Não escrever um romance na «horizontal», com a narrativa de peripécias que entretêm. Escrevê-lo na «vertical», com a vivência intensa do que se sente e perturba.
Vergílio Ferreira
Todos os anos, nas férias da Páscoa, milhares de estudantes do ensino secundário aproveitam as férias da Páscoa para rumarem ao sul de Espanha e poderem usufruir da viagem de finalistas. A escolha recai normalmente em alguns destinos do Sul de Espanha que vieram substituir Lloret del Mar que ficou conhecida entre os portugueses pelos piores motivos, já que foi o local da morte de dois estudantes nacionais, há uns anos.
O bom tempo de praia e as atrações noturnas a preços convidativos, atraem com facilidade jovens que planeiam uma semana de folia com muito álcool e drogas à mistura.
Estas viagens que já se converteram num negócio de milhões e numa forma de turismo de massas, infelizmente também se transformaram numa fonte de problemas para muitos.
Foi o que aconteceu no passado sábado em que, segundo o jornal espanhol “El País”, os responsáveis do hotel onde estava alojado um grupo de 800 estudantes portugueses do ensino secundário confirmou que expulsou os jovens por atos vandalismo, depois de terem «destruído azulejos, atirado colchões pelas janelas, esvaziado extintores nos corredores do hotel e colocado uma televisão na banheira» e que terão feito queixa junto das autoridades, alegando que nunca tinham presenciado nada igual.
E aqui, parece-me, a responsabilidade não deve ser imputada aos professores. Muitos professores nem em contexto escolar conseguem construir uma relação de autoridade, como se espera então que isso aconteça num ambiente de maior liberdade, em que os jovens consideram que estão ali para se divertirem e viver o momento e acham que o professor não tem de interferir nas suas atividades?
Numa viagem de lazer, os alunos entendem que já não existe a relação professor-aluno e tendem a não respeitar qualquer regra que lhes seja imposta. Existe apenas uma vontade de viver tudo naqueles dias, como se não houvesse amanhã, e a grande maioria desconhece o que é «liberdade com responsabilidade».
Parece-me que com 17 ou 18 anos é muito cedo para um adolescente viajar sozinho, por sua conta e risco, sem controlo dos pais. Sendo a grande maioria menor têm necessariamente que ter autorização dos progenitores para poderem viajar, assim sendo julgo que a principal responsabilidade terá que ser imputada aos pais que autorizaram a viagem e agora terão de assumir as suas responsabilidades.
Depois de Nice, Berlim e Londres, Estocolmo viveu ontem um verdadeiro cenário de horror, quando um camião voltou a ser usado como arma de terror, atingido várias pessoas na rua Drottninggatan, no centro da cidade, embatendo depois no centro comercial Ahlens City. E este é já o quarto grande ataque deste género que se regista na Europa nos últimos nove meses, depois de Nice, Berlim ou Londres.
Curiosamente ou talvez não, o incidente ocorreu dois meses depois do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter sido amplamente ridicularizado por se referir a um atentado terrorista inexistente na Suécia. Embora o país seja conhecido pelo baixo índice de violência, as afirmações de Trump abriram um debate sobre as consequências das políticas de portas abertas para refugiados em 2015, que levou 163 mil pessoas a pedirem asilo.
A Europa está em alerta para potenciais episódios terroristas, mas o modus operandi que tem sido usado nestes últimos ataques torna-os imprevisíveis o que significa que nenhum país da Europa está a salvo.
Por isso, são necessárias e urgentes ações concertadas entre todos os estados-membros, para que estas tragédias possam ser evitadas.
Se nada for feito, o objetivo dos agressores será cumprido, a escalada de violência prosseguirá e chegará o dia em que a notícia de mais um atentado na Europa provocará apenas um «encolher de ombros».
A entrevista de Passos Coelho nas SIC foi politicamente desinteressante. Percebe-se. O problema do discurso do PSD é o vazio que ele encerra. Como é que o PSD pode vir defender a classe média, quando lhe aplicou doses cavalares de austeridade? Como é que se é contra o aumento dos impostos, quando o próprio os aumentou de forma desmedida? Como é que se critica o governo, quando se tem telhados de vidro?
A certa altura Passos Coelho reconheceu que o Governo atingiu realmente a meta do défice, mas diz que isso só foi possível porque «mudou de estratégia e recorreu a medidas extraordinárias», que, para ele, seriam o tal Plano “B”.
Acontece que o défice ficou nos 2,1% e, mesmo sem as receitas extraordinárias que todos os governos aplicam, ficaria, segundo a insuspeita Unidade Técnica de Apoio ao Orçamento (UTAO) da Assembleia da República, pelos 2,4%. Diga-se, em abono da verdade, que tal aconteceu sem aumento da carga fiscal, pelo contrário, até houve uma queda ligeira. As contas agora parecem suficientemente consolidadas para o Conselho De Finanças Públicas de Teodora Cardoso avançar com uma previsão de 1,75 de défice para 2017.
Resumindo: a única mensagem clara desta entrevista foi para o interior do partido, ao avisar os seus adversários políticos que não se demite caso tenha um mau resultado autárquico. Quanto ao resto…. Foi mais do mesmo.
Estavam decorridos dois minutos de jogo entre o Rio Tinto-Canelas da Divisão Elite da A. F. Porto, quando o avançado Marco Gonçalves, na sequência da amostragem de cartão vermelho por agressão a um jogador da equipa adversária resolveu o assunto agredindo o árbitro da partida José Rodrigues, com uma joelhada, fraturando-lhe o nariz em três partes.
Marco Gonçalves foi entretanto detido e presente a um juiz, tendo sido constituído arguido e ficando com «termo de identidade e residência», a medida de coação mais leve. O clube já anunciou ter afastado o jogador, que teve um ataque de amnésia e declarou não se lembrar de ter agredido o juiz. A Federação Portuguesa de Futebol repudiou o incidente e prometeu fazer deste um caso exemplar.
O episódio é naturalmente chocante e condenável, mas é não surpreendente. Só se pode mesmo surpreender quem andar muito distraído. Há muito tempo que impera um ambiente de terror movido pelos jogadores do Canelas. Os clubes adversários e os árbitros queixavam-se sistematicamente do clima de intimidação que se vivia nos jogos com o Canelas. Jogadores e dirigentes denunciaram comportamentos violentos dos jogadores e pressão constante sobre as equipas de arbitragem. De tal maneira que muitos adversários recusaram-se a comparecer aos jogos ainda que tivessem de pagar uma multa.
Com isso, o Canelas, com sucessivas vitórias - por falta de comparência -, foi trepando na tabela classificativa e, fruto disso, comanda o campeonato distrital. Tudo isto com o beneplácito da Associação de Futebol do Porto.
Os dirigentes da FPF e AFP sempre fizeram sempre vista grossa. A Associação Futebol do Porto muito mais, afinal são duas faces da mesma moeda que durante as últimas décadas têm agido com total impunidade no futebol português.É bom lembrar que esta equipa é constituída por elementos dos Super Dragões, e tem como capitão precisamente o líder da claque, Fernando Madureira, conhecido por Macaco.
Concluindo: eu espero que depois de tudo isto o jogador do Canelas seja severamente castigado e que o Canelas seja despromovido no mínimo.
A presidente do CDS-PP criticou a venda do Novo ao fundo norte-americano Lone Star, por «não ter atingido nenhum dos objetivos a que se propôs».
Na perspetiva do CDS o Governo falhou em toda a linha nesta matéria dado que «não vendeu o banco na sua totalidade como se tinha proposto, vendeu apenas 75% e não encaixou um cêntimo sequer para o Fundo de Resolução»
Que desplante! Quando a própria confessou, não há muito tempo, que aprovou um decreto-lei, a pedido de Maria Luís Albuquerque, quando se encontrava de férias, que desconhecia por completo, mas assinou de cruz sem o ler!
Não sei se a venda foi boa ou má, o que eu sei é que Assunção Cristas deveria estar caladinha, porque, sobre este assunto, não tem moral para falar.
Teresa Leal Coelho, candidata do PSD a Lisboa deu a sua primeira entrevista ao Observador depois de ser escolhida pelo PSD como candidata ao Município de Lisboa e a coisa não lhe correu lá muito bem.
Senão vejamos:
A primeira grande promessa da candidata do PSD a Lisboa foi baixar o IMI para 0%. Os lisboetas certamente aplaudiriam de pé esta medida, caso fosse possível pô-la em prática, mas não é, porque os valores deste imposto são definidos anualmente no Orçamento do Estado, no qual são indicados um limite mínimo e um teto máximo, que se situa entre os 0,3% e os 0,45%. Às autarquias compete, dentro desse margem, indicar um valor. O IMI de Lisboa já está na taxa mínima. Acresce, ainda, que esta é a principal fonte de receitas da autarquia e como tal é impensável um município poder renunciar a esta receita.
Mas baixar o IMI para 0% não é a única medida que a candidata pretende tomar, caso seja eleita, o que se espera não venha a acontecer. Leal Coelho promete reduzir também a fatura da água: «seguramente que irei revogar a taxa de proteção civil que é paga no âmbito da fatura da água, por ser “inconstitucional” e “injusta”». Ora, na fatura da água, os lisboetas pagam várias taxas à Câmara: a de saneamento, a de resíduos urbanos e a de consumos coletivos, mas não a de proteção civil que é cobrada através de uma notificação. Sucede que a mesma rendeu 21,6 milhões de euros em 2016 aos cofres da Câmara de Lisboa, por isso também não se afigura provável a Câmara poder dispensar esta fonte de receita.
A candidata do PSD diz que a assiduidade não é bitola, mas promete «mais assiduidade como presidente da câmara» e justifica a sua ausência, enquanto vereadora, nas reuniões da câmara, alegando que as substituições «decorreram quase exclusivamente para assegurar outras responsabilidades políticas».
Sabemos que Teresa Leal Coelho foi para ai a 36ª (?) escolha do PSD. Sabemos bem que esta não é uma candidata ganhadora, mas que foi lançada às feras em desespero de causa.
Por aqui se vê como o PSD anda desesperado recorrendo ao populismo mais básico. Mas convinha que a senhora soubesse minimamente ao que vai e do que fala para não fazer estas tristes figuras, porque esta não é uma militante qualquer do partido. É a vice-presidente do PSD.