MOÇÃO DE CENSURA
O mês de março tem sido fatídico para o governo. Não bastava os resultados da 7ª avaliação da troika, as previsões negativas sobre o crescimento económico e os números do desemprego, veio ainda juntar-se a esta conjuntura a ameça à estabilidade do euro, proveniente da crise financeira de Chipre, e o regresso de José Sócrates à cena política portuguesa. Acresce, que um eventual chumbo do Tribunal Constitucional a normas do Orçamento do Estado para 2013 pode tornar este quadro ainda mais sombrio.
Perante este cenário, Passos Coelho e o seu governo recuaram. Já colocam em causa o “desenho do programa de ajustamento" e abriram espaço a fraturas internas dentro do PSD e no partido de coligação que suporta a maioria governamental, o que acabou por agravar toda a fragilidade política que já os vinha afetando desde o famoso “caso Relvas”.
É neste cenário que António José Seguro irá jogar a sua cartada – moção de censura ao governo –, pressionado por várias fações dentro do seu partido. Seguro sabe de antemão que a moção será chumbada pelos partidos que suportam a maioria, resta-lhe apenas o capital simbólico que a mesma representa e não será coisa pouca. Porque de agora em diante, nada poderá ser como dantes. Seguro terá que assumir-se, pelo menos teoricamente, como alternativa, embora saibamos que, neste momento, não lhe agrada muito a queda do governo. Não tem soluções alternativas ao programa de ajustamento da Troika, nem lhe interessa governar o país nas atuais condições.