Não escrever um romance na «horizontal», com a narrativa de peripécias que entretêm. Escrevê-lo na «vertical», com a vivência intensa do que se sente e perturba.
Vergílio Ferreira
A receita da Filipa Gomes do 24 Kitchen parece-me mesmo muito fácil e por isso estou a partilhar convosco, pois pode dar jeito neste período em que estamos confinados ao 'lar doce lar' e em que a prudência aconselha a ficar em casa.
Ingredientes:
3 chávenas de farinha 11/2 chávena de água 1 colher de café de fermento de padeiro seco (fermipan) 1 colher de chá de sal
Preparação:
Misturar tudo, tapar e deixar levedar por 12 horas ou mais.
Depois, enfarinhar bem a bancada (ou papel vegetal, que fica mais fácil) e deitar a massa. Puxar de dentro para fora algumas vezes até forma uma bola. Virar a costura para baixo e deixar descansar tapado enquanto se pré-aquece o forno a 250° com a panela dentro (de ferro, de preferência, e que tenha tampa). Caso não tenham panela de ferro utilizem outra, desde que possa ir ao forno.
Assim que estiver muito quente, colocar a massa dentro da panela (que já deve estar no forno), tapar e deixar assar por 30 minutos. E a magia acontece!
Tirem a tampa e cozam por mais uns 10 minutos se quiserem ficar com uma crosta mais crocante.
O número de infetados pelo novo coronavírus do Porto disparou, segundo dados da Direção-Geral da Saúde (DGS), divulgados no início da semana. Registou-se um aumento de 524 casos em 24 horas, passando de 417 para 941 infetados.
Estes dados podem, no entanto, estar sobreavaliados, segundo apurou o DN. Isto porque o aumento ultrapassaria não só o total da região norte, como aquele que foi registado em 24 horas em todo o país (mais 446 casos).
A DGS já veio admitir a possibilidade de a contagem do número de infetados no Porto estar enviesada, explicando que está a ser utilizada uma "metodologia mista" que recolhe dados reportados pelas administrações regionais de saúde e pela plataforma Sinave (Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica), na qual os médicos inserem a informação sobre os doentes. Deste modo o universo de doentes com Covid-19 poderá, supostamente, ser maior do que o número de casos por dupla contagem, adianta fonte da DGS.
A autoridade de saúde nacional referiu que doravante serão utilizados apenas os dados do Sinave, deixando de ser tidos em conta os dados reportados pelas autarquias. Mas desta forma podem ser reportados apenas 70 a 75% do total de casos no país.
A DGS e a Dra. Graça Freitas merecem-me todo o reconhecimento pelo seu esforço num desafio com estas proporções. Mas, precisamente por isso é que peço um pouco mais de cuidado com os números. Os números são essenciais. É para eles que olhamos todos os dias e é através deles que temos a noção e a variação desta crise epidemiológica que enfrentamos.
Depois, é no mínimo estranho o facto de em Portugal ninguém mais tenha recuperado da doença, para além dos 43 recuperados de há cinco dias.
Percebo a dificuldade de reportar e coligir toda a informação, até porque o sistema de informação deverá ter as suas fragilidades.
Mas, saber que temos várias pessoas recuperadas que sobreviveram à Covid-19 entre os milhares de casos confirmados pode ser muito relevante, pelo facto de se passar uma mensagem positiva aos cidadãos.
É fácil entender que a estrutura da DGS está sujeita a enorme pressão, mas é preciso algum cuidado. Estes lapsos são dispensáveis. Vale a pena investir em informação rigorosa que é diariamente transmitida aos cidadãos. O rigor é fonte da confiança. E confiança é aquilo de que mais precisamos nesta altura para enfrentar este combate.
Uma imagem avassaladora e comovente do Papa Francisco, na Praça de S. Pedro, ontem, completamente vazia, habitualmente repleta de fiéis, a dar a bênção Urbi et Orbi extraordinária. Uma oração histórica pela humanidade e pelo fim da pandemia do novo coronavírus que já fez mais de meio milhão de infetados e causou a morte a mais de 22 mil pessoas em todo o mundo.
«Estamos todos neste barco. Ninguém se salva sozinho», disse o Papa Francisco neste momento de fé. Falou dos médicos, dos enfermeiros, dos trabalhadores dos supermercados e das limpezas, das forças policiais, dos bombeiros, dos sacerdotes e religiosas e dos voluntários que todos os dias estão na luta para ajudar a população que enfrenta uma crise sem precedentes.
«Podemos ver tantos companheiros de viagem exemplares, que no medo reagiram oferecendo a própria vida. É a força operante do Espírito derramada e plasmada em entregas corajosas e generosas», disse o Papa na cerimónia transmitida para todo o mundo.
O Sumo Pontífice comparou o momento a um relato bíblico de uma tormenta enfrentada pelos discípulos de Cristo, considerando que tal como eles a humanidade foi agora surpreendida por uma tempestade inesperada em que todos estão «no mesmo barco, todos frágeis e desorientados, mas ao mesmo tempo importantes e necessários: todos chamados a remar juntos, todos carecidos de mútuo encorajamento».
«Senhor, abençoa o mundo, dá saúde aos corpos e conforto aos corações! Pedes-nos para não ter medo; a nossa fé, porém, é fraca e sentimo-nos temerosos. Mas Tu, Senhor, não nos deixes à mercê da tempestade», concluiu o Santo Padre quando pediu a bênção de Deus para todo o mundo.
A pandemia de covid-19 colocou na agenda europeia a questão da mutualização da dívida, havendo cada vez mais vozes a defender a emissão dos ‘coronabonds’, para amortecer o brutal impacto socioeconómico gerado pelo novo coronavírus.
Atualmente, cada país da zona euro emite títulos de dívida nos mercados de obrigações, com garantias nacionais. Os ‘coronabonds’ seriam emitidos em nome da União Europeia, o que significa que seriam emissões de dívida partilhadas pelo conjunto dos Estados-membros, protegendo assim os mais frágeis de especulações de mercado e taxas de juro altíssimas.
No entanto, na reunião do Eurogrupo celebrada na terça-feira, os ministros das Finanças europeus, sem excluírem a eventual mutualização da dívida, privilegiaram a possibilidade de ativar uma linha de crédito do Mecanismo Europeu de Estabilidade.
O Conselho Europeu de ontem, convocado para tentar alcançar um consenso entre os Estados-membros sobre a melhor forma de proteger os cidadãos e a economia neste momento de crise pandémica, terminou sem consenso, com muitas divisões entre os chamados países do norte e do sul e um novo encontro agendado para daqui a duas semanas.
António Costa mostrou-se irritado com as declarações de Wopke Hoekstra, ministro das finanças dos Países Baixos, o qual terá afirmado que a comissão europeia deveria investigar países como Espanha, para saber por que razão não têm margem orçamental para lidar com a pandemia.
O primeiro-ministro português não poupou nas palavras e considerou mesmo este discurso “repugnante” no quadro da União Europeia, acrescentando que «não foi a Espanha que importou o vírus. O vírus atinge a todos por igual. Se algum país da UE acha que resolve o problema deixando o vírus à solta nos outros países, não percebeu bem o que é a EU».
«Se a UE quer sobreviver é inaceitável que qualquer responsável político, seja de que país for, possa dar uma resposta dessa natureza perante uma pandemia como aquela que estamos a viver», refere António Costa.
É chocante observar a falta de solidariedade dos países mais fortes com a Itália e a Espanha. Este não foi certamente o espírito que presidiu à criação de uma União Europeia. de que nos serve fazer parte dela quando se mostra tão pouco solidária numa tragédia desta dimensão?
Numa altura em que as autoridades de Saúde e o Governo pedem para que as pessoas fiquem em casa, de forma a conter a propagação do novo Covid-19, a maior parte dos portugueses têm levado isso à risca, mas nem todos.
Este domingo começaram a circular várias imagens, como esta, nas redes sociais que mostram centenas de portugueses que aproveitaram o bom tempo para passear nas marginais junto à praia, nomeadamente nas da Póvoa de Varzim, de Matosinhos, desrespeitando, assim, a quarentena domiciliária imposta pelo estado de emergência que vigora no País, obrigando o município povense a adotar medidas de proteção e a tentar isolar os espaços públicos. A partir deste domingo, todos os acessos à cidade, através de automóvel, irão ser controlados pela PSP.
Neste momento difícil, em que o rigor, o cuidado e a disciplina são as palavras de ordem para o bem de cada um e de todos, sempre com a preocupação constante de que saibamos encontrar a melhor maneira de passarmos por isto e dar a volta por cima. Por favor, fiquem em casa, para o bem de todos. Não me parece assim tão difícil!
Por mim, cumprirei as medidas impostas. Entre as virtualidades tecnológicas do teletrabalho, o contacto virtual com aqueles de quem gosto, os livros, as redes sociais, as notícias, a música e a lida da casa (saindo só quando necessário) são os componentes essenciais que necessito para levar uma vida tão normal quanto possível, nestas circunstâncias e que neste momento estão asseguradas. Saio apenas para o essencial (mercearia, farmácia, lixo). Como dizia, com graça, uma amiga, «estou a entrar numa fase em que o simples facto de ir à rua levar o lixo e depositá-lo no contentor é algo de excitante».
Neste tempo feito de incertezas, medos e solidão há, no fundo, o desejo de que tudo passe rápido e que possamos retomar a vida de que tanto nos queixávamos: a rotina do quotidiano, as deslocações para o trabalho. Há igualmente a esperança de que possamos retomar o convívio social, os afetos que tanta falta nos fazem agora, a possibilidade de andar livremente por onde quisermos, mas para isso acontecer temos que passar uns tempos em isolamento, por muito que nos custe.
Portugal conta já com 448 pessoas infetadas com Covid 19, mais 86 casos relativamente ao dia anterior, e declarou ontem oficialmente a sua primeira vítima mortal (um indivíduo do sexo masculino, de 81 anos e já com problemas respiratórios graves). Mantêm-se o crescimento exponencial e 3 doentes entretanto recuperados, ficando ainda ativos 445 casos, 18 deles em estado grave.
O Governo confirma que entre os 448 doentes com Covid-19 há 30 profissionais de saúde, o que que é deveras preocupante.
Na semana passada praticamente todos os casos de novo coronavírus em Portugal eram importados do estrangeiro, o que colocava o país no nível de alerta laranja, que corresponde a uma situação em que o risco de Covid-19 é moderado, com reforço da resposta e contingência, mas agora a realidade mudou. As cadeias de transmissão estão estabelecidas no país, dentro da comunidade, tratando-se de uma situação de epidemia ativa. Entramos agora numa fase mais grave do Covid19 que exigiria, talvez, a adoção de medidas mais musculadas.
Fiquei preocupada ao ouvir os dados estatísticos de Jorge Buescu, professor do Departamento de Matemática da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, no programa “Prós e Contras” da RTP. Dizia este investigador que se nada tivesse sido feito pelo Governo, Portugal poderia chegar ao fim do mês de março com 60.849 infetados. Mas com as medidas de encerramento de escolas, serviços mínimos, redução de lotação em espaço públicos, restrições em deslocações, o número de infetados nesse período poderá vir a ser de pelo menos 19.303. Mas se o Governo tomasse medidas drásticas, ou seja, a decisão de fechar tudo, como fez a Itália, podianos porventura chegar a essa fase com 4.186 infetados, revelam as contas do matemático. O matemático não tem dúvidas. O contágio em Portugal vai aumentar brutalmente, como também a percentagem de mortes. Assim sendo, conclui Buescu, o intervalo de tempo para agir é escasso .
O economista Pedro Pita Barros contesta as projeções de Jorge Buescu relativas à evolução da pandemia do coronavírus. Neste artigo apresenta um modelo com previsões menos pessimistas.
Não sei quem estará certo, o que sei é que estamos num ponto em que, como não temos uma vacina para combater o vírus, nem uma estratégia totalmente eficaz para a eliminação do contágio, resta-nos socorrer do conhecimento e de quem percebe melhor disto que nós. A importância do conhecimento é neste momento decisiva, bem como o trabalho dos profissionais de saúde, sem esquecer a necessidade fundamental de cada um cumprir o seu dever.
Com muita clarividência, António Moita escreve o seguinte texto no Jornal de Negócios: «Como vai sendo assinalado cada vez com mais insistência, estamos perante um problema muito grave e de efeitos potencialmente devastadores sobre a saúde de milhões de pessoas e sobre a economia global. Há mesmo quem diga que este será o maior desastre alguma vez enfrentado no planeta e que a partir daqui nada será igual. Talvez seja cedo para o dizer. Mas nunca será tarde demais se começarmos de imediato a trabalhar concertadamente para atenuar os danos que já estão a ser causados.
Desde logo com a consciencialização individual e coletiva a que estamos obrigados. Comportamentos de risco são inaceitáveis pelo que podem provocar na nossa vida e na daqueles com quem convivemos. Prevenir não é apenas ficar fechado em casa à espera que tudo passe depressa. É também estar disponível para ajudar, para respeitar escrupulosamente os apelos das autoridades, para não tomar atitudes desproporcionadas como a de recorrer aos serviços de saúde por tudo e por nada ou participar no açambarcamento de produtos alimentares, medicamentos e afins. A resposta deverá ser global, mas a sua eficácia depende do contributo individual de cada um.
É também o tempo das instituições públicas e privadas sejam elas municipais, regionais, nacionais, europeias ou mundiais. Dos decisores políticos, da comunidade médica e científica, do setor social, da proteção civil ou das forças de segurança. Mas também dos empresários e dos trabalhadores. Ninguém está verdadeiramente preparado para uma calamidade com estas proporções nem, a não ser em cenários e no papel, a resposta a estas situações foi sequer ensaiada. Por isso é fundamental que a pesada responsabilidade que alguns têm de tomar decisões em nome do interesse coletivo, seja assumida e partilhada por todos. O tempo é de juntar esforços e de unir. De colaboração ativa entre comunidades, investigadores e decisores na procura de respostas e de soluções para os problemas que surgem a uma velocidade alucinante.
A Europa e o mundo têm sido confrontados nos últimos anos com enormes desafios decorrentes da globalização, das ameaças ao multilateralismo, do crescimento dos movimentos nacionalistas e populistas, de correntes de pendor mais liberal que põem em causa o papel dos Estados e, especialmente na Europa, a relevância do Estado social.
Pois chegou o tempo de os Estados e as organizações internacionais fazerem a sua prova de vida, exercendo toda a sua autoridade e assumindo cabalmente o seu papel. É certo que existe uma desconfiança generalizada nas instituições por parte dos cidadãos. Terá chegado a oportunidade de nos demonstrarem que andámos todos enganados e que podemos confiar nos governantes e em todos quantos trabalham para ajudar a tornar o mundo melhor.
E será também o momento de iniciar uma reflexão profunda sobre o mundo em que queremos viver. Se escolhemos o acentuar dos desequilíbrios económicos, culturais e sociais ou se optamos por uma distribuição mais justa da riqueza e das condições de acesso a uma vida digna. Se queremos constituir uma comunidade solidária e interdependente ou se queremos ver erguer mais muros e permitir o surgimento de líderes autocráticos que fomentam o ódio e o isolamento em nome de interesses egoístas e de projetos sem futuro.».
Numa época em que impera o individualismo, em que andámos distraídos e a desviar-nos do essencial, em que cada um vinha pensando, cada vez mais em si e em que as relações entre as pessoas vinham sendo cada vez mais virtuais, de repente somos confrontados com uma realidade que nos impõe, muito rápida e abruptamente, que todos temos o dever de juntos travar esta batalha, de mãos dadas, de forma real e efetiva e de pensar em primeiro lugar no coletivo e não apenas em nós.
Muito mudou e num curto espaço de tempo, muito irá mudar e definitivamente. A meu ver, nada mais será como antes. Efetivamente o mais importante do Mundo são as pessoas, hoje e sempre.
A Organização Mundial de Saúde declarou o surto de Covid-19 como pandemia à escala global. Esta declaração surge na sequência do número de países afetados, ou seja, boa parte da humanidade está potencialmente exposta ao vírus.
O último balanço dá conta de 61 casos confirmados em Portugal. O Governo decide hoje o fecho de escolas , uma medida preventiva que pode afetar 1,5 milhões de alunos. Há 83 pessoas a aguardar resultado laboratorial em Portugal. Pelo resto do mundo, o novo coronavírus fez 4251 mortos e infetou mais de 118 mil pessoas.
Parece-me que as pessoas ainda não tomaram consciência da gravidade da situação instalada e da complexidade que o vírus tem. Há falta de responsabilidade social e de cidadania. Tem havido um enorme esforço por parte das entidades competentes para travar uma doença que insiste em disseminar-se e que lançou o planeta numa luta ainda sem tréguas. E, ainda assim, as imagens que circulam nas redes sociais mostram a praia de Carcavelos e jardins de Lisboa repletos de gente que devia estar em quarentena.
Um apelo à consciência coletiva: a ideia é o isolamento social, ou seja, a ideia não é ir de férias, socializar com os amigos ou ir para o shopping ou o quer que seja. A ideia é ficar em casa, na medida do possível. “Quarentena não são férias”. Todos temos que ser responsáveis e não apenas pensar em nós ou nos nossos, mas no coletivo, no País. Parafraseando John Kennedy: «Não pergunte o que o seu país pode fazer por si. Pergunte o que pode fazer pelo seu país».
Esta situação é séria, mas é tudo uma questão de nos protegermos, mantendo comportamentos adequados e ter cuidados de higiene em vez de correr para os supermercados, açambarcar comida e produtos desinfetantes. A ignorância mata muito mais que qualquer vírus! Para as pessoas que correm aos hipermercados, permitam-me recordar que o açambarcamento de bens essenciais ou de primeira necessidade, em quantidade manifestamente desproporcionada às suas necessidades, é um crime punido com pena de prisão até 6 meses (DL n.º 28/84, de 20/1).
Macau está há mais de um mês sem novos casos e, ainda assim, não baixam a guarda. São bastante conscientes e responsáveis! Quando esta epidemia rebentou ainda não havia casos registados em Macau e foi de imediato acionado um plano de emergência, não se ficou à espera do primeiro caso para começar a agir, porque, segundo eles, “mais vale prevenir que remediar”.
Termino, recordando a forma como ontem Rodrigo Guedes de Carvalho fechou o Jornal da Noite, na SIC: «nesta fase estamos todos no mesmo barco, não sabemos para onde vai, não sabemos qual a dimensão do perigo que espreita. Em Portugal, e até novas ordens, podemos fazer a nossa vida», começou por frisar. «Mas com uma atenção suplementar: reduzir os nossos contactos físicos ao estritamente necessário, evitar aglomerações sempre que possível, manter uma higiene vigilante e respeitar o espaço dos outros», acrescentou.
«É bom que os portugueses percebam que esta não é daquelas que se resolvem a pensar 'isto só acontece aos outros'. Dito isto, vamos manter a esperança e o ânimo porque a tempestade vai passar com a ajuda de todos nós, do país e do mundo», sublinhou o jornalista da SIC.
Sábias as palavras de Miguel Esteves Cardoso hoje, no Público:
«Como sempre os italianos mostram ao mundo como se faz. Agora contabilizam-se as perdas mas daqui a um ano ou dois tudo se há-de repor.
Graças ao coronavírus aprende-se que às vezes é preciso parar. Mesmo se tirássemos todos 14 dias de férias que mal viria ao mundo? Quantos dos nossos trabalhos são verdadeiramente essenciais? Quantas das nossas deslocações são indispensáveis?
Todos fingimos que somos muito importantes mas quando morremos já é tarde para perceber que o mundo continua bem sem nós. Uma crise é uma boa altura para respeitarmos mais as profissões das quais dependemos para viver. Se tivermos de reaprender a estarmos parados já não será mau. Das viagens que fazemos por dá-cá-aquela-palha quantas são realmente importantes para a nossa felicidade?
Não é só perceber que os nossos movimentos têm consequências. É levar a sério o desperdício de energia que é necessário para espalhar bem uma doença contagiosa.
Haverá espectáculo mais esclarecedor e deprimente que os aviões a voar vazios para não perderem as rotas que contrataram? Não são só os aviões a queimar estupidamente combustível. Todo o desperdício, todo o consumo inútil é destrutivo. O maior erro de todos é pensar que são só as coisas que se destroem - e que nós escapamos ilesos.
É como não saber que o streaming e a cloud - essas coisas que consumimos para “fugir ao papel” - gastam mais energia que todos os aviões. É como pensar que, mesmo assim, a energia de cada um - o cérebro, a alma, o coração, chamemos-lhe o que quisermos - não é afectada. Claro que é.».
O impacto económico do novo coronavírus já se faz sentir em muitos países. As medidas de contenção da epidemia em zonas atingidas estão a reduzir fortemente a atividade económica em praticamente todo o mundo, e já há consequências diretas e indiretas, nomeadamente ao nível do turismo, da aviação comercial e da atividade económica. Além do impacto nas economias locais, há também os efeitos nas exportações.
As bolsas mundiais que, como sabemos, são sempre um barómetro, têm tido quedas significativas. Para economias que tem por receita a livre circulação de pessoas, de bens e de mercadorias, o coronavírus é uma notícia terrível. Milhões de viagens canceladas, milhões de pessoas impedidas de trabalhar e circular (só em Itália estão 60 milhões de quarentena), fábricas paralisadas, novas regras e procedimentos que emperram a gigantesca engrenagem do comércio mundial, tudo isto gera um clima de pânico e de suspeição. A estes fatores junta-se a guerra do preço do petróleo entre russos e sauditas, criando as condições para uma tempestade perfeita.
Os negócios ressentem-se e de que maneira. Por exemplo, por cá, a Cofina anunciou que não estão reunidas as condições para concretizar a compra da Media Capital, que tem a TVI. A empresa que detém o Correio da Manhã falhou o aumento de capital previsto para fechar negócio. A justificação foi o facto de os mercados financeiros terem sofrido nos últimos dias uma forte derrocada, o que contribuiu para o interromper a compra da Media Capital. Como explicou a Cofina, «tendo especialmente em consideração a recente e significativa deterioração das condições de mercado, a Cofina entendeu não estarem reunidas condições para o lançamento de uma oferta particular para colocação das ações sobrantes, cuja possibilidade se encontrava prevista no prospeto da oferta pública de subscrição».
Será esta reação ao coronavírus justificada? Em que medida é que tudo isto nos afeta? Vamos ver como evolui a situação, mas creio que estes sinais devem-nos fazer refletir. Ainda recentemente houve quem avisasse que o diabo vinha a caminho. Será que apanhou boleia do coronavírus? Esperemos que não.
Faz hoje exatamente 7 anos, dia internacional da mulher, que me aventurei na blogosfera. O meu primeiro texto foi justamente sobre a o dia da mulher.
Sete anos volvidos e para grande surpresa minha, continuo por aqui, ainda que sem o entusiasmo inicial e ciente de que o tempo e os afazeres diários por vezes não me permitam dedicar toda a atenção ao blog como gostaria.
Ainda assim vou continuar por aqui, não sei quantos mais anos, o que eu sei é que enquanto fizer sentido o blog vai continuar, pelo gosto que me tem proporcionado em arrumar ideias e de me obrigar a pensar a atualidade do «país e do mundo».
Não me arrependo, nem por um minuto, de me ter metido nesta aventura, dado que o balanço que faço é claramente positivo. O que ganhei foi incomensuravelmente maior do que o que possa ter perdido.
Agradeço aos leitores, mais e menos fiéis, aos que comentam ou não, enfim, a todos os que por aqui passam e leem as minhas opiniões, sugestões ou divagações.