Não escrever um romance na «horizontal», com a narrativa de peripécias que entretêm. Escrevê-lo na «vertical», com a vivência intensa do que se sente e perturba.
Vergílio Ferreira
O hábito de tomar um café é muito comum na sociedade atual. O café é dos elementos que mais se adequa a cada estilo de vida. Aromático, forte e tradicional, o café já é parte indispensável da nossa vida, faça chuva ou faça sol. Poucas bebidas são tão estimulantes e reconfortantes como um café. Há sempre um bom pretexto ou qualquer circunstância é boa para o apreciar.
De facto, tomar café tornou-se um hábito, mas também um prazer. Tomamos para despertar para um dia de trabalho, para fazer uma pausa, para travar conhecimentos, para juntar amigos e família, numa reunião de trabalho, depois de uma boa refeição, enfim motivos não faltam e tudo pode ser motivo para tomar um café, desde que seja tomado com prazer e com a capacidade de apreciar o seu magnífico sabor.
O café é um dos produtos mais vendidos em todo mundo, tal a sua procura. Calcula-se que em todo o mundo se sirvam 400 biliões de chávenas, por ano, deste produto, daí a sua importância na economia global.
A história do café é marcada por crises na bolsa, como em 1929, que desvalorizaram o produto e obrigaram produtores a queimarem café devido ao excedente de produção. O Brasil terá sido um dos países que passou por essa crise porque é um dos países com maior produção mundial, seguido de outros países da América Latina e de alguns países de África.
Mas o café não se resume apenas à sua importância histórica, económica e social. Este produto tem uma influência preponderante na saúde humana. Mas nem sempre assim foi. Em tempos o café era considerado como um produto nocivo para a saúde, devido aos efeitos que produzia: insónias, enfraquecimento do organismo por perdas de minerais, vitaminas entre outros nutrientes, problemas de hipertensão, cardíacos, digestivo, entre outros.
Atualmente chegou-se à conclusão de que é um produto benéfico para a saúde, quando consumido em doses adequadas. O café é um dos melhores antidepressivos, ajuda a combater a fadiga, contém alguns nutrientes fundamentais, melhora a oxigenação do sangue e ajuda na prevenção de uma série de doenças como o Parkinson, a diabetes, e o cancro do cólon.
Contudo, este hábito diário, praticado por quase oito milhões de portugueses, poderá encarecer nos próximos tempos, por culpa da seca que tem afetado o Brasil, o maior produtor mundial, podendo eventualmente sofrer um aumento até 50%. Ora, se atualmente se paga 0,60€, em média, por um café, poderemos vir a pagar 0,90 €, o que parece manifestamente exagerado, podendo ser um motivo para que as pessoas deixem de tomá-lo em pastelarias ou cafés, optando antes por tomá-lo em casa ou no trabalho.
Ou os comerciantes optam por manter os preços (já que o café tem uma boa margem de lucro e é a justificação para as pessoas consumirem outro tipo de produtos) ou a confirmar-se esta subida, prevê-se que possa ter um impacto negativo no comércio nacional, já de si tão abalado pelas vicissitudes da crise económica, podendo dar azo ao encerramento de ainda mais estabelecimentos comerciais, e consequentemente fazendo disparar o número de desempregados.
Depois de Ana Drago se ter demitido da comissão política do Bloco de Esquerda na sequência de divergências com a direção, o BE numa atitude “muito democrática, projetou um vídeo comemorativo dos 15 anos do BE, na última conferência nacional, ignorando a ex-deputada e toda a contribuição prestada ao partido.
Ontem à hora de almoço passei na Av. De Roma. O cenário é desolador: lojas fechadas, montras forradas a papel, letreiros a dizer “trespassa-se” ou “aluga-se” fazem hoje parte da paisagem desta artéria e de muitas da cidade de Lisboa.
De regresso ao trabalho, vinha a pensar no pesadelo que assolou o comércio tradicional. É triste ver lojas, que bem conhecemos, com dezenas de anos (algumas centenárias), a fecharem portas.
Quem conheceu a Av. De Roma nos anos 80 e 90, lembrar-se-á certamente do movimento que tinha esta zona da cidade de Lisboa. Um dos principais centros de compras, com lojas de vestuário e calçado de grande qualidade. Era obrigatório visitar a Av. de Roma, João XXI e Guerra Junqueiro aos sábados à tarde, ver as montras, lanchar no “Frutalmeidas”. É triste agora ver desaparecer todas essas lojas.
Nas últimas três décadas, tudo mudou ao nível do comércio e serviços. Primeiro foi o aparecimento das grandes superfícies, com vantagens na localização, na concentração de lojas de diferentes áreas no mesmo local, nos horários de funcionamento e na capacidade de aquisição dos produtos. Os centros comerciais tornaram-se, hoje em dia, mais apelativos para se fazer compras, é um facto! Por um lado, reúnem num só espaço várias lojas (alimentação, restauração, modas, saúde). Por outro, nos centros comerciais há lugares de estacionamento disponíveis, o ambiente é climatizado, protege da chuva e do frio, a música é agradável, há videovigilância e as pessoas sentem-se mais seguras e sobretudo têm um horário mais alargado do que a lojas de bairro (que normalmente encerram às 19 horas), razões mais do que suficientes para afastar as pessoas do comércio tradicional.
Em simultâneo, foi o surgimento de novas urbanizações(autênticos dormitórios), muitas vezes desadequadas à implantação do comércio e serviços em detrimento da malha urbana consolidada (zonas históricas ou antigas), estas com novas limitações de uso e acessos, levando inevitavelmente à morte do comércio tradicional e de restauração nesses locais.
Depois, foi o aparecimento das lojas chinesas, com produtos “Made in China” a baixo custo, com os quais as lojas nacionais dificilmente conseguem competir. Hoje as lojas chinesas proliferam por todo o país, atingindo várias centenas, nascem como cogumelos. Esta questão levanta alguns problemas no que concerne ao insuficiente controlo das mercadorias importadas por essas comerciantes e pela falta de fiscalização adequada em matéria fiscal e condições de trabalho.
Devemos ainda considerar outras razões, não despiciendas, que nos conduziram até aqui, como sejam: a dificuldade no acesso ao crédito e/ou juros incomportáveis, as taxas de IVA e o IRC, os preços elevados do gás e da electricidade, os combustíveis, os transportes, as portagens, as taxas de resíduos sólidos urbanos, bem como todo o tipo de licenças obrigatórias exigidas por lei a um estabelecimento comercial. Todos estes fatores aliados à perda do poder de compra da população portuguesa contribuíram para o panorama que o comércio local se confronta atualmente.
Também a nova Lei de Arrendamento Urbano, veio dar um contributo significativo para o encerramento de milhares de lojas. Alguns comerciantes viram as rendas aumentar para o dobro e muitas vezes para o triplo.
No momento presente, tendo como pano de fundo toda a situação descrita, a vida tornou-se muito complicada para os comerciantes, a crise acentuou esse fenómeno, e dar a volta à situação afigura-se um autêntico pesadelo. As medidas ensaiadas em diversos pontos, poucos ou nenhuns resultados deram e os lojistas começam a perder a esperança.
O envelhecimento da população é um facto preocupante na União Europeia. Na maioria dos países europeus a taxa de natalidade tem diminuído e a esperança média de vida tem aumentado consideravelmente. Portugal tem também acompanhado esta tendência. As principais causas residem na baixa taxa natalidade que se verifica entre os portugueses e que tem vindo a aumentar nos últimos anos, já não assegurando a renovação das gerações, e o aumento da longevidade, pelo que, atualmente, o número de idosos ultrapassa já o número de crianças.
Os estudos demonstram que as mulheres retardam a natalidade até conseguirem estabilidade profissional. E, se em 1987, tinham filhos antes dos 30 anos, é atualmente no grupo dos 30 aos 34 anos que se verificam a maioria dos nascimentos.
A propensão tem-se agravado nos últimos anos e os especialistas não acreditam numa inversão na próxima década, devido à crise e à ausência de uma estratégia de apoio às famílias. Para agravar a situação, o número de imigrantes está também a baixar, contrariamente ao de emigrantes que revela uma tendência inversa.
Este, não é contudo um tema recente. De vez em quando o assunto regressa ao espaço público. José Sócrates, na altura primeiro-ministro, prometeu o cheque-bebé. Esta promessa foi contudo afastada devida à crise que se instalou e que veio para ficar durante alguns anos.
Agora foi a vez de Passos Coelho ter uma epifania sobre a natalidade. O primeiro-ministro gostaria que o número de nascimentos em Portugal aumentasse. Esta é uma ideia, à partida, com a qual todos concordamos, mas acontece que a natalidade não se garante nem por vontade, nem por decreto. É preciso criar condições para que tal aconteça. O que é mais curioso, é que seja justamente este primeiro-ministro que queira incentivar a natalidade, quando lidera um governo que cortou os benefícios fiscais associados à educação e à saúde, que cortou brutalmente os salários e os rendimentos disponíveis das famílias, que cortou o abono de família, que aumentou a ADSE e as taxas moderadoras na saúde, cortou os passes sociais dos estudantes e que tem incentivado a emigração jovem.
Portugal precisa que nasçam mais crianças. Bem sabemos. Mas também precisa de jovens com empregos. E precisa que os jovens tenham confiança e esperança no futuro para poderem pensar em ter mais filhos.
Ter um filho é, ou deveria ser um projeto de vida, mas é óbvio que as condições financeiras também determinam e condicionam, em maior ou menor grau, o número de filhos.
Por isso, a montante, era necessário apostar mais nos apoios à primeira infância (aumento das creches públicas), garantir a segurança no emprego de jovens casais, proporcionar uma maior estabilidade nos vínculos laborais; reduzir o horário de trabalho profissional, a fim de os pais poderem dedicar mais tempo de qualidade às suas crianças. Mas também rever as taxas de IRS e os benefícios fiscais dado que a dimensão das famílias e o número de filhos não se reflete no cálculo das taxas.
«Porquê? Digam-me porquê, por amor de Deus. Por que é que Pedro Passos Coelho resolveu reabrir o túmulo político onde repousava Miguel Relvas, para a sua triste figura vir novamente assombrar os nossos dias, numa altura em que as coisas pareciam começar a correr bem para o PSD?
Se todos nós sabemos que assim que Miguel Relvas abre a boca e mostra os dentes o PSD perde votos, como se justifica este impulso autofágico de Passos Coelho? Será por causa da máquina "laranja"? Mas se Relvas fosse mesmo o todo-poderoso apparatchik, o homem que domina o aparelho com a ponta do calcanhar, como é que se explica a miserável votação da lista que ele encabeçou para o conselho nacional? Nada disto faz sentido, senhoras e senhores, e a falta de sentido faz-me comichão na zona da democracia. Eu não consigo perceber que tipo de relação tem realmente Pedro Passos Coelho com Miguel Relvas – e não gosto de não perceber. [...]
[...]Pedro Passos Coelho, manifestamente cansado de boas notícias, decidiu recuperar o velho parceiro para o conselho nacional do partido. E com ele regressaram as perguntas. É porque são muito amigos? Mas se Relvas fosse mesmo muito amigo do primeiro-ministro saberia com certeza reconhecer que a sua presença ao seu lado o prejudica politicamente, e seria o primeiro a afastar-se, por amizade. É porque Passos Coelho precisa de Relvas para gerir o próximo ciclo eleitoral? Mas, para isso, não precisava de estar em primeiro lugar na lista do conselho nacional do PSD – Relvas poderia perfeitamente fazer esse trabalho nos bastidores. É porque Passos Coelho, como sugeriu Marcelo Rebelo de Sousa, é muito teimoso? Mas teimosia é não deixar cair, não é ir buscar novamente depois de já ter caído. O casal Relvas-Coelho não casa, nunca casou e, no entanto, insiste em permanecer casado. O mistério adensa-se. E se os mistérios são óptimos em policiais, são péssimos em democracia».
Na 20ª jornada da Liga Zon Sagres, o Estoril fez História ao impor-se no Estádio do Dragão com um golo de grande penalidade obtido por Evandro aos 78 minutos. Na ressaca de um mau resultado frente ao Eintracht de Frankfurt (2-2), o F. C. Porto (FCP) vacilou no momento em que se exigia uma resposta forte. É a primeira derrota caseira, cinco anos e meio depois, depois do FCP ter então perdido em casa com o Leixões.
Mas não basta criticar a equipa da casa. Há muito mérito do Estoril-Praia, que depois de uma época notável, viu partir alguns dos seus melhores jogadores. Ontem mesmo, no Estádio do Dragão, sem de um dos seus melhores jogadores, mostrou que pratica um bom futebol, capaz de competir com qualquer equipa.
Como bem sabemos os campeonatos são feitos de vitórias, empates, mas também de derrotas. Todos os clubes passam por isso. Mas os adeptos do FCP vivem noutro mundo. Para eles perder, e então em casa, é inadmissível. Para esta cultura desportiva muito tem contribuído sobretudo a qualidade do nosso futebol, a complacência dos dirigentes e dos árbitros com o FCP, o famoso “sistema” e os casos do “apito dourado”.
Penso, contudo, que não restarão muitas dúvidas que este FCP de Paulo Fonseca em termos qualitativos estará a longe dos últimos anos, pois jogadores como Hulk, James Rodriguez e João Moutinho eram mais-valias e faziam toda a diferença.
Aos olhos da maioria dos sócios e simpatizantes do FCP, habituados há vários anos a um nível futebolístico e resultados desportivos acima da média, que se têm refletido na conquista de vários títulos nacionais e internacionais, perder um simples jogo torna-se um drama.
Mas será que faz sentido, neste altura do campeonato, despedir o treinador do FCP? Penso que não, e por várias razões: não faz parte da filosofia do clube despedir treinadores durante a época; não existe uma grande desvantagem pontual para com os principais rivais; quem quer que chegue terá que começar praticamente do zero (como outra tática, como novos métodos, tc); por último, e talvez o mais importante, Pinto da Costa sabe bem que à 20ª jornada nenhum treinador conseguirá inverter o ciclo, sabe ainda melhor que ninguém que, esta época, não tem jogadores para "tirar" o título ao Benfica (embora até ao lavar dos cestos seja vindima). Mudar agora e falhar seria cometer dois erros – a aposta em Fonseca e a sua saída com mais de meio campeonato disputado. Assim, mesmo que não vença, ficará como o arauto da estabilidade e, poderá sempre fundamentar o falhanço com uns casos de arbitragem, que sempre acontecem, que prejudicaram o FCP e beneficiaram os rivais. Enfim, o costume. Pinto da Costa saberá melhor que ninguém fazer a gestão dos seus erros.
A novidade do 35º Congresso do PSD foi o regresso de Miguel Relvas ao núcleo duro de Passos Coelho e à política ativa, depois de aceitar o convite para o número 1 do novo Conselho Nacional, órgão máximo do partido entre congressos, regressando assim às lides políticas, depois de um período de ”nojo” desde que abandonou o Governo liderado por Pedro Passos Coelho. Foi, aliás, o atual primeiro-ministro quem, no Congresso do PSD, que este fim-de-semana decorreu no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, que anunciou o nome de Relvas, numa equipa em que estará também Nilza Sena, número dois da lista anunciada por Pedro Passos Coelho que é despromovida para o Conselho Nacional. Mantêm-se nos lugares anteriormente ocupados Jorge Moreira da Silva, Marco António Costa, Teresa Leal Coelho e Pedro Pinto.
A 2ª surpresa do congresso foi a presença de Marcelo Rebelo de Sousa, que havia referido que não iria estar presente. Contudo Marcelo não só apareceu, como se sentou ao lado do primeiro-ministro. Marcelo sabe bem que terá que contar com o apoio do PSD e do CDS na caminhada que traçou para Belém e por isso tem que se prestar a estes números. Marcelo aterrou de paraquedas no Coliseu O homem é um verdadeiro artista. Faz de tudo, desde cómico a ilusionista, neste último espetáculo era vê-lo a dominar a arte do contorcionismo. Assumiu-se como único cofundador do PSD no ativo. Poderão aqui estar lançados os dados para as presidenciais. A menos que Passos Coelho queira deitar tudo a perder, terá de apoiar Rebelo de Sousa e, provavelmente pedir o seu apoio nas legislativas.
Pedro Santana Lopes, outro putativo candidato às presidenciais, comparou o congresso do PSD com uma festa de aniversário em que «havia uma série de pessoas que não eram para vir, o aniversariante julgava que não vinham, e de repente começou a aparecer tudo». Para mim, «terem vindo cá significa uma coisa: reconheceram definitivamente a liderança de Pedro Passos Coelho e o seu papel imprescindível na condução dos destinos do país», afirmou o antigo presidente do PSD, depois de acentuar que, ao contrário de Marcelo Rebelo de Sousa, não decidiu vir a este Congresso em cima da hora. «Quando a família está a passar por momentos muito difíceis - e o PPD/PSD está num momento muito difícil, com a responsabilidade de conduzir uma nau numa grande tormenta, uma grande nau - a nossa obrigação é estarmos presentes», considerou.
Santana Lopes defendeu que é essencial a presença do Estado na saúde e questionou se será assim tão errado ponderar a mutualização de parte da dívida. O antigo primeiro-ministro recebeu palmas dos congressistas do PSD quando defendeu que «há limites» para as divergências internas, referindo o caso de António Capucho e fazendo alusão às críticas feitas ao governo por Pacheco Pereira e Ferreira Leite nos seus programas semanais na TV.
Sem surpresas, Paulo Rangel foi apresentado como cabeça-de-lista ao Parlamento Europeu. O seu discurso animou ontem o Congresso do PSD, ao prometer várias vezes uma vitória nas eleições europeias. «Vai ser um calendário hostil, uma campanha duríssima, tudo ou quase tudo está contra nós. Mas, apesar das dificuldades, vamos ganhar, vamos vencer», afirmou. Será «uma missão de curto prazo e de grande alcance: ganhar as eleições europeias”, insistiu para júbilo dos congressistas».
Para já, a nota mais importante deste Congresso, foi ver adversários internos unidos em torno do líder. Foi assim com Marques Mendes e Marcelo Rebelo de Sousa que se passearam por lá, na esperança de, mais tarde, chegarem ao «pote». Para estes dois estará destinado lugares no Palácio de Belém: Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente da República e provavelmente Marques Mendes como chefe da Casa Civil. E assim se dará continuidade ao modelo de presidência seguido por Cavaco (pelo menos no que toca à estatura dos protagonistas). Mas há ainda Pedro Santana Lopes que também quer ser candidato a Belém. Mas, dado essa possibilidade ser remota, veremos o que a sorte lhe reserva. «Está escrito nas estrelas!».
No relatório final da 10ª avaliação ao programa de ajustamento português o Fundo Monetário Internacional (FMI) poe em causa a narrativa que o Governo tem vindo a construir sob o «milagre económico».
O FMI diz, expressamente, que o desemprego está em níveis «inaceitáveis», embora reconheça que tem havido uma descida nos últimos meses. Mas, adverte que o desemprego jovem atingiu os 37 %. Defende ainda que os custos salariais em Portugal têm de baixar ainda mais.
Segundo este organismo, o ajustamento externo expresso através da balança comercial ̶ grande bandeira deste governo ̶ foi conseguido substancialmente devido ao efeito conjugado da queda das importações com o crescimento das exportações de combustíveis. Portugal por força da recessão verificada nos últimos anos deixou de importar, mas as exportações da venda de combustível da Galp ao exterior foram responsáveis por metade do aumento das exportações portuguesas em 2013, tendo sido decisivas na evolução das exportações e isso permitiu equilibrar e a balança comercial. Contudo, o FMI avisa que os ganhos conseguidos podem ficar em causa «assim que as importações recuperarem de níveis anormalmente baixos e as unidades de refinação eventualmente esgotem a sua capacidade extra» sendo que a melhoria registada na exportação de serviços, designadamente no turismo, é também muito vulnerável a choques na procura. No fundo, o que tanto FMI como Comissão Europeia vêm dizer é que os sinais positivos da economia não têm um crescimento sustentando e que as reformas essenciais estão por fazer.
O relatório observa que os riscos de Portugal não atingir os seus objetivos continuam elevados. O FMI assume que há um novo risco de chumbo do Tribunal Constitucional (TC) (depois de a oposição ter pedido a fiscalização ao Orçamento de 2014). Para o FMI, os chumbos do TC «complicam os esforços do Governo» para reduzir o défice e «geram incertezas», potencialmente negativas para o crescimento e o emprego. Entre os grandes desafios do país, o FMI aponta para o endividamento das famílias e das empresas como entrave ao consumo e o investimento e a dívida pública elevada.
A três meses do final do resgate, Portugal só conseguiu dois terços da consolidação estrutural pretendida. O que falta do ajustamento ficou para 2014 e 2015, com a austeridade distribuída de forma semelhante pelos dois anos. Na verdade, o FMI lembra que o défice previsto para 2015 é de 2,5%, o que vai obrigar o governo a tomar medidas adicionais permanentes no valor de 1,2% ou seja, o equivalente a 2 mil milhões de euros de cortes na despesa.
O FMI determina ainda que Portugal reduza as rendas e aumente a concorrência nos sectores não transacionáveis (onde se inclui a energia), para que o ónus do ajustamento não recaia de forma excessiva sobre os trabalhadores, e em particular dos trabalhadores não qualificados.
Trata-se portanto de um grande "inconseguimento" que nos vai levar a um estado ainda mais "frustacional", uma vez que não vamos conseguir atingir nunca o "soft power sagrado" de um nível de vida condigno neste país!!! Resumidamente é isto!