Remodelação no Governo
António Costa decidiu operar uma remodelação mais alargada no seu governo à boleia da demissão de José Azeredo Lopes do cargo de ministro da Defesa, que teve, como se sabe, origem no material militar desaparecido do paiol de Tancos e em toda a telenovela que entretanto se gerou.
A um ano do fim da legislatura, António Costa muda quatro ministros: Pedro Siza Vieira fica com a pasta da Economia e acumula com a de adjunto do primeiro-ministro. João Gomes Cravinho sucede a Azeredo Lopes no ministério da Defesa. Na Saúde Marta Temido substitui Adalberto Campos Fernandes. Na Cultura Castro Mendes dá lugar a Graça Fonseca.
Em termos de orgânica governamental, o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, passa a ser ministro do Ambiente e da Transição Energética, com a inclusão da Secretaria de Estado da Energia na sua esfera de competências (Siza Vieira não podia tutelar o sector da energia, dado a existência de conflitos de interesses) e a consequente saída do secretário de estado da energia, Jorge Seguro Sanches.
Esta remodelação feita no recato, apanhou todos de surpresa. Teve o mérito de fazer um refresh no governo, dando-lhe algum fôlego para o que resta até às próximas legislativas, substituindo alguns dos ministros mais contestados, desviando com isso o foco das atenções do caso de Tancos.
No meio de toda esta renovação, mantêm-se o ministro da Educação. António Costa terá querido mantê-lo, porquanto, a sua saída, nesta altura do campeonato, poderia significar uma cedência aos professores e à Fenprof. E Costa como político hábil, que é, não quer de todo passar essa imagem.
Com esta remodelação em áreas cirúrgicas e mais desgastadas do Governo, Costa tornou o executivo com maior peso político e mais coeso, já que os novos ministros são da sua confiança pessoal e mais identificados com o partido socialista.