Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Narrativa Diária

Não escrever um romance na «horizontal», com a narrativa de peripécias que entretêm. Escrevê-lo na «vertical», com a vivência intensa do que se sente e perturba. Vergílio Ferreira

Narrativa Diária

Qui | 26.11.20

A(deus), Maradona

127728361_2182985301845757_3125288269712721013_o.j

A lenda do futebol mundial, Diego Armando Maradona, deixou-nos ontem aos 60 anos.

El Pibe, como era conhecido, sempre foi um ídolo, a personificação do futebol dentro e fora de campo. Ele era o futebol na sua essência.

Ousado, alegre, viveu sempre no fio da navalha. Viveu do jeito dele.  Foi controverso, divertido, cometeu excessos, mas foi sobretudo autêntico. D10S nunca se importou com o que falavam ou pensavam dele. Viveu como quis. 

Para a eternidade fica o seu futebol com que encantou milhares de adeptos e aquele que foi considerado como o melhor golo do século XX, no Mundial do México, uma jogada do meio-campo na semifinal contra a Inglaterra, que culmina no pelo primeiro golo validado, embora marcado com ajuda da mão: a famosa “mão de Deus”.

 

Seg | 23.11.20

Golpe de teatro

bombeiros.jpg

O Chega anunciou para o para o próximo domingo, dia 29 de novembro, o Conselho Nacional do Chega, o qual teria lugar no auditório da Corporação dos Bombeiros de Sintra.

Pouco tempo depois, em comunicado enviado às redações, Andre Ventura anunciou o adiamento do Conselho Nacional, justificando a decisão com as «restrições que estarão em vigor» no próximo fim-de-semana e para não «desrespeitar» os portugueses.

Ventura desafiou ainda o PCP a adiar o seu Congresso, agendado para a mesma altura, alegando que, desta forma, os comunistas dariam «uma prova de respeito a todos os portugueses e, em especial, a aqueles que mais sofrem por serem obrigados a encerrar os seus negócios, colocando, assim, em causa a sua sobrevivência».

O mais caricato de tudo isto é que o Conselho Nacional do Chega nunca foi marcado. Os Bombeiros Voluntário de Sintra desmentiram a notícia em comunicado, garantindo que nunca houve qualquer contacto nesse sentido, como se pode ler no comunicado.

Tudo afinal um grande número para poder ficar bem na fotografia, atacar o partido comunista e impressionar os eleitores, fazendo-os crer que o Chega é um partido cumpridor das regras, que respeita os portugueses em contraponto com o PCP.

Lamentável é que a maioria dos media dê cobertura à mentira, fazendo-nos acreditar que o tal Concelho Nacional foi desmarcado devido à pandemia. 

Claro que o PCP devia adiar o Congresso, fica-lhe mal reincidir nesta atitude incompreensível que poderá ter consequências negativas para o próprio partido, mas isso é outra história.

Ter | 17.11.20

Miguel Sousa Tavares entrevista André Ventura

mst.jpg

 

André Ventura foi o primeiro candidato às eleições presidenciais de 2021 a ser entrevistado por Miguel Sousa Tavares, no seu habitual espaço de entrevista no J8.

O líder do Chega nunca perde a oportunidade para ter palco e expor as suas ideias. Criou o partido quando percebeu que existiam lacunas na política portuguesa, sentimentos ocultos que muitos expressam nas redes sociais, de carácter populista, e não hesitou em explorar esse nicho no espetro político.

Ventura jamais entraria na Política para ser mais um. Quis marcar a diferença e soube muito bem cavalgar a onda do populismo, levando para o debate político os sentimentos mais primários, ou mais imediatos de uma franja do eleitorado insatisfeita com os partidos tradicionais.

Usa frases simples, palavras de efeito direto que mistura engenhosamente com exemplos estratégicos, manipula factos de forma estruturada e habilidosa, e confunde dissimuladamente, arregimentando, com isso, a imensa mole de gente desiludida da vida e da política.

É um verdadeiro artista da política popular, reacionária e primária. Tem verbo fácil, a lição na ponta da língua e é um animal de palco, alcançado muito à custa de seu comentário desportivo na CMTV como “cartilheiro” do Sport Lisboa e Benfica e que lhe serviu de trampolim para chegar onde chegou.

Quem não perceber isto, perde qualquer confronto com André Ventura. E isto tanto se aplica a jornalistas ou comentadores que o convidem e o tentem confrontar, como a políticos que um dia terão inevitalmente que o enfrentar para debater ideias.

Foi isso justamente a que assistimos ontem frente a um Miguel Sousa Tavares, mal preparado, não se coibindo de dar as suas opiniões, colocando ao entrevistado questões incompreensíveis, como: «você tem algum amigo preto?» ou «se tivesse uma filha e ela casasse com um cigano, o que pensava?» ao invés de colocar questões que verdadeiramente interessavam. 

O líder do Chega não está lá para ser politicamente correto, não se cala, é uma "picareta falante", e não tem escrúpulos em dizer aquilo que muitos pensam, mas não dizem.

Portanto, se o Miguel Sousa Tavares pensou que ia confinar o seu entrevistado, esteve muito longe de o conseguir, perante um André Ventura desenvolto e aguerrido, em contraponto com um Miguel incapaz de o contrariar ou de conter a enxurrada verbal do demagogo Ventura.

Miguel Sousa Tavares já demonstrou à exaustão que não tem jeito para entrevistar. Já teve! Nos idos de 90 era um jornalista competente e acutilante a moderar debates. Porém, a arrogância, a vaidade e a incapacidade de se adaptar aos novos tempos tornaram-no obsoleto e dispensável. Além de não fazer as perguntas que se impõem, confunde o papel de entrevistador com o de comentador.

MST já anunciou que vai deixar o jornalismo e faz bem. Deve-se dedicar apenas à literatura. Para fazer entrevistas, sobretudo a políticos habilidosos como Ventura, era bom atribuir essa tarefa a um jornalista competente que venha trazer qualidade e credibilidade ao debate político.

No fim, esta entrevista, pouco esclarecedora, apenas serviu para André Ventura arrebanhar mais uns quantos votos.

Qui | 12.11.20

Gonçalo Ribeiro Telles (1922-2020)

goncaço-Ribeiro-telles.jpg

Morreu Gonçalo Ribeiro Telles, precursor e grande defensor dos valores da ecologia, da defesa do ambiente e do ordenamento do território.

Gonçalo Ribeiro Telles foi pioneiro de uma política ambiental em Portugal, cuja legislação criou quando passou por vários cargos públicos, nomeadamente como ministro de Estado e da Qualidade de Vida, entre 1981 e 1983.

Enquanto arquiteto paisagista, com António Viana Barreto, assinou o projeto do jardim da Fundação Gulbenkian (prémio Valmor de 1975). É dele o projeto visionário do célebre corredor verde de Monsanto, uma pista para peões e ciclistas que liga os Restauradores ao parque florestal de Monsanto.

Ribeiro Telles foi também autor dos projetos do Vale de Alcântara, da Radial de Benfica, do Vale de Chelas e do Parque Periférico, Jardim Amália, entre outros.

Ativista contra o regime de Salazar desde a juventude, fundou e presidiu ao PPM logo após o 25 de Abril. Foi subsecretário de Estado do Ambiente nos I, II e III Governos Provisórios e Secretário de Estado da mesma pasta no I Governo Constitucional. Com Sá Carneiro e Amaro da Costa fez parte da Aliança Democrática. Com Francisco Pinto Balsemão, entre 1981 e 1983, foi ministro de Estado e da Qualidade de Vida.

Em 2013, foi distinguido com o "Nobel" da Arquitetura Paisagista, o Prémio Sir Geoffrey Jellicoe, atribuído em Auckland, na Nova Zelândia, pela federação internacional do setor.

O seu legado é enorme. Será eternamente recordado como uma das figuras da sociedade portuguesa que mais se empenhou na defesa do ambiente e na valorização do mundo rural, tendo sido decisiva a sua ação na consagração da Reserva Ecológica Nacional e na Reserva Agrícola Nacional.

Qua | 11.11.20

Anticiclone dos Açores

chega.jpg

O acordo de incidência parlamentar do PSD com o Chega nos Açores caiu que nem uma bomba no Continente, qual anticiclone. Com o Chega com 8% das intenções de voto nas últimas sondagens, à frente do CDS-PP, novas oportunidades de alianças à direita estão a surgir.

O acordo do PSD com o Chega para governar os Açores não é assim tao surpreendente. Claro que entre o Chega e o PSD há diferenças, mas não nos esqueçamos que André Ventura saiu justamente do PSD para fundar o Chega e as divergências entre ambos podem dissipar-se em prol dos objetivos e da ação política que os move.

João Miguel Tavares veio colocar o dedo na ferida ao explicar, de forma clara e transparente, as razões que movem o PSD, CDS, PPM e Iniciativa Liberal ao terem incluído o Chega num acordo de viabilização para um novo governo açoriano e porque é que isso se pode e deve repetir na formação de um governo nacional.

Diz JMT no jornal Público: «se a direita estabelecer uma cerca sanitária à volta do Chega, ela jamais regressará ao poder sem ser à boleia do PS», escreveu ele.

E aqui reside o cerne da questão para a direita. O que interessa e é importante, neste momento, é que sem o Chega o PSD dificilmente chegará ao poder.

Não está em causa para Rui Rio se o Chega é ou não é um partido de extrema direita, se é ou não é neofascista, se é ou não é populista, autoritário, racista, xenófobo, desumano, que não tem pejo de dizer hoje uma coisa e amanha o seu contrário.

Não interessa se com esta atitude o PSD legitima o Chega e André Ventura de forma totalmente inusitada.

É pouco importante para o presidente do PSD se esta coligação irá prejudicar Marcelo Rebelo de Sousa, o seu candidato natural, e beneficiar André Ventura.

É despiciendo se com este acordo poderá o CDS – o seu parceiro natural de coligação – desaparecer nas próximas eleições legislativas.

E, finalmente, é irrelevante para Rio que o PSD possa sair prejudicado a nível nacional, porque muitos sociais-democratas dificilmente votarão num partido que levará ao colo o Chega ao poder.

A assinatura deste acordo de Rui Rio com o Chega poderá também ser o fim de linha para o atual presidente do PSD.

Dom | 08.11.20

A Vitória de Joe Biden

55526629_303.jpg

Aos 77 anos, Joe Biden, foi anunciado como o 46º Presidente dos EUA ao alcançar 273 votos, superando os 270 necessários para a eleição do presidente americano.

 

Nascido na Pensilvânia em 1942, no seio de uma família católica, Biden adotou Delaware como sua casa quando se mudou para lá com a família em 1953. A gaguez atrapalhou-o na infância, mas aprendeu a aperfeiçoar a fala, recitando poesia em frente ao espelho.

 

Formou-se em história e ciência política na Universidade de Delaware e depois em direito na Universidade de Syracuse, exercendo advocacia durante três anos. Já nessa altura a sua ambição era a política, chegar à Presidência. Em novembro de 1972 entrou na política antes de completar 30 anos para ser um dos mais jovens senadores de sempre.

 

Na política desde 1970, Joe Biden sempre foi uma figura discreta e reservada, não obstante deter dos currículos mais extensos na política do seu país, com 36 anos de carreira como senador e oito anos na administração de Barack Obama.

 

Persistente e determinado, Joe Biden nunca desistiu da luta política, nem mesmo depois de um aneurisma o ter afastado da corrida presidencial em que George Bush foi eleito. Seguiu sempre o sábio conselho do pai: «não importa quantas vezes um homem cai, mas a rapidez com que se levanta».

 

A vida familiar foi marcada pela tragédia, com a morte da sua primeira mulher, Neilia Hunter, poucos dias antes do Natal, e de dois dos seus filhos. Os outros dois filhos, Beau e Hunter, sobreviveram.

 

Cinco anos depois, Joe Biden casou com Jill Jacobs e o casal teve uma filha em 1981, o que permitiu ao político recuperar a sua estabilidade pessoal.

 

Em 2015, nova tragédia. O filho, Beau morre de tumor cerebral, aos 45 anos e o filho mais novo passou décadas a lutar contra o vício do álcool e das drogas, chegando a ser dispensado das suas funções na Marinha dos EUA em 2014, após lhe ter sido detetada cocaína em análises ao sangue.

 

Joe Biden prepara-se agora para vir a ser o 46º Presidente dos EUA e terá agora uma tarefa hercúlea para começar a delinear as linhas orientadoras da recuperação da «alma da nação», nas palavras do próprio, fraturada e dividida nos últimos quatro anos pela liderança de Donald Trump. Combater a covid-19 num dos países mais afetados pela pandemia, continuar a recuperar a economia e promover as relações internacionais deverão ser prioridades.

 

Ao seu lado terá Kamala Harris, senadora pela Califórnia e filha de imigrantes jamaicanos e indianos, a primeira mulher e a primeira negra a ocupar o cargo de vice-Presidente.

 

Entretanto os americanos rejubilaram com a vitória dos democratas e saíram à rua para festejar. «Estamos a ver, por todo o país uma expressão renovada de fé de que amanhã vamos ter um futuro melhor», declarou Biden.

 

No seu discurso prometeu «ser o presidente que não vai dividir, mas sim unificar. Que não vê Estados vermelhos nem Estados azuis, só vê os Estados Unidos». «E vou trabalhar, com todo o coração, para conquistar a confiança de todos vós”» garantiu Joe Biden, dizendo querer «reconstruir a alma da América».

 

Ao contrário do que é habitual nestes discursos, Biden não fez nenhuma referência ao candidato que perdeu a eleição — numa altura em que Trump recusa aceitar o resultado eleitoral e promete lutar na justiça.


Biden pode não ser um político empolgante. Mas é equilibrado, honesto e responsável. Estas características, simples e banais, não são de somenos e para quem vai suceder a Trump tornam-se em qualidades que fazem toda a diferença.

 

Fez um discurso inteligente, na forma como soube falar ao coração de todos os americanos e apelar à unidade no país e garantir que, doravante os EUA voltarão a estar no caminho do prestígio,  do respeito internacional e  dos valores da democracia.

 

A vitória de Joe Biden simboliza o reencontro da América com a democracia dos valores e um importante sinal para o mundo de que a politica não pode ser construída com base em fake news, fraudes morais, desrespeito pelas minorias, oportunismo tático, desprezo pelo clima e desconsideração pelos valores sociais, económicos e políticos.

Ter | 03.11.20

Novo Estado de Emergência

ETtYMZwX0AANd_H.jpg

 

A evolução da pandemia começa a dar sinais de alarme, numa altura em que o número de novos casos e de óbitos suplanta os valores de abril.

 

O Governo precisava de dar um novo “abanão” ao país e como tal, após um Conselho de Ministros Extarordinário, o primeiro-ministro anunciou novas medidas de combate à pandemia, com incidência em 121 concelhos mais afetados pela infeção de SARS-CoV-2, a fim de para evitar a rutura do Serviço Nacional de Saúde (SNS), mas sem comprometer a economia. O desafio é conseguir combater a pandemia sem pagar custos elevados dos pontos de vista social e económico.

 

Porem, o anúncio das principais medidas não trouxe novidades significativas ou relevantes. Vejamos: mantém-se a regra básica, para estes 121 municípios, do «dever cívico do recolhimento domiciliário» (que não é uma obrigação mas uma recomendação e que mantém o aconselhamento ao mínimo de mobilidade e circulação); da limitação de eventos com o número máximo de 5 pessoas(já existente); do encerramento dos espaços comerciais às 22h00 (sem considerável impacto dada a baixa procura neste horário) ou do encerramento da restauração às 22h30 que, quanto muito, poderá fazer-se sentir mais ao fim-de-semana.

 

De novo, há a proibição das Feiras e Mercados de Levante (com a justificação da dificuldade na segurança, distanciamento e higienização), entretanto já revertida, sendo agora da responsabilidade das Autarquias e o teletrabalho que, esse sim, é um procedimento que reduz os ajuntamentos nos locais de trabalho e a pressão nos transportes públicos.

 

Mas continuo a achar que todas estas medidas são manifestamente insuficientes e que há uma certa candura da parte do governo quando coloca a tónica na responsabilidade individual. Pedir às pessoas para ficar em casa, exceto se tiverem de sair e fazê-lo em responsabilidade parece-me um exercício arriscado, como se viu, por exemplo, na concentração no Canhão da Nazaré. A mente humana é criativa e encontrará certamente mil e uma razões para aplicar a exceção à regra a seu bel prazer.

 

Como dizia o diretor do jornal Público «a responsabilidade individual conquista-se mais pelo pavor do que pelo civismo». Em março, as imagens que nos chegavam da Itália, de França ou de Espanha com os alertas de hospitais no limiar da sua capacidade de internamento e da falta de ventiladores tiveram maior eficácia que todos os discursos proferidos pelas autoridades de saúde e pelo Executivo e levaram-nos a confinar antes mesmo das ordens emanadas por aquelas autoridades. Do que se conclui, como alguém dizia «Portugal é ótimo a Confinar, é Péssimo a Desconfinar».

 

Não é fácil tomar decisões, bem sabemos, para mais num clima de incerteza e imprevisibilidade, contudo, é possível evitar erros básicos, não tomando medidas contraditórias e inconsistentes. Se queremos que a generalidade das pessoas cumpra as regras, a mensagem tem que ser clara e consistente, de modo a que as pessoas percebam que o que lhes é pedido faz sentido. 

 

Veja-se, por exemplo, a obrigatoriedade do uso de máscaras em espaços públicos. Foi uma medida que não mereceu grande contestação, porque as pessoas entenderam a sua utilidade.  Agora parece-me bizarro autorizar uma corrida de automóveis com 27 mil pessoas nas bancadas e posteriormente proibir a deslocação de umas dezenas aos cemitérios. É este tipo de medidas que descredibilizam as instituições.

 

Entretanto, ontem, em entrevista à RTP, o Presidente da República afirmou que está a ser ponderado um novo Estado de Emergência para: reforçar as equipas de rastreamento e acompanhamento, permitindo alocar novos recursos para além dos profissionais em saúde com funcionários públicos e privados; haver cobertura jurídica para permitir medir a temperatura no local de trabalho assim como em locais públicos; criar condições acrescidas para a utilização de meios do setor privado e do setor social e cooperativo e, por fim, gerar condições jurídicas para limitar a liberdade de circulação (recolher obrigatório).

 

Marcelo deixou ainda um aviso: «há um cheiro a crise política desde que começou a pandemia», explicando que houve desacordo entre os partidos desde a primeira renovação do estado de emergência. Como se sabe, de acordo com a Constituição, a declaração do Estado de Emergência pode determinar a suspensão de alguns dos direitos, liberdades e garantias, daí alguns partidos estarem contra. A  declaração do Estado de Emergência, no todo ou em parte do território nacional, é uma competência do Presidente da República, mas depende de audição do Governo e de autorização da Assembleia da República. Mesmo assim, Marcelo pede bom senso, diz que «convinha que não se juntassem três crises», a sanitária, económica, a social e a política.

 

Será bom que se tomem medidas para que consigamos “achatar a curva”, muito embora saibamos que isso depende sobretudo dos comportamentos adotados por cada um de nós.

 

Se nada for feito, adverte Marcelo Rebelo de Sousa, de acordo com os modelos matemáticos, podemos ter uma duplicação de casos a cada 15 dias, o que significará que no final de novembro, estaremos com oito mil ou nove mil infetados com o novo coronavírus, o que seria desastroso. Felizmente, até à data, a realidade não tem correspondido à progressão matemática, segundo o Presidente, ou seja, têm sido contabilizados menos casos do que os previstos, mas nunca fiando.