Não escrever um romance na «horizontal», com a narrativa de peripécias que entretêm. Escrevê-lo na «vertical», com a vivência intensa do que se sente e perturba.
Vergílio Ferreira
O Sporting Clube de Portugal alcançou a tão ambicionada “dobradinha” — 23 anos depois — ao vencer o eterno rival Benfica por 1-3, na final disputada no Estádio Nacional do Jamor, 23 anos depois.
O encontro ficou, no entanto, marcado por um momento polémico já em tempo de compensação, aos 95 minutos. Numa jogada confusa envolvendo Máxi Araújo, Matheus Reis e Belotti, o defesa leonino acabou por pisar a cabeça do jogador encarnado. Uma ação perigosa que justificaria claramente a intervenção do VAR. Uma jogada mais impetuosa, como tantas outras a que temos assistido no futebol português. Ainda assim, não se pode afirmar, com segurança, que o gesto foi intencional ou que Matheus Reis não estaria em desequilíbrio no momento da infração.
Rui Costa reagiu de forma veemente no final do jogo. O Benfica disparou críticas em várias direções, anunciando a intenção de apresentar queixas contra a equipa de arbitragem, assim como junto da UEFA e da FIFA. Entre as medidas anunciadas, consta a recusa em ceder o Estádio da Luz à Seleção Nacional e a não participação em reuniões sobre a centralização dos direitos televisivos.
Rapidamente “o caso Matheus Reis” tornou-se o tema dominante da atualidade desportiva, ocupando horas de debate em canais televisivos e plataformas digitais. O pisão de Matheus Reis a um jogador do SLB está a ser usado até à exaustão como justificação para o Benfica não ter conseguido vencer a Taça de Portugal. O episódio inflamou os ânimos, levando os adeptos de ambos os clubes a trocarem acesas acusações nas redes sociais. Já se fala, inclusive, em penas de prisão para Matheus Reis.
Paralelamente foi apresentada uma queixa na Procuradoria-Geral da República contra Matheus Reis por César Boaventura, figura conhecida no futebol português por estar ligado a vários processos judiciais de corrupção, sendo alvo de acusações formais por tentativa de manipulação de resultados, para favorecer o Benfica. Em 2023, foi condenado a pena de prisão suspensa, aguardando ainda a decisão em sede de recurso. A piada faz-se sozinha!
A época de Lage e a gestão de Rui Costa deixaram de ser tema entre adeptos benfiquistas e comentadores desportivos. Matheus Reis e o pisão sobre Belotti passaram a ser a personificação da razão do insucesso benfiquista.
Compreende-se que a direção do Benfica aproveite este incidente para desviar atenções de uma época dececionante. Depois de investimentos avultados e de, alegadamente, possuírem o melhor plantel nacional, a verdade é que os encarnados conquistaram apenas a Taça da Liga, o troféu de menor prestígio entre as competições nacionais.
Se os benfiquistas continuarem a acreditar e a validar a estratégia de comunicação da direção do SLB, então Rui Costa poderá assegurar a sua continuidade na presidência do clube e Lage continuará como treinador na próxima época.
A vertiginosa ascensão do partido Chega no cenário político português representa um dos fenómenos mais marcantes da democracia portuguesa contemporânea.
Em apenas seis anos, o partido saltou de 1,3% dos votos nas eleições legislativas de 2019 para cerca de 23% em 2025, aumentando sua representação parlamentar de um único deputado para aproximadamente 60. Esta trajetória meteórica insere-se num contexto global de crescimento de partidos populistas de direita radical, mas apresenta características particulares que merecem reflexão.
À semelhança do espanhol Vox, o Chega nasceu de uma cisão da direita tradicional — neste caso, do PSD —, liderada por André Ventura, em oposição à presidência de Rui Rio. O partido também estabeleceu ligações internacionais com outras formações de extrema-direita europeia e mundiais. O seu crescimento insere-se numa vaga reacionária global, sustentada por propostas e declarações abertamente racistas e polarizadoras: da defesa da castração química para agressores sexuais, ao discurso de ódio contra ciganos, imigrantes, justiça e igualdade de género.
Um dos pilares centrais do discurso de Ventura é a imigração. Ora, Portugal, como se sabe, tem desafios estruturais sérios: carência de mão-de-obra, baixa produtividade, envelhecimento demográfico e fraco investimento público. A imigração, longe de ser um problema, foi parte da solução: forneceu mão de obra mais jovem, ofereceu soluções em setores como a agricultura. restauração e construção civil, reforça a Segurança Social e impulsionou o crescimento económico. Contudo, o processo migratório deve ser regulado. Portugal não pode ser um país de portas escancaradas.
Uma das principais bandeiras do Chega é o combate à corrupção. No seu programa, o partido propõe medidas como a criminalização do enriquecimento ilícito, reformas nos mecanismos de confisco de bens e iniciativas para acelerar o funcionamento da Justiça. Sob o lema “Limpar Portugal”, a campanha incluiu cartazes que identificavam figuras como José Sócrates e Luís Montenegro como símbolos da corrupção no país.
No entanto, o próprio partido tem enfrentado diversas polémicas. Vários dos seus membros têm estado envolvidos em problemas com a Justiça, incluindo casos de furto de malas em aeroportos, condução sob influência de álcool, abuso sexual de menores, entre outros. Ao todo, são 15 os deputados do Chega com processos judiciais em curso.
Apesar dos sucessivos escândalos internos, o partido tem conseguido resistir ao desgaste político. André Ventura afirma que, sempre que um crime for comprovado, o partido afasta os eleitos dos cargos que ocupam. Ainda assim, os eleitores parecem relativizar esses episódios, mantendo o apoio ao partido.
A ascensão eleitoral do Chega reflete, em grande medida, um profundo mal-estar social: perda de poder de compra, inflação persistente e uma crise habitacional galopante, perante a qual os partidos tradicionais têm falhado em apresentar respostas eficazes.
Mas será o Chega capaz de resolver os problemas que mais afetam os portugueses, especialmente os mais vulneráveis? Que propostas apresenta para dinamizar a economia ou inverter a pirâmide demográfica?
As medidas anunciadas por Ventura tem um impacto superior a 5% do PIB. Apenas a proposta de igualar todas as pensões ao salário mínimo ultrapassaria, por si só, o orçamento dos ministérios da Educação ou das Infraestruturas. Para financiar tais medidas, o partido propõe três fontes: o combate à corrupção, uma taxa sobre lucros excessivos da banca e o fim dos apoios à chamada “ideologia de género”.
Importa esclarecer: não existe qualquer verba específica no Orçamento do Estado para a “ideologia de género”. O que existe é uma dotação de 426,57 milhões de euros para combater desigualdades de género, distribuída por 564 medidas — como a gratuitidade das creches, o reforço do abono de família ou os passes gratuitos Sub-18 e Sub-23 — benefícios que o Chega pretende eliminar para financiar aumentos salariais às forças de segurança; o aumento extraordinário das reformas em 2025; Isenção de IMI para imóveis de “habitação própria permanente”, entre outras medidas.
O Chega constrói a sua narrativa a partir de problemas reais — como a insegurança e a corrupção — para, em seguida, apresentar soluções simplistas e inconstitucionais: endurecimento de penas, ampliação de poderes das forças de segurança, prisão perpétua, castração química e deportações de imigrantes. André Ventura posiciona-se como uma figura quase messiânica, oferecendo soluções imediatas para desafios que são, na realidade, profundamente complexos — uma estratégia que explora o descontentamento dos portugueses.
Contudo, o partido falha em apresentar propostas credíveis para os desafios estruturais do país: melhoria do SNS, acesso à habitação, crescimento económico, modernização dos serviços públicos ou reforma da justiça. Falta-lhe visão estratégica, quadros qualificados e capacidade de governança.
Quantos eleitores do Chega sabem ou conhecem o programa do Chega? Quantos leram e/ou compreenderam efetivamente o programa dos partidos? Esta não é uma falha exclusiva deste eleitorado — é um problema transversal à sociedade portuguesa, onde se vota mais em narrativas e emoções do que em políticas económicas e sociais concretas.
Num tempo de consumo rápido de conteúdos, como os das redes sociais, muitos aceitam como verdadeiro tudo o que veem no ecrã do telemóvel, sem questionar a veracidade da informação. Este fenómeno tem impacto direto nos resultados eleitorais.
Um estudo recente sobre literacia, numeracia e resolução de problemas em 31 países revela dados preocupantes: 42% da população portuguesa entre os 16 e os 65 anos tem níveis muito baixos de literacia — cerca de 6,6 milhões de pessoas. Apenas 4% demonstram competências elevadas para interpretar e avaliar textos mais complexos. A conclusão é clara: desinformação e fraca literacia política.
Não se trata de rotular os eleitores com estereótipos. Mas é legítimo afirmar que nem todas as escolhas populares são bem informadas. A história mostra como os indivíduos podem ser facilmente manipuláveis em contextos de fraca literacia, ausência de valores cívicos e forte exposição à propaganda.
As novas tecnologias transformaram profundamente a forma de comunicar e produzir informação, permitindo que qualquer cidadão se torne também emissor de opinião, muitas vezes sob perfis falsos.
Um aspeto preocupante da ascensão do Chega é o recurso estratégico da desinformação. Foi divulgado recentemente que 58% das contas existentes na plataforma no X (antigo Twitter) que visam promover o partido, são perfis falsos criados para amplificar mensagens pró-Chega e atacar adversários, embora não seja o único partido a fazê-lo. Todos os partidos o fazem, embora em menor escala.
A trajetória do Chega reflete tanto tendências globais de ascensão da extrema-direita populista quanto particularidades do contexto português. O seu sucesso eleitoral deve-se à exploração habilidosa de redes sociais e desinformação; o recurso à retórica populista; a capitalização sobre o descontentamento com partidos tradicionais e a personalização política em torno da persona de André Ventura.
A desinformação aliada à iliteracia política é uma combinação perigosa — e o Chega sabe explorá-la com competência.
A Aliança Democrática (AD) venceu as eleições legislativas com 32,7% dos votos, conquistando uma "maioria maior" do que a alcançada em 2024. No entanto, o resultado continua insuficiente para garantir uma maioria estável.
O grande derrotado da noite foi o Partido Socialista (PS), que elegeu o mesmo número de deputados (58) que o Chega. Com os quatro mandatos do círculo da emigração ainda por apurar, há uma forte probabilidade do Chega ultrapassar o PS e se afirmar como a segunda maior força política no Parlamento. Em 2024, neste mesmo círculo, o Chega conquistou dois mandatos contra apenas um do PS — cenário que, a repetir-se, consolidaria essa ascensão. Este foi o pior resultado dos socialistas desde 1987, quando obtiveram apenas 22,2% dos votos nas eleições que deram a primeira maioria absoluta a Cavaco Silva. A dimensão da derrota levou à demissão de Pedro Nuno Santos da liderança do PS.
A Iniciativa Liberal (IL) ficou em quarto lugar, com 5,53% dos votos, aumentando o seu grupo parlamentar para nove deputados. O Livre, com 4,20%, passou de quatro para seis deputados, tornando-se o único partido de esquerda a crescer nestas eleições.
A CDU obteve 3,03% e perdeu um deputado, ficando agora com três. O Bloco de Esquerda (BE), com apenas 2%, sofreu uma das maiores quedas da noite, reduzindo-se a um único deputado (menos quatro face à legislatura anterior). O PAN, com 1,36%, conseguiu reeleger Inês Sousa Real, enquanto o estreante Juntos Pelo Povo (JPP) — que nas regionais da Madeira foi a segunda força mais votada — garantiu a sua estreia parlamentar a nível nacional.
A composição parlamentar sofreu alterações significativas: a AD ganhou 10 deputados, o PS perdeu 19, o Chega somou mais 10, e um novo partido entrou no Parlamento.
Três vencedores se destacaram na noite eleitoral: Luís Montenegro, André Ventura e Rui Tavares.
Luís Montenegro vê a sua legitimidade reforçada, apesar de ter liderado um governo derrubado por uma polémica relacionada com a empresa familiar, Spinumviva. Voltará a liderar um governo minoritário, mantendo-se a necessidade de negociações com outras forças políticas para assegurar a governabilidade, essencialmente com o PS e com o Chega. Os resultados mostram que, apesar da vitória, o país não entra numa fase de maior estabilidade política.
Rui Tavares emerge como um dos vencedores da noite. O Livre consolidou-se como a quinta força política e passa a contar com um grupo parlamentar mais robusto, o que lhe confere maior relevância no debate político e legislativo. Foi o único partido à esquerda que aumentou o número de deputados.
Mas o grande vencedor destas eleições é, sem dúvida, André Ventura. O Chega voltou a crescer, desafiando tanto a direita como a esquerda. A sua narrativa radical, anti-imigração, marcada pelo populismo de direita, nacionalismo e vitimização política, parece ter conquistado uma fatia significativa do eleitorado. A possibilidade de o partido atingir cerca de 60 deputados representa uma transformação profunda no sistema político português, que poderá evoluir de um bipartidarismo para um novo paradigma tripartidário, com três forças políticas de dimensão comparável.
Com esta nova configuração parlamentar, a maioria de dois terços — até agora assegurada por PS e PSD, necessária para qualquer revisão constitucional — deixa de estar garantida. Com os novos resultados, a direita (AD, Chega e IL) poderá, em conjunto, alcançar os 154 deputados necessários para alterar a Constituição da República Portuguesa, nomear juízes para o Tribunal Constitucional e influenciar os órgãos que regem as magistraturas e o Ministério Público.
O Chega já manifestou a intenção de propor reformas profundas, como a redução do número de deputados para um mínimo de 100 e máximo de 180, a revisão do mapa eleitoral, o fim dos limites das penas para reintroduzir a prisão perpétua e a instituição do voto obrigatório. O partido defende ainda uma “limpeza ideológica da Constituição” e, na área da educação, pretende garantir o respeito e o financiamento para os vários modelos de ensino, incluindo o privado e o religioso.
Setenta e um anos depois, o Sporting volta a ser bicampeão. Poucos se devem lembrar da última vez que isto aconteceu.
A equipa de Alvalade viveu uma temporada atípica, com três treinadores. A época começou com Rúben Amorim empenhado em conquistar o bicampeonato, mas sofreu um revés com a saída do técnico para o Manchester United (após 11 vitórias nas 11 primeiras jornadas). O Sporting teve um mês infernal com João Pereira, até ao Natal, e contratou Rui Borges, no final de dezembro, para conseguir revalidar o título.
Viktor Gyokeres foi o verdadeiro motor dos leões — decisivo em inúmeros jogos, com golos e assistências que empurraram a equipa para a vitória. No meio-campo, Hjulmand e Debast deram o equilíbrio necessário, especialmente após as lesões de Pote, Bragança, João Simões e Morita a espaços, que afetaram profundamente a dinâmica da equipa.
Fevereiro foi talvez o momento mais delicado: a vaga de lesões forçou a utilização de jogadores da equipa B e exigiu adaptações forçadas em várias posições. Os empates frente ao Arouca e ao AFS refletiram essa instabilidade, permitindo ao Benfica aproximar-se perigosamente da liderança.
A esperança esmoreceu no início de abril, com um empate a uma bola frente ao Sporting de Braga, em Alvalade, quase no final do jogo. Na mesma jornada, o Benfica venceu o FC Porto e assumiu a liderança da I Liga. Mas foi sol de pouca dura: os leões recuperaram a liderança nos Açores, enquanto os encarnados tropeçaram frente ao Arouca, em casa.
A luta pelo título tornou-se então um duelo entre Sporting e Benfica, sem margem para erro. Em Barcelos, o Gil Vicente complicou as contas com um bloco baixo montado por César Peixoto. Mas foi nesse jogo que surgiu o momento decisivo da temporada: um remate certeiro de Eduardo Quaresma, de fora da área, garantiu três pontos e manteve o Sporting na luta e a depender apenas de si.
Na jornada seguinte, um empate na Luz teve um sabor a vitória: os leões seguraram a liderança graças à vantagem no confronto direto, mesmo em igualdade pontual.
Na última jornada, o título decidiu-se em Alvalade, frente ao Vitória de Guimarães. O nervosismo inicial deu lugar à celebração: Pedro Gonçalves abriu o marcador aos 55', e Gyokeres fechou consolidou a vantagem aos 82'. Com uma vitória difícil, mas justa, o Sporting conquistou o tão aguardado bicampeonato — o primeiro em 71 anos — e o Marquês voltou a pintar-se de verde para os festejos.
O jogo do próximo sábado, no Estádio José Alvalade, frente ao Vitória de Guimarães, reveste-se de um carácter especial e decisivo, porque que pode coroar o Sporting como Bicampeão Nacional.
Todos sonhamos com o Marquês de Pombal pintado a verde e branco. Mas, como bem diz o ditado, “cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém”. Por isso, os festejos antecipados de alguns adeptos, embora compreensíveis, pareceram-me prematuros. A taça ainda não está nas nossas mãos – há ainda um jogo difícil para disputar e, do outro lado, estará uma equipa competente, que tem realizado uma campanha meritória e que ainda luta pela consolidação do 5.º lugar e determinada em roubar pontos ao Sporting. Não nos podemos esquecer disso.
Neste contexto, o apoio dos sportinguistas será absolutamente crucial para que a vitória se concretize. A atmosfera em Alvalade pode — e deve — funcionar como o 12.º jogador a motivar e a empurrar a equipa para a vitória.
Se vencermos o Vitória de Guimarães, como antevejo e sinceramente desejo, este título terá um sabor ainda mais especial do que o do ano passado. A época foi tudo menos tranquila: a saída inesperada de Rúben Amorim, a aposta falhada em João Pereira e uma onda de lesões que afastou, a dada altura, oito jogadores em simultâneo — tudo isto num momento em que a equipa vinha de uma série imaculada de 11 vitórias consecutivas.
A chegada de Rui Borges devolveu estabilidade e confiança ao grupo, graças à sua forma de liderança, à sua personalidade inspiradora e à forma humana como trata os jogadores. De forma gradual, os lesionados foram regressando, o equilíbrio foi restabelecido e o Sporting reencontrou o seu rumo. Agora, estamos a apenas a 90 minutos de fechar esta jornada com chave de ouro — um título que, a acontecer, será mais do que justo.
Num campeonato onde o nosso rival foi a equipa que mais se reforçou, sobretudo no mercado de janeiro, com um plantel mais profundo e repleto de soluções, o Sporting acabou por ser o plantel que mais tempo liderou, que mostrou maior consistência e resiliência. Isso não foi obra do acaso — foi o resultado de trabalho, convicção e de união de todos que a equipa se fortaleceu e que se superou a cada desafio— e é precisamente por isso que o Sporting merece ser campeão.