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Narrativa Diária

Não escrever um romance na «horizontal», com a narrativa de peripécias que entretêm. Escrevê-lo na «vertical», com a vivência intensa do que se sente e perturba. Vergílio Ferreira

Narrativa Diária

Sex | 10.05.19

Apanhem-no se puderem!

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Joe Berardo já foi considerado um dos homens mais ricos de Portugal. Colecionador de arte, tendo inclusivamente trazido para o país a mais importante coleção de Arte Moderna alguma vez vista em Portugal, no Museu a que deu o seu nome, sediado no CCB, quis um dia ser dono do BCP. Para tal, conseguiu a proeza de convencer a Caixa Geral de Depósitos a emprestar-lhe o dinheiro, cuja garantia dada eram as  próprias ações, as quais depois desvalorizaram, praticamente na totalidade, gerando grandes perdas para o banco público. Os empréstimos concedidos a Joe Berardo serviram para financiar a compra de ações do BCP.

 

Hoje, aos 75 anos, o Comendador Berardo, como é conhecido, está metido numa grande embrulhada já que deve quase mil milhões de euros aos três maiores bancos portugueses. BCP, CGD e Novo Banco, sendo que estas entidades bancárias estão a sofrer danos por terem concedido créditos ao empresário sem acautelar as devidas garantias. Os bancos já propuseram ao Comendador executar a Coleção Berardo a par de um perdão de grande parte da dívida do empresário, mas Berardo recusou.

 

Tendo como património direto registado apenas uma garagem no Funchal em seu nome e estando a coleção Berardo aparentemente envolvida num imbróglio jurídico, sobra à banca apenas a Quinta da Bacalhôa para executar. Uma gota de água para pagar uma dívida que ascende a quase 1000 milhões de euros.

 

Ainda hoje o Correio da Manhã dá conta que Joe Berardo escapou, mais uma vez, à penhora da CGD sobre a casa de luxo onde habita, na zona de Lisboa. Ao tentar avançar com a penhora do imóvel para executar a dívida do grupo do empresário, cujo montante rondará os 300 milhões de euros, a CGD verificou que o imóvel não está em seu nome, mas da empresa da qual Berardo é o presidente do conselho de administração, mas que não surge como acionista direto.

 

O mundo é dos espertos e Joe Berardo tem demostrado por várias vezes que esperteza não lhe falta. Apanhem-no se puderem!

 

Qua | 08.05.19

Never give up!

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O Liverpool alcançou ontem um feito histórico, fazendo jus à frase premonitória que o avançado do Liverpool Mohamed Salah tinha escrita na t-shirt durante o jogo com o Barcelona – never give up –.

 

Numa noite de sonho, os ‘reds’ venceram em casa o Barcelona, por 4-0, após ter perdido por 3-0 em Camp Nou, no jogo da 1ª mão das meias-finais da Liga dos Campeões e protagonizaram uma espetacular remontada.

 

O futebol é mágico também por jogos como este. O ambiente de Anfield é único e os comandos por Jürgen Klopp, privados de jogadores importantes como Firmino e Salah, nunca desistiram e conseguiram dar a volta a uma desvantagem de três golos, marcando quatro, e conseguindo o tão desejado apuramento para a final da Champions, que irá ser disputada frente ao vencedor da eliminatória entre Ajax e Tottenham que se disputa hoje.

 

Gostava que a final fosse com o Ajax. O Ajax tem tido uma prestação fantástica na Champions e merece com inteira justiça estar na final.

 

José Mourinho reagiu e deixou um grande elogio ao treinador alemão dos 'reds': « (...) tenho de dizer que, para mim, esta remontada tem um nome: Jurgen Klopp. Isto não foi filosofia, nem tática. Foi coração, alma e a fantástica empatia que Jürgen Kloppue criou naquele grupo de jogadores.».

Ter | 07.05.19

O Silêncio de Marcelo

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E Marcelo Rebelo de Sousa? o que pensa da atual crise política em que o país supostamente mergulhou? O Presidente sempre tão prolixo remeteu-se agora ao um profundo silêncio.

 

«O Presidente, ciente do poder que lhe cabia no desfecho desta crise, remeteu-se ao silêncio. Ainda bem. Mas isso não significa que tivesse sido apanhado de surpresa. Marcelo Rebelo de Sousa partiu para a China com uma ameaça velada – afirmada e desmentida por fontes do Governo – de que o primeiro-ministro se podia demitir caso houvesse uma coligação negativa no Parlamento para aprovar uma lei que contrariasse a vontade expressa do Governo de apenas descongelar as carreiras dos professores, com efeitos para o futuro, sem que isso implicasse a recuperação do tempo de serviço perdido desde finais de 2010.

 

Sabia, portanto, que essa hipótese existia, e custa a crer que não tenha falado com o primeiro-ministro sobre esse cenário. Não sabemos que conversas tiveram Marcelo e António Costa, antes e depois do anúncio do primeiro-ministro. Também não sabemos que conversas teve o Presidente durante o fim-de-semana em que o impasse parecia manter-se. Sabemos apenas, e para já, que os partidos da direita deram o dito por não dito e que a crise política, afinal, parece já não ter motivos para acontecer.

 

E sabemos também que Marcelo Rebelo de Sousa já aprendeu o valor do silêncio. Fez muito bem, ainda que seja possível imaginar que está a lutar contra a sua própria natureza. Marcelo quer ser um Presidente pedagogo, sempre o disse, e explicar aos portugueses aquilo que está a acontecer no tabuleiro político. O silêncio, no entanto, também é uma forma de intervir, e não menos importante – desde que não seja a regra.

 

Agora que a “crise política” está prestes a dissipar-se de vez, começa a aproximar-se o momento de se pronunciar sobre o que aconteceu. Porque o que não se compreenderá é que o Presidente, que se pronuncia sobre tudo e qualquer coisa, não tire agora conclusões e ilações políticas de uma crise que, afinal, pode nunca chegar a existir.».

 

Leonete Botelho, Público

Sab | 04.05.19

António Costa ameaça demitir-se

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O primeiro-ministro, António Costa, ameaçou demitir-se, caso o diploma dos professores seja aprovado na votação final global, numa declaração feita ontem ao País, depois de se reunir com o Presidente da República.

 

António Costa foi claro quanto às eventuais consequências da aprovação do diploma: criação de um encargo adicional de mais 340 milhões de euros;  aplicação deste diploma ao ano de 2019 que implicaria necessariamente um orçamento rectificativo que quebraria a regra da estabilidade e rigor orçamental; a extensão deste diploma aos demais corpos especiais alcançaria os 800 milhões de euros; a aplicação destas regras aos professores apenas seria injusto para os outros profissionais; só seria possível com cortes nos serviços públicos ou aumentos de impostos.

 

PSD e CDS vieram, de imediato, reputar esta atitude de  ‘golpe de teatro’,  de ‘chantagem politica’, de ‘crise artificial’ e alguns comentadores consideraram mesmo um golpe de génio do primeiro ministro, numa jogada política para antecipar eleições legislativas e encobrir uma campanha das europeias que lhe está a correr mal.

 

Julgo que aqui não houve taticismo político de Costa, ainda que com esta escolha as coisas lhe tenham corrido francamente bem. Penso que um dos argumentos de peso para Costa ter tomado a decisão foi despoletado por Mário Centeno, sustentáculo deste governo,  que terá  ameaçado bater com a porta, caso o diploma fosse aprovado na AR.

 

Qualquer uma das consequências de aprovação desta iniciativa legislativa compromete e condiciona a governação futura e constituirá uma ruptura irreparável com os compromissos assumidos. Ora, sendo Mário Centeno presidente do Eurogrupo, tal medida não cairia muito bem em Bruxelas. Costa não quis contrariar a vontade de Centeno e afinou pelo mesmo diapasão. 

 

Mas, ao tomar tal decisão, Costa marcou pontos relativamente ao seu rival direto: mostrou que o partido das contas certas e do rigor orçamental já não é o PSD, mas sim agora o PS. Costa cola o estigma do despesismo – historicamente colado aos governos do PS – aos restantes partidos, ainda que tenha feito questão de destrinçar as suas politicas e convicções. Para o primeiro-ministro, Bloco e PCP votaram em coerência com o que já haviam votado no passado. Já PSD e CDS saem bastante mal na fotografia, porque este súbito amor demonstrado pela causa dos professores, não é senão um oportunismo de circunstância, movido apenas pelo populismo e pelas eleições que vão ocorrer a breve trecho.


Como é pouco provável que o PS tenha maioria absoluta nas próximas legislativas, ocorram elas quando ocorrerem, significa que precisará sempre da muleta de outro(s) partidos para governar. Costa aqui a não fechar totalmente a porta aos partidos de esquerda. Resta saber quem lhe quer dar a mão neste contexto.

 

A ver vamos como  vai ser a votação final global e qual a reação do Presidente da República. Quatro coisas podem acontecer se o governo bater com a porta: Marcelo pode não aceitar a demissão;  não dissolver a Assembleia da República, e o governo ficar em gestão;  ouvir os partidos para encontrar uma solução de Governo dentro do atual quadro parlamentar ou dissolver a Assembleia e convocar eleições antecipadas.

 

 

Sex | 03.05.19

Recuperação do tempo de serviço dos professores

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O Parlamento aprovou, ontem, a recuperação integral do tempo de serviço dos professores — os tais nove anos, quatro meses e dois dias exigidos pelos sindicatos e que Mário Nogueira tanto insistia — com votos favoráveis do PSD, CDS, BE e PCP. E com o voto contra do partido socialista.

 

O Governo já fez saber que os custos do descongelamento dos 9 anos, 4 meses e 2 dias terá um impacto na despesa permanente com salários de docentes de 635 milhões de euros por ano, cujo  valor aumentará para 800 milhões de euros, se forem incluídas as outras carreiras, o que significa que o impacto orçamental do descongelamento de todo o tempo de serviço reivindicado será o equivalente a cerca de 3 anos de aumento dos salários para todos os trabalhadores do Estado à taxa de inflação ou ao aumento em 1 ponto percentual da taxa de IVA.

 

A estes valores acrescem os montantes previstos para o descongelamento das carreiras, cujos custos estimados correspondem a um 574 milhões de euros por ano até 2023. Tal significaria uma despesa total na ordem dos 1.209 milhões de euros por ano em 2023, sendo que o custo com progressões seria igual a um crescimento de 33% da massa salarial em 2023.

 

Com o descongelamento dos 9 anos, 4 meses e 2 dias até 2023, 36% dos professores estariam em condições de atingir o topo da carreira (35.588) e 50% os últimos dois escalões (49.303).

 

Os partidos que propõem o pagamento integral das carreiras dos professores vão ter de explicar se preferem mais cortes na despesa ou se preferem que se aumente os impostos, nomeadamente o IVA. Sim, porque não nos iludamos. Quem irá suportar tudo isto são os mesmos que até aqui têm suportado a austeridade no tempo da Troika, os desvarios bancários e todas as crises financeiras a que temos assistido: o cidadão-contrinuinte.

 

Acresce que com a medida provada ontem, se abre aqui uma caixa de pandora, porque a seguir aos professores, ter-se-á que equacionar a carreira dos enfermeiros, das forças de segurança, dos motoristas de substâncias perigosas e de outras classes profissionais que muito justamente reivindicam por melhores condições salariais e de progressão nas carreiras.

 

Já se esperava que, com eleições à vista, o tema da recuperação da contagem de tempo dos professores desse origem a um bate boca entre o governo e os partidos à esquerda e à direita do PS, no sentido de querer cativar eleitorado. Uma atitude que revela populismo, demagogia e irresponsabilidade.

 

Aguarda-se, agora, a resposta do governo que convocou de urgência, para esta sexta-feira de manhã, uma reunião extraordinária de coordenação política.

Qua | 01.05.19

Força, Iker!

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Iker Cassillas, guarda redes do FC Porto, sofreu hoje de manhã um enfarte do miocárdio durante o treino que se realizava no Olival.


A notícia foi avançada pela RTP que dava conta que o jogador deu entrada de urgência numa unidade hospitalar do Porto, onde foi submetido a um cateterismo e felizmente está fora de perigo.


Mas, ao que tudo indica, ficará afastado dos relvados até ao final da época, sendo ainda prematuro afirmar se este problema o obrigará a colocar um ponto final na sua brilhante carreira.

 

Esperemos que tudo não tenha passado de um susto e que Casillas recupere rapidamente.

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