obteve nota máxima em comunicação política. O entrevistado fala da influência que os blogues, designadamente o «Albergue Espanhol», e as redes sociais tiveram na condução de Pedro Passos Coelho à liderança do PSD e no papel incontornável do seu amigo Relvas. Vale a pena ler!
Portugal joga hoje o play-off de apuramento para o Mundial de 2014, no Brasil, no qual todos depositamos grandes esperanças. Este campeonato joga-se não apenas no plano desportivo, mas também no plano económico. Senão, vejamos. O Mundial de 2014 vai gerar entre 200 e 600 milhões de euros na economia portuguesa, estando a diferença entre estes dois valores dependente do apuramento da Seleção Nacional e da prestação na fase final da prova que terá lugar no Brasil. Caso Portugal fique afastado do Mundial, a fasquia de cerca de 200 milhões de euros será, possivelmente, o valor mais alto a que a economia portuguesa poderá aspirar, correspondente a receitas de publicidade, transmissão dos jogos ou apostas.
O apuramento e a eliminação na fase de grupos do Mundial terá um impacto de 438 milhões, estando incluídos, neste pacote, o estágio da Equipa das Quinas (110 milhões) e a participação em três jogos desta etapa da prova (167 milhões). Contudo, se a equipa nacional avançar para os oitavos de final gerará 469 milhões na economia portuguesa e 503 milhões, caso termine este percurso nos quartos de final. Por fim, se conseguir o tão almejado título de campeão do Mundo poderá gerar a soma de 609 milhões de euros.
A conclusão é de um estudo divulgado pelo IPAM (Instituto Português de Administração e Marketing) sobre o impacto económico que o campeonato do Mundo de futebol terá na economia nacional.
O relatório do FMI sobre a 8ª e 9ª avaliações do Programa de Assistência Económica e Financeira vem confirmar aquilo que todos temíamos, ou seja, que os cortes efetuados nos salários e nas pensões aprovados no Orçamento de Estado (OE) para 2014 vão ter caráter permanente, o que contraria claramente o que tem sido reiteradamente afirmado pela ministra das Finanças — que se tratava de cortes temporários, sem prazo à vista para serem interrompidos —.
Mas o FMI vai mais longe e avisa que Portugal vai ter de implementar mais medidas de austeridade em 2015, e nos anos subsequentes, uma vez que tem que cortar obrigatoriamente 3,4 mil milhões de euros na despesa, para que o país cumpra os compromissos assumidos e consiga alcançar a consolidação orçamental. Garante esta instituiçao que não foi previamente estabelecido um plano B com o governo, caso o Tribunal Constitucional venha a chumbar algumas medidas propostas no OE para 2014. Contudo, se isso se confirmar, caberá ao executivo encontrar medidas alternativas por forma a compensar eventuais desvios.
O relatório aponta igualmente os riscos de Portugal não conseguir voltar aos mercados, em pleno, a partir de junho do próximo ano. Por isso será necessário que a Europa garanta apoio adicional ao país. Ou seja, o FMI sugere subliminarmente que, no pós-troika, Portugal precisará de ser assistido financeiramente, independemente do nome que se adotar chamar: "programa cautelar" ou "segundo resgate".
«Com a aprovação do Orçamento para 2014, novas e severas medidas de austeridade vão ser adotadas e penalizar, ainda mais, a generalidade da comunidade, levantando dúvidas quanto aos seus efeitos sobre os ténues sinais de recuperação económica. A insistência na política de austeridade ocorre num momento em que as críticas a esta opção de política económica crescem de tom e ganham cada vez mais aderentes, levando-nos a colocar as perguntas: A Austeridade Cura? A Austeridade Mata? »
Para discutir a questão, irá ter lugar no próximo dia 29 de Novembro, no auditório da Faculdade de Direito de Lisboa, com a participação de Mark Blyth, autor do fundamental Austeridade. A História de uma Ideia Perigosa, uma conferência que reunirá alguns dos mais prestigiados economistas e especialistas de saúde portugueses, promovida pelo Centro de Investigação de Direito Europeu, Económico, Financeiro e Fiscal. A entrada é livre, mediante inscrição e o programa poderá ser consultado aqui.
António Capucho, antigo dirigente do PSD e ex-autarca, que entrou em rota de colisão com o partido por discordar da política seguida pela atual maioria, e que nas últimas eleições autárquicas, à revelia do PSD, apoiou uma lista de independentes em Sintra, assegura que tem recebido vários apoios para avançar com uma candidatura à presidência da República. «É uma hipótese que está em cima da mesa e que não excluo», confirma António Capucho, salientando que «currículo tenho e mais diversificado do que outros candidatos». Começam a perfilar-se “à direita” os candidatos para a corrida a Belém, depois de Marcelo Rebelo de Sousa, Rui Rio e Santana Lopes serem também hipóteses. As primárias para a corrida a Belém já começaram no PSD.
«Já não há muito a dizer sobre o que Rui Machete disse na Índia. Estabelecer em público uma fasquia numérica para o regresso aos mercados é um erro político básico e é, paradoxalmente, não perceber os mercados. A partir de agora a "pressão" para os 4,5% nos juros da dívida a 10 anos vai ser dupla: política e financeira. A primeira é perfeitamente gerível, a segunda é infelizmente incontrolável.
Os mercados vão ter em conta este número. E vão ter em conta pela pior das razoes: é que este número ainda é uma enormidade. Basicamente, se for para emitir divida a 4,5% de forma permanente, mais valia um segundo resgate, em que os juros são bem mais baixos. Nós tendemos a esquecer este facto, mas a verdade é que a humilhação de um resgate, de um programa draconiano e das subsequentes avaliações, esconde juros bastante razoáveis.
A conta que Machete não fez foi esta. Os 4,5% são valor mínimo que permitem a Portugal começar a emitir dívida. Mas terão que ser um ponto de partida para um programa com grande apoio do BCE (e de todos os mecanismos de que a Europa possa dispor), que obrigue os juros a descer de forma contínua e estável.
Nas situações de aperto, muitas vezes esquecemo-nos de olhar para os outros. A Irlanda - a que estávamos colados até julho - já tem os juros perto dos 3% e discute se pode arriscar ir aos mercados sem sequer recorrer a um programa cautelar. O discurso dos 4,5% colocou-nos definitivamente longe da Irlanda. Já lá estávamos, é certo, mas escusavam de o proclamar através do megafone ministerial».