Não escrever um romance na «horizontal», com a narrativa de peripécias que entretêm. Escrevê-lo na «vertical», com a vivência intensa do que se sente e perturba.
Vergílio Ferreira
Entre os nomes que vieram a público parece ser a opção mais viável: português, com carisma, conhecedor do nosso campeonato, algo que era uma lacuna com Keizer. O facto de Silas não ter o 4º nível, não interessa muito (Paulo Bento também não tinha). Acho mais relevante saber, por exemplo, qual a composição da sua equipa técnica, pois uma boa equipa técnica, que misture experiência, cultura clubística, inovação técnica acabará por colmatar alguma inexperiência que o Silas apresente.
Penso que o Sporting precisa de um novo diretor técnico experiente como Jesualdo ou José Couceiro que pense todo o futebol desde os juniores. Sem esta reestruturação fica difícil ter equipas com qualidade.
Mas, como sabemos, Silas não terá uma tarefa fácil pela frente, o Sporting está em cacos. Não me lembro de uma época assim, com uma percentagem de derrotas tão elevada nos primeiros jogos. É por isso necessário tempo para recuperar a equipa e dar-lhe a motivação que precisa.
Os sportinguistas têm que baixar as expectativas e perceber que este ano o Sporting não lutará por títulos. Porque simplesmente não tem equipa. Ninguém poderá pedir a Silas mais que o 3º lugar. E mesmo se chegar ao 3º já é bom.
Agora uma coisa é certa, se a opção Silas correr mal, Deus queira que não, o Presidente e a restante direção só têm um caminho: demitir-se e convocar-se novas eleições.
Greta Thunberg ficou conhecida em todo mundo por fazer greve às aulas contra as alterações climáticas.
Tudo começou quando, no ano passado, Greta anunciou aos professores e colegas que não ia às aulas para protestar contra a inércia dos políticos suecos para reduzir as emissões de CO2 na atmosfera. A promessa é a de que só vai parar quando a Suécia cumprir as medidas estipuladas no Acordo de Paris, firmado em 2015 por 185 países que se comprometeram então a tomar medidas para impedir que a temperatura média global subisse além de 2 graus Celsius.
A sensibilização da jovem para este tipo de questões começou em casa, pelos pais, ambos figuras públicas na Suécia. A mãe, Malena Ernman, é uma conhecida cantora de ópera que, por influência da filha, deixou de viajar de avião para o estrangeiro — o que, na prática, a levou a dar menos espetáculos. O pai, Svante Thunberg, ator e escritor, é agora vegan, tal como a filha. Na casa da família, onde vive também a irmã mais nova de Greta, foram instalados painéis solares. As deslocações são feitas por regra de bicicleta e só em situações específicas usam o carro movido a energia elétrica.
Mas, como Greta refere, aquilo de que precisamos é mais é de ações. E assim que começarmos a agir, a esperança estará em todo o lado. Por isso, «em vez de procurarem por esperança, procurem por ações», disse Greta, que faltava às aulas todas as sextas-feiras para lutar pelo clima.
Ao final de cada semana de trabalho, Greta sentava-se frente ao parlamento, rodeada de vários jovens que ali se juntavam durante algum tempo, empunhando cartazes contra as alterações climáticas. A sua coragem foi noticiada em todo o mundo e muitos apontaram-na como candidata ao Prémio Nobel da Paz. Logo na primeira sexta-feira de protesto, mais de 30 pessoas juntaram-se a Greta Thunberg em frente ao Parlamento sueco. Seguiram-se greves escolares noutras cidades suecas e noutros países, como a Alemanha, a Bélgica e a Inglaterra. Os protestos pelo clima tornaram-se um movimento global com a hashtag #fridaysforfuture, com greves em todos os continentes. Para muitos ativistas a estudante sueca tornou-se uma espécie de ícone.
À medida que foi ganhando notoriedade, passou a viajar para outras latitudes, sempre de comboio, já que se recusa a andar de avião por ser mais poluente, sendo recebida por centenas de outros estudantes em greve e também em protesto. Mas uma das viagens que mais marcaram a perceção pública de Greta Thunberg foi a reunião anual do Fórum Económico Mundial, em Davos, na Suíça, onde durante dias se reúnem os principais líderes e empresários mais importantes do mundo.
Depois, atravessou o Atlântico para participar numa cimeira das Nações Unidas, em Nova Iorque, numa pequena embarcação, alimentada por energia elétrica e gerada exclusivamente por fontes renováveis, através de turbinas eólicas e painéis solares, mostrando que há alternativas de transportes não poluentes aos voos comerciais.
Num discurso emocionado durante a cimeira, Thunberg criticou os líderes mundiais, acusando-os de inação na defesa do meio ambiente. «Eu não deveria estar aqui», afirmou Thunberg. «Eu deveria estar na escola do outro lado do oceano. No entanto, todos vocês vêm ter connosco, jovens, em busca de esperança. Como se atrevem a fazê-lo?». «Vocês roubaram os meus sonhos e a minha infância com as vossas palavras vazias e, mesmo assim, eu estou entre os sortudos. Há pessoas em sofrimento. Há pessoas a morrer, ecossistemas inteiros estão a entrar em colapso. Estamos no início de uma extinção em massa e tudo o que vocês falam é sobre dinheiro e contos de fadas do eterno crescimento económico. Como é que se atrevem a fazê-lo?», questionou a ativista.
Muitos apontam o dedo a Greta, dizendo que a luta pelas alterações climáticas movida a cabo pela jovem tem por trás grandes grupos e empresas de combustíveis fósseis.
A jovem sueca já se mostrou perplexa pelos ataques de que tem sido alvo, fomentadores de ódio, que recorrem «a todo o tipo de mentiras e teorias de conspiração». Na sua página de Facebook, Greta escreveu que os críticos «parece que atravessam todas as marcas para desviarem as atenções, uma vez que estão desesperados em impedir que se fale da crise climática e ecológica».
Não sei quem está por trás de Greta Thunberg e, em boa verdade, isso não me parece muito importante. O que acho é que é preciso que se multipliquem exemplos destes em todo o mundo para que eles possam dizer e fazer aquilo que deve ser feito por um planeta melhor, aquilo que eu e outros não temos coragem, motivação e predisposição para fazer.
Por isso, muito obrigada, Greta. Nunca te seremos suficientemente gratos.
O Sporting foi derrotado pelo Famalicão (1-2), na 6ª jornada da Liga NOS. Depois de uma primeira parte bem conseguida em que o Sporting marcou um golo por intermédio de Vietto e podia ter marcado outro, pelo menos, se o chapéu de Miguel Luís a Defendi tivesse tido êxito, a segunda parte foi diferente para pior. O Famalicão ajustou o seu jogo ao intervalo e o Sporting ficou baralhado e não soube reagir. E é precisamente neste contexto que o golo do empate surge.
A equipa leonina acusou e de que maneira o golo e se as coisas já não estavam bem, pior ficaram com a substituição de Vietto aos 63 minutos. O jogador protestou, o público assobiou a decisão de Leonel Pontes e o Sporting nunca mais se encontrou. O autogolo de Sebastian Coates aos 88 minutos foi o corolário de uma segunda parte completamente desastrada do Sporting. Algo se passa com este jogador do foro psicológico, porque convenhamos não é normal um jogador fazer três penáltis contra o Rio Ave, acabando expulso, autogolos em dois jogos consecutivos que fazem dele o jogador com mais autogolos da história dos leões. Mas de um modo geral a defesa esteve péssima a começar por Renan que não é de todo um guarda redes para defender as redes do sporting. Mathieu também já teve melhores dias, além disso é lento e tem problemas físicos.
Mais um jogo em que o Sporting continua a dar razão a Lei de Murphy «Tudo o que pode correr mal, vai correr mal».
Contas feitas, o Sporting está mais perto do último do que do primeiro (em 7º lugar). Leva 2 vitórias, 2 empates e 4 derrotas em 8 jogos oficiais. Sofreu 17 golos e marcou 12. Muito pouco para as ambições de uma equipa "grande".
Não sei qual será o futuro de Leonel Pontes, mas parece-me por demais evidente que virá um novo treinador.
Isto é o resultado de uma pré-época e de uma política de contratações completamente desastrosa a que acresce uma gestão calamitosa do futebol por parte de Frederico Varandas, Hugo Viana e Beto. Assim não há treinador que resista. Venha quem vier dificilmente conseguirá levar a equipa a um lugar cimeiro.
O Serviço Nacional de Saúde foi uma das mais importantes conquistas proporcionadas pelo regime democrático e um dos mais importantes contributos para a coesão social do nosso País.
Idealizado por António Arnaut, a reforma do SNS começou a dar os primeiros passos no dia 15 de setembro de 1979. O acesso a cuidados de saúde passou a ser «geral, universal e gratuito» pela primeira vez em Portugal. Foi um passo gigante para que os portugueses passassem a ter acesso a cuidados médicos, independentemente da sua condição económica ou social, desde a vigilância da saúde, prevenção, diagnóstico e tratamento.
Quarenta anos depois da sua criação, nem tudo está bem, mas Portugal aumentou a esperança média de vida em mais de 10 anos e reduziu drasticamente a mortalidade infantil.
Atualmente o SNS enfrenta uma população envelhecida que representa uma sobrecarga ao sistema, já que aumenta o número de doentes crónicos, muitas vezes com várias patologias associadas e com um peso crescente na economia. Não menos relevantes são os estilos de vida com determinadas dinâmicas comportamentais associadas a fatores de risco determinantes para o estado de saúde dos portugueses.
Podemos e devemos querer justamente melhorar as suas respostas, mas estes 40 anos devem ser assinalados de forma positiva e saudando os resultados alcançados na concretização do direito à saúde.
O PAN foi, como nos lembramos, a surpresa das eleições europeias, tal como havia sido em 2015, nas legislativas. Conseguiu eleger o seu primeiro deputado ao Parlamento Europeu sendo o único partido, oriundo de Portugal, a sentar-se no grupo dos Verdes europeus.
André Silva foi-se impondo como uma forma diferente de fazer política. Tem boas ideias sobre ambiente e alterações climáticas. É fofinho porque gosta de animais, tem boa imagem, é sereno e assertivo, é cool (pratica mergulho e biodanza) e tem propostas que, por estranhas que pareçam, agradam aos cidadãos, sobretudo aos jovens eleitores que estão pouco interessados em política e em políticos e o discurso do PAN, sendo claro e simples, cai como ‘sopa no mel’.
A juntar a este desempenho, o partido de André Silva começa a aparecer como resposta à ausência de uma agenda clara dos partidos ecologistas (os Verdes, como sabemos, de ecologia só o nome) e o PAN cavalga essa onda, centrando o seu discurso na ‘agenda verde’ que atrai os eleitores. A sua força resulta exatamente das suas bandeiras, os cuidados animais e a defesa intransigente do ambiente, sem descurar as alterações climáticas que, sejamos claros, devem constituir pressupostos civilizacionais do mundo em que vivemos.
Poluição, transição energética, proteção ambiental, descarbonização e fim do nuclear, novos empregos 100% verdes, mobilidade responsável, afetação dos fundos comunitários à agricultura biológica, combate ao tráfico de animais e defesa dos direitos humanos, com ênfase no acolhimento dos refugiados são algumas causas por que têm pautado o seu discurso. Julgo até que nenhum partido político pode, no programa que apresenta aos eleitores, deixar de incluir estas questões de forma coerente e sistemática.
A diferença do PAN e os demais partidos está na forma como mostrou ser um partido de causas, lutar por uma sociedade mais humana, mais justa e mais igualitária, e que não se posiciona nem à esquerda nem à direita do espetro político.
Por isso, estou em crer que o PAN poderá, uma vez mais, surpreender nestas eleições de 6 de outubro. Se, há um ano, André Silva conseguiu espantar tudo e todos ao conquistar um lugar no Parlamento, as sondagens apontam para que o PAN consiga arrebatar 5,2% dos votos (apenas a um ponto do CDS), podendo conquistar seis lugares!
O PS, a julgar pelas sondagens, estaria a dois deputados da maioria absoluta. Mais do que quem vencer as eleições, a questão que se tem colocado nos últimos meses é qual a dimensão da vitória do PS, que tem, sucessivamente, surgido destacado nas sondagens.
Desta feita, se o PS não conseguir a maioria absoluta, precisaria apenas de um acordo parlamentar com o PAN para formar governo, num registo de geringonça, já que André Silva recusa, para já, entrar no Governo, por admitir, e bem, que o PAN está ainda numa fase de crescimento.
Depois das últimas sondagens terem colocado o PSD a 15 pontos do PS, com apenas 23,3% das intenções de voto, Rui Rio decide alargar ainda mais o fosso entre os dois partidos ao afirmar, com a franqueza que o caracteriza, que não tem um especial entusiasmo em ser deputado: «fui deputado dez anos numa altura em que o Parlamento tinha um nível qualitativo inferior ao que tinha tido antes, mas muito superior àquilo que tem hoje. Se mesmo quando eu saí, já achava que o Parlamento se estava a degradar e não entusiasmava assim tanto, entretanto ainda se degradou mais, não é função que me entusiasme completamente».
Ora, para uma pessoa que se está a disputar umas eleições legislativas e a candidatar-se exatamente a deputado, como é o caso de Rui Rio, a frase é altamente inspiradora!
António Costa agradece mais esta ajuda ao líder da oposição.
Foi há 18 anos. Aquela manhã verdadeiramente trágica nos EUA em que o mundo assistiu perplexo ao momento em que terroristas da Al-Qaeda sequestraram quatro aviões nos EUA e usaram as aeronaves como mísseis, tirando a vida a 3000 pessoas.
Entretanto muita coisa mudou, nomeadamente o sentimento de medo e de insegurança que passou a fazer parte dos cidadãos um pouco por todo o mundo. A maior ameaça mundial passou a chamar-se terrorismo.
Há um ano, nas eleições mais concorridas de sempre do Sporting, o ex-diretor clínico, Frederico Varandas, ganhava com 42,32 por cento dos votos e assumia a presidencia do clube.
Após um ano à frente do Sporting Clube de Portugal, a sua presidência foi pautada por momentos altos e baixos. Conquistaram-se importantes títulos, mas também se falharam outros.
A sua primeira medida no futebol foi despedir, em novembro, o treinador da altura, José Peseiro, contratado por Sousa Cintra, no período em que se fez a transição da saída de Bruno de Carvalho e a entrada de Frederico Varandas. Após quatro jogos com Tiago Fernandes, foi anunciada a contratação de Marcel Keizer, uma escolha pessoal de Frederico Varandas.
Marcel Keizer, sem grande currículo e um ilustre desconhecido em Portugal, assumiu o comando técnico e, nos cerca de 10 meses que comandou a equipa, conquistou a Taça da Liga e a Taça de Portugal, ambas em finais ganhas nas grandes penalidades diante do FC Porto.
Porém, Keizer não resistiu à pesada derrota na Supertaça (5-0 com o Benfica) e ao desaire com o Rio Ave na última jornada (3-2), derrotas que fragilizaram o holandês, que acabou por sair por mútuo acordo, ocupando o seu lugar de forma interina, Leonel Pontes, treinador dos sub-23, que assumiu a função de treinador, estando o Sporting no quinto lugar da I Liga, com sete pontos. Segundo Varandas, Leonel Pontes pode passar a permanente no Sporting, mas tem de apresentar resultados: «Não tem prazos, tem uma tarefa. Estaremos com ele para observar aquilo que tivermos de observar», disse.
Entretanto, com dívidas na ordem dos 100 milhões de euros, o Sporting viu-se obrigado a efetuar uma reestruturação financeira com um empréstimo obrigacionista junto dos bancos (um processo por finalizar) e securitizar ainda o contrato com a NOS.
Gorada que foi a venda de Bruno Fernandes e a não entrada nos cofres leoninos de 70 milhões, com a venda do seu melhor jogador, Frederico Varandas não teve outra solução se não poupar em vencimentos do plantel, ação que já tinha iniciado em janeiro, com as saídas a custo zero de jogadores como Nani e Freddy Montero.
Primeiro saiu o holandês Bas Dost, o mais bem pago da equipa (cerca de 6 milhões de euros). O ponta de lança, já tinha demonstrado vontade de sair em maio e foi agora vendido ao Eintracht Frankfurt por sete milhões de euros, naquele que foi o «negócio possível», segundo Varandas, a que se juntaram as rescisões de Petrovic, André Pinto e Jefferson e os empréstimos de Alan Ruiz e Diaby.
Mais tarde, perto do fecho do mercado, concretizaram-se as vendas de Thierry Correia, ao Valência, por 12 milhões de euros, de Raphinha, ao Rennes, por 21, e o acordo, finalmente, alcançado com o Olympiacos, pela transferência de Daniel Podence, no valor de sete, ajudaram a melhorar a situação financeira do clube, mesmo que continue a «não ser ideal», no ponto de vista do líder leonino.
Certo é que o Sporting consegue encaixar 60 milhões de euros, nesta janela de mercado, com estas vendas e transferências, perdendo apenas dois titulares indiscutíveis, mas mantendo o melhor médio da Europa, como afirmou Varandas em entrevista à Sporting TV.
Perto do fecho do mercado e para a temporada 2019/2020, os leões garantiram o extremo brasileiro Fernando por empréstimo do Shakthar Donetsk. Também o espanhol Jesé Rodríguez, de 26 anos foi confirmado em Alvalade por empréstimo do PSG por um ano, podendo depois acionar a opção de compra no final da temporada pelo extremo. Nos últimos minutos de mercado, foi ainda anunciada a contratação de Yannnick Bolasie. O futebolista de 30 anos chega por empréstimo do Everton.
Dos três reforços, Fernando é o único que ainda não está 100 por cento apto, tendo realizado trabalho de correção de desequilíbrios musculares nos primeiros dias após a chegada a Alcochete.
Fala-se que são bons jogadores, mas vem de lesões graves, o que os impediu de fazer uma boa carreira. Não é certo que peguem de estaca.
No que às principais modalidades diz respeito, os leões fizeram uma campanha poucochinha nas competições internas, mas venceram pela primeira vez a Liga dos Campeões de futsal, depois de finais perdidas em 2011, 2017 e 2018, e também a de hóquei em patins, 42 anos depois. O basquetebol é uma modalidade que regressa ao clube para a temporada 2019/2020.
A Academia do Sporting parece ter ganhado outra dinâmica e outro fôlego, bem como o projeto de formação.
A nível de comunicação, abandonámos o registo agressivo de antigamente e pelo menos as mensagens não são dadas através das redes sociais.
Não foi tudo bem feito antes, como não é tudo bem feito agora. Mas sente-se um clima de acalmia e o Clube a querer organizar-se, em todos os capítulos. Ainda não está bem? Não. Mas deixem trabalhar quem foi eleito para tal.
Na parte final da entrevista à Sporting TV, Varandas afirmou que no Sporting os seus “esqueletos" que estão nos armários saem ao mais pequeno frisson para dividir o clube, referindo-se naturalmente aos seus rivais que com ele disputaram a eleição para presidente do clube e aos apoiantes de Bruno de Carvalho.
Aliás, o Sporting, deve de ser o clube mais apetecível do Mundo, a avaliar pelo número de ‘viscondes’ a quererem comandar os seus destinos!
Morreu hoje Robert Mugabe o antigo ditador do Zimbabwe. Morreu bilionário, no seu exílio luxuoso de Singapura, aos 95 anos.
O seu percurso biográfico é comum ao de muitos ditadores africanos. Mugabe começou por ser um herói da luta africana pela libertação da minoria branca que governava a então Rodésia mas, à semelhança de outros governantes, acabou por resvalar pelo caminho da tirania, corrupção e violência e não desistiu até instalar um regime de partido único. Acabou com o parlamentarismo instituído e negociado no acordo de paz e tornou-se um presidente-ditador com eleições fraudulentas, violência sistemática sobre os opositores e contínuos atropelos aos Direitos Humanos. Rasgou todos os compromissos assinados e perseguiu a minoria branca provocando o seu êxodo e mergulhando o país na miséria e na fome e dependente da ajuda externa.
Devido à sua desastrosa governação a inflação chegou a assumir níveis incalculáveis, cerca de 98%. As notas de dólares do Zimbábue passaram a não ter qualquer valor e o Zimbabwe deixou de ter moeda própria (os pagamentos e transações são feitos no país em rands sul-africanos, libras, e dólares americanos). Perdeu o referendo constitucional de 2000 e a primeira volta das eleições presidenciais de 2008, mas ainda assim manteve-se no poder através da violência e da perseguição à oposição. Aos 89 anos ainda manipulou as suas últimas eleições.
À medida que foi envelhecendo ia-se tornando cada vez mais imprudente e cada vez mais corrupto. Tendo enviuvado voltou a casar aos 72 anos com a sua secretária, 41 anos mais nova. Esta mulher, Grace Mugabe, consolidou o seu ascendente sobre o marido, foi acumulando poder no partido e cada vez mais riqueza para si e para os seus filhos. Há dois anos, já com Robert Mugabe cada vez mais senil, e já com 93 anos, conseguiu promover o afastamento do Vice-Presidente e preparava-se para assumir a vice-presidência para assim tomar o poder. Mas a velha ala do partido, que até aí sempre o suportara, assustada e apreensiva, e no meio de uma insurreição popular, patrocinou um golpe palaciano e pressionou para afastar o casal do poder.
Robert Mugabe deteve o poder no Zimbábue durante 37 anos, antes de ser derrubado num golpe de Estado em novembro de 2017 e foi forçado a afastar-se depois de o Exército e o seu partido, a União Nacional Africana do Zimbabué – Frente Patriótica (ZANU-PF), lhe retirarem o apoio. Perante a ameaça de deposição violenta pelas forças militares controladas pelo partido e a inevitabilidade do fim do seu poder o casal negociou a sua resignação. Garantiram-lhes imunidade jurídica, não lhes tocaram na imensa riqueza acumulada e o regime ainda os subsidiou com um fundo de 10 milhões de dólares para a sua instalação no exílio.
Marcel Keizer chegou ao Sporting, em novembro de 2019. Era um desconhecido do futebol português, destacando-se no seu currículo o facto de ter orientado o Ajax, durante um curto período, antes de rumar ao Al Jazira, dos Emirados Árabes Unidos.
Sucedeu a José Peseiro e foi apresentado como um treinador dinâmico, com um futebol moderno, das escolas holandesas, que apostava forte na formação, capaz de apostar e potenciar jovens talentos. Varandas queria uma equipa com um estilo de jogo diferente daquele que vinha sendo praticado pelo antigo treinador, José Peseiro. Pretendia um Sporting mais dominador e protagonista, que assumisse as despesas do jogo e jogasse um futebol apoiado e atrativo.
E isso até se verificou de início. Keizer entrou forte, com duas goleadas na Liga Europa e somou sete vitórias nos jogos seguintes, todas elas por números expressivos. O futebol era atrativo e os adeptos estavam empolgados.
A primeira derrota ao fim de oito jogos, mostrou que o Keizerball não era difícil anular. Seguiu-se a derrota com o Tondela, duas jornadas depois do Guimarães.
A verdade é que tirando os primeiros oito jogos de futebol avassalador, a equipa do sporting foi perdendo gás e tornaram-se evidentes as suas debilidades, até porque os técnicos portugueses começaram a perceber como podiam anular o sporting. A derrocada na época passada não foi maior porque Bruno Fernandes foi resolvendo muitos dos problemas da equipa, como comprovam os seus 32 golos e 18 assistências. Tudo somado e com alguma sorte à mistura, o sporting conseguiu atingir o terceiro lugar da I Liga e a conquista de dois troféus na época 2018/19: a Taça da Liga e a Taça de Portugal.
Esta temporada, a pré-epoca sem vitórias e a goleada sofrida na Supertaça, diante do Benfica, vieram por a nu as debilidades do plantel, confirmada com a derrota com o Rio Ave na última jornada. Desde então a saída de Keizer começou a ser mais do que esperada, sobretudo pela falta de qualidade de jogo da equipa. Uma falta de qualidade que se tem manifestado sobretudo no aspeto defensivo, com 11 golos sofridos em cinco jogos oficiais.
Aproveitando a paragem para as seleções nacionais, Frederico Varandas chegou a acordo com Kaizer e rescindiu contrato com o treinador por mútuo acordo. De forma interina, Leonel Pontes, que estava à frente dos sub-23, vai dirigir o grupo de trabalho até que seja nomeado outro treinador ou, quem sabe, até ao final da época, caso os resultados sejam animadores.
Na hora da despedida Varandas agradeceu ao treinador holandês que considerou ser um senhor até na hora de saída.