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Narrativa Diária

Não escrever um romance na «horizontal», com a narrativa de peripécias que entretêm. Escrevê-lo na «vertical», com a vivência intensa do que se sente e perturba. Vergílio Ferreira

Narrativa Diária

Ter | 23.09.14

A salsicha educativa

 

O primeiro ministro de vez em quando surpreende-nos com expressões algo boçais. Depois de ter utilizado em tempos expressões como: «que se lixem as eleições», «porcaria na ventoinha», agora, na sessão de oficial de início do ano letivo no Conselho Nacional de Educação, brindou-nos com esta pérola«"salsicha educativa», expressão que criou tal sound byte que certamente ficará para a história do novo «eduquês» da era Crato .

«Sabemos melhor do que ninguém que aumentar a chamada salsicha educativa não é a mesma coisa que ter um bom resultado educativo. Foi assim que, no passado, a generalização de novos graus de ensino não corresponderam a um salto qualitativo mais exigente no produto escolar. Temos muitos mais alunos a frequentar o ensino básico e secundário, esperamos poder vir a ter significativamente mais alunos a frequentar o ensino superior, mas é importante que o resultado final corresponda a uma melhoria da qualidade do ensino que é prestado», disse Pedro Passos Coelho criticando o facilitismo e uma série de erros do passado que o primeiro-ministro acha  que o seu governo está a corrigir.

Parece-me uma imagem no mínimo infeliz, comparar o ministério da Educação a uma fábrica de ‘encher salsichas’,  até porque esta metáfora vira-se contra o governo porque lhe assenta na perfeição.

No ministério da Educação de Passos Coelho a abertura dos anos letivos têm sido anualmente marcadas pela agitação e turbulência. A avaliação de professores foi a trapalhada que se conhece. O ministro da Educação permitiu ainda que uma fórmula matemática errada criasse desigualdades e injustiças na colocação de professores. A Ciência e o Ensino Superior que deviam pautar-se pela exigência e pelo rigor têm conseguido na sequência de uma política de cortes cegos e de um desorganização manifesta, excluir alguns dos melhores professores e investigadores das Universidades.

Desta feita, o primeiro ministro ganharia mais em estar calado.

Seg | 22.09.14

Hoje choveu «cães e gatos»

 

(Praça de Espanha)

Por volta das 13h30 começou a chover torrencialmente em Lisboa durante aproximadamente meia hora. Parecia o dilúvio.

O mau tempo que se fez sentir causou estragos na capital. Parte da baixa de Lisboa, Avenida da Liberdade, Praça de Espanha e Sete Rios ficaram alagadas. Carros ficaram quase submersos e estabelecimentos totalmente inundados. 

Os bombeiros não tiveram ‘mãos a medir’, respondendo a mais de uma centena de ocorrências. 

Esta cidade não está definitivamente preparada para condições climáticas adversas. Mal chove uns pingos a cidade fica intransitável e o trânsito completamente congestionado, pior quando chove abundantemente como se verificou na tarde de hoje.

A Autarquia e a Proteção Civil foram surpreendidas, dizendo que não tinham sido alertadas para este temporal.

A previsão de chuva para os próximos dias deverá manter-se, com alternâncias, sendo que, de acordo com o Expresso este mês deverá figurar como um dos 10 setembros mais chuvosos dos últimos 84 anos (desde que há registos). 

Seg | 22.09.14

Impostos dissimulados

 

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, garantiu que «não há ninguém no Governo que não esteja a trabalhar firmemente» para a redução da carga fiscal, mas tal só vai suceder se as condições do país o permitirem.

Pois.... a  começar na «fiscalidade verde» cuja  reforma proposta pelo ministro do ambiente, Jorge Moreira da Silva tem subjacente vários impostos, designadamente o Imposto sobre Produtos Petrolíferos (ISP), o Imposto sobre Veículos (ISV), o Imposto Único de Circulação (IUC) e o Imposto sobre o Tabaco, a acabar na «cópia privada» que em termos muitos genéricos se resume ao facto dos contribuintes pagarem uma taxa, sempre que adquirirem dispositivos com memória (disco rígido, CD, DVD, computador, telemóvel, smartphone, máquinas fotográficas, cartões de máquinas fotográficas, etc.....).

Estas duas medidas são exemplos acabados de artefactos que servem apenas para aumentar a receita do Estado à custa de impostos dissimulados pagos pelos contribuintes.

A frase só pode mesmo ser entendida como um ato de ensaio para a campanha eleitoral do próximo ano.

Dom | 21.09.14

Bolo de Cenoura e Amêndoa

 

 (a imagem e a receita são daqui com algumas adaptações)

Há muito tempo que coloco aqui uma receita. Hoje é o dia. Este bolo é delicioso, para comer assim ou até como base de um bolo de aniversário. Experimentem e não se vão arrepender.

Ingredientes:

5 Ovos
300 g de açúcar
125 ml de óleo
200 g farinha com fermento
7 colheres de sopa de amêndoa ralada
500 g de cenoura
1 laranja (raspa)

1 Laranja (sumo)

Preparação:

1. Rale as cenouras e a raspa de laranja

2. Separa as gemas das claras e bata as claras em castelo.
3.Ligue o forno a 180ºC.
4. Separe as gemas das claras, e bata as gemas com o açúcar até obter um creme.
5. Junte o óleo, a amêndoa ralada, a cenoura triturada e a raspa do laranja.

6. Junto o sumo de laranja e bata bem.

7. Adicione as claras e a farinha peneirada alternadamente no preparado das gemas, envolvendo sem bater.

8. Verta o preparado para uma forma untada e polvilhada com farinha

9. Leve ao forno, aproximadamente 45/50 minutos.

10. Deixe arrefecer um pouco e desenforme.

11. Polvilhe com açúcar em pó.

11. Delicie-se com esta maravilha.

Dom | 21.09.14

Parabéns, Leonard Cohen

O músico e escritor canadiano Leonard Cohen completa hoje 80 anos, e mais de quarenta de música. No próximo dia 23 de Setembro será editado o seu 13.º álbum, «Popular Problems», que aborda preocupações e dilemas do mundo atual como guerras, religião, amor e morte e que reúne e uma diversidade de géneros musicais, como gospel, country e blues. 

Sobre o novo álbum, Cohen afirmou que é atravessado por um sentimento que é identificável por todos: «Toda a gente sofre e toda a gente luta por ser alguém, por ser reconhecido. É preciso perceber que a luta de um é igual à luta de qualquer outro; e o sofrimento também. Creio que nunca se chegará a uma solução política se não se perceber esta ideia». 
«Popular Problems» inclui temas como «Almost like the blues», «Born in chains», que admitiu ter demorado décadas a concluir, e «A Street», escrito logo após os atentados de 11 de setembro de 2011 em Nova Iorque, mas só agora revelado. 

Apesar da idade avançada, o músico tem estado mais ativo desde 2008, ano em que iniciou uma nova digressão internacional, depois de uma ausência de 15 anos.

Sab | 20.09.14

'Desculpas de mau pagador'

 (imagem retirada do facebook)

«Desculpas de mau pagador» é uma expressão popular usada relativamente a alguém que não encontra razão válida para justificar e assumir os seus erros, recorrendo a esfarrapadas desculpas de modo a «cobrir o sol com peneira».

Vem isto a propósito de dois governantes terem dirigido, em menos de 24 horas, durante esta semana, um pedido de desculpas ao país. Primeiro foi a ministra da Justiça, depois o ministro da Educação. Isto até seria hilariante, se não fosse tão grave o quadro com que nos deparamos.

A ministra da Justiça veio pedir desculpas pelo estado caótico em que a Justiça se encontra após a famigerada reforma do mapa judiciário, acrescentando que iria apurar responsabilidades.

Ora, pergunto eu: as responsabilidades pelo caos no sistema informático Citius não são, em primeira instância, da ministra da Justiça, enquanto superior hierárquica máxima do ministério que tutela? Não foi Paula Teixeira da Cruz que insistiu, contra tudo e contra todos, em prosseguir uma reforma, prometendo que no dia 1 de Setembro do corrente ano os tribunais reabririam e que tudo estaria a funcionara a 100%? Não foi a titular da pasta da Justiça que andou há mais de um ano a apregoar aos ‘sete ventos’ a reforma judiciária que estava a desenvolver, afirmando que era a melhor reforma dos últimos 200 anos? E não foi a própria ministra avisada, atempadamente, do caos pantanoso em que afoitamente se meteu e nos meteu? A resposta a todas a estas questões é SIM.

A sua «reorganização judiciária» é agora desmentida pela realidade dos factos,  com a  enorme desordem e agitação em que se encontram os tribunais, com os prejuízos sociais, humanos e económicos daí decorrentes para o país.

Por isso  mesmo, este balofo pedido de desculpas não colhe. O ato de contrição feito, ao arrepio do que foi declarando ao longo destas  últimas semanas,  demonstra incompetência, deslealdade e falsidade,

O ministro da Educação, Nuno Crato, fez mea culpa e assumiu na Assembleia da República que «houve uma incongruência na harmonização da fórmula» com base na qual foram ordenados milhares de professores sem vínculo, que começaram a ser contratados. Em causa está um erro na «harmonização de escalas» na fórmula matemática usada para calcular a classificação dos professores nas listas de colocação nas escolas no concurso que ainda decorre. A fórmula de cálculo utilizada tem sido largamente criticada por sindicatos e docentes. Os professores alegam que a forma como está a ser aplicada tal fórmula gera desequilíbrios e até mesmo enviesamentos dos resultados. 

Crato perante as evidências pediu desculpa aos pais, aos professores e ao país, atribuindo o erro aos serviços do ministério e não às escolas, assegurando que vai corrigir o erro.

Ficou-lhe bem assumir o erro do seu ministério, desresponsabilizando as escolas e garantir a sua correção. Até porque errar faz parte da natureza humana e só não erra quem não executa. Isso parece-me uma evidência. O que não é assim tão evidente é que os erros se repitam, ano após ano letivo, com os constrangimentos inerentes para pais, alunos e professores e para o país. Daí que um simples pedido de desculpas de Nuno Crato não chegue para remediar os danos provocados.

Pensarão estes governantes que os triviais pedidos de desculpas pelo «transtorno» causado são suficientes para apagar com uma esponja a incompetência e prepotência nacionais e que depois lhes é dada a fácil absolvição pelos seus evidentes disparates?

Com erros desta gravidade, o pedido de desculpas apenas faria sentido, se tivesse como consequência o pedido de demissão de ambos os titulares (Educação e da Justiça). Mas, por falta de estatura moral e ética dos ministros e do próprio primeiro-ministro, a culpa mais uma vez ‘morrerá solteira’.

Sex | 19.09.14

Nada de novo no Reino de Sua Majestade

Entre a razão e o coração os escoceses optaram pela razão. O resultado saído do referendo ditou a continuidade de uma aliança de 307 anos entre a Escócia e o Reino Unido. O 'Não' ganhou com 55,4% dos votos, contra 44,6% do 'Sim', marcado por uma participação muito elevada: mais de 80% dos escoceses foram ontem  às urnas.

Depois de tanta polémica, os escoceses decidiram continuar sob a coroa britânica. A decisão saída do referendo é vista como uma vitória para a própria União Europeia, tendo em atenção o efeito de contágio  que um desfecho antagónico podia configurar relativamente a Espanha, França e Bélgica e Itália onde existem movimentos que reivindicam iguais pretensões.

Qui | 18.09.14

Sobre a Independência da Escócia

Cerca de 4,3 milhões de eleitores decidem hoje em referendo se querem permanecer no Reino Unido ou pretendem a independência da Escócia, colocando fim a uma união política com mais de três séculos.

O país encontra-se unido à Inglaterra desde 1707, mas o nacionalismo tem crescido em força nas últimas décadas, sobretudo desde a eleição do governo de David Cameron.

A Escócia votou a favor da devolução parcial de poderes ao território em 1997, que resultou numa maior autonomia em áreas como educação, saúde, justiça e segurança. Mas Londres detém ainda poderes em áreas como a imigração, segurança social, defesa e política externa.

Caso o 'sim' vença, começa um processo que, dentro de um ano e meio, implicará o desaparecimento do Reino Unido na sua forma atual e no surgimento de uma nova nação na Europa.

Desde da Rainha às forças nucleares, passando pela política de imigração e pela bandeira tudo será submetido a uma redefinição.

O nome de um futuro Reino Unido sem a Escócia é uma das questões mais controversas. É provável que o nome continue o mesmo, mas o termo adquiriria uma nova conotação,  já que se transformaria num país com menor influência global.

Na eventualidade da Escócia continuar a adotar a libra como moeda, as autoridades em Londres advertem que não levarão em conta a vontade da Escócia na hora de desenhar a política monetária. Outra possibilidade seria adotar o euro como moeda oficial, mas isso faria com que as taxas de juros, a regulação financeira e as políticas fiscais provavelmente passassem a ser dirigidas por entidades externas.

É quase certo que a Escócia independente venha a fazer parte da União Europeia, mas o processo não será célere. O novo país deve solicitar sua adesão, o que exige a aprovação e ratificação pelos parlamentos dos 28 países-membros.

A independência da Escócia poderá abrir uma caixa de pandora relativamente a outros movimentos na Europa.

Nesta altura, muitas regiões europeias estão de olhos postos na Escócia, vendo como o país vai conseguir restaurar a sua independência, num quadro legal e pacífico, e tal poderá ser o mote para novos referendos. Em Espanha, Itália, Bélgica e até em Portugal há partes do território que já manifestaram desejos separatistas e o mesmo poderá acontecer noutras latitudes europeias, onde movimentos independentistas poderão significar o fim do sossego para alguns países de menor dimensão, com o libertar de velhos demónios semelhantes aos dos Balcãs.

E a Europa que neste momento está apenas focada na resolução das crises do imediato, faltando-lhe uma visão política e estratégica prospetiva que antecipe a forma de lidar com estas questões, terá que encontrar uma solução rápida que lhe permita responder a este tipo de situações com que está confrontada.

Qua | 17.09.14

Seguro propõe redução de deputados para 181

 (imagem do diário digital) 

Em vésperas de eleições primárias vale tudo.  António José Seguro teve como que uma epifania e apresentou duas propostas que, a serem aprovadas, terão influência já nas eleições legislativas do próximo ano.

O secretário-Geral socialista quer reforçar as regras de incompatibilidades de titulares de cargos políticos, bem como  debater a alteração da lei eleitoral à Assembleia da República até ao final do ano para que esteja exequível aquando das eleições legislativas de 2015.

A redução do número de deputados é uma problemática complexa que não deve ser discutida com ligeireza e sobretudo tendo como pano de fundo o populismo e a demagogia.

É óbvio que a redução do número de deputados não resolveria os problemas financeiros do Estado, mas é inquestionável que contribuiria para a redução da despesa pública  e daria um sinal de moralidade ao país e, nessa medida, merece ser discutida.

Porém, tal redução do número de deputados implicaria sempre um maior distanciamento entre deputados e eleitores, uma vez que cada deputado eleito representaria mais eleitores, bem como uma redução substancial da representatividade territorial, pois haveria muito menos deputados para eleger pelos círculos uninominais ou plurinominais, com menor possibilidade de eleger deputados fora das elites partidárias.

Contudo, tal proposta é completamente inoportuna no atual contexto político. Como se percebe, a ser aprovada, prejudicaria fatalmente a representatividade dos pequenos partidos, correndo até o risco de subsistirem apenas PS e PSD.  Como tal, dificilmente o PSD aceitaria esta solução, em coligação, face às pressões que inevitavelmente teria por parte do CDS para manter o atual sistema.

De realçar, por isso, que esta proposta que Seguro jogou nesta altura do ‘campeonato’ não é inocente, pois pretende essencialmente colher popularidade junto dos eleitores na disputa interna do PS, como também criar clivagens nos partidos da coligação.

Ter | 16.09.14

Haverá ainda alguém que queira votar em Marinho Pinto?

 

Marinho Pinto, em entrevista à  Renascença, diz que o salário de 3.515 euros brutos que os deputados ganham atualmente «não é digno». Em sua opinião deviam ganhar, pelo menos, dez salários mínimos, valor auferido pelo bastonário da Ordem dos Advogados, ou seja 4.800 euros líquidos, e mesmo essa quantia «não permite padrões de vida muito elevados em Lisboa».

O ainda eurodeputado sublinha que desvinculou-se do MPT porque o partido não tem a dimensão nacional de que precisa para concretizar as suas ideias. Diz, ainda, ser «difícil» fazer «entendimentos políticos» com António Costa, já que considera que o mesmo foi responsável por um «tumulto no PS».

Enfim…..sem comentários!!