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Narrativa Diária

Não escrever um romance na «horizontal», com a narrativa de peripécias que entretêm. Escrevê-lo na «vertical», com a vivência intensa do que se sente e perturba. Vergílio Ferreira

Narrativa Diária

Sab | 28.04.18

Uma pedrada no chaco

Margarida Balseiro Lopes, natural da Marinha Grande, nasceu em 1989, 16 anos após o 25 de Abril. É a recente líder da JSD e foi a escolhida para fazer o discurso em representação do PSD na sessão solene que assinalou os 44 anos do 25 de Abril na Assembleia da República.

 

O seu discurso inteligente, claro, escorreito e mobilizador, foi como uma pedrada no charco, que me faz ter esperança no futuro e nas novas gerações.

 

Sem ponta de sectarismo, Margarida Balseiro Lopes transportou para o seu discurso um tema controverso: a corrupção.

 

A corrupção que capturou e envolveu a nossa classe política, num passado recente, a qual, por isso mesmo, foge como o diabo da cruz de um debate sério sobre o tema. Veja-se os discursos no 25 de Abril. Apenas o Presidente da República e a presidente da JSD, falaram sobre corrupção.

 

Trata-se, como disse Margarida Balseiro Lopes, «da defesa do erário público da captura por interesses particulares». E por isso há que ter «a coragem para reformar o sistema político, introduzindo transparência para que sejam conhecidos todos os interesses particulares. A opacidade só serve os prevaricadores, os menos sérios, os corruptos, debaixo de um manto que os encobre, a generalização do 'são todos iguais'», afirmou. «Mas não, não são todos iguais. Não somos todos iguais», afirmou.

 

Margarida apelou ainda à classe política dizendo que «não é um campeonato, onde os nossos ganham ou perdem, e as vitórias de uns são as derrotas de outros». «Demasiadas vezes, para que os partidos ganhem, são as pessoas que perdem», salientou.

 

Terminou o seu discurso com um belo poema de Miguel Torga: «Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino».

Qua | 18.04.18

As viagens de deputados das Regiões Autónomas

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O Expresso noticiou, no passado fim-de-semana, que vários deputados eleitos pelas regiões autónomas da Madeira e dos Açores recebem uma dupla ajuda para pagar as viagens ao continente. Há, ao que tudo indica, sete deputados que são reembolsados duplamente por estas viagens.

 

Recorde-se que os deputados das regiões autónomas têm direito a um subsídio de insularidade de 500 euros semanais, Para além deste subsídio, quando viajam, estes sete deputados das ilhas podem reclamar o reembolso do custo do bilhete a que têm direito, desde que apresentem um comprovativo dos CTT, o que dizem ser legal.

 

Os deputados visados já vieram admitir esta prática, garantindo tratar-se de um procedimento legal e fundamentam a dupla recompensa com o facto de muitas vezes não conseguirem comprar viagens em classe económica (valor calculado e pago pelo Parlamento) ou de os preços das viagens dispararem.

 

Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República, saiu em defesa dos deputados regionais, salientando que pelo «conteúdo do parecer dos serviços da Assembleia da República, agora divulgado, os deputados visados pela notícia não cometeram nenhuma ilegalidade, tendo beneficiado dos abonos e subsídios que sempre existiram, sem polémicas ou julgamentos de caráter». Sublinhou, ainda, que, «como presidente da Assembleia da República, como presidente de todos os deputados», não alinha «em dinâmicas que apenas visam diminuir a representação democrática com julgamentos éticos descabidos e apressados».

 

O caso das viagens de «deputados-fantasma» não é novo. Recorde-se que já antes o Tribunal de Contas tinha alertado a Assembleia da República para a existência de eventuais irregularidades nas viagens dos deputados. Era já tempo terem mudado a lei.

 

Esta notícia só vem, uma vez mais, realçar a imoralidade e falta de ética que grassa à volta da nossa classe política. Não deixa de ser curioso o facto de a notícia ter saído quando o país discute a carência dos hospitais públicos, onde crianças com cancro estão a serem tratadas nos corredores. Poupa-se na saúde, através da cativação de verbas, mas por outro lado permite-se que os deputados possam usufruir de regalias que colidem com os mais elementares princípios éticos e morais.

 

Registe-se, no entanto, o gesto do deputado Paulino Ascensão do BE. Um deputado que assumiu as suas responsabilidades e tirou a única consequência possível: a renúncia ao cargo. Um exemplo que devia ser seguido pelos demais deputados.

Sab | 14.04.18

Miloš Forman (1932-2018)

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Faleceu o realizador Miloš Forman, figura maior da 7ª arte, aos 86 anos, nos EUA. Nasceu a 18 de fevereiro de 1932, em Caslav, na antiga Checoslováquia. Filho de judeus, aos nove anos assistiu ao extermínio dos pais no campo de concentração de Auschwitz, na Polónia.

 

Forman concluiu o curso de Cinema da Universidade de Praga, tendo iniciado a sua carreira no cinema como ator e argumentista.

 

O realizador checo  conta com uma vasta e aclamada obra cinematográfica, mas ficou sobretudo conhecido pelos filmes Voando Sobre um Ninho de Cucos e Amadeus, dois emblemáticos filmes do cinema americano.

 

Em 1963 estreia-se com o Ás de Espadas e daí até ao primeiro prémio internacional foram apenas dois anos. Em 1965 ganhou o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro com Os Amores Duma Loura e em 1968 voltaria a receber o mesmo galardão com O Baile dos Bombeiros.

 

Com a invasão de Praga pelas tropas soviéticas, Miloš Forman refugia-se em Paris em 1968 e depois muda-se para os Estados Unidos da América onde realiza, em 1971, o seu primeiro filme em língua inglesa Os Amores Duma Adolescente.

 

Em 1973, Miloš Forman participou no documentário sobre os jogos Olímpicos de Munique: Vencedores e Vencidos. Em 1975 realiza Voando sobre um Ninho de Cucos, que projeta o ator Jack Nicholson, e com o qual ganha primeiro Óscar de Melhor realizador.

 

O musical Hair (1979), Amadeus (1985), segundo Óscar para Melhor Realizador, Valmont (1989), Larry Flynt (1996) e O Homem na Lua (1999) são outros dos filmes mais conhecidos deste brilhante realizador.

 

Miloš Forman era um dos meus realizadores favoritos. Realizou alguns dos melhores filmes de sempre e é aclamado como um dos melhores realizadores da sua geração.

Sex | 13.04.18

Sexta-feira 13

  

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A sexta-feira 13 é, sem dúvida, um dos dias mais assustadores do calendário, no campo das supertições.

 

Na verdade há uma tradição na cultura ocidental que associa o número 13 e também a sexta-feira ao azar. Então se o dia 13 coincide com uma sexta-feira, os mais supersticiosos prevêem um dia de infortúnio.

 

A origem da sexta-feira 13 é desconhecida. Existem, contudo, algumas versões, uma delas ligada ao cristianismo. Na última ceia, que aconteceu numa quinta-feira, Jesus ter-se-ia reunido com seus 12 apóstolos, totalizando 13 pessoas sentadas à mesa. Entre eles, estava Judas, o traidor. Acontece que Jesus morreu no dia seguinte, uma sexta-feira.

 

A imperfeição do número 13 também está ligada às inúmeras referências bíblicas: 12 tribos de Israel , 12 apóstolos. Assim, o número 13 destoaria.

 

Ainda no pensamento cristão, há uma linha teórica que aponta para que que Adão e Eva tivessem comido o fruto proibido numa sexta-feira e que Caim teria matado Abel nesse mesmo dia da semana.

 

Outra possibilidade de explicação da adversidade que envolve a sexta-feira 13 pode estar relacionada com a mitologia. Odin, o deus da sabedoria,  teria realizado um banquete e convidado outras doze divindades. Loki, deus da discórdia e do fogo, teria sido preterido e revoltou-se, tendo gerado polémica, a qual terminou com a morte de um dos comensais. Dai que, os mais supersticiosos, evitem sentar-se com 13 pessoas à mesa.

 

A sexta-feira 13 também poderá ter origem em explicações históricas, mais concretamente na monarquia francesa. Reza a História que o rei Felipe IV sentiu o seu poder ameaçado pela influência exercida pela Igreja dentro de seu país. Na tentativa de contornar a situação, tentou filiar-se na ordem religiosa dos Cavaleiros Templários, mas foi recusado. Como forma de vingança, o rei teria ordenado a perseguição dos templários a 13 de outubro de 1307, numa sexta-feira.

 

Diante destas lendas e teorias, quando ocorre uma sexta-feira 13, os mais supersticiosos evitam algumas crenças que lhes pode trazer mau agouro. 

Sab | 07.04.18

A crise no Sporting

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Bruno de Carvalho não escondeu o desagrado pela derrota (2-0) do Sporting em Madrid, diante do Atlético e reagiu no facebook, criticando os jogadores, nomeadamente a dupla de centrais (Coates e Mathieu) pelos erros cometidos nos golos colchoneros e Fábio Coentrão e Bas Dost, amarelados, que por faltas inescusadas vão falhar a segunda mão em Alvalade.

 

Obviamente que os jogadores leram e não gostaram de terem  sido repreendidos em público . Ao que consta, foi o treinador Jorge Jesus a “deitar água na fervura”, numa reunião com o plantel, que terminou com dois cenários em aberto: o boicote ao treino deste sábado ou um comunicado conjunto e público de todo o plantel.

 

Ao início de tarde de ontem, os danos causados por este conflito pareciam controlados, mas por volta das 18h00 os capitães Rui Patrício e William Carvalho publicaram um comunicado nas respetivas contas de Instagram, tendo de imediato sido seguidos por outros elementos do plantel, onde manifestavam todo o seu desagrado para com o presidente leonino, salientando que «não existem equipas perfeitas» e que não se «pode pensar apenas no 'Eu', mas sim no 'Nós' e sempre na equipa».

 

Os jogadores foram mais longe e frisaram que o plantel está descontente com as declarações do líder máximo dos leões: «Em nome de todo o plantel do SCP, espelhamos neste texto o nosso desagrado, por vir a público as declarações do nosso Presidente, após o jogo de ontem, no qual obtivemos um resultado que não queríamos... a ausência de apoio, neste momento..., daquele que deveria ser o nosso líder», começando por dizer, acrescentando que culpar publicamente não é a atitude que deve ser tomada. «Apontar o dedo para culpabilizar o desempenho dos atletas publicamente, quando a união de um grupo se rege pelo esforço conjunto, seja qual for a situação que estejamos a passar, todos os assuntos resolvem-se dentro do grupo», pode ler-se no comunicado.

 

Pouco depois, novamente via Facebook, Bruno de Carvalho, no seu estilo habitual  veio reagir, apelidando os jogadores de «meninos amuados» e «mimados» e anunciando medidas disciplinares a todos os atletas que subscreveram o comunicado.

 

O caldo estva entornado e corria-se o risco de o SCP ter que jogar com a equipa B e com os jogadosres que não tinham subscrito o comunicado.

 

Não tinha muitas dúvidas que tudo se iria resolver e amanhã o SCP entraria em campo com a equipa principal. Mas tudo isto era perfeitamente dispensável. A reprimenda teria que ser dada sim, mas no recato do balneário.

 

Bruno Carvalho quando foi eleito parecia ser o Presidente que vinha trazer a estabilidade que o Sporting necessitava. Mas o tempo veio demonstrar o contrário. Ele é o verdadeiro foco de instabilidade e tem arrastado o Sporting para várias polémicas sem sentido, como esta que estamos a viver agora, nunca antes vista no mundo do Futebol. Há já quem diga que tudo isto, não passa de uma manobra ardilosa que tem como propósito forçar uma reação do treinador para lhe mover um processo disciplinar e, com isso, promover o despedimento, invocando justa causa. A ver vamos.

 

Não obstante todas as fragilidades do Sporting ainda está em luta em três competições. Difícil? Certamente, mas duas delas estão perfeitamente ao nosso alcance: a taça de Portugal e a a passagem às meias finais da Liga Europa.

 

Agora, a melhor respota deverá ser dada dentro do campo.

Qua | 04.04.18

Inesquecível

 

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Se já nos faltavam adjetivos para classificar os records de Ronaldo, ontem, o capitão da seleção assinou uma verdadeira obra de arte que irá perdurar para os anais da história do futebol mundial.

 

Foi um golo colossal, de pontapé de bicicleta, contra a Juventus, na Liga dos Campeões, que deixou Buffon pregado no relvado e tem tido eco em todo o mundo.

 

Este é provavelmente o melhor golo da carreira de Cristiano Ronaldo. Está lá tudo: arte, virtuosismo, garra, ambição, trabalho. O que é bonito e o que realmente importa no futebol está naquele golo.

 

O estádio de pé rendido a este golo, a aplaudir, e o gesto de agradecimento de Cristiano Ronaldo são o maior exemplo de que deve ser o futebol.

 

Um golo para ver e rever muitas vezes!