Não escrever um romance na «horizontal», com a narrativa de peripécias que entretêm. Escrevê-lo na «vertical», com a vivência intensa do que se sente e perturba.
Vergílio Ferreira
A generalidade dos comentadores, depois de ter considerado que António Costa venceu claramente o primeiro debate com Passos Coelho, considerou que no segundo frente-a-frente, das rádios, Passos Coelho esteve melhor.
Referem que a vitória se deveu ao facto de Passos Coelho ter adotado estratégias ausentes no primeiro debate − maior combatividade, não mencionar o nome de José Sócrates e poucas referências ao governo grego do Syriza − bem como a dificuldade sentida por António Costa em explicar o corte de mil milhões nas prestações sociais.
Para o debate de ontem, os assessores de comunicação mudaram de tática e puseram Passos ao ataque. Assistimos, então, a uma troca de argumentos em torno do programa eleitoral do Partido Socialista. O que que é surpreendente é que tenha incidido quase que exclusivamente sobre as propostas e as contas do PS, deixando de lado as propostas concretas e as contas da coligação.
Isto só demonstra que o partido socialista se apresentou ao eleitorado com uma postura categórica: disse ao que vinha e quais os objetivos que pretende alcançar se for Governo. Esta forma de atuar contrasta em muito com a atitude da coligação, que se apresenta sem programa eleitoral, que se conheça, e muito menos com contas para apresentar. Mas também não é necessário. Sabemos que a coligação, se ganhar as eleições, prepara-se para reeditar mais quatro anos iguais ou piores que os anteriores.
Apoio-me deste estudo de Alexandre Abreu publicado no Expresso intitulado «O governo chumba-se a si próprio» para que se perceba a situação antes e depois destes quatro anos de governação PSD-CDS-PP. Penso que não restam dúvidas…
«Conclusão: um governo que se chumba a si próprio»:
«Em 2011, Álvaro Santos Pereira recorreu a oito indicadores económicos para proporcionar uma imagem sintética da governação socialista. Concluiu então que esse governo deixava “um legado de tal forma terrível que vai marcar inexoravelmente as nossas vidas e as dos nossos filhos”.
Quatro anos depois, prolongando a análise com recurso aos mesmos indicadores, verificamos que um está hoje em níveis idênticos aos de há quatro anos (taxa de desemprego), um melhorou significativamente (saldo da balança corrente) e seis pioraram consideravelmente (crescimento do PIB potencial, dívida pública, dívida externa bruta, dívida externa líquida, emigração forçada pelas circunstâncias económicas e divergência face à Europa). No fundo, o governo melhorou o saldo externo e piorou tudo o resto. E nem sequer estamos a trazer para a análise os níveis de pobreza, de desigualdade, do salário médio, da cobertura dos apoios sociais ou do emprego total.
Por outras palavras, o governo PSD-CDS, nesta auto-avaliação legitimada por antecipação, chumba-se a si próprio sem apelo nem agravo. O “triste legado” então exaustivamente identificado é hoje muito mais triste e ainda mais pesado. Os “piores indicadores económicos desde 1892” são hoje, quase sem excepção, muito piores.
Espera-se, para parafrasear uma última vez Álvaro Santos Pereira, que quando os eleitores forem votar no dia 4 de Outubro não se esqueçam dos verdadeiros factos desta governação».
O Novo Banco foi posto à venda e o Banco de Portugal identificou três compradores, sendo que as negociações com os chineses da Anbang que apresentaram a proposta mais vantajosa, terminaram sem acordo. Os chineses da Fosun e os americanos da Apollo eram outros potenciais compradores que estavam na corrida, mas, nos últimos dias, vários órgãos de informação deram conta da possibilidade das negociações terem fracassado e da venda do Novo Banco ser adiada para depois das eleições legislativas de 04 de outubro.
É que, ao que parece, a Fosun recusou subir a oferta de 1,5 mil milhões de euros, valor que nem chega a metade dos 3,9 mil milhões de euros que o Estado meteu no Fundo de Resolução. Perante este impasse, e depois do falhanço da venda à Anbang, a venda será adiada até que sejam conhecidos os resultados dos testes de stresse do Banco Central Europeu que ditarão em quanto terá de ser reforçado o capital da nova instituição herdeira do BES.
As razões estão á vista: ninguém está muito interessado em adquirir o banco, independentemente dos ativos que possui. Razão tinha Vítor Bento quanto se propunha estabilizar a situação do banco e vendê-lo pelo menos sem prejuízo. Mas o prejuízo parece já ser um dado adquirido. A fatura indireta para os contribuintes (via CGD), já é certa, só resta saber como passará a ser a direta. É que o regresso a uma nova operação de alienação do banco vai mexer nas contas públicas. O Governo já admitiu que o adiamento da venda do Novo Banco vai implicar uma revisão em alta do défice de 2014, em 4.900 milhões de euros, o montante total da capitalização do banco aquando da resolução do BES gerida pelo Fundo de Resolução bancário, entidade gerida pelo Banco de Portugal e que detém 100% do capital do Novo Banco. Deste montante, 3,9 mil milhões resultam de um empréstimo remunerado feito pelo Estado e o restante resulta de um empréstimo, também remunerado, feito por vários bancos a operar em Portugal e de capitais do próprio Fundo de Resolução. Situação que não preocupa a ministra das Finanças, a qual considerou que era «Nada tem de ser compensado e não há quaisquer efeitos nas metas de 2015, 2016 ou anos seguintes. É meramente um reporte estatístico de uma revisão do ano de 2014».
O Governo sempre nos vendeu a ideia de que o Novo Banco não terá custos para os portugueses, mas esta ideia é cada vez mais difícil de engolir, porquanto, em vias de falhar a venda do antigo BES, há um buraco iminente nos cofres do Estado de, pelo menos, 3,9 mil milhões de euros correspondentes à amortização do empréstimo efetuado ao Fundo de Resolução. Ou seja, a falência do BES foi de facto mais uma tragédia que se abateu sobre nós, que, direta ou indiretamente, sobrará inevitavelmente para os suspeitos do costume – os contribuintes.
«Alguém acredita que se o PS estivesse no Governo haveria um primeiro-ministro sob investigação?» foi esta questão lançada pelo eurodeputado Paulo Rangel, na Universidade de Verão do PSD que deu o mote para o Prós e Contras que foi ontem emitido pela na estação pública de televisão.
«A pergunta agita o país. Há interferência dos partidos no sistema judicial? Existe ou não politização da justiça? A força da comunicação social e a pressão da sociedade. Os meios técnicos e humanos e as sucessivas reformas. A independência da justiça no centro do maior debate da televisão portuguesa». Foi nestes moldes que o programa foi divulgado na página oficial do Facebook e na página oficial da RTP
O anúncio do programa intitulado «A independência da justiça» suscitou as reações mais violentas – vá-se lá saber porquê? – das hostes socialistas, inclusive pedidos de demissão do diretor de informação da RTP, defendidos por João Galamba, José Lello e Isabel Moreira e com Augusto Santos Silva a acusar a RTP de «tentar influenciar o sentido da campanha».
Não obstante todas as críticas geradas o programa foi para o ar, ancorado no triângulo justiça, jornalismo e política e acabou por ficar marcado pela troca de argumentos entre Miguel Sousa Tavares e Octávio Ribeiro, diretor do Correio da Manhã.
O comentador começou por argumentar que «não há partidarização da justiça», mas que existem «duas coisas claras: a judicialização da justiça e a politização da justiça de dentro para fora», acusando os juízes, enquanto corporações, de terem «uma agenda política própria» e acrescentou: «A pior perversão do Estado de Direito é a tentação de uma ‘República de Juízes’. Entre as duas coisas há uma fronteira muito ténue: a fronteira é os juízes deixarem de ser juízes e passarem a ser justiceiros». Pelo meio, o escritor denunciou a relação imoral entre magistrados e jornalistas, referindo-se às sucessivas violações do segredo de justiça pelos tabloides.
Octávio Ribeiro não gostou e começou por lembrar que «o jornalismo atinge os seus momentos mais nobres quando investiga e trabalha à frente seja do que for» e que «o segredo de justiça é um conceito contranatura para o jornalista», que mantém o dever deontológico de informar sempre que tal se revista de interesse público. Os argumentos não convenceram Sousa Tavares e o diretor do CM partiu para o ataque acusando Sousa Tavares ter caído numa «cegueira de fé em relação a José Sócrates» e de se ter «enredado numa teia de compromissos em relação ao BES».
«Aquilo que o CM faz não é jornalismo. Isso é vender jornais”, contra-argumentou Sousa Tavares. A partir daí o bate boca entre ambos centrou-se, sobretudo, na «tabloidização da justiça».
Relativamente à politização da justiça, Nuno Garoupa, jurista e presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos declarou que «a classe política está manietada, com receio de ser acusada de tentar condicionar o sistema judicial. Estamos numa situação em que os partidos estão de tal forma condicionados por esta questão que nenhum propõe qualquer reforma do Ministério Público». Uma posição defendida e partilhada, aliás, por todos os intervenientes no debate.
Depois do lançamento de várias campanhas publicitárias, de uma marca de roupa e de um perfume, Cristiano Ronaldo irá estrear-se como ator de cinema. O craque português vai emprestar o seu novo apartamento na Trump Tower, em Nova Iorque, para as gravações do novo filme de Martin Scorsese, O Manipulador. De forma a retribuir o favor, o cineasta norte-americano dar-lhe-á um pequeno papel no filme, onde o craque português irá aparecer ao lado da modelo e anjo da Victoria's Secret, Alessandra Ambrósio.
A nova produção de Scorsese conta a história do magnata italiano Alessandro Proto, antigo proprietário do luxuoso apartamento, que serviu de inspiração ao protagonista da saga As Cinquenta Sombras de Grey.
A estreia de CR7 nos grandes ecrãs está prevista para 2016.
Ontem, em Braga, de visita a um mercado, em pré-campanha eleitoral, Pedro Passos Coelho viu-se cercado por uma manifestação de lesados do BES.
Primeiro ainda tentou explicar que aquele não era problema do governo que não estava ao seu alcance tomar medidas para minimizar as perdas daqueles pequenos aforradores e que só a justiça poderia dirimir tal conflito.
A ideia de Passos Coelho de se disponibilizar para organizar uma subscrição pública para angariar fundos em apoio dos lesados do BES, além de demagógica, vem provar, em definitivo, o desespero que a coligação vive nestes últimos dias, depois do desaire que foi o confronto com António Costa.
Passos Coelho ao invés de assumir as suas responsabilidades políticas, optou pelo caminho mais fácil, isto é pela demagogia e pela caça ao voto.
Catarina Martins e Pedro Passos Coelho estiveram ontem frente a frente na RTP Informação. À semelhança do debate com Paulo Portas, Catarina Martins apresentou-se segura e bem preparada e começou desde logo ao ataque com o adiamento da venda do «Novo Banco», considerando que este anúncio foi oportuno para o governo e acusou a coligação de não ter aprendido nada com a crise financeira, designadamente com o BPN que antes tinha classificado de «gangsterismo», convidando o primeiro-ministro a pedir desculpa aos portugueses por lhes ter dito que não seriam obrigados a suportar quaisquer custos com o BES. O primeiro-ministro não pediu, frisando que o Governo não aceitou nacionalizar o BES, contra a vontade do BE e afirmou que cabe ao Banco de Portugal vender a instituição e voltou a garantir que os contribuintes não irão custear o Novo Banco, o que contradiz com esta notícia.
O debate avançou para as consequências da austeridade e dos sacrifícios impostos aos portugueses. Catarina Martins criticou o aumento da dívida pública, «duas vezes e meio superior ao previsto no memorando» e relembrou que o PSD também negociou o memorando. «Sabia bem ao que vinha, disse que não ia fazer empobrecer o país e depois fez», acusou a porta-voz do Bloco de Esquerda. Pedro Passos Coelho assumiu que os últimos quatro anos envolveram muitos sacrifícios, insistindo que quem os trouxe foi a crise e não foram os sacrifícios que trouxeram a crise. Insistiu que não foi ele a pedir a ajuda financeira internacional e que tem havido nos últimos dois anos uma recuperação da economia.
A questão da Segurança Social foi outro dos temas controversos. A deputada do BE questionou o primeiro-ministro sobre o buraco deixado nas contas da Segurança Social devido ao plafonamento das pensões, inscrito no programa da coligação: «Se quem ganha bem mais deixa de descontar tudo para a Segurança Social, como se faz com o buraco que fica nas contas?». Passos como habitualmente não avançou com números referindo que o objetivo é que o Estado não tenha de garantir, no futuro, pensões muito grandes, referindo que esta medida sé se aplicará a pensões mais elevadas, acima de 2.500 ou 3.000 euros. A porta-voz do Bloco de Esquerda disse acreditar que o Governo quer cortar em pensões ou aumentar contribuições para gerar a já famosa poupança de 600 milhões de euros, inscrita no Programa de Estabilidade e Crescimento. Passos voltou a garantir que não haverá um corte nas pensões e mostrou-se comprometido a encontrar alternativas de financiamento.
A líder do BE acusou Passos de esconder os números, acusando-o de «insensibilidade social». Passos recorreu ao exemplo grego, defendeu que os sacrifícios «não nos atiraram ao chão» e considerou que o discurso de Catarina Martins não passa disso mesmo e exemplificou com a mudança de postura do Syriza de Alexis Tsipras na Grécia. Catarina argumentou que Passos Coelho «quando não quer responder vai para o passado ou para outra zona geográfica».
Catarina Martins insistiu, ainda, na necessidade de reestruturar a dívida pública nacional, considerando que o problema da dívida não foi resolvido, classificando-a de «impagável». Para Passos, esta é uma «aventura total» e garantiu que tudo fará para impedir, porque, refere, esta posição abriria a porta à saída do euro.
Quem me lê sabe que em alguns momentos fui bastante crítica em relação ao BE e à sua direção bicéfala. Penso, contudo, que o afastamento de João Semedo deu a Catarina Martins um novo fôlego que a obrigou a assumir outro protagonismo. Nos debates eleitorais a líder do Bloco de Esquerda tem tido um bom desempenho. Em consequência, é provável que o resultado do BE nas próximas eleições não seja tão mau como inicialmente se previra. E se isso se confirmar, as prestações de Catarina Martins não são um pormenor.
11 de setembro de 2001, às 8h46 (13h46 em Lisboa), um avião chocou contra a torre norte do World Trade Center, em Nova Iorque.
Naquela manhã verdadeiramente trágica nos EUA, todo o mundo assistiu perplexo ao momento em que terroristas da Al-Qaeda sequestraram quatro aviões nos EUA e usaram as aeronaves como mísseis, tirando a vida a 3000 pessoas.
Já lá vão 14 anos e muita coisa mudou entretanto, nomeadamente o sentimento de medo e de insegurança que passou a fazer parte dos cidadãos um pouco por todo o mundo. A maior ameaça mundial passou a chamar-se terrorismo.
Os EUA responderam aos ataques com uma guerra ao terrorismo. Primeiro no Afeganistão em 2001, dois anos depois no Iraque. Em maio de 2011, Barack Obama anunciou a morte de Osama Bin-Laden, abatido numa operação secreta das forças norte-americanas no Paquistão.
Com a morte de Osama Bin Laden, responsável pelo atentado, durante uma operação das forças especiais norte-americanas obrigou a Al-Qaeda a reorganizar-se e a descentralizar-se. Enquanto algumas fações começaram a atuar de forma independente e se fortaleceram, o núcleo do grupo em países como o Paquistão e o Afeganistão deram sinais de enfraquecimento.
O Estado Islâmico nascido depois da invasão dos EUA e dos seus aliados ao Iraque, através dos sobreviventes da Al-Qaeda no país é atualmente a mais poderosa ameaça.
Treze anos após o atentado terrorista do 11 de setembro, o World Trade Center reabriu suas portas nesta segunda-feira, constituindo um padrão emocional para os cidadãos de Nova Iorque e dos Estados Unidos.
O «One World Trade Center», como foi batizado o edifício, tem 104 andares e domina o horizonte de Manhattan com seus 541 metros, altura que o faz o terceiro prédio mais alto do planeta, atrás apenas do Makkah Royal Clock Tower (601 metros), em Meca, e do Burj Khalifa (828 metros), no Dubai.
Antevia-se um debate histórico e decisivo, amplamente divulgado na comunicação social, com um recorde de audiências nunca alcançado, como se um derby futebolístico se tratasse. À semelhança dos grandes jogos de futebol ouviram-se os comentadores antes e depois do debate e inquiriram-se os portugueses a fim de tentar saber os prognósticos. Até o tempo foi o mesmo que de uma partida de futebol. Mas foi, como se diz na gíria, «muita parra e pouca uva».
Os dois candidatos foram demasiado previsíveis. Mostraram demasiado cedo ao que vinham. A estratégia de Passos foi clara: desacreditar Costa e o programa do PS, através de uma associação permanente a Sócrates, que o fez à exaustão. Nem uma palavra sobre o programa da coligação. Nem uma palavra sobre o futuro. O que não surpreende. Quem governou durante quatro anos mediante a mera adesão a um programa externo, por vontade e por falta de ideias próprias, não tem perfil para defender um programa de governo. Passos Coelho não conseguiu, por isso, ser convincente na sua narrativa. Esteve cabisbaixo, sem convicções e sem brilho.
António Costa mais acutilante, mais solto, esteve na ofensiva e lembrou, na medida certa, algumas das declarações e posições de Passos Coelho nos últimos anos da sua governação desta maioria, o facto do atual governo querer ir sempre para além da troika, os sucessivos cortes nas pensões e nos salários, o enorme aumento de impostos que os portugueses sofreram na pele e o convite à emigração, para ilustrar o falhanço de toda a política governativa de Passos.
Não gostei do formato do debate pareceu-me demasiado fechado e pouco esclarecedor: Os entrevistadores não deixaram os candidatos explanar devidamente as suas ideias e os timings impostos (90 minutos) limitaram os temas a debater. De fora ficaram temas como: a educação e o sistema de ensino, a justiça, a segurança interna, a reestruturação da dívida, a politica externa e as relações com a União Europeia, a crise dos refugiados, a politica de energia e meio ambiente, o combate à pobreza e à corrupção e a reforma do sistema politico. Falou-se mais do passado que do futuro. E esse foi o ponto mais negativo deste debate.
Em conclusão: a António Costa correu-lhe melhor o debate. A vantagem foi-lhe, aliás, atribuída pela generalidade dos comentadores. Mas, atenção! Ganhar o debate não significa que as eleições estejam no papo. Há que fazer mais, muito mais. O debate com Catarina Martins não será certamente favas contadas.
Comecei a ver ontem o debate entre Catarina Martins e Paulo Portas sem grandes expectativas, porque não simpatizo particularmente com nenhum dos intervenientes. Todavia, Catarina Martins surpreendeu-me de forma muito positiva. Muito serena, com um sorriso irónico, desarmou com subtileza e cortesia Paulo Portas. O líder do CDS, hábil neste tipo de debates, não teve, desta vez, arte e engenho para contrariar o discurso fluente, consistente e claro de Catarina Martins, nem quanto à situação grega, nem quanto à questão do emprego e do desemprego, nem tão pouco sobre o plafonamento da Segurança Social.
Portas ainda tentou colar a líder do BE à situação da Grécia, mas Catarina Martins matou o assunto dizendo que o BE não concorda com o plano de austeridade grego e que certamente ela teria muito menos responsabilidades com a situação vivida na Grácia do que Portas com a situação de Portugal nos últimos quatro anos.
Portas refugiou-se frequentemente no «protetorado», o que foi prontamente desmontado por Catarina Martins. «Protetorado é nós estarmos numas eleições a debater programas e eu estar com alguém que apresenta um programa de uma coligação sem um único número, mas que apresentou números e comprometeu-se com números em Bruxelas, com o PEC para 2015 a 2019, com o documento de estratégia orçamental», afirmou a líder do BE.
Um dos temas que marcou o frente-a-frente foi a discussão sobre as propostas para a Segurança Social, nomeadamente o corte de 600 milhões de euros previsto no Plano de Estabilidade e a proposta da coligação Portugal à Frente (PSD/CDS-PP) de fazer um plafonamento no sistema de pensões. A porta-voz do BE acusou hoje Paulo Portas de não apresentar contas e não explicar nem o corte de 600 milhões de euros nem o plafonamento da Segurança Social, e acusou o líder do CDS-PP e vice-primeiro-ministro de ser «um belíssimo ilusionista político».
A porta-voz do BE acusou Portas de não acautelar o interesse público das privatizações, referindo o Tribunal de Contas e uma resposta dada pelo Conselho de Ministros a uma providência cautelar à concessão da Carris, e o líder centrista contrapôs com um ajuste direto feito pela Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, a única autarquia que já foi governada pelo BE e que entregou os transportes urbanos à empresa Barraqueiro.
Para quem defende este governo e a austeridade que tem sido imposta aos portugueses, achou a prestação de Portas melhor que de Catarina Martins, como eu pude constatar posteriormente no facebook. Nem pouco mais ou menos. Catarina Martins, com uma postura calma, um ar fresco e um discurso organizado, preparado e coerente banalizou o líder do CDS e, sem dúvida, ganhou o debate.
A seleção portuguesa de futebol ganhou à Albânia já nos descontos finais com um golo de Miguel Veloso na sequência de um canto marcado por Quaresma. Três pontos muito importantes na fase de apuramento para o Campeonato da Europa do próximo ano, num jogo muito equilibrado.
Sem deslumbrar, a equipa nacional em cinco jogos conseguiu o pleno, passando a comandar o grupo, com 15 pontos, mais três do que a Dinamarca, que empatou na Arménia (0-0), e mais quatro do que a Albânia. O próximo jogo é em casa com a Dinamarca e um empate bastará para se conseguir o apuramento.