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Narrativa Diária

Não escrever um romance na «horizontal», com a narrativa de peripécias que entretêm. Escrevê-lo na «vertical», com a vivência intensa do que se sente e perturba. Vergílio Ferreira

Narrativa Diária

Sex | 03.04.15

José da Silva Lopes (1932-2015)

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Ontem foi um dia negro para o país. Depois da partida do cineasta Manoel de Oliveira, ficamos a saber que o economista José da Silva Lopes também nos havia deixado aos 82 anos de idade. Duas personalidades de enorme grandeza, cada qual na sua área, que desapareceram num só dia.

Silva Lopes foi ministro das Finanças e governador do Banco de Portugal. Negociou com o FMI dois programas de ajustamento e negociou a nossa adesão à CEE. Foi dos que se manifestou contra a nossa adesão à moeda única e a taxa de câmbio com que entrámos. Mas depois era dos que não via como solução para os nossos problemas a saída do Euro.

Acreditava nas virtudes do Estado e do seu papel na economia. Apoiou as nacionalizações do 11 de março de 1975. Porém, mais tarde, reconheceu que também o Estado falhara em muitas áreas. Mas isso nunca o levou a pensar que os mercados fossem a panaceia para todos os nossos problemas económicos e sociais.

José da Silva Lopes era uma personalidade ímpar e de uma enorme verticalidade. Tinha um espírito independente, uma base de conhecimentos sólida e convicções profundas, mas nunca certezas absolutas.

De uma simplicidade verdadeiramente desconcertante, emitia sempre as opiniões sobre a economia portuguesa de forma lúcida e desassombrada.

Silva Lopes era considerado pela generalidade dos seus colegas como um dos economistas portugueses mais influentes da segunda metade do século passado. Era uma voz sábia e sensata que certamente muito falta fará ao país.

Qui | 02.04.15

Manoel de Oliveira (1908 - 2015)

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Hoje é um dia triste para Portugal e para os portugueses. Partiu Manoel de Oliveira, aos 106 anos, figura incontornável do cinema português, era também o cineasta mais conhecido internacionalmente.

Portugal perdeu o seu grande Mestre, mas a Obra fica para além do Mestre. Com mais de 40 filmes no seu vasto currículo, Manoel de Oliveira era ele próprio um testemunho vivo da História do último século. O primeiro contacto com a Sétima Arte foi como ator, quando aos 19 anos fez figuração no filme «Fátima Milagrosa», de Rino Lupo. A paixão pelo cinema competia com o gosto pelo atletismo (foi campeão de salto à vara) e pelo automobilismo, modalidade em que também viria a conquistar alguns prémios

«O meu ofício é o cinema e fico orgulhoso quando sou reconhecido», costumava dizer Manoel de Oliveira, ele que descreveu em tempos a própria longevidade «como um capricho da natureza», confessava que para si, fazer cinema era fácil. Discursos é que não. A sua paixão intrínseca pelo cinema era justificada com o facto de este «ser uma invenção extraordinária, a que mais se aproxima da vida».

Passou 83 anos a realizar filmes e trabalhou até ao último dia. O seu primeiro filme, ainda no cinema mudo, foi «Douro, Faina Fluvial» (1931) que rodou com uma câmara oferecida pelo pai. A despedida do cinema deu-se com a curta-metragem «O Velho do Restelo», que estreou em Portugal a 11 de dezembro do ano passado, no dia do seu 106º aniversário.

Distinguido no ano passado com a Legião de Honra de França, em Serralves, o cineasta disse, na altura, que os seus discursos estão como os novos filmes - «mais pequenos». Porém, deixou alguns projetos por concretizar: um filme sobre as mulheres e as vindimas, adaptação de «A Ronda da Noite», de Agustina Bessa-Luís. E «A Igreja do Diabo», baseado num conto de Machado de Assis o qual pretendia rodar com os atores brasileiros Lima Duarte e Fernanda Montenegro.

O cineasta deixa ainda aquele que desejou que fosse o seu filme póstumo: «Visita ou Memória e Confissões», um filme de caráter autobiográfico, filmado em 1982 e que, por vontade explícita do próprio, só deveria ser mostrado publicamente após a sua morte.

Qua | 01.04.15

Assim vai a democracia na Madeira...

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Parece mentira …mas é verdade. A CDU conseguiu tirar a maioria absoluta ao PSD Madeira mas apenas por poucas horas.

É que, segundo a CNE, o programa informático ao fazer a distribuição de mandatos através do método de Hondt não contabilizou a votação do Porto Santo, fazendo as contas apenas com os resultados da Madeira. Após a recontagem dos votos foi novamente eleito o 24º deputado do PSD que possibilita a Miguel Albuquerque governar em maioria absoluta.

Parece que na Região Autónoma da Madeira é imperioso o PSD ganhar sempre com maioria absoluta. E se os votos não forem suficientes, há sempre uma urna esquecida, à espera de ser contabilizada. Assim vai a democracia na Madeira.

Simplesmente vergonhoso!

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