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Narrativa Diária

Não escrever um romance na «horizontal», com a narrativa de peripécias que entretêm. Escrevê-lo na «vertical», com a vivência intensa do que se sente e perturba. Vergílio Ferreira

Narrativa Diária

Dom | 22.12.13

PSD e CDS/PP sobem nas intençoes de voto

É

Um estudo da Eurosondagem para o Expresso e para a SIC, relativo ao mês de dezembro, mostra que os partidos do Governo, tal como o Bloco de Esquerda, subiram ligeiramente nas preferências dos portugueses. PSD e CDS juntos somam agora 35%, o que significa uma subida de um ponto percentual em relação a novembro. Ainda assim, os socialistas continuam à frente nas intenções de voto com 36,5%, apesar de uma descida de 0,8%. Os 49,5% que deram a vitória à coligação PSD/CDS em 2011 estão,ainda, longe de serem alcançados nesta altura. António José Seguro continua a ser o preferido na popularidade junto dos inquiridos.

É extraordinário que um governo que está a aplicar medidas duras, cortes salariais, aprovou um «enorme aumento de impostos» e reduziu os apoios sociais , tem forte contestação nas ruas, nomeadamente nos grupos profissionais - professores, enfermeiros, polícias,  juízes e grande parte dos funcionários públicos - vê os partidos que o compõem subir nas sondagens e recuperar terreno. Tão surpreendente como a subida nas intenções de voto do PSD e do CDS é o facto de o PS não só não aumentar o seu resultado como até descer ligeiramente. Por esta altura do campeonato e face ao desempenho dos partidos que compõe a maioria do executivo, o partido liderado por António José Seguro devia, senão estar com uma maioria absoluta confortável, situar-se muito perto disso. Mas não, desce no mês de Dezembro para valores equivalentes ao resultado obtido em Outubro. Está agora nos 34,6% – tinha 34,1% em Outubro – mas diminuiu face ao score de 36,2% que tinha conseguido em Novembro, em pleno pico do debate sobre o Orçamento do Estado. Mas, se atentarmos no texto de José Pacheco Pereira no Publico, então será mais fácil entendermos as verdadeiras razões.

Sab | 21.12.13

É oficial: chegou o inverno

 

Embora esteja um dia lindo começa oficialmente hoje o inverno. O dia de hoje, 21 de Dezembro, é o dia mais curto do ano e, obviamente a noite mais longa do ano. Esta data marca o início do inverno – solstício de inverno – no hemisfério norte e do verão no hemisfério sul. Este é a altura do ano em que os raios solares atingem o hemisfério Norte com maior inclinação. Ou seja, corresponde ao dia em que o Sol faz o seu trajeto mais próximo do horizonte. Para a assinalar chegada do Inverno, vem aí frio e chuva. O Instituto Português do Mar e da Atmosfera prevê a mau tempo até ao dia 26, com muita chuva na véspera e no dia de Natal, especialmente no norte e centro do país. A partir de dia 23, poderá nevar na Serra da Estrela. O frio vai-se sentir com mais intensidade no dia 25. Como não há bela sem senão, a boa notícia é que a partir de agora os dias começam a ficar mais longos ou como diz o o povo na sua imensa sabedoria:«depois que o Menino nasceu, tudo cresceu».

Sex | 20.12.13

Faltam 5 dias para o Natal

 

Faltam 5 dias para o para o Natal. Estamos naquela época do ano em que há uma espécie de mixed feelings.  Se por um lado é uma época em que as pessoas estão mais felizes devido a toda a magia que a quadra encerra, por outro vive-se um tempo de certa hipocrisia, onde imperam os convívios forçados, os presentes dados quase por obrigação, o cansaço das compras, a fúria consumista com que somos bombardeados diariamente pelo marketing de campanhas publicitárias que começaram em finais de outubro.

Começamos a planear (e a stressar) onde iremos passar a noite da consoada, a quantidade de compras que ainda nos falta fazer, e a reconhecer que apesar da lista de pessoas para oferecer prendas ser menor, de ano para ano, ainda assim gastamos demais, porque recebemos cada vez menos, em nome da bendita crise que há uns anos a esta parte tomou conta de nós.

Nesta época, as pessoas estão dividias. De um lado estão os fiéis ao espírito de Natal e que acham que o mesmo deve ser preservado a todo o custo. Do outro, os anti espírito de Natal, que lutam contra uma cultura de consumismo. No meio, situam-se as pessoas que tentam, apenas, sobreviver a esta época com a devida parcimónia.

Confesso que já gostei muito mais desta época. Aliás, quando era criança, adorava o Natal. Toda aquela azáfama que antecedia a festa parecia-me mágica, apesar de repetida ano após ano. Ficava maravilhada com as iluminações das ruas, com a decoração das lojas, com os anúncios publicitários e sonhava com vários presentes que gostaria de receber.

Depois, recordo-me da excitação da véspera. Da confeção das comidas, dos cheiros característicos. No dia 24, depois da consoada, assistia à Missa do Galo, que era a parte mais espiritual e que dava sentido à quadra. Naquela altura ainda não existia a figura do «Pai Natal». Acreditava-se, então, ser o Menino Jesus que deixava os presentes no sapatinho, o qual havia sido deixado na chaminé na noite anterior. Ansiava pela manhã do dia 25 de Dezembro, em que corria até à cozinha, na expectativa de ver os presentes que estavam no sapatinho. Nunca recebia muita coisa. Aliás, como faço anos em dezembro, normalmente a família juntava dois em um e dava-me um presente melhor no Natal. Não só porque os tempos não eram fáceis, mas porque sobretudo nessa altura ainda não havia esta euforia consumista, tudo se centrava na alegria e na essência da quadra. Acho também que era por isso que se dava verdadeiro valor ao Natal. As prendas que recebia não eram colocadas a um canto ao fim uns dias. Pelo contrário, eram valorizadas e estimadas durante muito tempo. Hoje, a maioria das crianças não tem mínima noção do que é esperar muito por uma coisa. Antigamente só havia presentes no dia do aniversário e no Natal. Como, no meu caso, estas duas festas coincidem no mesmo mês, muitas vezes tinha que esperar um ano por este ou aquele presente. Atualmente as crianças têm praticamente de tudo e é por isso que não ligam a nada e não conseguem dar o devido valor às coisas porque tudo aparece à medida dos seus anseios.

Hoje já não consigo achar tanta graça ao Natal. A casa já não é a mesma, já não vou à missa do galo. A família modificou-se. Muitos familiares já cá não estão e, entretanto, outros foram chegando. O espírito da época também se foi alterando. E, por mais que, pessoalmente, esta altura só me dê vontade de hibernar e acordar apenas no dia a seguir ao Natal, evitando as compras, as filas de trânsito, as comidas, a verdade é que o Natal está (quase) a bater-nos a porta, indiferente à nossa vontade, e, com cortes ou sem cortes, com chumbos ou sem chumbos do Tribunal Constitucional, resta-nos mantermo-nos calmos e preparar-nos para o receber.

Qui | 19.12.13

Convergência das Pensões e decisão do Constitucional

 

Os juízes do Tribunal Constitucional (TC) anunciaram o chumbo, por unanimidade, do regime de convergência de pensões da Caixa Geral de Aposentações e da Segurança Social por violação do princípio da proteção de confiança.

O corte médio de 10% nas pensões da função pública, segundo o TC, foi chumbado para defender as «expectativas legítimas» dos atuais pensionistas, justificou o presidente do TC, depois de a decisão ter sido anunciada. «Em primeiro lugar, foi valorada uma eventual situação de expectativa dos pensionistas com pensões já atribuídas e que viam agora o seu montante ser reduzido por força destas normas. Concluímos que estávamos perante expectativas não só legítimas, como particularmente consolidadas e reforçadas por uma série de fatores, mas desde logo porque estávamos em face de direitos constituídos», afirmou o juiz Sousa Ribeiro, após o anúncio do chumbo ao diploma do Governo. O presidente do TC considerou que a convergência do regime de pensões do sector público com as do privado, agora chumbada, tem uma «retrospetividade particularmente intensa, porque vai redefinir os termos da constituição de situações jurídicas já anteriormente definidas no passado», ou seja, vai reduzir de forma permanente pensões anteriormente definidas. «Isto soma-se à particular situação de vulnerabilidade desta categoria de sujeitos, que fizeram opções de vida contando com o carácter certo do montante das pensões», argumentou Joaquim Sousa Ribeiro.

Os cortes retrospetivos nas pensões da CGA estimam-se em cerca de 700 milhões de euros. Contudo esta é uma poupança bruta, já que a regra que pretendia evitar a dupla penalização de alguns destes pensionistas com a Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES), acabava por retirar 340 milhões a esta poupança, restando com o total desta medida 388 milhões de euros. Este valor representava 12,2% do total das medidas de consolidação orçamental previstas para 2014. Para tapar este buraco, a opção do executivo poderá passar pelo aumento de impostos. A probabilidade maior recai sobre o IVA (taxa reduzida e intermédia), por ser este um imposto em que é mais imediata a receita para o Estado. Outro cenário seria o aumento da taxa máxima deste imposto, que subiria assim para 24%. Outra das possibilidades ainda seria a eliminação da taxa intermédia ou ainda a redução do cabaz dos produtos que estão atualmente na taxa mínima de 6%. 

Qua | 18.12.13

Manifesto 3D

Um grupo de cerca de 60 pessoas, assumidamente de esquerda, entre quais se inclui Daniel Oliveira, Isabel do Carmo, Carvalho da Silva, Ricardo Araújo Pereira, assinaram um manifesto com vista a «desenvolver um movimento político amplo que no imediato sustente uma candidatura convergente a submeter a sufrágio nas próximas eleições para o Parlamento Europeu» Os promotores do "manifesto 3D" ("Dignidade, Democracia e Desenvolvimento"), como lhe chamaram, não excluíram a criação de um partido político, mas preferem falar, para já, de um «polo aglutinador», elegendo PS e PCP como «interlocutores essenciais», talvez no futuro. O Bloco de Esquerda não fecha a porta a um entendimento com o Manifesto 3D. No início do mês houve até uma reunião com representantes de ambas as forças políticas, contudo é pouco provável que o BE prescinda de uma lista própria às eleições.

 

Seg | 16.12.13

Peter O'Toole 1932-2013

Peter O'Toole faleceu aos 81 anos. Foi o ator mais vezes nomeado para o “Óscar de Melhor Ator”, sem contudo ter ganhado nenhum. O artista irlandês  foi sem dúvida um ícone da sua geração, no que ao cinema diz respeito, sobretudo pelo seu desempenho em Lawrence of Arabia (1962). Peter O'Toole tem aqui o seu primeiro papel de relevo no cinema - e também o seu melhor papel de sempre. Mas poder-se-ia também falar de Beckett, de The Lion in Winter ou ainda recordar Goodbye, Mr. Chipps.

Seg | 16.12.13

«A direcção do PS seria outra coisa se tivéssemos António Costa»

«Acho que as lideranças podem fazer a diferença. A direcção do PS seria outra coisa se, em lugar de António José Seguro, tivéssemos António Costa. Estas coisas não têm nada de pessoal, porque desse ponto de visto são ambos pessoas estimáveis. Tenho estima e consideração por ambos. Mas, de facto, António Costa revela uma capacidade de liderança, de concretização, de afirmação explícita do que pensa sobre as várias matérias — podemos concordar ou não, mas ele tem uma opinião e transmite-a de uma forma clara. E essa firmeza beneficiaria o PS na afirmação de uma alternativa ao actual governo».

(entrevista de Maria de Lurdes Rodrigues ao jornal Público).