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Narrativa Diária

Não escrever um romance na «horizontal», com a narrativa de peripécias que entretêm. Escrevê-lo na «vertical», com a vivência intensa do que se sente e perturba. Vergílio Ferreira

Narrativa Diária

Seg | 30.11.15

Cimeira do clima

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Uma cimeira histórica de 150 chefes de Estado e de governo vai lançar oficialmente esta segunda-feira a COP21 das Nações Unidas (ONU) sobre as alterações climáticas.

Os 195 países participantes pretendem assinar a 11 de dezembro um acordo global para limitar o aquecimento global.

Confrontos nas ruas Paris antecederam a cimeira do clima. Os ativistas arremessaram pedras e garrafas contra a polícia na zona da Praça da República. As forças de segurança responderam com gás lacrimogéneo. Esta manifestação violenta aconteceu depois de uma ação simbólica, realizada durante a manhã de ontem.

O Governo francês proibiu as manifestações marcadas para a cimeira do clima, dado o estado de emergência em que se encontra o país. Mas os organizadores da Marcha para o Clima que se planeava para esse dia não baixam os braços e criaram uma forma alternativa de protesto: encher as ruas de sapatos.

O objetivo foi cobrir a Praça da República e ruas próximas com milhares de sapatos em marcha, simbolizando os passos que iriam ser dados pelos participantes. Desta forma 26 mil sapatos foram expostos, com mensagens de alerta para os políticos que vão marcar presença na cimeira do clima.

O Papa Francisco juntou-se a esta iniciativa, enviando também os seus sapatos.

Sab | 28.11.15

Consegui resistir à Black Friday

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Está tudo louco com a Black Friday. É uma correria às lojas em busca de melhores descontos. Não se fala de outra coisa. E, por causa disso, circulava-se ontem com muita dificuldade nas principais artérias de Lisboa e arredores. Em consequência disso mesmo, demorei o triplo do tempo a fazer o percurso habitual.

Black Friday ou Sexta-Feira Negra é um termo que importamos dos Estados Unidos e que foi criado pelos comerciantes americanos para promover uma ação de vendas anual que acontece na sexta-feira após o feriado de Acão de Graças. Normalmente coincide com  a última sexta-feira do mês de Novembro. A ideia tem sido adotada em muitos países e Portugal não podia ser exceção! 

Por cá, grande parte das promoções em vigor começou ontem e dura até domingo. Nos últimos dias temos sido bombardeados com inúmeras publicidades através das redes sociais, e-emails e sms a divulgar as ações e os descontos promovidos pelas grandes marcas. É difícil não ceder à tentação.

Eu percebo que é aliciante poupar uns bons euros em compras neste dia, para mais com o Natal à porta, mas, ainda assim, não tenciono gastar um único cêntimo na Black Friday! Simplesmente porque me aterroriza a ideia de estar parada em filas de trânsito indetermináveis para chegar aos centros comercias, cruzar-me com multidões a disputarem o melhor brinquedo ou a melhor camisola. Não, não contem comigo para isso!

No nosso país o fenómeno é recente e por isso mesmo não atingiu as proporções que atinge nos EUA em a Black Friday está cada vez mais parecida com o wrestling, envolvendo luta, empurrões, gritos, saltos, quedas e puxões de cabelo, mas por este andar… lá chegaremos!

Sex | 27.11.15

Cavaco nunca desilude!

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Cavaco Silva deu ontem posse ao XXI Governo Constitucional. O Presidente da República acabou por empossar o Governo que não queria, garantiu lealdade institucional ao novo primeiro-ministro, mas não cooperação, lembrando-lhe que mantem intactos todos os  poderes que a Constituição lhe confere, exceto a possibilidade de dissolver a Assembleia da República, designadamente o poder de demitir o Governo. Na prática, o Presidente da República anunciou que estará vigilante e à mínima coisa poderá derrubar o governo de António Costa nas semanas que lhe restam de mandato.

António Costa já ia preparado para este tipo de oratória, tão própria de Cavaco e não estremeceu com o sermão. Sublinhou que o Governo não tem de responder ao Presidente e atribuiu à Assembleia da República maior soberania, porque é ela, afirmou, que tem «a exclusiva competência» para julgar o programa de governação.

Cavaco nunca abdicando da sua pose institucional que aliás sempre o caracterizou, deixou bem claras as mesmas advertências quanto, por exemplo, aos compromissos internacionais na União Europeia. Foi uma das questões que os acordos à esquerda levantaram e que na sua opinião «não foram totalmente dissipadas» e indicou que só deu posse a António Costa por não ter alternativa.

No fundo Cavaco foi igual a ele próprio. Fez um discurso a pensar exclusivamente na sua biografia, para memória futura, para dizer que “eu bem avisei”. Enfim, o habitual.

Qua | 25.11.15

40º aniversário do 25 de novembro

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Comemora-se hoje o 40º aniversário do golpe militar de 25 de Novembro de 1975. Foi o culminar de vários meses de tensão política e militar que conduziram à derrota da esquerda mais radical. 

PSD e CDS comemoraram esta data no Parlamento. O PS, dado o contexto atual, decidiu não comemorar esta data. Fez mal. O 25 de Novembro é um marco importante da história de Portugal que merece ser recordado e não deve servir para dividir as forças político-partidárias.

Certo é que quarenta anos depois este assunto continua a ser um tema fraturante entre os partidos de direita e de esquerda.

Ter | 24.11.15

O XXI Governo Constitucional

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O Presidente da República demorou 50 dias a fazer uma interpretação exaustiva do resultado das eleições de 4 de Outubro e, ainda que a contragosto, não lhe restou outra alternativa senão ‘indicar’ António Costa como primeiro-ministro.

António Costa não perdeu tempo e levou a lista dos membros do seu executivo a Belém. A fazer fé no que tem sido avançado pela imprensa a constituição do XXI Governo não é propriamente uma novidade, grande parte já eram dados como certos no novo executivo socialista.

A maior surpresa reside no ministério da Justiça que será entregue a Francisca Van Dunem, Magistrada do Ministério Público. Segundo o Público, a magistrada nasceu em Angola em 1955. Aos 18 anos veio para Portugal estudar Direito, onde se licenciou em 1977. Pelo meio, ainda voltou a Angola, onde lutou pela independência. Em 2001, assumiu a procuradoria de Lisboa. Procuradora há mais de 30 anos, ocupou nos últimos oito anos um dos cargos mais importantes do Ministério Público, como procuradora-geral distrital de Lisboa, responsável pelo maior dos quatro distritos judiciais do país.  Dirigiu igualmente o Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa, onde antecedeu a Maria José Morgado, e esteve, nos anos oitenta, na Alta Autoridade contra a Corrupção. 

Ao todo, o Governo de António Costa deverá ter 16 Ministérios, um ministro-adjunto e três secretários de Estado e deverá tomar posse ainda esta semana.

Primeiro-ministro - António Costa

Ministro das Finanças - Mário Centeno

Ministro Adjunto - Eduardo Cabrita

Ministro dos Negócios Estrangeiros - Augusto Santos Silva

Ministra da Presidência e da Modernização Administrativa - Mª Manuel Leitão Marques

Ministra da Justiça - Francisca Van Dunem

Ministra da Administração Interna - Constança Urbano de Sousa

Ministro da Defesa - Azeredo Lopes

Ministro do Planeamento e Infraestruturas - Pedro Marques

Ministro da Economia - Manuel Caldeira Cabral

Ministro da Trabalho, Solidariedade e Segurança Social - José António Vieira da Silva

Ministro da Saúde - Adalberto Campos Fernandes

Ministro da Educação - Tiago Brandão Rodrigues

Ministro da Ciência Tecnologia e Ensino Superior - Manuel Heitor

Ministro do Ambiente - João Pedro Matos Fernandes

Ministro da Agricultura - Capoulas Santos

Ministra do Mar - Ana Paula Vitorino

Ministro da Cultura - João Soares

Secretária de Estado Adjunta do Primeiro-ministro - Mariana Vieira da Silva

Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares - Pedro Nuno Santos

Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros - Miguel Prata Roque

 

Seg | 23.11.15

Sobre as condições impostas por Cavaco a António Costa

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«Das seis condições enumeradas por Cavaco para indigitar Costa como primeiro-ministro, há quatro que não são novidade (estabilidade política, viabilização dos Orçamentos de Estado, compromissos europeus e NATO) e servem apenas para o ainda inquilino de Belém fingir que não está a perder a face.

 

Há outras duas condições que não haviam sido antes explicitadas: concertação social e estabilidade financeira. Ambas parecem ir ao encontro das preocupações que foram transmitidas ao PR pelas pessoas que quis ouvir nas audiências da semana passada: patrões e banqueiros.

No que respeita à concertação social, eu consigo perceber o que está em causa: os patrões querem ter uma palavra a dizer sobre a subida do salário mínimo, alterações às leis do trabalho, etc. - e Cavaco quis dar-lhes voz. Quanto à sexta condição - a estabilidade do sistema financeiro - não é para mim tão claro o seu propósito.

Sem dúvida que fica bem a Cavaco preocupar-se com a estabilidade do sistema bancário português, tanto mais tendo em conta o seu envolvimento pessoal com o BPN (cujo colapso custou milhares de milhões de euros aos portugueses) e as garantias que deu sobre o BES pouco tempo antes de também este colapsar (não sendo ainda claro quantos milhares de milhões de euros custará aos portugueses).

Na verdade todos temos razões para nos preocupar com a estabilidade do sistema financeiro português, a julgar pelo conteúdo do Relatório de Estabilidade Financeira publicado pelo Banco de Portugal na semana passada. Esse relatório dá conta da situação frágil em que se encontram os bancos portugueses (apesar das melhorias recentes na sua rendibilidade), bem como dos vários riscos que enfrentarão nos próximos tempos. A lista de riscos é longa: fracas perspectivas macroeconómicas, continuação das baixas taxas de juro, elevado endividamento de empresas e famílias, possibilidade de fuga dos investidores para paragens que garantam maiores retornos, peso excessivamente elevado de empréstimos imobiliários e de títulos de dívida soberana, exposição elevada a países como Angola, Brasil e China, etc.

Menos claro é o motivo específico pelo qual o PR considera que um governo do PS dá, a este nível, garantias inferiores às que seriam dadas por um governo PSD/CDS - a quem Cavaco não hesitou em dar posse, sem quaisquer condições. Note-se que os acordos entre PS e os partidos à sua esquerda não incluem quaisquer medidas relevantes neste domínio, o que é sinal de que os socialistas estão pouco dispostos a considerar penalizações fiscais específicas sobre a banca (como várias vezes foi defendido pelos partidos à sua esquerda). Note-se também que, embora o sistema bancário português esteja a precisar de uma limpeza semelhante à que aparentemente anda a ser pensada em Itália (o que implicaria perdas para os donos dos bancos), nada indica que o PS estivesse disponível para a fazer em Portugal. Por fim, o desafogo que os acordos entre os partidos de esquerda criam junto da classe média só pode ser boa notícia para uma banca que está afogada em crédito mal-parado, devido ao prolongamento da crise económica em Portugal.

Talvez os banqueiros tenham receio que o Estado português queira ter uma palavra a dizer sobre a gestão dos bancos cada vez que usar dinheiro dos contribuintes para lhes dar ou emprestar. É normal. Já não é tão normal que o Presidente da República Portuguesa pense da mesma forma que os banqueiros a este respeito.

Enfim, se calhar o problema é só meu. Provavelmente, continuar à procura de racionalidade nas acções de Cavaco é uma pura perda de tempo.».

Ricardo Paes Mamede, retirado daqui

Dom | 22.11.15

O país pode esperar!

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O Diário de Notícias deste domingo adianta que o Presidente da República ainda não deu por concluída a ronda de negociações, mesmo depois de ter chamado 31(!) personalidades/entidades.

O mesmo jornal escreve que está tudo em aberto, inclusive manter Passos Coelho em Gestão. Amanhã Cavaco Silva vai fazer um ponto da situação e decidirá se quer ouvir mais alguém antes de anunciar qual vai ser o futuro político do país.

Ainda assim – e já que nada é certo até ao anúncio final – não está de parte a hipótese de Cavaco Silva tomar a decisão já amanhã, comunicando-a imediatamente ao país. Ao Presidente da República não lhe basta a consulta feita a mais aos eleitores a 4 de outubro de 2015. Falta-lhe consultar uma lista de personalidades que ninguém ainda percebeu para quê, já que o seu órgão consultivo – Conselho de Estado – não foi sequer auscultado. Mais anedótico que isto só chamar a Belém, um por um, todos os eleitores que constam dos cadernos eleitorais, incluindo os já falecidos.

Como é público e notório, o chefe de Estado está sem pressas. Prova disso é que na deslocação à Madeira chegou a afirmar: «eu estive cinco meses num governo de gestão», como se as situações e os poderes presidenciais pudessem ser comparáveis.

Depois, ao contrário do que fizera antes de indigitar Passos Coelho, desta vez não convocou os partidos no âmbito do 187.º artigo da Constituição, que dá por iniciado o processo de indigitação do novo primeiro-ministro. Optou, ao invés, por audiências públicas, convocando mesmo os partidos por telefone, a fim de evitar dar indícios no sentido de querer indigitar o primeiro-ministro.

Uma coisa é certa. Ninguém quer um Governo de gestão, nem mesmo a coligação e Cavaco Silva que tanto gosta de ouvir «pessoas», prefere ignorar as vozes à esquerda e a direita e até os candidatos à Presidência da República como Marcelo Rebelo de Sousa que já afirmou que o país precisa urgentemente de um uma solução governativa e de um Orçamento de Estado e que apesar de contido nas palavras, não revelou qualquer entusiasmo com a possibilidade de um Governo de gestão.

O mais curioso é que foi o presidente da República que pediu entendimentos e disse claramente que o Parlamento era o local adequado para estabelecer esses entendimentos. A AR fê-lo! Mas como ele não gostou dos entendimentos que a AR estabeleceu e como face ao contexto atual só lhe resta uma saída, que obviamente não lhe agrada, está a arrastar a decisão até ao limite do insuportável, pese embora ter dito que havia estudado todos os cenários possíveis!

Sex | 20.11.15

Papa diz que festividades de Natal são uma hipocrisia

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O Papa Francisco coloca o dedo na ferida ao afirmar ontem que as festividades de Natal soam a falso num mundo que escolheu «a guerra e o ódio».

«Estamos perto do Natal: haverá luzes, festas, árvores iluminadas, presépios, (…) mas é tudo falso. O mundo continua em guerra, fazendo guerras, não compreendeu o caminho da paz», lamentou o Sumo Pontífice, numa homilia no Vaticano, no dia em que foi instalado na Praça de São Pedro um grande pinheiro para as festividades natalícias

«Existem hoje guerras em toda a parte e ódio. (…) E o que resta? Ruínas, milhares de crianças sem educação, tantos mortos inocentes e tanto dinheiro nos bolsos dos traficantes de armas», concluiu o Papa. Para Francisco, a guerra é a escolha de quem prefere as “riquezas” ao ser humano.

«Os que lançam a guerra, que fazem as guerras, são malditos, são delinquentes», disse o pontífice, para quem não há argumentos que justifiquem a atual situação do mundo.

Bem-Haja, Papa Francisco, pela sua coragem, discernimento e clarividência que tem demonstrado ao longo deste pontificado.

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