Cinema King tem hoje a sua última sessão
(imagem retirada da Net)
Quem, como eu, aprecia cinema não pode deixar de sentir alguma nostalgia ao saber que o Cinema King vai fechar as portas e que hoje terá a sua última sessão. O espaço hoje conhecido por King foi inaugurado como Vox em Abril de 1969. É um espaço cultural, atualmente com duas salas e uma biblioteca que se diferenciava de todas a outas por resistir ao chamado cinema «mainstream» e dar preferência ao chamado «cinema de autor». Das últimas vezes que por lá passei achei o espaço um pouco degradado. Mas não me esqueço de um filme argentino que lá assisti e que me marcou profundamente «O segredo dos seus olhos» - El secreto de sus ojos (2009), realizado por Juan José Campanella, absolutamente fabuloso.
Lisboa tem vindo, há algum tempo a esta parte, a perder muitas de salas de cinema de referência, como o Condes, Éden, Tivoli, São Jorge, Castil, Mundial, Monumental e Satélite, Apolo 70, Berna, Império, Londres, Roma, Alvalade, Estúdio 444, Caleidoscópio, Star, Quarteto, memórias que fazem parte de toda uma vida. As atuais salas de cinema inseridas, na sua esmagadora maioria em centros comercias, embora mais confortáveis, com melhor acústica e tecnologias mais avançadas não possuem metade da mística das antigas salas acima referidas. Falta a tal magia do espetáculo que tanto encantou gerações e gerações durante décadas.
Antigamente as produções cinematográficas tentavam obter lucro através das bilheteiras, DVS’s, videocassetes ou licenciamento dos produtos, hoje o cinema é um negócio que vive não apenas da produção de filmes mas de toda a indústria que gira à sua volta. Num mercado em recessão, com índices baixíssimos de consumo cultural e rendas imobiliárias muito elevadas, só se vão aguentando os cinemas que pertencem aos grandes grupos económicos.