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Narrativa Diária

Não escrever um romance na «horizontal», com a narrativa de peripécias que entretêm. Escrevê-lo na «vertical», com a vivência intensa do que se sente e perturba. Vergílio Ferreira

Narrativa Diária

Qua | 24.09.14

3º Round entre António Costa e António José Seguro

(imagem do google)

O terceiro e último debate entre os dois candidatos às primárias no PS foi interessante sob vários aspetos. É verdade que se trocaram mais palavras do que se esgrimiram ideias sobre os problemas país, que houve muita crispação entre os dois políticos, ainda assim foi um debate esclarecedor.

O moderador apercebendo-se da animosidade latente entre os candidatos, tentou acalmar as hostes, conseguindo, pelo menos de início, que apresentassem medidas para resolver o problema do crescimento da economia, das pensões, da reposição de salários dos funcionários públicos.

A convergência com algumas destas questões levaram  Seguro a afirmar que estas eleições primárias eram escusadas.  Aí  o debate foi subindo de tom. António Costa recorreu a sondagens que mostravam que os portugueses acreditam que o Presidente da Câmara está mais bem preparado para combater a direita, dizendo que Seguro acalenta desde pequeno o sonho de ser secretário-geral.

Seguro contrapôs:«só vens agora disputar a liderança porque terminou o memorando [da troika] (...) Agora é fácil fazer oposição. (...)» Costa disse que se empenhou nas Autárquicas e que a vitória de Lisboa é também uma vitória do PS, e que o atual secretário-geral construiu uma narrativa em que só ele acredita.

O jornalista introduziu um dos temas polémicos desta campanha:a redução do número de deputados, proposta por Seguro e com a qual Costa discorda, dizendo os pequenos partidos perderiam representação e argumentando que a ideia surgiu apenas por populismo. Seguro contra-atacou acusando o adversário de ser o candidato do ‘status quo’ e por isso ser renitente à mudança.

O duelo aqueceu ainda mais quando António José Seguro jogou o segundo trunfo - o exemplo de um apoiante de António Costa - para atacar a promiscuidade entre política e negócios, como arma de arremesso e como pretensão eleitoralista.

Estavamos no momento mais tenso do debate: Costa declarou que Seguro trata «como inimigos e traidores» os militantes do PS, além de que não pode ser responsável pelo que os seus apoiantes poderão ter feito.

Manifestamente desconcertado, Seguro diz que não recebe lições de moral do autarca. «Mas fazia-te falta», contra-ataca Costa.

Nesta altura notava-se já alguma incontida irritação por parte de Seguro  que não contou com um contra-ataque tão feroz da parte do seu opositor. No apelo final ao voto, Seguro estava tão desorientado que em vez de dizer que iria atacar o desemprego, disse que ia combater o emprego.

Seguro cristalizou a ideia da deslealdade de António Costa e daí não consegue desviar-se. Durante todo o debate só esteve confortável a  atacar o seu rival, mostrando mágoa e ressentimento por este lhe ter retirado o seu bem politicamente mais precioso: a possibilidade de chegar a primeiro-ministro. Quanto ao resto, não conseguiu afirmar-se.

O país em geral e o PS em particular dispensam bem a mediocridade de António José Seguro. António Costa é muito superior, na personalidade, na inteligência e na experiência política como ontem aliás ficou bem patenteado. É um homem pacificado e o país precisa dele.

Aos militantes e simpatizantes do PS apetece perguntar: qual é a dúvida?

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