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Narrativa Diária

Não escrever um romance na «horizontal», com a narrativa de peripécias que entretêm. Escrevê-lo na «vertical», com a vivência intensa do que se sente e perturba. Vergílio Ferreira

Narrativa Diária

Ter | 30.09.14

O receio do voto útil em António Costa

«A esquerda à esquerda do PS olha para Costa com uma invulgar agressividade porque receia a atracção do “voto útil” que Costa poderá representar para o seu eleitorado. O efeito “eucalipto” que Costa pode representar para a esquerda, fazendo o deserto à sua volta, preocupa BE e PCP e não só. Pelo meu lado, penso que a política precisa de políticos inteligentes, honestos e comprometidos com a causa pública e que o país só tem a ganhar se houver partidos dirigidos por pessoas com ideias e a coragem de definir objectivos ambiciosos e construir consensos. Costa pode ser um desses líderes, se tiver a coragem de fazer a revolução social-democrata que o PS nunca fez e se tiver a coragem de fazer uma política que ponha a justiça à frente da finança. O PS nunca o fez antes, fascinado como sempre foi pela realpolitik, e é pouco provável que o faça agora, mas essa seria a única justificação para a sua existência. O que deve fazer a esquerda à esquerda do PS? O seu dever: continuar a defender uma política para as pessoas sem receio de afrontar os poderes ilegítimos da finança, dos mercados e de Bruxelas e demonstrar, em cada momento, a justeza e a justiça das suas propostas — como o fez com a ideia da renegociação da dívida. Se o acordo com o PS de Costa é possível e benéfico, só o futuro o dirá».

 

Jose Vítor Malheiros, Público, 30 de Setembro de 2014

 

Seg | 29.09.14

Mafalda de Quino faz hoje 50 anos

A fantástica personagem «Mafalda», de Quino, chega aos 50, sagaz e anticonformista.

«Mafalda» apareceu pela primeira vez a 29 de Setembro de 1964, nas páginas do semanário argentino Primera Plana. Joaquín Salvador Lavado, mais conhecido como Quino, deu vida a esta criança insubmissa, que tinha sempre uma palavra a dizer, durante 9 anos.

A personagem criada por Quino há 50 anos é fã dos Beatles, não gosta de sopa e tem uma perspetiva filosófica sobre as questões da humanidade.

50 anos depois, as palavras e atitudes de Mafalda continuam atuais e a apaixonar muitos leitores.

Muitas coisas que ela questionava continuam por resolver, afirma o seu autor. A menina sonhadora, sincera, que tudo questiona perante a inquietude que lhe causava um mundo adulto, que não lhe oferecia respostas satisfatórias persiste até hoje.  

Seg | 29.09.14

Hoje é o primeiro dia... do fim da coligação PSD-CDS

 

A vitória esmagadora de António Costa provou que sua decisão de lançar um repto a António José Seguro, não constituiu uma traição, como AJS argumentou durante toda a campanha das primárias, constituiu, isso sim, um desejo dos militantes e simpatizantes do PS em conseguir um alternativa credível a este governo. Este resultado, absolutamente previsível, estabelece uma nova correlação de forças, uma nova esperança num PS renovado.

Era fundamental para o país ter uma alternativa como António Costa. As pessoas estão cansadas desta  governação. Por outo lado, já ninguém leva a sério Passos Coelho e Paulo Portas, vítimas das suas próprias ambiguidades. É neste contexto que António Costa representa uma nova esperança. Mas, o desafio que ele tem pela frente não se afigura fácil: congregar os socialistas à sua volta. Por outro lado, os portugueses não querem que, depois de uma governação acéfala, submissa e desumana, venha outra de facilitismo. De António Costa os portugueses esperam que mantenha o rigor, mas que lhe acrescente inteligência, humanismo e independência.

Costa ganhou, Seguro perdeu, a guerra no PS acabou. Agora é tempo de sarar feridas e unir o partido para os novos desafios que se avizinham: ter um bom grupo parlamentar para começar a fazer frente ao Governo, preparar um plano para o País e convencer os portugueses de que esta é a melhor opção a cerca de um ano das eleições legislativas.

Finalmente o PS tem uma liderança forte em sintonia com a sua tradicional base de apoio. Foram depositadas fortes esperanças em Costa. Oxalá ele consiga corresponder a essas expectativas.

Dom | 28.09.14

E Deus criou Brigitte Bardot há 80 anos

 

A atriz francesa Brigitte Bardot nasceu em Paris faz hoje 80 anos.BB, como ficou conhecida, participou em 48 filmes.

Oriunda de uma família burguesa, aos sete anos, sua mãe, Ann-Marie Mucel, matriculou-a numa academia de ballet clássico, de onde saiu aos quinze para o Conservatório de Paris. Simultaneamente frequentava ao lado do pai, Louis Bardot, a Academia Francesa, onde se apaixonou pelo cinema. 

A sua beleza desde muito cedo chamou a atenção e sua carreira começou aos quinze anos, quando recebeu um convite da revista Elle francesa para um ensaio fotográfico.

O diretor de cinema Roger Vadim simpatizou de imediato com a bonita atriz e convidou-a para o seu novo filme «Les lauriers sont coupés». Apesar do projeto não ter vingado, abriu-lhe as portas para o mundo.

Depois de alguns filmes sem grande repercussão, em 1956, já casada com Roger Vadim brilhou em «E Deus Criou a Mulher», que a consagrou internacionalmente.

Um ano depois casou-se com Jacques Charrier, pai de seu único filho, Nicolas-Jacques Charrier, ao lado de quem atuou no filme «Babette Vai à Guerra.
Naquela época, famosa e respeitada pela crítica, BB era o alvo favorito da imprensa, e seu casamento acabou por não durar muito.

Uma mulher à frente de seu tempo, BB deu que falar na imprensa mundial, uma das raras atrizes, não americanas, a receber atenção total da imprensa dos Estados Unidos. Namorou, casou, descasou, apareceu nua em revistas e popularizou uma pequena peça do vestuário feminino: o biquíni, que ela usava com graça e naturalidade, apesar do escândalo que causava.

A sua vida inspirou o cineasta Louis Malle a fazer a longa-metragem, «Vida Privada». A pelicula contava a história de uma celebridade que não tinha vida pessoal devido a perseguição dos media. Além de Brigitte, Marcello Mastroianni, também entrava no elenco.

Depois do aclamado "Desprezo", de Jean-Luc Godard, protagonizou «Histórias Extraordinárias», «Viva Maria», «As Noviças» e alguns musicais para televisão. 

Além de atriz, Brigitte também foi cantora, tendo interpretado mais de 80 canções em 21 anos de carreira.

Teve um affair com o cantor, Serge Gainsbourg, que inspirado na atriz escreveu dezenas de canções e com quem gravou alguns duos como Harley Davidson, Bonnie & Clyde, Contact, Comic Strip e Je t'aime... moi non plus.

Em 1968, Brigitte estava no auge da fama e Charlles de Gaulle declarou que ela personificava um símbolo do povo francês como o Renault, e decidiu homenageá-la com a criação de um busto, Marianne (figura alegórica da República Francesa).

No discurso ele ressaltou algumas virtudes e características da sua personalidade, como a simplicidade, o bom humor e a franqueza.

Cinco anos depois, em 1973, decidiu afastar-se da vida artística para se para presidir à Fundação Brigitte Bardot, que luta em defesa dos direitos dos animais.

Está casada com o quarto marido desde os 58 anos. Vive em Saint Tropez, ao lado de inúmeros animais, seus «filhos adotivos».

Sobre os muitos anos de vida que já viveu, diz manter uma vida ativa e apaixonada pelo que faz, impedindo-a de ser vítima da ociosidade. A Fundação a que preside exige-lhe tempo integral.

A história desta mulher pode ser resumida nesta confissão: «Eu dei a minha beleza e juventude aos homens. Agora, dou a minha sabedoria e experiência aos animais».

Sab | 27.09.14

Ainda o caso Tecnoforma

Finalmente o primeiro-ministro avivou a memória e afirmou perante o Parlamento que não recebeu qualquer remuneração, mas admitiu ter sido reembolsado em «despesas de representação», respeitantes a almoços e viagens enquanto presidiu ao Centro Português para a Cooperação, uma organização não-governamental (ONG) criada pela Tecnoforma.

Além de se proteger no despacho de arquivamento da denúncia em torno deste caso, o chefe de Governo afirmou não ter um estilo de vida condizente com os rendimentos que lhe acusam de ter recebido, defendendo que vive apenas do seu trabalho. «Não possuo nenhuma riqueza acumulável. Não tenho em nome de filhas, primos, quaisquer bens», arguiu.

Ficou por saber-se quais os valores em causa, apesar da insistência da oposição.

António José Seguro desafiou o primeiro-ministro a permitir o levantamento do sigilo bancário de modo a justificar de que forma recebeu e quanto recebeu. Passos recusou, rejeitando fazer um “striptease” das contas bancárias.

Jerónimo de Sousa lembrou que as despesas de representação têm um limite a partir do qual é obrigatório declarar em sede de IRS. Mas a questão – como bem sublinhou Jerónimo de Sousa – não é apenas fiscal, é também política. O secretário-geral do PCP questionou o primeiro-ministro por que razão não mencionou no registo de interesses entregue no Parlamento a sua colaboração com a ONG e por que não declarou as despesas de representação que recebeu, tal como fez com os rendimentos que obteve em resultado de colaborações com órgãos de comunicação social. O líder do PCP avivou ainda a memória do primeiro-ministro relativamente ao pedido do subsídio vitalício de deputado: era preciso ter mais de 55 anos, idade que Passos Coelho ainda não atingiu, além de não ser acumulável com o subsídio de reintegração que recebeu.

Note-se que o tratamento que a Tecnoforma deu aos pagamentos classificando-os como «despesas de representação» é um procedimento usual a que as empresas recorrem para ficarem dispensadas do pagamento de impostos e contribuições e os beneficiários ficarem isentos do pagamento de IRS. É óbvio que o fisco pode sempre recusar esta terminologia mas para tal é importante conhecer o montante em causa e a regularidade do pagamento.

Esta é a razão, na minha opinião, por que Passos embora confirmando esses pagamentos nunca os tenha quantificado e se recuse a permitir o acesso às suas contas.

Contudo o fisco tem poderes de verificação e investigação que a lei lhe confere. Porém, Passos Coelho assegurou-se antecipadamente com a diligência junto da PGR que estava livre de tal investigação pelo facto de a mesma ter prescrito em 2007.

Assim, este caso sob o ponto de vista institucional poderá morrer por aqui com a produção de mais um dano sério para o regime democrático e uma mancha no curriculum do primeiro-ministro.

No entanto, já se percebeu (PSD incluído) que esta denúncia pode tomar outras proporções se mais documentação comprometedora vier a público, acompanhada de mais provas ou de mais factos. Esta é a ideia que fica e que está a colocar o PSD em alvoroço.

Hoje mesmo o Expresso avança com mais informação, levando a pensar que poderá haver outros elementos de prova.

Se mais documentação embaraçosa surgir nem a complacência a que assistimos entre a presidente da AR, o seu secretário-geral, o PR e a PGR serão suficientes para encobrir este caso e evitar o esclarecimento da verdade.

Sex | 26.09.14

Passos Coelho e o caso Tecnoforma

 (imagem retirada do google) 

Pedro Passos Coelho é suspeito de ter recebido cerca de 5 mil euros mensais entre 1995-99, por prestação de serviços de consultoria na empresa Tecnoforma, tendo invocado em 2000 regime de exclusividade como deputado, durante o referido período.

O problema de toda esta trapalhada foi que o primeiro-ministro ao ser questionado pelos jornalistas, deu umas respostas ambíguas, preferindo estrategicamente escudar-se na falta de memória  ao invés de responder diretamente a todas as questões que lhe foram colocadas.

Assim, o que poderia ter sido um «não assunto» para desviar a atenção das primárias do PS, dos problemas na Justiça e na Educação, transformou-se, por culpa própria, num caso político cujo desfecho pode ter consequências graves para o líder do PSD.

Por isso, neste momento, com a pressão politica existente, Passos Coelho está confrontado com o ónus de provar que não recebeu qualquer remuneração da Tecnoforma em nenhum momento do seu mandato parlamentar, pelo qual lhe foi paga uma subvenção de reintegração a título de dedicação exclusiva. Se o não conseguir fazer e se forem confirmadas as suspeitas que pendem sobre ele, e que ainda não foram desmentidas,  as consequências podem ser devastadoras.

A questão que os portugueses pretendem ver esclarecida é muito simples, a saber: se nessas funções de consultor da Tecnoforma e durante esse período o então deputado Passos Coelho foi remunerado ou prestou esses serviços pró-bono?

É que ou Passos Coelho não foi remunerado e o caso fica pura e simplesmente encerrado ou, pelo contrário, foi remunerado e nesse caso violou o estatuto de incompatibilidades do Parlamento e não declarou esse valor ao fisco, e nessa medida a coisa complica-se porque não estamos apenas perante uma simples infração fiscal.  Sob o ponto de vista político estaremos perante um crime de evasão fiscal, e nesta perspetiva o facto assume outras proporções, porque não é sustentável um político, para mais primeiro-ministro, continuar a exercer funções tendo incorrido num crime de responsabilidade de titular de cargo político.

E muito embora o procedimento criminal tenha já prescrito, a responsabilidade política, essa, não pode nem deve prescrever. É necessário nesse caso tirar as devidas ilações e só lhe restará uma saída: demitir-se.

Qui | 25.09.14

Com amigos destes.....

  

Ângelo Correia, conhecido militante do PSD e antigo apoiante de Pedro Passos Coelho, que durante alguns anos deu emprego ao atual primeiro-ministro nas empresas onde era gestor, em declarações ao DN diz agora esperar que «tudo corra bem» relativamente à questão que liga Passos Coelho ao caso Tecnoforma. «Até para termos primeiro-ministro até às próximas eleições», afirma.

Subrepticiamente o histórico do PSD vem agora criticar Passos Coelho por este ter admitido não se recordar dos rendimentos auferidos no período 1997-1999, concluindo: «Tenho sempre a cópia do IRS. Guardo as cópias do IRS de todos anos, dá jeito para evitar problemas de não me recordar».

Não é bonito e fica-lhe mal proferir tais afirmações. Só me vem à lembrança uma frase célebre de Confúcio:«Para conhecermos os amigos é necessário passar pelo sucesso e pela desgraça. No sucesso, verificamos a quantidade e, na desgraça, a qualidade». 

Com amigos destes...ninguém precisa de inimigos...

Qui | 25.09.14

Salário Mínimo

 Depois de um ‘parto’ difícil chegou-se finalmente a acordo com os parceiros sociais (exceto a CGTP),  sobre o aumento do salário mínimo, que passará de 485 euros para 505 euros brutos mensais.

De acordo com o Jornal de Negócios, as empresas suportarão 85% deste aumento e o Estado garantirá uma parte através da redução da Taxa Social Única (TSU).

Este aumento de 20 euros mensais no salário dos trabalhadores significa um aumento de 24,77 euros de aumento na despesa das empresas, mas o Estado comprometeu-se a  reduzir 0,75 pontos na TSU. Desta forma, a Segurança Social devolverá 3,79 euros por trabalhador, que corresponde a cerca de 15% de acréscimo na despesa.

No entanto, e de acordo com esta publicação, mesmo tendo em conta a redução da TSU, é a Segurança Social que sai a ganhar no cômputo geral, dado que o aumento do salário significa um alargamento da base sobre a qual incidem tanto os descontos do trabalhador (11%) como os da empresa (de 23% ou de 23,75%).

Com o aproximar das eleições de 2015 começa a ser altura do governo dar uns «rebuçados eleitorais» para adoçar a boca dos portugueses.

Muito embora ainda não saibamos qual irá ser o próximo candidato do PSD às próximas eleições, devido às recentes notícias vindas a público sobre o passado do primeiro-ministro na Tecnoforma, Passos Coelho e o seu parceiro de coligação estão decididos a jogar todos os trunfos.

Torna-se, por isso,  real  aquilo que António Costa afirmou no debate das Primárias: o ano mais difícil para a oposição é este que falta até às próximas eleições.

Qua | 24.09.14

3º Round entre António Costa e António José Seguro

(imagem do google)

O terceiro e último debate entre os dois candidatos às primárias no PS foi interessante sob vários aspetos. É verdade que se trocaram mais palavras do que se esgrimiram ideias sobre os problemas país, que houve muita crispação entre os dois políticos, ainda assim foi um debate esclarecedor.

O moderador apercebendo-se da animosidade latente entre os candidatos, tentou acalmar as hostes, conseguindo, pelo menos de início, que apresentassem medidas para resolver o problema do crescimento da economia, das pensões, da reposição de salários dos funcionários públicos.

A convergência com algumas destas questões levaram  Seguro a afirmar que estas eleições primárias eram escusadas.  Aí  o debate foi subindo de tom. António Costa recorreu a sondagens que mostravam que os portugueses acreditam que o Presidente da Câmara está mais bem preparado para combater a direita, dizendo que Seguro acalenta desde pequeno o sonho de ser secretário-geral.

Seguro contrapôs:«só vens agora disputar a liderança porque terminou o memorando [da troika] (...) Agora é fácil fazer oposição. (...)» Costa disse que se empenhou nas Autárquicas e que a vitória de Lisboa é também uma vitória do PS, e que o atual secretário-geral construiu uma narrativa em que só ele acredita.

O jornalista introduziu um dos temas polémicos desta campanha:a redução do número de deputados, proposta por Seguro e com a qual Costa discorda, dizendo os pequenos partidos perderiam representação e argumentando que a ideia surgiu apenas por populismo. Seguro contra-atacou acusando o adversário de ser o candidato do ‘status quo’ e por isso ser renitente à mudança.

O duelo aqueceu ainda mais quando António José Seguro jogou o segundo trunfo - o exemplo de um apoiante de António Costa - para atacar a promiscuidade entre política e negócios, como arma de arremesso e como pretensão eleitoralista.

Estavamos no momento mais tenso do debate: Costa declarou que Seguro trata «como inimigos e traidores» os militantes do PS, além de que não pode ser responsável pelo que os seus apoiantes poderão ter feito.

Manifestamente desconcertado, Seguro diz que não recebe lições de moral do autarca. «Mas fazia-te falta», contra-ataca Costa.

Nesta altura notava-se já alguma incontida irritação por parte de Seguro  que não contou com um contra-ataque tão feroz da parte do seu opositor. No apelo final ao voto, Seguro estava tão desorientado que em vez de dizer que iria atacar o desemprego, disse que ia combater o emprego.

Seguro cristalizou a ideia da deslealdade de António Costa e daí não consegue desviar-se. Durante todo o debate só esteve confortável a  atacar o seu rival, mostrando mágoa e ressentimento por este lhe ter retirado o seu bem politicamente mais precioso: a possibilidade de chegar a primeiro-ministro. Quanto ao resto, não conseguiu afirmar-se.

O país em geral e o PS em particular dispensam bem a mediocridade de António José Seguro. António Costa é muito superior, na personalidade, na inteligência e na experiência política como ontem aliás ficou bem patenteado. É um homem pacificado e o país precisa dele.

Aos militantes e simpatizantes do PS apetece perguntar: qual é a dúvida?

Ter | 23.09.14

«Entre o perdão e o esquecimento»

 

«Foi uma semana de apelos à bondade. A ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, pediu desculpa pela falência do Citius mas não pela reforma do mapa judicial. O ministro da Educação, Nuno Crato, pediu desculpa pelo erro na colocação dos professores mas não pela deficiente abertura do ano escolar. O primeiro-ministro, Passos Coelho, ter-se-á esquecido dos rendimentos da Tecnoforma quando supostamente beneficiava, enquanto deputado e durante quatro anos, do regime de exclusividade dos deputados que impõe, à luz da lei, a não acumulação de rendimentos. Segundo o seu gabinete, o regime de exclusividade reportava-se a 1992 e não a 1995/99, anos que suscitam dúvidas. E é por ter dúvidas que Passos Coelho não pediu desculpa. Alegou confusão. Ao arrepio do passado de Cavaco Silva, não é verdade que o nosso primeiro-ministro não tenha dúvidas: mas a verdade é que ele se engana e muito. Desculpas antecipadas não são devidas.». 

Miguel Guedes, «Entre o perdão e o esquecimento», JN

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