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Narrativa Diária

Não escrever um romance na «horizontal», com a narrativa de peripécias que entretêm. Escrevê-lo na «vertical», com a vivência intensa do que se sente e perturba. Vergílio Ferreira

Narrativa Diária

Qua | 30.09.20

Quino (1932-2020)

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Joaquín Salvador Lavado, mais conhecido por Quino, deixou-nos hoje aos tinha 88 anos.

 

O seu principal talento ficará eternizado na emblemática Mafalda, a contestatária, heroína de banda desenhada, de seis anos, que odeia sopa e adora os Beatles.

 

Mafalda é personificada numa criança observadora e perspicaz do que se passa à sua volta, sendo uma metáfora perfeita da sociedade que Quino corporizava para evidenciar os problemas políticos, económicos e sociais que considerava serem o grande travão para o desenvolvimento.

 

Para além da banda desenhada, Mafalda surgiu também em livros, cujo primeiro foi editado em 1966 na Argentina. A primeira edição no estrangeiro aconteceu em Itália, em 1969, com prefácio de Umberto Eco. Nos anos seguintes seguir-se-iam Espanha, Portugal, França, Alemanha, Grécia, entre muitos outros países.

 

Apesar do grande sucesso alcançado por Mafalda em diversos países, sobretudo na América Latina e na Europa, a decisão de terminar com a banda desenhada prendeu-se com o desejo de Quino dedicar-se em exclusivo aos cartoons. Quino apenas abriu exceções para causas como A Declaração dos Direitos das Crianças para a UNICEF, e para uma campanha médica a favor da higiene oral na Argentina, em que voltou a desenhar a pequena miúda e os seus amigos.

 

Em Portugal, Mafalda foi publicada pela primeira vez em 1970 tendo alcançado um sucesso estrondoso.  Desde então saíram várias publicações e edições especiais.

 

Desde 2006 que o cartoonista não desenhava com a mesma regularidade depois de vários problemas de saúde.


Obrigado por tudo, Quino!

Dom | 27.09.20

Cláudio França estreia-se na SIC N

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Cláudio Bento França, jornalista afro-português, estreou-se ontem no noticiário da SIC Notícias e inúmeras pessoas recorreram às redes sociais para destacar o facto e felicitar a estação de televisão.

Mas será que devemos valorizar este acontecimento?  Na minha opinião não. Primeiro, porque a simples menção de salientar o facto não deixa de ser uma forma de discriminação, e depois porque este não é o primeiro pivot de raça negra a apresentar noticiários em Portugal. José Mussuaili, Alberta Marques Fernandes, João Rosário ou Conceição Queiroz foram precursores, já para não elencar todos os da RTP África.

O facto de um pivot negro de rastas ser motivo de espanto e merecer comentários, uns a criticar, outros a aplaudir, só mostra o longo caminho que ainda temos pela frente até nos tornarmos uma sociedade justa, igualitária e não racista, onde o valor de cada um, independentemente do lugar que ocupa, seja medido pelas suas capacidades pessoais e profissionais e não pela cor da pele ou o penteado que apresenta.

Não estamos no caminho certo porque um pivot de raça negra, de rastas, apresenta o noticiário, estaremos, isso sim, no caminho certo quando isso deixar de ser notícia.

Qui | 24.09.20

Inês de Medeiros e o Bairro Amarelo

 

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A presidente da Câmara Municipal de Almada, Inês de Medeiros, está envolvida numa polémica devido às declarações que proferiu numa reunião pública ordinária da Câmara de Almada.

 

Afirmou a autarca: «Almada tem este privilégio de ter bairros sociais em espaços absolutamente maravilhosos, com uma vista invejável. Qualquer bairro social da margem norte tem inveja. Eu própria amanhã ia viver para o Bairro Amarelo».

 

Após as críticas, Inês de Medeiros sublinhou que as suas afirmações sobre o Bairro Amarelo foram descontextualizadas, e que a questão da localização de alguns dos bairros sociais de Almada vinha em resposta à deputada do BE, Joana Mortágua, que dizia: «ansiamos por projetos virados para as pessoas e que sejam também em pontos bonitos, que não sejam guetos».

 

«Bem sei que, com o aproximar das eleições autárquicas, a tentação para descontextualizar sistematicamente afirmações que são respostas a perguntas ou interpelações concretas, é grande, e a partir de aí tirar conclusões que em nada correspondem ao sentido inicial das palavras», afirmou Inês de Medeiros, numa publicação na sua página do Facebook.

 

Mais tarde, na SIC Notícias, frisou que as declarações foram retiradas de contexto e criticou a esquerda: «Acho muito estranho que pessoas que se dizem de esquerda achem que não pode haver pessoas como eu ou como você [o jornalista] a viver ao lado de habitação social porque têm uma conceção de habitação social que tem de ser sempre miserabilista e isolada», disse a presidente do município socialista.

 

Pena Inês de Medeiros não se ter lembrado de ir viver para um bairro social em Almada e beneficiar das belas vistas, quando era deputada no Parlamento. Sempre ficava mais barato à Assembleia da República do que pagar-lhe viagens semanais, em primeira classe, para Paris, acrescidas de despesas de deslocação entre o aeroporto e o domicílio. Como tinha residência em Paris, Inês de Medeiros beneficiou ainda de uma ajuda de custo de 69€ por dia. O que o Estado não teria poupado!

Ter | 22.09.20

Um beijo clarificador

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Ana Rita Cavaco, Bastonária da Ordem dos Enfermeriros, foi no sábado à Convenção Nacional do Chega, deslocando-se propositadamente a Évora para, nas palavras da própria, «dar um beijo de amiga» ao presidente do Chega, André Ventura.

 

«Hoje vim mesmo dar um beijo de Ana Rita, de amiga. Amanhã [domingo] estarei cá de forma oficial, como estive no PS, no PCP, no PP, a representar os enfermeiros. Mas o André, acima de tudo, é meu amigo e será sempre», esclareceu a bastonária, justificando assim a sua presença.

 

Ana Rita Cavaco é dirigente de uma ordem profissional, com competência delegadas pelo Estado e não de um sindicato, foi nessa qualidade que foi notícia o beijo que fez questão de dar ao seu amigo André Ventura. Podia ter enviado essa mensagem por e-mail ou por telefone, mas não, fez questão de se deslocar pessoalmente, movida por um oportunismo sórdido, confundindo a função de bastonária com a de cidadã.

 

Dada a opacidade que tem envolvido o seu mandato e antevendo que o cargo de bastonária não dura para sempre, Ana Rita Cavaco, com calculismo, prepara o seu futuro. Possivelmente vê-la-emos integrando as listas do Chega nas próximas legislativas.

 

Se dúvidas houvesse, a partir de agora os enfermeiros sabem quem os dirige.  O "beijo de amiga" dado a Ventura serviu para clarificar tudo. A classe dos enfermeiros sabe  agora que são presididos por uma bastonária que não tem limites para a sua ambição política e que usou o cargo como trampolim para atingir os seus intentos e ganhar visibilidade, estando disponível para um dia engrossar as listas de um partido partido populista, racista e xenófobo que propõe que sejam retirados os ovários a mulheres que interrompam voluntariamente a gravidez.

 

Ficamos esclarecidos.

Dom | 13.09.20

Costa apoia Luís Filipe Vieira

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O semanário Expresso avançou neste sábado que António Costa e Fernando Medina vão integrar a comissão de honra de recandidatura de Luís Filipe Vieira à presidência do Benfica.

A lista contém mais de 500 nomes de várias áreas e diversos quadrantes políticos, como: o antigo ministro da Administração Interna de um Governo PS, Rui Pereira; o deputado do PSD, Duarte Pacheco; o deputado do CDS, Telmo Correia; o presidente do Câmara Municipal do Seixal pela CDU, Joaquim Santos; António Saraiva, presidente da Confederação Empresarial de Portugal, entre outros.

O primeiro-ministro já reagiu dizendo que o apoio é apenas enquanto sócio do Benfica e não como primeiro-ministro. Também o gabinete do autarca de Lisboa destaca que o apoio é enquanto sócio.

Um dos principais problemas da sociedade portuguesa é precisamente o excesso de promiscuidade entre a política e futebol e toda a opacidade associada a este mundo.

O primeiro-ministro de um país imiscuir-se nas eleições de um clube de futebol já coloca muitos problemas éticos. Pior, quando este apoio é feito a alguém que está a braços com a justiça em casos de corrupção, fraude fiscal, lavagem de dinheiro, recebimento indevido de vantagem e devedor de centenas de milhões de euros ao Novo Banco que, como bem sabemos, está a ser intervencionado com dinheiros públicos, pagos pelos contribuintes.

Ao apoiar Luís Filipe Vieira, Costa está implicitamente a dar um atestado de credibilidade e de honorabilidade a alguém que já deu várias provas do contrário.

É importante ainda não esquecer que a invocação de que o faz como adepto também não colhe, porque conforme disse o próprio António Costa, em abril de 2016, relativamente ao ministro da cultura, João Soares... «nem sequer à mesa do café podem deixar de se lembrar que são membros do Governo». Portanto, como primeiro-ministro, António Costa, em nenhum momento pode colocar o estatuto de adepto acima do titular de cargo político.

Tudo isso é algo perfeitamente incompreensível e desnecessário. Não se percebe como António Costa, sendo um político hábil, se deixou levar neste engodo de apoiar o presidente do Benfica e com que objetivos, sabendo de antemão toda a polémica que iria gerar. E não, a clubite não é justificação para esta tomada de posição.

Sab | 12.09.20

Aulas de Cidadania

 

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Muito se tem falado das aulas de Cidadania e Desenvolvimento, devido a um caso ocorrido em Famalicão, em que uma família decidiu que os filhos não iriam frequentar a disciplina, alegando objeção de consciência aos seus conteúdos programáticos. 

 

Os pais foram informados através do Ministério da Educação que os alunos, ambos de quadro de honra, teriam de ficar retidos, pelo facto da frequência à disciplina ser de carácter obrigatório, tendo estes apresentado uma providência cautelar com o intuito de anular o despacho do Ministério da Educação, prometendo levar o processo «até às últimas consequências».

 

A tutela reconheceu, no entanto, que os dois alunos podiam assim ficar «prejudicados pelas consequências de uma atuação que, enquanto menores, lhes foi imposta» e propôs, em alternativa, o cumprimento de um plano de recuperação à disciplina, que implicava a realização de alguns trabalhos. Mas a família recusou tal proposta.

 

O currículo da disciplina foi realizado legalmente e é competência do Ministério da Educação e das escolas assim como a Matemática, o Português ou a História e como tal é obrigatória a sua frequência. Não são os pais que definem os conteúdos dos curricula, assim como não são os professores ou o ministério da Educação que definem as atividades extracurriculares.

 

Os pais têm todo o direito de discordar dos programas curriculares e se acharem que o conteúdo da disciplina colide com a sua liberdade de consciência ou dos seus filhos, devem recorrer aos tribunais, mas até que a sentença judicial ser pronunciada, deverão cumprir a lei. Impedir os filhos de frequentar a disciplina, usando abusivamente o instituto da objeção de consciência é um comportamento que ofende o direito à educação, caindo na alçada da Lei de Proteção de Crianças e Jovens, porquanto viola deveres parentais.

 

Foi o que aconteceu. A escola reportou a situação à Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, pedindo para que interviesse, porque esta instituição tem especiais competências de tutela sobre os direitos dos menores de idade, podendo substituir-se aos pais, quando estes violam direitos das crianças e daí resultou que o caso foi parar ao Ministério Público que o está a investigar.

 

A escola constitui um importante contexto para a aprendizagem. A disciplina de Cidadania e Desenvolvimento está estruturada de modo a refletir preocupações transversais à sociedade que envolvem diferentes dimensões da educação para a cidadania, tais como: educação para os direitos humanos; educação ambiental/desenvolvimento sustentável; educação rodoviária; educação financeira; educação do consumidor; educação para o empreendedorismo; educação para a igualdade de género; educação intercultural; educação para o desenvolvimento; educação para a defesa e a segurança/educação para a paz; voluntariado; educação para os media; dimensão europeia da educação; educação para a saúde e a sexualidade.

 

Percebo que ensinar questões de grande sensibilidade moral, ética e religiosa pode não ser fácil. Mas, mais perigoso ainda é permitir aos pais intervir, discricionariamente, nos programas escolares, o que não significa que os pais devam estar afastados da educação dos seus filhos. O papel dos encarregados de educação é fundamental e deve ser complementado com o papel da escola.

 

Até porque, sejamos claros, nem todas as crianças provem de famílias estruturadas com disponibilidade de tempo e recursos para educar e transmitir determinados valores, nem com a capacidade e 'à vontade' para abordar determinados temas.

 

Corre-se o risco de muitos pais, ou por terem baixa escolaridade ou por viverem em localidades onde o papel da religião é decisivo, transmitirem aos filhos a sua visão sobre o mundo e as suas preferências, muitas das vezes de uma forma deturpada, totalitária que vai estruturar, condicionar e modelar a formação de crianças e jovens, que serão os futuros adultos de amanhã e que se pretende que sejam cidadãos responsáveis, críticos, ativos e intervenientes na sociedade, dotados de conhecimento e informação.

 

É por isso que a disciplina da Cidadania e Desenvolvimento é tão importante. A cidadania traduz-se numa atitude e num comportamento, num modo de estar e viver em sociedade que tem como referência os direitos humanos, nomeadamente os valores da igualdade, da democracia e da justiça social. Contribui para a formação de pessoas responsáveis, solidárias que exercem os seus direitos e conheçam os deveres com respeito pelos outros, em liberdade, pluralidade e espírito crítico.

Qua | 09.09.20

Vicente Jorge Silva (1945-2020)

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Morreu Vicente Jorge Silva, aos 74 anos. Jornalista de profissão e  cineasta por paixão, fez durante vários anos parte da direção do Expresso, onde foi responsável pelo lançamento da "Revista". Em 1990 ajudou a fundar o jornal Público, tendo sido o primeiro diretor, cargo que manteve até 1996.

 

Além de jornalista e cineasta foi deputado pelo Partido Socialista, eleito pelo círculo eleitoral de Lisboa, função que mais tarde confessou não ter gostado de desempenhar.

 

Foi uma personalidade marcante que mudou o panorama da comunicação social portuguesa. Ao criar o Público, estabeleceu um novo paradigma para os media em Portugal. Pode dizer-se que há um jornalismo antes e depois do Público. Na vertente empresarial, na exposição de conteúdos e na relação com os leitores, o Público criou um novo patamar de qualidade e exigência com uma marca que ainda hoje, apesar de tudo, mantém. A revolução que o Público provocou nos media em Portugal foi um legado que perdurará para sempre.

 

Homem contundente e caustico, espírito livre, nunca se coibiu de dizer o que pensava. Foi dele a expressão «Geração Rasca» nos idos 90, num editorial que assinou aquando das manifestações estudantis contra o aumento das propinas no governo de Cavaco Silva, sendo então ministro da Educação Couto dos Santos. Os estudantes saiam à rua e gritavam alguns slogans, como: «não pagamos».

 

A expressão “geração rasca” não agradou ao movimento estudantil contestatário que adotou a expressão modificando-a para “geração à rasca”.

 

Anos mais tarde, em março de 2011, a expressão foi aproveitada para dar nome a uma outra série de contestações reivindicativas de jovens na procura de melhores condições do trabalho, em especial do fim da precariedade do emprego, nos anos da Troika.

 

Como realizador de cinema foi autor de “O Limite e as Horas” (1961), “O Discurso do Poder” (1976), “Vicente Fotógrafo” (1978), “Bicicleta – Ou o Tempo Que a Terra Esqueceu” (1979) e “A Ilha de Colombo (1997)”. Porto Santo (1997), seu último trabalho no cinema, foi exibido no Festival Internacional de Genebra.

 

Foram vários o colegas de profissão e não só, que fizeram questão de deixar sentidas homenagens a VJS. Também Marcelo Rebelo de Sousa que trabalhou com ele no Expresso deixou uma carta aberta, publicada no jornal Público.

Sex | 04.09.20

Festa do Avante

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Não sou objetivamente contra a realização da festa do Avante. O evento tem num espaço aberto, de 300 mil metros quadrados, só serão permitidas entradas de um terço das pessoas, naturalmente protegidas por máscaras e todos os espaços respeitarão a distância adequada e as regras sanitárias impostas pela DGS. Aliás têm existido vários eventos por esse país fora, festivais ou acontecimentos como as feiras do livro lotadas, passando por transportes públicos e praias à pinha.

 

Mas havendo a festa do Avante nos termos já anunciados e com uma afluência prevista e autorizada de cerca de 16.000 pessoas impõe-se, em nome da justiça e da igualdade, o regresso dos adeptos aos estádios de futebol e a todas as competições desportivas.

 

E também o regresso dos festivais de música (há mais músicos e bandas a participar no Avante do que na esmagadora maioria dos espetáculos que foram cancelados) e do cinema, do teatro com público e o retomar da atividade dos bares e discotecas e restantes sectores de animação como as feiras e parques temáticos que estão a sofrer e muito com a suspensão temporária dos eventos. Não pode haver dois pesos e duas medidas e o PCP não pode ser tratado como um Estado dentro do próprio Estado, com direito a benesses e regras sanitárias excecionais. Nenhum português compreenderia isso, exceto os comunistas.

 

Ora se a questão premente é a retoma da economia, não pode ser dada apenas a possibilidade ao PCP de realizar receitas. Há outros setores que necessitam urgentemente de regressar à normalidade. Até porque, depois da Festa do Avante, não haverá mais como justificar que as atividades desportivas, culturais, feiras e restauração não retomem o seu funcionamento regular.

 

Apesar de não ser totalmente contra a sua realização pelos motivos atrás expendidos, concordo com algumas vozes que reclamam que este ano esta festa não faz qualquer sentido. Penso até que deveria ser o próprio partido a decidir o seu cancelamento, à semelhança do que fizeram outras forças políticas.

 

Os portugueses dificilmente aceitam que uma festa, que não é mais do que uma rentrée politica, não possa deixar de se realizar num ano atípico como este. Veja-se aliás a atitude da população e dos lojistas do Seixal e da zona envolvente à Quinta da Atalaia que sempre acarinharam este evento, como forma de aumentar os seus lucros, agora preferem fechar portas durante a realização da festa e assim evitarem comportamentos de risco para saúde.

 

É uma teimosia que pode sair cara aos comunistas. O PCP que outrora tinham como trunfo a empatia com a população, a interpretação do sentimento popular, criando a ideia de estarem sempre ao lado dos problemas trabalhadores, esse afeto poderá ser quebrado e com consequências eleitorais.

 

O governo cedeu em autorizar a festa do Avante, talvez em troca do apoio dos comunistas para apoiar o Orçamento de Estado, mas este pode ser um presente envenenado dado por António Costa a Jerónimo de Sousa.

Qua | 02.09.20

Fake News

 

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Nas redes sociais circula uma notícia do New York Times a destacar a realização da festa de reentré política do PCP. A capa é de 31 de agosto e tem o seguinte título: “Portugal vai ter uma festa de suicídio coletivo chamada ‘Avante!’ com 33,000 visitantes. 4/5/6 setembro.”

 

Acontece que a notícia é falsa, não obstante ter sido transmitida no Jornal da Noite da SIC como verdadeira. Ora isto é intolerável. Mostrar uma montagem de uma capa de jornal, querendo convencer os espectadores da sua veracidade para aumentar o alarme social em volta da festa do Avante, significa que a SIC produz as notícias a partir das redes sociais, sem qualquer verificação jornalística.

 

A credibilidade da informação da SIC fica deste modo manchada. É o que sucede quando os preconceitos ideológicos se sobrepõem ao dever principal do jornalista de verificar as fontes, confirmar os factos, dar espaço ao contraditório e informar com isenção, objetividade e rigor.