Não escrever um romance na «horizontal», com a narrativa de peripécias que entretêm. Escrevê-lo na «vertical», com a vivência intensa do que se sente e perturba.
Vergílio Ferreira
O Nobel de Literatura deste ano foi concedido ao cantor e compositor Bob Dylan. Em comunicado oficial a Academia Sueca afirma que o cantor recebe o prémio por «criar novas expressões poéticas dentro da grande tradição da canção americana».
Bob Dylan é o nome artístico de Robert Allen Zimmerman, nascido– compositor, cantor, pintor, ator e escritor norte-americano. Nascido no estado de Minnesota, em 24 de maio de 1941, aos 10 anos escreveu seus primeiros poemas e, ainda adolescente, aprendeu a tocar sozinho piano e guitarra.
Começou a cantar em bandas de rock, imitando Little Richard e Buddy Holly, mas quando foi para a Universidade de Minnesota em 1959, adotou a folk music, impressionado com a obra musical do lendário cantor folk Woody Guthrie. Em 1962, tinha lançado o seu primeiro álbum, Bob Dylan, seguindo-se outros, como Blonde On Blonde (1966) e Blood On The Tracks (1975), hoje reconhecidos como «obras-primas» dada a sua importância e genealidade.
Em 1966, publicou Tarântula, a sua única obra de ficção, que mistura poesia e prosa e reflete as mesmas preocupações artísticas de algumas das suas canções.
Em 2004, foi eleito pela revista Rolling Stone o sétimo maior cantor de todos os tempos e, pela mesma revista, o segundo melhor artista da música de todos os tempos, ficando atrás somente dos Beatles. Uma de suas principais canções, Like a Rolling Stones, foi escolhida como uma das melhores de todos os tempos.
A escolha inédita de Bob Dylan para o Prémio Nobel da Literatura de 2016 não foi pacífica estando a motivar as mais diversas reações nas redes sociais. Há comentários para todos os gostos: «Prémio Nobel da Literatura? Por acaso tenho todos os seus livros..». Ou seja, se por um lado existe quem ache que o prémio é totalmente merecido por considerarem as suas letras e composições fabulosas, outros porém acham que os tempos estão definitivamente a mudar.
Tenho alguma dificuldade em me pronunciar sobre este assunto porque raramente apanho um táxi e nunca usei os serviços da Uber. Mas, das poucas vezes que andei de táxi já aconteceu: as viaturas serem antigas, o cheiro ser pouco agradável, os taxistas não serem propriamente um modelo de virtudes e fazerem má cara quando o percurso não é do seu agrado, já para não falar que muitos deles julgam-se donos das estradas.
Obviamente, como em todas as profissões, convém não generalizar. Porque se isto é rigorosamente verdade também temos o reverso da medalha: há taxistas que trabalham de madrugada, que transportam gente pouco recomendável, por lugares tenebrosos e que diariamente arriscam a vida.
Por outro lado, devo dizer que nada me move contra a Uber, desde que cumpram as regras que lhe são estabelecidas e paguem os impostos que lhe são devidos. E seria bom que os taxistas percebam que a Uber veio para ficar. Os taxistas só têm de se adaptar aos novos tempos e tentarem melhorar, sob pena de serem preteridos. Entre um serviço competente e mais barato prestado pela UBER e outro semelhante numa viatura obsoleta, malcheirosa e mais cara num táxi, a escolha parece-me óbvia.
A concorrência é boa e eu gosto. «Como cliente quero o melhor serviço possível ao mais baixo preço. Como cidadã quero que as empresas de transportes compitam entre si», porque entendo que a livre concorrência, desde que travada em condições justas e iguais, só traz vantagens.
Muito embora as eleições autárquicas sejam só daqui a um ano, no terreno as coisas já mexem.
Assunção Cristas já anunciou a sua candidatura a Lisboa, mas o PSD ainda não encontrou o candidato certo para disputar o município da capital.
Nos últimos 20 anos, para lá da figura de Santana Lopes, as candidaturas do PSD em Lisboa têm sido verdadeiros flops: E o problema é que não se vislumbra hoje quem possa personificar uma candidatura ganhadora do PSD a Lisboa.
A verdade é que Santana Lopes - apesar de ainda haver no PSD quem gostasse de o ver novamente como presidente do Município de Lisboa - sente-se bem como provedor da Santa Casa e, convenhamos, já cansa um pouco que à falta de melhor se volte a o ouvir chamar pelo nome de Santana. E depois que hipóteses teria Santana Lopes de ganhar Lisboa? Muito poucas. Seria, talvez, uma espécie de Fernando Seara numa versão um pouco melhorada. Daqui resulta que o PSD com Santana corre o risco de repetir uma humilhação semelhante à de Fernando Seara em 2013.
Dada a importância da CML no contexto político nacional, o presidente da câmara de Lisboa é visto como uma figura destacada da política nacional. É que esta câmara tem sido um trampolim para altos cargos políticos (Jorge Sampaio, Santana Lopes, António Costa).
É por isso que as eleições autárquicas, embora se joguem a nível local, terão que ter, com o Presidente da República já o afirmou, leituras políticas. O que significa que a liderança de Passos Coelho estará, em grande medida, dependente do resultado do PSD nas autárquicas. E o balanço dessas eleições fica sempre marcado por se ganhar ou perder as câmaras de Lisboa e Porto (veja-se o caso de António Guterres em 2001). Com Rui Moreira e Fernando Medina com reeleição quase garantida, a vida de Passos não está fácil. Este será certamente um dos desafios mais difíceis dos últimos anos para os sociais-democratas.
Um enorme orgulho para Portugal e para todos os portugueses a nomeação de António Guterres para o cargo de Secretário-Geral das Nações Unidas.
António Guterres é, do ponto de vista intelectual e humano, um Ser superior. Parabéns às Nações Unidas pela preferência e sobretudo por não se deixarem enredar nas golpadas de bastidores da Bulgária.
Esta escolha, a poucas horas de ser confirmada, é um motivo de orgulho para os portugueses. È também é uma vitória pessoal do candidato - a excelência da sua prestação e a lisura no processo de candidatura – e uma vitória da diplomacia portuguesa, exemplarmente alinhada e eficaz, com bem sublinhou o primeiro-ministro António Costa.
Um acontecimento, por isso, memorável para o Homem, para uma Nação e para o Mundo.
Elena Ferrante é um pseudónimo de uma escritora italiana, cujo livro mais conhecido é «A Amiga Genial» que li estas férias, cuja história centra-se à volta de duas crianças, Elena e Lila, de um bairro popular nos arredores de Nápoles e da sua amizade adolescente. O percurso separa-as quando Elena continua os estudos liceais e Lila tem de trabalhar para ajudar a sua família, pese embora a amizade de ambas continue.
Desde sempre a autora manteve algum mistério quanto à sua verdadeira identidade, refugiando-se no anonimato. As entrevistas dadas eram escritas, as perguntas enviadas, porque para a escritora italiana o nome «Elena Ferrante» começa e acaba nas páginas de cada um dos seus livros. A sua verdade é exclusivamente literária. Para lá disso, surge a lenda. «Já fiz o suficiente por esta história. Escrevi-a.» disse um dia a propósito.
Dai que não admira que a suposta revelação da verdadeira identidade da escritora best-seller italiana, um dos maiores e mais misteriosos fenómenos da literatura internacional contemporânea, tenha causado tanta polémica e acusações de invasão de privacidade.
O editor de Ferrante, Sandro Ferri, em entrevista ao jornal britânico The Guardian, diz-se chocado com aquilo que considera uma tentativa de desmascarar uma pessoa que propositalmente evitou os holofotes e sempre alegou querer apenas escrever os seus livros.
Na verdade, temos que admitir que enquanto há pessoas que gostam e querem promover-se, aparecendo escarrapachadas nas páginas dos jornais e revistas, há outras porém que desejam preservar o seu anonimato e estão no seu direito. Qual a necessidade de revelar a identidade de determinadas pessoas contra a vontade dos próprios?
Quando pela primeira vez na história parecia que o processo de sucessão do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) tinha mudado, tornando-se mais transparente, eis que entra na corrida ao cargo de secretário-geral das Nações Unidas a búlgara Kristalina Georgieva substituída por Irina Bokova.
O nome de Irina Bokova tinha sido proposto pelos socialistas búlgaros, mas o país parece agora ter feito uma viragem à direita pois a nova candidata, Kristalina Georgieva, é de centro-direita, assim como o governo da Bulgária. Foi comissária para os Assuntos Humanitários com Durão Barroso e ascendeu a vice-presidente da Comissão com Juncker, em 2014.
Mas acontece que a Georgievafaltou a todas as votações informais, entrou na corrida já com o comboio em andamento, o que significa que eximiu-se a todos os debates com António Guterres. Porém, pelo apoio que recebe da Alemanha, concretamente de Angela Merkel, aí está ela como candidata.
Sabe-se agora que esta candidatura estava a ser preparada há muito tempo e que contou com o impulso de um português, Mário David de seu nome, que está ligado aos países do leste europeu, há anos, como assessor de Durão Barroso na Comissão Europeia e como eurodeputado do PSD - integrado no Partido Popular Europeu.
A comissária búlgara afigura-se, sem dúvida, como o maior obstáculo para António Guterres. Além dos apoios importantes que vai somando, Kristalina é uma figura próxima do perfil inicial que foi traçado para a ONU: ser a primeira mulher a ser secretária geral das Nações Unidas e provir de um país de leste.
A próxima votação, em que pela primeira vez serão destacados os vetos dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, está agendada para 5 de outubro.