Ética à moda de Rui Rio
O 37.º Congresso do PSD ficou marcado pela despedida de Pedro Passos Coelho e a entronização de Rui Rio.
Rio conseguiu mais um conselheiro nacional que Pedro Passos Coelho havia conseguido em 2016, mas tem menos apoiantes. Para a direção, teve um resultado mais negativo que o pior de Passos: 35% de votos nulos.
Numa mensagem enviada aos militantes sociais-democratas, o novo presidente do partido agradeceu a «confiança» e pediu «grande unidade» do PSD para enfrentar o futuro.
Mas algumas escolhas de Rui Rio estão a pôr em causa a unidade pretendida no PSD, começando pela nomeação de Elina Fraga como vice-presidente do partido. A escolha caiu mal em alguns meios sociais-democratas. É que a ex-bastonária da Ordem dos Advogados chegou a avançar com uma queixa-crime contra o governo de Passos Coelho. Numa investigação às contas da própria bastonária, também foram encontradas irregularidades enquanto Bastonária da Ordem dos Advogados, de acordo o Observador.
Também Salvador Malheiro, presidente da Câmara de Ovar é um «ativo tóxico». O «Relvas de Rui Rio» como já é conhecido e a quem Rio deve a sua eleição, usou e abusou do caciquismo local.
O autarca de Ovar terá, alegadamente, reunido alguns votos na eleição de Rio para a distrital de Aveiro do PSD, de forma menos transparente, proporcionando transporte a militantes fantasma do PSD com moradas falsas, dezenas de pessoas com o mesmo número de telemóvel atribuído nas fichas de inscrição no partido e o pagamento de quotas à última hora a dezenas de militantes.
Algumas irregularidades no Município de Ovar são também conhecidas e divulgadas. Em causa estão 2,2 milhões de euros distribuídos a clubes e associações desportivas do concelho para a instalação de relvados sintéticos nos respetivos campos de futebolos, sem concurso prévio, com o beneplácito do presidente do Município. Muitos destes contratos foram diretamente adjudicados pelos clubes à Safina, empresa de Pedro Coelho, líder da concelhia do PSD de Ovar,posteriormente vereador no executivo camarário de Salvador Malheiro.
Pese embora as suspeitas que recaíram sobre Salvador Malheiro, estas não foram suficientes para dissuadir Rio de lhe dar uma responsabilidade maior do partido: foi escolhido para seu vice-presidente, ou seja, passa a ter assento na Comissão Permanente do partido.
Por isso, sobre o prometido banho de ética na política que Rui Rio apregoava, ficámos desde já esclarecidos. A credibilidade de Rui Rio sai também naturalmente beliscada.