A detenção de Bruno de Carvalho
Bruno de Carvalho (BdC), ex-presidente do Sporting Clube de Portugal e Mustafá (líder da Juventude Leonina) foram detidos no âmbito do processo do ataque à Academia de Alcochete do passado dia 15 de maio, acusados de vários crimes. Ambos estão em prisão preventiva, aguardando ser ouvidos pelo juiz de instrução do Tribunal do Barreiro.
O ex-presidente do Sporting está acusado de dois crimes de dano com violência, 20 crimes de sequestro, um crime de terrorismo, 12 crimes de ofensa à integridade física qualificada, um crime de detenção de arma proibida e 20 crimes de ameaça agravada, segundo notícias avançadas pela comunicação social.Ao todo responde por 56 crimes.
A detenção de BdC não apanhou os sportinguistas propriamente de surpresa. Após a detenção de Bruno Jacinto, elemento de ligação às claques, ficou claro que BdC seria chamado para prestar declarações perante um juiz de instrução criminal, já que aquele elemento o havia implicado no ataque a Alcochete.
Apesar destas buscas terem sido efetuadas dentro dos parâmetros legais e independentemente das razões que assistam o MP, nada justifica que um cidadão seja importunado a um domingo ao final do dia, em que se encontra na sua casa com a família para posteriormente ficar em prisão preventiva, durante três dias, até ser ouvido por um juiz de instrução.
Manifestamente que esta não é uma boa notícia para o Sporting. A detenção de BdC causa danos irreparáveis de ordem financeira e na reputação no clube, independentemente de haver uma condenação. A SAD leonina é uma sociedade cotada em bolsa, e, portanto, tudo isto causa abalos à imagem do Sporting.
O dano reputacional será apenas sentido daqui a algum tempo, mas o dano financeiro poder-se-á fazer sentir dentro de pouco tempo: de recordar que decorrem as negociações para a concessão de um empréstimo obrigacionista e a enorme instabilidade vivida em redor do clube poderá afastar potenciais investidores. Por outro lado, se se provar o envolvimento do ex-presidente, poder-se-á dar razão à justa causa invocada pelos jogadores nos processos de rescisão que ainda se encontram por resolver. Ou seja, o Sporting poderá correr o risco de não receber nada pelos jogadores litigantes e pior ainda, ter que os indemnizar.
Resta-nos esperar que a justiça faça o seu trabalho, que seja célere, e que se apure toda a verdade para que a paz volte ao clube e deixe de ser o principal destaque da imprensa.