Não escrever um romance na «horizontal», com a narrativa de peripécias que entretêm. Escrevê-lo na «vertical», com a vivência intensa do que se sente e perturba.
Vergílio Ferreira
A minha mãe partiu há oito dias e eu ainda não consigo bem exprimir por palavras o que sinto. É um vazio imenso, é sentir falta de tudo: dos telefonemas, das conversas, dos mimos, dos beijos, dos abraços, de chamar pelo meu nome... Ainda me custa acreditar que nunca mais a vou ver (aqueles olhos azuis lindos), ouvir, tocar ou sentir. Com o seu desaparecimento foi-se um pedaço de mim, desfez-se um pouco mais a família, fechou-se um círculo, acabou uma geração. Começam a faltar-me as referências… de repente, tudo muda.
Procuro aceitar os últimos acontecimentos com a naturalidade com que se encara a lógica da vida e vou vivendo um momento de cada vez, na certeza de que o que nos unia era tão forte que perdurará para lá do tempo.
Podia agora dizer algumas palavras de circunstância: que a minha mãe era «a melhor mãe do mundo», que não havia outra como ela e que não a trocaria por nada deste mundo. Embora tudo isto seja verdade, é incrivelmente redutor e muito pouco importante nesta altura.
Interessa-me antes lembrar os valores, as ideias, as ações, os ensinamentos, a força de caráter e tudo o que de bom e de mau fomos vivendo ao longo do tempo. Foi esta a marca indelével que ela me transmitiu e é com estas recordações que agora vivo.
Passada a surpresa inicial do momento da partida - a morte de um ente querido surpreende-nos sempre - a dor da perda, o momento do luto, fica a eterna saudade, na certeza de que a poderei recordar diariamente em pequenos flashes que me chegam através de um lugar, de um objeto, de uma palavra, de um gesto, de um cheiro, de um sabor, de um filme ou de uma música. E lembrá-la assim será certamente a forma de a ter próxima, no pensamento e no coração.
Neste momento difícil e doloroso da minha vida apenas me recordo destes versos adaptados do poema «Blues Fúnebres» de W. H. Auden:
«Parem todos os relógios, desliguem o telefone, Impeçam o cão de latir com um osso enorme, Silenciem os pianos e ao som abafado dos tambores Tragam o caixão, deixem as carpideiras carpir suas dores.
Deixem os aviões aos círculos a gemer no céu Rabiscando no ar a mensagem Ela Morreu, Ponham laços crepe nas pombas brancas da nação, Deixem os sinaleiros usar luvas pretas de algodão.
Era o meu Norte, meu Sul, meu Este e Oeste, Minha semana de trabalho, meu Domingo de festa Meu meio-dia, meia-noite, minha conversa, minha canção; Pensei que o amor ia durar para sempre: foi ilusão.
As estrelas já não são precisas: levem-nas uma a uma; Desmantelem o sol e empacotem a lua; Despejem o oceano e varram a floresta; Porque agora tudo é inútil».
Ontem Bruxelas acordou em sobressalto depois dos ataques terroristas voltarem a ensombrar Europa. Três explosões na capital belga fizeram soar os alarmes e provocaram a morte a 34 pessoas. O governo belga já confirmou as vítimas mortais nas explosões no aeroporto de Zaventem, o principal do país, a que se juntam 200 feridos. Já na estação de metro de Maelbeek (localizado perto das instituições europeias) há 20 mortes confirmadas e ainda registo de 55 feridos, dez dos quais em estado grave. Uma portuguesa ficou ferida nas explosões, mas já foi assistida no hospital e encontra- livre de perigo, de acordo com as informações do secretário de Estado português das Comunidades.
As explosões ocorreram dias após a prisão de Salah Abdeslam. O atentado foi reivindicado pela organização terrorista do autodenominado Estado Islâmico. O grupo terrorista deixa ainda a ameaça de «dias bem sombrios». As autoridades belgas acreditam que dois bombistas suicidas se fizeram explodir e procuram ativamente um terceiro suspeito. Na sequência dos ataques, as autoridades belgas realizaram operações policiais em vários pontos do país e a procuradoria federal, citada pela RTBF, confirmou que uma rusga a um apartamento em Schaerbeek conduziu à descoberta de um engenho explosivo, que continha pregos metálicos. Aqui também foram encontrados produtos químicos e uma bandeira do Estado Islâmico.
Várias cidades europeias, incluindo Lisboa, estão já em estado de alerta. Depois de um pequeno susto durante a manhã de ontem no aeroporto de Lisboa, provocado por uma mala perdida que levou à evacuação da zona de check-in, vários voos foram cancelados, mas a normalidade já foi entretanto reposta.
François Hollande foi um dos primeiros líderes europeus a reagir. O presidente francês afirmou que «toda a Europa foi atingida» com os ataques desta manhã em Bruxelas. «Estamos perante uma ameaça global, devemos, por isso, responder de forma global», declarou o chefe de Estado francês, no Eliseu, depois de um Conselho de Ministros convocado de emergência ontem para avaliar os ataques em Bruxelas. E, perante 26 empresários estrangeiros, garantiu que tomará medidas de segurança. «Ontem foi em França, hoje é em Bruxelas» e «será preciso sangue frio, lucidez e determinação» para combater esta guerra que «pode ser longa”, alertou Hollande.
Marcelo Rebelo de Sousa também comentou os atentados de Bruxelas. O Presidente português censurou o «ataque cego e cobarde» no coração da Europa e transmitiu ao rei belga «o pesar, repúdio e solidariedade do povo português».
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama aterrou ontem em Havana para uma visita histórica de 48 horas, acompanhado pela mulher, Michelle, pelas duas filhas, pela sogra e por uma comitiva de empresários e políticos.
Esta visita, a primeira de um presidente dos EUA em 88 anos, está a gerar um sentimento de esperança entre o povo cubano que viu o governo comunista de Havana desprezar 10 líderes norte-americanos anteriores e só foi possível após Obama e o presidente de Cuba, Raúl Castro acordarem em acabar com o embargo que começou aquando da revolução cubana que derrubou um governo pró-norte-americano em 1959.
Recorde-se que foi no funeral de Nelson Mandela, em 2013, que se iniciaria a aproximação das relações entre os dois países, quando Barack Obama apertou a mão a Raúl Castro. Em Dezembro de 2014, os dois líderes anunciaram que iam ser reatadas as relações diplomáticas, assim como a reabertura da embaixada norte-americana em Havana.
Cartazes de boas-vindas com imagens de Obama ao lado de Castro aparecem na velha colonial Havana, onde Obama passeou na tarde de ontem, logo após o desembarque.
Hoje, Barack Obama vai reunir-se com o seu homólogo Raul Castro e terá encontros com membros da sociedade civil, empresários e cidadãos cubanos de diferentes áreas.
À noite, Obama e Castro – acompanhados pelas respetivas famílias e delegações – participarão num jantar no Palácio da Revolução.
Não está, contudo, previsto nenhum encontro com Fidel Castro, o histórico dirigente cubano afastado do governo há uma década e responsável pelo corte de relações entre Cuba e os EUA.
Mas nem sempre assim. Aprendemos desde muito cedo que a Primavera se inicia a 21 de março. Mas este ano foi no dia 20 e anos há em que se antecipa mesmo para o dia 19 de março. E por que é que isto acontece?.
Bem, a razão é semples. Justifica-se pelos acertos de calendário. É que um ano não tem exatamente 365 dias, mas antes 365 dias, cinco horas, 48 minutos, 45 segundos e duas décimas…Uma vez que o calendário gregoriano impõe durante três anos 365 dias e um ano de 366 dias em cada de quatro anos, há uma derrapagem de cerca de 6 horas de ano para ano, que se volta a acertar ao fim do período de 4 anos. Esse pequeno desacerto tem como consequência empurrar muitas vezes o momento do equinócio para o dia anterior. Resultado: os equinócios tendem a atrasar-se, o que implica que ao longo do mesmo século, as datas destes fenómenos tenham tendência a ocorrer cada vez mais cedo.
Dessa forma, no século XXI, e até agora, só houve dois anos em que o equinócio de março aconteceu no dia 21 - 2003 e 2007 - já que nos demais, o equinócio tem ocorrido em 20 de março.
Prevê-se contudo que a partir de 2044, passe a haver anos em que o equinócio aconteça no dia 19. Esta tendência só vai desfazer-se no fim do século, quando houver uma sequência de sete anos comuns consecutivos (2097 a 2103), em vez dos habituais três.
Mas o que é um Equinócio? É o acontecimento astronómico que marca o início da Primavera (no hemisfério norte), pelo facto de o Sol passar no equador celeste nessa data, movendo-se de sul para norte. No início do Outono (22 ou 23 de Setembro), volta a passar pelo equador celeste, dessa vez de norte para sul.
Neste dia, o Sol nasce precisamente a Este e põe-se a Oeste, coisa que não acontece no resto do ano. Também na data do equinócio, vemos que a duração do dia (aqui “dia” entendido como o período de tempo com o Sol acima do horizonte) é igual ao período noturno. Por isso em latim, equinócio [aequus (igual) e nox (noite)] significa igual à noite.
O equinócio de março não serve apenas para marcar o início da primavera, a igreja Católica utiliza-o para agendar o Domingo de Páscoa, que acontece sempre no primeiro domingo depois da primeira Lua cheia que sucede ao equinócio. Ora a primeira Lua cheia será na próxima quarta-feira, dia 23 de março.
«Há um clima de pré-golpe no Brasil. Há colunistas da Rede Globo a pedirem a intervenção das forças armadas e polícias militares a invadirem um plenário do PT. Quem é o juiz que decide divulgar escutas de um telefonema entre a Presidente do país e Lula, sem que esta tenha qualquer relevância para um processo que, ainda por cima, acabou de sair das suas mãos? É o mesmo juiz que se afirmou “tocado” com as manifestações populares contra o PT. Em vez de investigar passou a querer liderar um movimento político de oposição. Nada disto anula a evidência de que o PT está corroído pela corrupção, que Lula, seja ou não corrupto, nunca fez desse combate uma prioridade e que a tentativa de usar um cargo político para mudar o rumo de uma investigação é inaceitável. O que o PT tentou fazer é usar um instrumento político para driblar o sistema judicial. E há quem, à direita, queira usar o sistema judicial para driblar uma derrota política. Quando as coisas chegam a este ponto, só há uma posição saudável: ser intransigente na separação de poderes. Juízes que usam o seu poder para fazer agitação política são, no essencial, iguais a políticos que usam os seus cargos para dificultar investigações. Uns e outros desrespeitam a democracia. São duas faces de uma moeda perigosa: a da judicialização da política. Por mim, assusta-me tanto a República das Bananas como a República dos Juízes»
O Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) vai encerrar algumas salas devido às obras de requalificação em curso.
As obras vão ocorrer entre dia 15 de março e 4 de abril, período em que o museu terá entradas gratuitas, exceto na exposição «Coleção Masaveu. Grandes Mestres da Pintura Espanhola: Greco, Zurbarán, Goya, Sorolla».
O MNAA manterá abertos, no piso 1, a Galeria de Pintura Europeia e as salas de Artes Decorativas Francesas, assim como todas as exposições temporárias patentes.
A pintura «Painéis de São Vicente», de Nuno Gonçalves, uma das mais procuradas pelos visitantes, está patente na sala 55, do piso 1, na área tradicionalmente dedicada à pintura europeia, a meio caminho da obra convidada, «A via di Ripetta em Roma», de Bernardo Bellotto.
Vai ser mantida em exposição a pintura «A Adoração dos Magos», de Domingos Sequeira, no âmbito da campanha de subscrição pública que o MNAA está a promover para a sua aquisição.
Também a loja, o restaurante e o jardim do museu irão permanecer abertos.
Se não conhecem, vale mesmo a pena uma visita a este museu.
«No Brasil é assim: quando um pobre rouba, vai para a cadeia; quando um rico rouba, vira ministro». Lula da Silva, 1988
Esta citação de Lula não poderia vir mais a calhar e poder-se-ia até dizer que «pela boca morre o peixe», porquanto o antigo presidente brasileiro aceitou alegadamente integrar o governo de Dilma Rousseff por se ver envolvido num alegado crime de branqueamento de capitais. A notícia, contudo, foi avançada por uma fonte da presidência que falou sob anonimato à agência Reuters, mas não confirmada.
Segundo a mesma fonte, Lula da Silva deverá ficar responsável pela pasta dos assuntos legislativos atualmente ocupada por Ricardo Berzoini, ministro da Secretaria do Governo.
A procuradoria de São Paulo acusou Lula de Silva de alegado branqueamento de capitais mediante ocultação de património e falsificação de documentos em relação a um apartamento de luxo situado na praia de Guarujá, que se encontrava em nome de uma empresa de construção de civil envolvida no escândalo de corrupção da empresa petrolífera estatal brasileira Petrobras.
Se assumir um cargo ministerial, Lula da Silva consegue imunidade judicial depois de o Ministério Público de São Paulo ter pedido a sua prisão preventiva, por considerarem que pode interferir na investigação se continuar em liberdade, sendo que a ação passará a ser julgada pelo Supremo Tribunal Federal saindo da alçada de Moro, considerado implacável com arguidos da «Operação Lava Jato».
A reviravolta no núcleo do Governo é vista também como tábua de salvação para evitar a destituição de Dilma Rousseff da Presidência.
A concretizar-se, é um ato constitucionalmente possível mas politicamente ilegítimo. Isto, a acontecer, é uma vergonha para o povo brasileiro.
Se Lula da Silva aceitar ser ministro poderá não preso, no imediato, mas assumir-se-á necessariamente como culpado perante o povo brasileiro.
A notícia apanhou-me de surpresa quando a vi no facebook. Deve ser mentira disseram-me, agora põem a circular notícias falsas sobre alguns atores! Infelizmente não era. O Nicolau Breyner tinha mesmo partido hoje à tarde, supostamente vítima de ataque cardíaco aos 75 anos.
Lembro-me do Nicolau desde sempre, O Sr. Feliz e o Sr. Contente, Eu Show Nico. o Nico de Obra, Gente Fina É Outra Coisa, Origens e sobretudo Vila Faia, a primeira telenovela portuguesa digna desse nome, em que ele interpretava magistralmente o papel de João Godunha, foram trabalhos em que mostrou a sua enorme versatilidade e genealidade; o seu lado cómico e dramático. Era um fora-de -série!
Hoje desaparece uma das grandes figuras da televisão e do cinema português, mas desaparece sobretudo um homem excecional que nos parecia imortal. Mas Nicolau Breyner faz parte das nossas vidas e por isso vai ser sempre recordado com respeito e admiração.
Na verdade, aqueles que deixam tão grande e significativo legado como Nicolau nos deixou – nunca morrem – perduram para sempre na nossa memória. Por isso não é um adeus, mas sim um «Até Sempre Senhor Contente»!
Os preços de gasóleo e gasolina não param de aumentar. Hoje mesmo voltaram a subir. Em consequência, há uma corrida desenfreada ao país vizinho para abastecer os veículos, o que já motivou até um apelo do ministro da Economia.
A ANAREC estima que sejam mais de cinco mil os veículos ligeiros que diariamente atestam do outro lado da fronteira, segundo fonte do Correio da Manhã. Contas feitas são um milhão de euros por dia que voam dos cofres nacionais.
O anunciado aumento dos combustíveis em 7,5 cêntimos por litro a partir da entrada em vigor do Orçamento do Estado para 2016 (1 de abril é data prevista) - resultado do agravamento do imposto sobre produtos petrolíferos (ISP) em seis cêntimos mais o IVA a 23% - vai fazer que os condutores portugueses olhem cada vez mais para o país vizinho como alternativa. Mas será que compensa ir lá atestar o depósito a Espanha? Sim, mas só se estiver num raio de 18,6 quilómetros do posto de gasolina espanhol mais próximo (37,2 km ida e volta) no caso do gasóleo ou a 31 km (62 km com ida e volta) se abastecer o veículo com gasolina, partindo do princípio de que a viagem é feita em autoestrada (custo de 0,09 euros por quilómetro) segundo o DN.
A própria deslocação implica um gasto em combustível e, no caso de se circular nas autoestradas, em portagens e esse custo obviamente tem que ser contabilizado e equivale a 14,5 cêntimos por quilómetro para o gasóleo e 17,8 cêntimos para a gasolina.
Se o percurso escolhido para chegar ao país vizinho evitar as portagens, então a «fronteira fiscal» (limite a partir do qual não compensa percorrer a distância) aumenta para 49,02 km (98,04 com ida e volta) no caso do diesel e 62,50 km (125 km no total) no caso da gasolina.
Será bom ter estes dados em conta, caso contrário não só não se poupa, como se está encher os cofres espanhóis em detrimento dos portugueses.
A partir do próximo ano letivo todos os alunos do 1º ano de escolaridade do ensino básico vão ter manuais gratuitos.
O custo de implementação desta medida, no ano zero, está estimado em cerca de três milhões de euros para o ano letivo 2016/2017. A medida foi sugerida pelo PCP e o PS vai votar a favor.
Eu concordo que o ensino público deva ser tendencialmente gratuito, principalmente durante os anos de escolaridade obrigatória, mas parece-me inapropriado que a gratuidade dos manuais escolares abranja indiscriminadamente todos os alunos do ensino obrigatório, independentemente da capacidade económica das famílias.
O que seria mais correto é que todos os alunos de famílias carenciadas tivessem acesso gratuito aos manuais escolares, sendo o Estado, através dos Serviços de Ação Social Escolar, a subsidiar esses custos, mas, obviamente aqueles cujas famílias tenham capacidade económica deveriam pagar.
Julgo também que seria de considerar a possibilidade dos manuais escolares serem aprovados e mantidos durante quatro ou cinco anos, já que as matérias e os curricula não se alteram assim tanto.
Por fim, penso que não faz sentido que no fim de cada ano letivo os manuais acabem no lixo. Seria mais sensato que os livros escolares fossem disponibilizados pelas escolas e devolvidos pelos alunos no final de cada ano letivo ou da sua utilização, a fim se serem reutilizados, ficando as famílias responsáveis por eventuais danos ou extravios. Esta é já uma prática comum noutros países e que entre nós já é realizada por algumas escolas privadas e câmaras municipais. Teria como vantagens a redução do preço dos livros, bem como do orçamento das famílias.