Não escrever um romance na «horizontal», com a narrativa de peripécias que entretêm. Escrevê-lo na «vertical», com a vivência intensa do que se sente e perturba.
Vergílio Ferreira
O grupo financeiro espanhol CaixaBank passou a deter 84,5% dos direitos de voto do banco BPI na sequência da Oferta Pública de Aquisição (OPA) lançada sobre o banco português.
O anúncio foi conhecido ontem, em comunicado, pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Pouco tempo depois também foi tornada pública a saída de Fernando Ulrich da presidência executiva do BPI, ao fim de 13 anos no cargo.
Fernando Ulrich vai assumir as funções de presidente do conselho de administração, que até agora eram desempenhadas por Artur Santos Silva. O substituto de Ulrich já está escolhido. Será o espanhol Pablo Forero, que desempenhava desde 2009 o cargo de diretor-geral do CaixaBank.
A espanholização de um setor vital para o país como a banca está em marcha. Senão vejamos: Santander, Banif, BPI, Banco Popular e Bankinter maioritariamente espanhóis. BCP, com angolanos da Sonangol, mas com espanhóis à espreita. Sobra a Caixa Geral de Depósitos, banco do Estado, à beira de uma recapitalização e de um Montepio a consumir cada vez mais capital por causa das sucessivas imparidades decorrentes de erros acumulados.
Verifica-se um peso enorme do poder espanhol na banca que corre o risco de se tornar excessivo. É uma situação preocupante porque choca com a autonomia de decisão e a confiança dos investidores. De facto, como os grandes bancos ibéricos com sede em Espanha há uma ameaça séria de que o centro de decisão do sistema financeiro português fique em Madrid e que os interesses portugueses não sejam salvaguardados.
Penso contudo que o problema do sistema financeiro português não é um problema de nacionalidade. Os bancos são de capital espanhol e angolano, a EDP é chinesa, a Tap também só tem uma parte de capitais portugueses e os recursos naturais são de quem pagar mais.
Hoje, quem controla a dívida exerce o poder. Por isso somos reféns do BCE e de Bruxelas. E também não é seguro que os interesses defendidos por essas instituições correspondam exatamente aos interesses portugueses. Mas é uma inevitabilidade.É a vida como diria alguém...
As apostas desportivas do «Placard» relativas ao encontro entre Feirense e Rio Ave, agendado para ontem às 21h00, no Estádio Marcolino Castro, em Santa Maria da Feira, foram suspensas pela Santa Casa da Misericórdia.
Em causa estará «um afluxo anormal de movimentos relacionados com esta partida, em especial de uma alegada aposta de 100 mil euros de um apostador proveniente da China».
Existiram suspeitas de manipulação do resultado devido a apostas de dezenas de milhares de euros, que foram colocadas ao início da tarde de ontem na vitória de uma das equipas. Alegadamente e segundo noticiou o Jornal I (citando o Record), «as odds deste jogo eram, às 19h31, de 3,09 para a vitória do Feirense; 2,52 para o triunfo do Rio Ave; e 3,24 para o empate entre as duas equipas.
No jogo propriamente dito o Feirense venceu o Rio Ave, por 2-1, subindo assim ao 13.º lugar, a oito pontos da zona de despromoção.
A época do Sporting e o jogo de ontem no Dragão está bem expresso neste post «E depois do Adeus» no blog ADN de Leão que subscrevo na íntegra.
«O Sporting jogava ontem a última cartada para poder ainda almejar conseguir algo esta época, um lugar na Champions na próxima época e o acesso às receitas que são vitais para manter o clube competitivo e a lutar por objetivos ambiciosos.
Na abordagem ao jogo, Jorge Jesus contava com um handicap claro, a ausência de William e para o colmatar fez avançar Palhinha, escolha que não se pode criticar, porque é a alternativa que existe para a posição.
Já muito mais incompreensível foi ter-se apostado em Matheus de início num jogo desta responsabilidade. Não porque o jogador não tenha valor, mas porque não está claramente a atravessar um momento de forma que lhe permitisse encarar esta partida com a confiança necessária. Não tem quase tempo de jogo na Primeira Liga, viu já várias vezes o treinador dar a entender que não apostava nele e além disso não tem rotinas com a equipa.
Mas isso remete-nos para o início da época. Se todos nos recordamos, na altura da pré-época, Podence, Palhinha e outros tentaram justificar perante o treinador ter valor para pelo menos merecerem ficar no plantel. E o que aconteceu? Perante adversários muito difíceis, sem ainda terem rotinas de jogo e sem enquadramento com outros jogadores mais experientes e de qualidade, foram lançados às feras. Claro que não correu bem.
Jorge Jesus conseguiu o que queria, dar a entender que com a formação não dava e que teria de ir contratar vários jogadores. O Sporting gastou dinheiro e investiu em vários jogadores, mais uma vez sem contratar para as laterais, posição que assumidamente já se reconhecia estar mal servida e o resultado foi o que se viu. Depois de gastar vários milhões de euros, a equipa chegou a Janeiro já quase sem objetivos e com a única preocupação em despachar o que tinha vindo e nada tinha mostrado. Alguns foram vendidos, outros emprestados, outros ainda esperam por colocação.
Em sentido contrário, fizeram-se regressar jogadores jovens da formação, dando a entender que essa era novamente a aposta. Entretanto, foi saindo para a Comunicação Social que a Direção ia rever as funções de Jorge Jesus e diminuir-lhe os poderes de contratar quem entende, levando-o a apostar mais na formação.
Depois do jogo de ontem e sobretudo da inenarrável conferencia de imprensa de Jorge Jesus, a ideia que fica é que o treinador do Sporting quer reconquistar novamente espaço de manobra. Quer mais uma vez justificar a aposta em contratações caras e provavelmente fracassadas e que a formação nunca será para ele uma paixão ou uma aposta verdadeira. Para isso não hesita em queimar os nossos jogadores jovens, quer na forma como os lança em campo, quer como fala deles. Sabia que ao lançar os jovens, poderia usar essa desculpa se algo corresse mal. Claro que Palhinha teve alguma culpa na forma como aborda o lance do primeiro golo, mas este só acontece porque Schelotto não está onde devia.
Mais uma vez os laterais, pois Marvin também esteve novamente a um nível lastimoso, comprometeram a equipa. Mas neste mercado de Inverno, enquanto alguns foram buscar Soares, jogador que já nos foi proposto antes, outros optaram (ou foram obrigados por limitações financeiras?) por não contratar ninguém.
A diferença entre acreditar ainda que se podia ir buscar o título e estar resignado à luta pelo terceiro lugar.
Jorge Jesus disse, entre outras alarvidades na conferencia de Imprensa, que “com a formação não vamos lá”. Um recado com destinatário certo: a Direcção e também os adeptos. Cabe agora a Bruno de Carvalho dar a resposta adequada a esta provocação e a todo o comportamento que o treinador tem tido, bem como as inúmeras faltas de respeito que tem mostrado para com o Sporting, tal como ter andado em grande parte do tempo a falar do rival, dos jogadores que lá lançou e do que lá conquistou.
Chega! Nós é que lhe pagamos 6 ou 8 milhões/ano (é sempre um enormidade) para nos dar títulos, para nos potenciar jogadores e não para os desvalorizar, para encontrar soluções e não desculpas esfarrapadas em que ele nunca é o culpado. E meu caro Jorge Jesus, convença-se de uma vez por todas, que há um equilíbrio entre apostar em jovens e contratar acertadamente. Algo que você claramente não quer e não sabe fazer.
Temos um treinador que não assume responsabilidades quando as coisas correm mal, mas que reivindica méritos quando correm bem. Infelizmente esta época não há méritos para assumir.
Numa altura em que se aproximam eleições, é bom que os sócios não associem críticas legítimas ao que se está a passar com a equipa de futebol, a este processo eleitoral. Sob a pena de perdermos mais tempo e de não tomarmos as melhores decisões. A época está perdida e vai ser desastrosa e a recuperação novamente dolorosa.
Pedro Madeira Rodrigues não tem sido hábil na forma como conduz a campanha. Cometeu já várias gaffes que lhe podem custar caro. Mas uma coisa é certa, seja quem for que saia vencedor das eleições, Jorge Jesus é neste momento parte do problema e não da solução. E tudo indica que isso vai continuar a acontecer nos próximos dois anos. É que por culpa de Bruno de Carvalho, o Sporting está amarrado a este treinador por uma indemnização monstruosa. A menos que ele se encha de vergonha e peça para sair, ou alguém o venha buscar e seja suficientemente tolo para lhe pagar o que nós pagamos... Portanto, agora resolvam o imbróglio que criaram.
Entretanto nas redes sociais, vai-se desculpabilizando tudo isto e dizendo que a culpa é dos adeptos. Esses malandros que ficam aborrecidos de estarem em terceiro lugar. Os tais que servem para encher estádios, comprar Gameboxes, etc, mesmo com a equipa a não ganhar nada.
Os sportinguistas entretanto vão sofrendo como sempre aconteceu e só lhes resta esperar por dias melhores e continuar a apoiar um clube que tão mal servido tem sido em termos de quem o dirige e orienta».
A Livraria Simões encerrou em 2015 quando o seu dono, Carlos Simões, então com 72 anos, foi obrigado a fechar portas devido a uma ordem de despejo por incapacidade de suportar uma renda 700 euros.
O alfarrabista viu-se obrigado a abandonar a loja da Rua do Alportel, em Faro, em julho de 2015 sem contudo ter conseguido levar consigo os milhares de livros que reuniu ao longo de 36 anos de atividade.
Quando encerrou a livraria, Carlos Simões já anunciava que pretendia oferecer os seus livros, caso nenhuma biblioteca tivesse interesse em recebê-los.Por isso, a loja da Rua do Alportel abriu ontem, 4 de Fevereiro, entre as 10h00 e as 12h30, para quem quisesse fosse lá escolher e levar todo o espólio de forma totalmente gratuita.
A Associação de Valorização do Património Cultural e Ambiental de Olhão (APOS), responsável pelo processo de escoamento dos livros da loja não estava à espera de tamanha procura. Vieram pessoas de todo o país. E formaram-se longas filas para levarem os 500 mil livros que foram acumulados pelo último alfarrabista de Faro. Em apenas duas horas foi esvaziada a loja.
Faro foi a cidade onde, em 1487, se imprimiu o primeiro livro português, e ficou, desde 2015, sem o seu último alfarrabista.
À semelhança de um vídeo realizado por um programa de humor holandês, o programa 5 Para a Meia-noite, exibido na RTP, também fez um vídeo de apresentação de Portugal a Donald Trump - «America first Portugal second».
A Assembleia da República vai debater hoje uma petição do movimento cívico «Direito a Morrer com Dignidade» que defende a despenalização da morte assistida em Portugal.
O tema é polémico e tem dividido opiniões. Não tenho ainda uma opinião formada e definitiva sobre o tema, aliás como a maioria da população portuguesa, razão pela qual se deve lançar um debate alargado como bem sugeriu o Presidente da República.
Em todo o caso, julgo que há mais argumentos contra a morte medicamente assistida do que a favor. Desde logo os religiosos, éticos, morais e jurídicos.
Do ponto de vista religioso a Eutanásia é tida como uma usurpação do direito à vida humana.
Na perspetiva da ética médica a vida é considerada como um dom sagrado sobre o qual o médico não pode decidir sobre a vida de alguém. Os médicos, quando se formam, fazem o Juramento de Hipócrates, onde juram não matar e onde garantem, expressamente, todos os meios de sobrevivência aos seus pacientes.
Acresce, que a legalização da eutanásia poderia colocar em causa a relação médico /paciente. A legitimação da morte medidamente assistida levaria a que a mesma se aplicasse de forma discricionária, tendo como consequência a morte sem o consentimento das pessoas em causa. Depois, dada a dificuldade de se prever o tempo de vida que resta ao doente, bem como a possibilidade de erro no diagnóstico médico, poderia conduzir a falecimentos precoces e sem sentido.
Do ponto de vista meramente jurídico, a nossa Constituição assegura aos cidadãos o direito à vida plena. O ato médico de retirar a vida a um doente a seu pedido e com o seu consentimento é punível por via do artigo 134º do Código Penal, e chama-se «homicídio a pedido da vítima». Não há, no entanto, na história da justiça portuguesa qualquer caso que, por via deste artigo, tenha chegado à fase de acusação.
Estes argumentos parecem importante e suficientes para que se alargue a natureza do debate e a questão do sentido da vida adquira importância na discussão acerca da melhor maneira de morrer. Por isso, só favorável a que este assunto seja referendado.
Aliás, o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, recém-eleito, já defendeu um referendo sobre o assunto, afirmando que o tema deve ser debatido por toda a sociedade portuguesa e que o parlamento não tem competências para tomar uma decisão deste tipo.