A candidatura de Sampaio da Nóvoa
Sampaio da Nóvoa, segundo revela o Expresso na sua última edição, está disponível para avançar com a sua candidatura à Presidência da República.
Depois de Henrique Neto é o segundo nome que surge na corrida a Belém. O antigo reitor da Universidade de Lisboa diz que conta apenas com ele próprio, mas segundo o jornal Expresso já tem o apoio de Mário Soares e deverá também vir a contar com o apoio do Partido Socialista, caso os nomes de Guterres e Vitorino fiquem pelo caminho. Se há quem dentro do PS apoie tal iniciativa, outros, porém, lançam duras críticas.
Sem filiação partidária e mais conhecido no meio académico do que no político, Nóvoa é um defensor de que qualquer solução para o país deverá passar pela renovação dos partidos políticos. Não obstante o facto de não ter pertencido assumidamente a um partido político, sabe-se que as suas inclinações e simpatias ideológicas são da área da esquerda. Foi justamente no Congresso da Esquerda na Aula Magna que este académico ganhou notoriedade, sendo o seu discurso o mais aplaudido. Defendeu aí que as «instituições da República têm de funcionar com os olhos no bem comum, no bem público, com equilíbrio e independência, combatendo a promiscuidade entre política e os negócios».
Depois, surgiu como orador oficial no 10 de Junho de 2012 e empolgou novamente a audiência com a sua capacidade oratória. Em novembro passado participou no Congresso do Partido Socialista e a sua intervenção recebeu uma ovação de pé no final do seu discurso.
Nóvoa ostenta um currículo académico irrepreensível, com doutoramentos em Ciências da Educação (Genebra) e História (Sorbonne). Tem presença, carisma e boa capacidade de comunicação, características que pesam na candidatura ao cargo de Presidente da República.
Dito isto, Sampaio da Nóvoa é um bom candidato, mas não é um excelente candidato, dado que não vejo, para já, a sua candidatura como potencialmente ganhadora, caso venha a defrontar Marcelo Rebelo de Sousa ou Rui Rio e as sondagens dão conta disso mesmo.
Se por um lado o facto de ser oriundo da sociedade civil e consequentemente «fora do sistema» poderá jogar a seu favor, por outro, tenho dúvidas que o eleitorado confie o seu voto a um académico que poucos conhecerão fora dos círculos universitários, sem qualquer experiência política.
Mas faltam 10 meses para as eleições, até lá muito coisa pode mudar.