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Narrativa Diária

Não escrever um romance na «horizontal», com a narrativa de peripécias que entretêm. Escrevê-lo na «vertical», com a vivência intensa do que se sente e perturba. Vergílio Ferreira

Narrativa Diária

Sex | 23.02.18

A eleição de Fernando Negrão

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Fernando Negrão era candidato único a líder da bancada do PSD, substituindo, assim, Hugo Soares. Mas, na eleição conhecida ontem, Negrão, que tinha apoiante de Pedro Santana Lopes, recolheu  apenas 35 votos a favor, 32 brancos e 21 nulos e foi eleito com 39,3% dos votos. 

 

É uma eleição com uma votação anormalmente baixa para o que é habitual no PSD, dado que nem metade dos deputados social-democratas se mostram favoráveis a Negrão como líder de bancada. Recorde-se, a título de exemplo, que na última eleição Hugo Soares conseguiu 85,4% dos votos. Há quem considere que, para ser eleito legitimamente, Fernando Negrão deveria ter  pelo menos 50% dos votos mais um, ou seja, neste caso, 45 votos já que dos 89 deputados, votaram 88. Contas feitas, 53 deputados sociais-democratas não deram o seu aval ao nome escolhido por Rui Rio para liderar a bancada doo PSD no Parlamento, o que coloca o líder parlamentar numa posição desconfortável.

 

Importa saber que ilações retirará agora Rui Rio desta eleição, bem como se quererá contar com um líder parlamentar que não conseguiu unir a bancada do maior partido da Assembleia da República.

 

Primeiro Malheiro, depois Elina Marlene, agora Negrão. Será que o atual presidente do PSD não acerta uma?

Ter | 20.02.18

Novienta e ocho

 

 

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Sim, marcámos o golo da vitória aos 90’+8! E então? Até ao apito do árbitro vale. Isto não foi inédito no campeonato português. Já tinha acontecido anteriormente com Benfica e FCPorto. É um pouco estanho que adeptos destes clubes agora venham criticar. É também um aviso às equipas que queimam tempo e fazem antijogo no tempo extra, arriscam-se a que estas situações aconteçam.

Dom | 18.02.18

Ética à moda de Rui Rio

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O 37.º Congresso do PSD ficou marcado pela despedida de Pedro Passos Coelho e a entronização de Rui Rio.

 

Rio conseguiu mais um conselheiro nacional que Pedro Passos Coelho havia conseguido em 2016, mas tem menos apoiantes. Para a direção, teve um resultado mais negativo que o pior de Passos: 35% de votos nulos.

 

Numa mensagem enviada aos militantes sociais-democratas, o novo presidente do partido agradeceu a «confiança» e pediu «grande unidade» do PSD para enfrentar o futuro.

 

Mas algumas escolhas de Rui Rio estão a pôr em causa a unidade pretendida no PSD, começando pela nomeação de Elina Fraga como vice-presidente do partido. A escolha caiu mal em alguns meios sociais-democratas. É que a ex-bastonária da Ordem dos Advogados chegou a avançar com uma queixa-crime contra o governo de Passos Coelho. Numa investigação às contas da própria bastonária, também foram encontradas irregularidades enquanto Bastonária da Ordem dos Advogados, de acordo o Observador.

 

Também Salvador Malheiro, presidente da Câmara de Ovar é um «ativo tóxico». O «Relvas de Rui Rio» como já é conhecido e a quem Rio deve a sua eleição, usou e abusou do caciquismo local.

 

O autarca de Ovar terá, alegadamente, reunido alguns votos na eleição de Rio para a distrital de Aveiro do PSD, de forma menos transparente, proporcionando transporte a militantes fantasma do PSD com moradas falsas, dezenas de pessoas com o mesmo número de telemóvel atribuído nas fichas de inscrição no partido e o pagamento de quotas à última hora a dezenas de militantes.

 

Algumas irregularidades no Município de Ovar são também conhecidas e divulgadas. Em causa estão 2,2 milhões de euros distribuídos a clubes e associações desportivas do concelho para a instalação de relvados sintéticos nos respetivos campos de futebolos, sem concurso prévio,  com o beneplácito do presidente do Município. Muitos destes contratos foram diretamente adjudicados pelos clubes à Safina, empresa de Pedro Coelho, líder da concelhia do PSD de Ovar,posteriormente vereador no executivo camarário de Salvador Malheiro. 

 

Pese embora as suspeitas que recaíram sobre Salvador Malheiro, estas não foram suficientes para dissuadir Rio de lhe dar uma responsabilidade maior do partido: foi escolhido para seu vice-presidente, ou seja, passa a ter assento na Comissão Permanente do partido.

 

Por isso, sobre o prometido banho de ética na política que Rui Rio apregoava, ficámos desde já esclarecidos. A credibilidade de Rui Rio sai também naturalmente beliscada.

Sab | 17.02.18

«Esse corpo estranho chamado PSD»

 

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Se no plano desportivo muitas vezes discordo de Miguel Sousa Tavares, no plano político, quase sempre, estou de acordo com ele. Vem isto a propósito de um texto seu publicado hoje no Expresso e que recomendo vivamente que o leiam:

 

«Há muitos anos, José Pacheco Pereira explicou-me quais eram as virtualidades intrínsecas do PSD, que o distinguiriam dos demais partidos políticos portugueses: o PSD seria o mais português de todos os partidos, representava genuinamente o maior denominador comum entre os portugueses dos vários estratos sociais, das várias regiões, das várias profissões, dos vários níveis culturais. Achei que ele tinha razão, mas não achei que isso fosse necessariamente muito recomendável: um partido ajudado a fundar por Ruben A. e que ia até… Valentim Loureiro! Mas a verdade é que isso fazia do PSD o partido indispensável a Portugal: podia estar-se fora, até se podia, circunstancialmente, chutá-lo para fora do Governo, mas jamais afastá-lo realmente do poder — das autarquias, das regiões, das grandes empresas, públicas e privadas, das corporações encostadas ao Estado.

 

Durante os dez anos da governação de Cavaco Silva, o partido estabeleceu, de forma firme, maciça e sustentável, como agora se diz, as bases de um poder, construído em pirâmide, de baixo para cima, para durar até à eternidade. Da mais recôndita botica do país, da mais remota freguesia, passando por todas as concelhias e distritais do rectângulo, o PSD montou todo um exército de militantes, caciques, autarcas e jovens em estágio para o poder, que, passo a passo, estrutura pública por estrutura, acabou por significar uma sufocante teia de empregos, sinecuras e postos aparentemente adormecidos de influência.

 

Sim, calma! Eu sei que o PS fez o mesmo onde pôde e o PCP não fez diferente nos seus coutos eleitorais do sul. Mas nesses dez anos determinantes foi o PSD que inaugurou o estilo, semeou os seus por toda a parte e mais tarde colheu os frutos como nenhum outro. E, apesar de tudo, acontece que o PSD nunca teve para apresentar ao país homens de um nível cívico e político como Mário Soares, Salgado Zenha ou António Guterres. Ninguém saído da sede da Buenos Aires conseguiu ultrapassar a fronteira do Caia e ser conhecido e prestigiado lá fora como Soares e Guterres.

 

Nesses dez anos de mando de Cavaco, o PSD viveu tempos de uma paz interna como nunca antes nem depois: o chefe era incontestado e infalível, as vitórias eram robustas, o bolo chegava para todos. Unia-os o poder, o único cimento que podia unir um partido que, desde a sua fundação, nunca conheceu um verdadeiro debate ideológico, por mais que o mundo e os tempos fossem mudando. Mas assim que Cavaco se ergueu ao assento etéreo a que estava destinado em Belém, e logo que Durão Barroso se pirou, sem sequer olhar para trás, à primeira oportunidade caída do céu, o PSD regressou ao seu hobby preferido: a conspiração interna e eterna. Para quem vê de fora, é muito difícil seguir as guerras de nomes e as alianças que lá dentro se fazem e desfazem e, sobretudo, perceber o que lhes está subjacente, além da contagem de espingardas, cargos, nomeações, caciques eleitorais, negócios ou qualquer outra coisa. Raras, raríssimas vezes, política.

 

Aos poucos, as coisas foram até piorando, pois que, como sucedeu também no outro grande partido tradicional de governo, o PS, os melhores foram-se afastando. Por razões que têm que ver com o desgaste da actividade política exposta a alguma imprensa de sarjeta ao nível do esgoto das redes sociais, mas também do massacre do estilo de cacicagem constante a que obriga a ascensão interna dentro de um partido. António José Seguro exemplificou-o bem no PS: não era preciso ter nenhuma ideia ou projecto político a prazo mais longo do que quinze dias: era preciso, sim, saber de cor o nome de todos os presidentes das distritais e concelhias e, se possível, dos vice-presidentes, das mulheres e dos filhos. Isso fechou as portas a quem vinha de fora, a quem tinha outra vida lá fora ou a quem tinha mais que fazer. Tal como Seguro, no PS, também Passos Coelho veio assim lá de baixo, da juventude partidária do PSD, até ao topo: toda uma escola de militância, não de reflexão política. Quando se sentiu preparado, escreveu um livrinho com umas ideias básicas e mágicas de como governar Portugal (fruto de várias contribuições de gente simples com ideias básicas) e ficou à espera que o poder lhe caísse nos braços. Caiu-lhe, sim: caí-lhe o poder, a troika e Paulo Portas. Convenhamos que era demais para qualquer um, quanto mais para quem tudo o que tinha de experiência na vida era ter colado cartazes na JSD e ter concorrido a uns fundos europeus para fazer formação para um suposto pessoal de uns aeródromos-fantasmas com que o interior do país iria ser coberto, sabe-se lá para quê, para quem ou para que aviões. Exactamente o oposto do desperdício que ele depois nos venderia como o mal absoluto a abater — e com razão.

 

Já toda a gente disse de Passos que a sua principal característica, e até qualidade, era a teimosia. A teimosia é, de facto, uma qualidade, desde que se esteja certo: Churchill é o melhor exemplo histórico disso. Mas quando se está errado, a teimosia de um governante é apenas um sintoma de arrogância do próprio e um desastre para os governados. Pagámos muito cara a teimosa obstinação de Passos com a versão punitiva-austeritária que Bruxelas e Berlim nos impuseram e que hoje todos, menos Passos, reconhecem ter sido, na sua dimensão e na sua duração, um erro que nos custou sacrifícios inúteis e trágicos. Não sendo, seguramente, nem uma pessoa mal intencionada nem desonesta, não tendo, como tantos outros, usado a política para seu benefício pessoal, chega a ser impressionante como é que essa teimosia de Passos Coelho não lhe permitiu reconhecer contra a opinião revista de todos os seus parceiros de então — UE, BCE, FMI — e contra todos os factos e números — crescimento da economia e do emprego, aumento das exportações, diminuição acelerada do défice — que afinal podia haver outro caminho que não o do “empobrecimento criativo”. É ele contra dez milhões de portugueses. Quando este fim-de-semana fizer o seu discurso de despedida do PSD, certamente que será amargo e pessimista, como vem sendo sempre, desde que a impensável jogada florentina de António Costa lhe roubou uma vitória eleitoral que, dadas as circunstâncias, tinha sido até notável. Dirá que os bons números da economia escondem um ciclo de ilusão que mais tarde ou mais cedo se esfumará, assim que razões internas ou externas dissiparem o nevoeiro e ficar a nu que nada de essencial este Governo fez para evitar que nos encontremos desarmados perante nova crise como a de 2008. Terá razão nisso, apenas lhe faltará explicar como é que com tantos sacrifícios impostos pelo seu Governo, com um ambiente propício a limpar de vez tantos cancros instalados na administração do país, ele se limitou a ter coragem para fazer o mal gratuitamente.

 

Avança então esse notável desconhecido que é Rui Rio. Ainda mal abriu a boca e já um saco de gatos lhe saiu ao caminho, uns criticando-lhe o que não disse, outros exigindo-lhe que diga o que os vencidos das eleições internas disseram. Um tal de Pinto Luz, ainda mais desconhecido da gente, ou um “senador”, como Marques Mendes, querem que ele garanta já que votará contra o Orçamento de 2019, a apresentar daqui a nove meses — antes de fazer uma pequena ideia das suas linhas gerais e da conjuntura interna e externa de então. Outros exigem-lhe uma oposição “dura” e intransigente” a qualquer aproximação ou proposta do PS, de modo a empurrar Costa para os braços e as exigências da extrema-esquerda. Acham que esse extremar de posições do PS, fomentado pelo PSD, será o caminho para a derrota de Costa. E se não for, se Rio não aproveitar, será o caminho para o afastamento deste. Chama-se a isto no bridge deixar o adversário squezeed: se puxar a espadas, ele lixa-o nas copas; se puxar a copas, ele lixa-o nas espadas. E o país? Ah, isso agora não interessa nada! É o PSD em congresso».

 


(Miguel Sousa Tavares, Expresso, de 17 de fevereiro de 2018)

Qui | 15.02.18

Pela boca morre o peixe!

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Pois é Miguel, isto calha a todos, por isso não devemos cantar de galo. Também o Sporting já sofreu essa humilhação com o Bayern de Munique, o Benfica com Basileia e agora o Porto com o Liverpool.

 

O FC Porto teve uma prestação fraca, sem discernimento ou contudência, ao contrário de quando joga com equipas portuguesas. E isso não é por acaso. Ontem a diferença de valores entre os dois conjuntos ficou bem patente. Embora o resultado seja difícil de engolir, teremos que aceitar e encarar a realidade sem dramas. Aqui imperam as leis do mercado: que tem mais dinheiro pode contratar melhores jogadores.

 

Muitas vezes interrogamo-nos os valores pagos por certos clubes ingleses para adquirirem certos jogadores, como são possíveis tais loucuras? Pois bem, existem muitas formas de arrecadar receitas na Premier League: publicidade (nas mais variadas formas), bilheteira, venda de produtos de merchandising mas, principalmente os direitos televisivos que chegam a ser astronómicos, o que permite, por exemplo, que uma equipa do meio da tabela possa contratar bons jogadores e  torna a Premier League como a melhor e mais competitiva liga, não só da Europa como de todo o mundo!

Seg | 12.02.18

Jorge Jesus critica VAR

 

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Jorge Jesus cometou a atuação do VAR no jogo Sporting-Feirense e eu não posso estar mais de acordo com ele:«o VAR é uma "farramenta" » (e não, uma ferramenta).

 

Porque, na verdade, aquilo foi memo uma farra, já que o responsável pelo VAR anula um golo obtido de forma regular pelo sporting, ignorando o que está vertido no protocolo da UEFA!

 

Doumbia marcou um golo limpo e o Sr.Manuel Oliveira(VAR), por incompetência ou má-fé, omitiu parte da imagem do lance que origina o golo, levando o árbitro Luís Ferreira a invalidar o golo.

 

Lamentável o que se passou ontem em Alvalade!

Dom | 04.02.18

Ainda a iInvestigação do MP a Centeno

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O Ministério Público quis dar um sinal de que atua independentemente de quem são os visados, e de que ninguém está acima da lei, mas cobriu-se de ridículo, não há outro modo dizer isto.

 

O facto de Mário Centeno ser presidente do Eurogrupo fez o caso ganhar proporções internacionais. Vários jornais noticiaram a investigação e o PPE apresentou uma proposta para que o assunto fosse discutido no Parlamento Europeu. Foi o próprio António Costa a afiançar, em Bruxelas, que o assunto «está encerrado» e  «só por má informação o PPE tinha pedido que o tema fosse debatido» e, quando foi esclarecido da irrelevância do tema, tomou ele próprio a iniciativa de o retirar. Não é assunto».

 

Não fossem as repercussões que o caso teve a nível internacional, eu diria: ainda bem que o MP investigou Mário Centeno, caso contrário as suspeitas ridículas manter-se-iam para sempre. Seria uma mancha que ficaria agarrada à pele do ministro para todo o sempre. Deste modo, o MP vasculhou o gabinete e o computador do chefe de gabinete do ministro das Finanças, para concluir em 6 dias que o que parecia ridículo era, de facto, ridículo e arquivou o processo.

 

Neste processo o Ministério Público sai mal na fotografia porquanto: mostrou insensatez ao seguir a pista de um tabloide que só pensa em vender jornais, sem se preocupar com a veracidade dos factos, e mostrou  incompetência ao desconhecer que o alegado perdão fiscal ao filho Luís Filipe Vieira, não se trata de um perdão, mas de uma isenção automática que não depende do Ministério das Finanças, tutelado por Mário Centeno, mas de um parecer da Câmara de Lisboa.