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Narrativa Diária

Não escrever um romance na «horizontal», com a narrativa de peripécias que entretêm. Escrevê-lo na «vertical», com a vivência intensa do que se sente e perturba. Vergílio Ferreira

Narrativa Diária

Ter | 30.04.19

O cartoon de António

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O cartoonista António, premiado internacionalmente, viu um seu cartoon sobre Trump ser reeditado na última quinta-feira pelo NYT, sem sua autorização e ser alvo de críticas, por alegada carga antissemita.

 

Esta não é a primeira vez que o cartoonista é acusado de anti-semitismo. Em 1983, venceu um prémio e recebeu críticas por um desenho que representava a invasão israelita do Líbano, fazendo pastiche de uma fotografia da segunda guerra mundial. Célebre ficou também a reação violenta ao cartoon do Preservativo Papal, em 1993.

 

O primeiro ataque desta vez  partiu do filho mais velho de Trump. Num tweet, Trump Jr. afirma: «Não tenho palavras para o flagrante antissemitismo aqui exposto. Imaginem se isto não estivesse num jornal de esquerda?»; e reproduz outros tweets que criticam o trabalho de António. O jornal pediu desculpa aos leitores, mas o cartoonista português alega que estava apenas a satirizar a política de Israel, numa nota publicada no jornal Expresso.

 

É tão somente a opinião de António quer se goste ou não. Eu respeito a liberdade de expressão e entendo que a imagem nada tem a ver com antissemitismo.

 

E aqui há uns tempos, a propósito das caricaturas de maomé, não éramos todos "Charlie"?

 

 

 

 

Sex | 26.04.19

Esparguete à bulhao pato

 

esparguete c ameijoas03.jpg(imagem retirada daqui)

Já percebi que os meus leitores apreciam, tanto como eu, um bom prato de massa, por isso aqui vai um que faço de vez em quando. Experimentem e depois digam o que acharam.

 

Ingredientes:
200g massa tipo esparguete ou fettuccini
Azeite q.b
3 dentes de alho
300g ameijoas
50ml vinho branco
Coentros picados q.b.
Sumo de limão e raspa de limão

 

Preparação:

Coza a massa em água abundante, durante cerca de 8 minutos e, quando estiver cozida, escorra e reserve.


Enquanto a massa coze, pique os alhos e os coentros. Numa frigideira, deite o azeite e junte os alhos picados e deixe saltear. Adicione as amêijoas lavadas e bem escorridas e envolva bem com o tempero. Por fim, regue com o vinho branco e um pouco de sumo de limão.


Deixe cozinhar em lume forte até que as conchas abram completamente. As que não abrirem, rejeite.


Deixe cozinhar, mexendo ocasionalmente. Depois do marisco aberto, retire-o com uma escumadeira para um prato.


Ao molho que ficou na frigideira, acrescente a massa cozida e retifique os temperos (junte sal, se necessário, e pimenta). Adicione, finalmente, as ameijoas, os coentros picados, envolva e finalize com raspas de limão.

Qui | 25.04.19

25 de Abril, sempre

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Há 45 anos, no dia 25 de abril de 1974, um movimento de militares conseguiu derrubar o regime ditatorial do Estado Novo e deu início à democracia em Portugal.

 

A Revolução dos Cravos deve, por isso, ser celebrada, hoje e sempre, como um marco de liberdade.

Ter | 23.04.19

Dia Mundial do Livro

Editora-em-Curitiba-Dia-Mundial-do-Livro.jpgO Dia Mundial do Livro também é dia dos Direitos de Autor. A Unesco criou a data para encorajar as pessoas, especialmente os jovens, a descobrirem os prazeres da leitura.


A leitura deve fazer parte da nossa vida. Com cada vez mais informação ao nosso alcance, garantir que possuímos conhecimento suficiente é fundamental para nos desenvolvermos pessoal e profissionalmente. Esse é apenas um dos motivos que faz com que a leitura seja um hábito tão essencial nas nossas vidas. Mas a leitura também estimula a criatividade, a aprendizagem, o interesse por novas áreas do conhecimento, enriquece o vocabulário e desenvolve a escrita. Também promove a criatividade e a capacidade de escrever textos mais longos e explicar ideias mais complexas.

 

Ler também pode ajudar a atingir objetivos, não apenas porque se aprendem mais coisas lendo, mas também porque a leitura pode ser uma fonte de inspiração. Ler sobre histórias de sucesso, por exemplo, faz com que qualquer um se sinta mais preparado e motivado para correr atrás dos seus sonhos.

 

Mas, o contacto com os livros tem que ser uma experiência prazeirosa. E, essa aprendizagem, mais imediata ou mais lenta, não se adequa a nenhum tipo de receita, ou solução pré-concebida. Porque, verdade seja dita, ninguém começa a gostar de ler por obrigação ou imposição e poucas são aqueles que desde cedo desenvolvem esta preferência.


Como fazer então? Mostrando, pelos mais diversos caminhos, que ler pode ser uma fantástica experiência. A aprendizagem sempre foi e sempre será um fator inerente ao crescimento pessoal. Por tentativas e erros, todos nós fazemos o nosso caminho ao longo dos anos, iniciando nas fases mais precoces de desenvolvimento.


As histórias e os contos de fadas, no caso das crianças, têm um valor fundamental nesta evolução, ajudando a estimulação da criatividade e na aquisição das competências necessárias para a aprendizagem do gosto pela leitura e pela escrita.


É importante que desde cedo se tenha contacto com os livros. Um ambiente rico em livros potencia e estimula novos conhecimentos, sejam eles, os mundos das histórias, seja o conhecimento profundo do significado das palavras ou a capacidade de pensar.


É um investimento que vale a pena fazer!

Qui | 18.04.19

Estamos completamente dependentes do automóvel!


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Estamos tão dependentes do carro que uma simples greve de motoristas de matérias perigosas quase paralisou o país e instalou o caos.

 

Esta não é a primeira vez que o país assiste a uma corrida aos combustíveis provocada pela paralisação dos motoristas de pesados. Em junho de 2008 já tinha existido um cenário idêntico, quando os camionistas portugueses de transporte de mercadorias entraram em greve contra a escalada do preço dos combustíveise. A diferença desta vez esteve na rapidez com que a gasolina desapareceu das bombas.

 

Há várias razões que ajudam a explicar o impacto desta greve:


1) os camionistas em greve são os únicos habilitados a distribuir combustíveis. Em Portugal existem cerca de 50 mil motoristas com cartas de pesados, aptos a conduzir camiões com mercadorias. No entanto, o transporte de materiais perigosos, como é o caso dos combustíveis (seja para veículos terrestres, seja para aviões), só pode ser feito por uma pequena parte destes trabalhadores. Em concreto, só cerca de 800 camionistas podem transportar matérias perigosas (uma categoria que também inclui os explosivos, os químicos, material radioativo, oxigénio ou material criogénico).

 

2) Mais de 75% destes motoristas (ou cerca de 600) afetos ao Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), que convocou a greve que arrancou na segunda-feira teve uma adesão de 100%. Mas a imprevisibilidade do protesto dos motoristas de matérias perigosas advém de um fator concreto: o SNMMP (criado em 2018) é um sindicato independente, constituído propositadamente à margem da FECTRANS (Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações) que é afeto à central sindical CGTP.


3) Depois, porque as redes sociais e as notícias alarmistas da comunicação social foram o rastilho que acelerou a corrida dos consumidores às áreas de serviço a um ritmo alucinante que não se verificou em 2008.

 

4) Segue-se a ganância e a ansiedade dos consumidores que não apenas atestaram os depósitos como trouxeram bidons cheios, à boa maneira tuga, com medo que esta greve durasse vários dias.Ontem a pergunta recorrente era: «já meteste gasolina?»

 

5) E, por último, a capacidade limitada das infraestruturas de armazenamento de combustível. Até o próprio aeroporto Humberto Delgado tem uma capacidade limitada de armazenamento, depende diariamente de 180 camiões-cisterna que fazem o trajeto entre a A1 e a Segunda Circular, o que significa que qualquer evento, grande e significativo, tenha potencial para isolar internacionalmente o país. Toda esta situação poderia ser evitada com um abastecimento por pipeline através da construção de um oleoduto que ligasse o maior parque de combustíveis em Aveiras à Portela, numa extensão de cerca de 50 quilómetros. O investimento chegou a ser equacionado nos anos 90 e custaria qualquer coisa como 50 milhões de euros, mas nunca viu a luz do dia.


Resumindo, esta greve dos camionistas que agora termina, veio mostrar que o governo falhou na preparação logística da greve e dos serviços mínimos, porque não previu os seus efeitos, aliada à impreparação do país e da sociedade, bem como da sua dependência do automóvel, e a impotência dos velhos sindicatos controlados pela CGTP/PCP (que tinham assinado um acordo coletivo no qual os trabalhadores não se reviam).


O que começa a ser evidente é que o PCP já não tem o monopólio do controlo das relações laborais e que já não consegue, como no passado, impor a disciplina e obediência dos trabalhadores.


Mas a conclusão principal é mesmo esta: o país precisa mesmo de andar de automóvel, facto que nem os novos sistemas de mobilidade conseguem alterar. É que o país e as pessoas estão dependentes da gasolina e/ou gasóleo e não funcionam sem estes combustíveis.

Ter | 16.04.19

A Notre Dame em chamas

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Assistimos, ontem, incrédulos à Notre Dame em chamas, com imagens em direto de destruição da catedral medieval, joia da arquitetura gótica, marco da espiritualidade universal, símbolo supremo da cultura cristã.

 

É impossível alguém ficar indiferente ao cenário que se vivia na capital francesa. Foi desolador. Poderá ser reconstruída, mas a perda, essa, será irreparável.

 

A destruição da catedral de Notre-Dame de Paris foi uma catástrofe cultural, histórica, espiritual e emocional. E, ao contrário do que disse o presidente Macron, não é apenas um símbolo nacional francês que arde, é toda uma parte da história da humanidade que ardia naquele momento.

 

Com 14 milhões de visitantes anuais, a catedral, a Notre Dame, integrada no conjunto arquitetónico das margens parisienses do Sena, é o monumento mais visitado da Europa.

 

Instalada no meio da ÎIe de la Cité, foi construída entre 1163 e 1345 (demorou dois séculos a ser construída). Símbolo maior do gótico em França, tinha sido declarado Património da Humanidade pela UNESCO em 1991.

 

Cerca de 400 bombeiros lutaram arduamente durante quase 12 horas contra as chamas que pareciam não dar tréguas e avançaram que o incêndio possa eventualmente ter tido origem nos andaimes das obras de requalificação do monumento que estavam a ser executadas.

 

O telhado inteiro está danificado, toda a estrutura ficou destruída, parte da abóboda caiu. No entanto, os dois campanários felizmente foram salvos, bem como todas as obras de arte pertencentes ao espólio da catedral, incluindo a coroa de espinhos e a túnica de São Luís.

 

O fogo que deflagrou há mais de 12 horas na catedral de Notre Dame foi declarado extinto esta manhã pelos bombeiros, eram 10h00 locais, 9h00 em Lisboa.

Qui | 11.04.19

Buraco Negro

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O que são buracos negros? Numa abordagem da física clássica, buraco negro é um corpo celeste com campo gravitacional tão intenso que a velocidade de escape se iguala à velocidade da luz.

 

Acontece que a luz que entra num buraco negro não consegue sair, daí o termo "negro" (cor aparente de um objeto que não emite nem reflete luz, tornando-o de fato invisível), fazendo com que este não possa ser observado pelas técnicas que analisam a luz emitida ou refletida pelos objetos celestes.

 

Ontem, pela primeira vez, a Humanidade conseguiu captar uma imagem de um buraco negro. A equipa de cientistas focou-se num buraco com a massa de 6,5 mil milhões de sóis e que mede 38 mil milhões de quilómetros de largura. O event horizon captado acontece precisamente no último momento em que os gases à volta do buraco estão visíveis, antes de serem “engolidos” por este. Estes gases vão sendo condensados ao rodarem a velocidades cada vez mais rápidas em torno do buraco. À medida que se condensam, também aquecem e brilham, antes de serem totalmente absorvidos.

 

Há mais de cem anos, Albert Einstein tinha indicado a existência destes fenómenos no espaço, afirmando que eram compostos por vestígios de estrelas mortas. Quando a massa fosse grande e densa o suficiente, seria formado um buraco negro, teorizou o cientista. Esta imagem captada confirma a existência dos buracos e também ajuda a evidenciar a teoria da relatividade.

Dom | 07.04.19

Legislar relações familiares?

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Já aqui me pronunciei sobre as relações familiares no Governo, reconhecendo que não são saudáveis nem desejáveis, embora me pareça exagerado meter tudo no mesmo saco. Há efetivamente que "distinguir o trigo do joio".

 

O próprio António Costa admitiu o constrangimento ao assinalar que gostaria de ter «um critério claro e uniforme» sobre esta matéria definido pela Comissão de Transparência e aplicados também aos governos regionais e municipais.


Marcelo Rebelo de Sousa lançou o repto para se aprovarem normas mais restritivas, sugerindo que se  mexesse na lei para regular laços de consanguinidade no executivo.


Primeiro, não vejo, assim de repente, como se poderia legislar sobre este assunto, até porque levantar-se-iam, de imediato, várias questões, designadamente que graus de parentesco deviam ser acauteladas (casais? pais? filhos? cunhados? primos? E até que grau deve ser eticamente reprovável?).


Por outro lado, parece-me a mim, que esta questão das nomeações familiares não deve ser considerada menos éticas do que, por exemplo,  a nomeação de amigos, conhecidos ou de militantes de aparelhos partidários. Casos há até em que estas pessoas são bem mais próximas de que pessoas do núcleo familiar.


Neste aspeto estou de acordo com a opinião manifestada por Rui Rio: «O problema que temos pela frente não é um problema legal, é um problema ético, e é muito difícil criar leis que resolvem problemas éticos. Podemos sempre apurar um aspeto ou outro da lei, tentando evitar uma situação ou outra, mas é absolutamente impossível criar uma lei que resolva problemas éticos, porque a determinada altura a lei fechava de tal maneira que começava a ser impossível quase governar e nomear pessoas», considerou o líder da oposição em declarações ao Expresso.


Por isso, penso que estas questões de família em casos governamentais só se podem resolver com bom senso e em última análise será soberano o julgamento político.

Sex | 05.04.19

A verdade dos provérbios

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Estamos em abril e perspetiva-se um mês chuvoso. Mas, como diz o povo:  «abril águas mil» e  «abril chuvoso, maio ventoso e junho amoroso fazem o ano formoso».

 

Os provérbios representam formas de transmissão de saberes, emitida através da oralidade pelo povo, de geração em geração. São reconhecidos como património oral ou património imaterial.

 

Através deles cada povo marca a sua diferença e encontra-se com as suas raízes, isto é, revela e assume a sua identidade cultural
(in Alexandre Parafita “Histórias de arte e manhas”, Texto Editores, Lisboa, 2005, p. 30) .

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