A Entrevista de Passos
A entrevista de Passos Coelho nas SIC foi politicamente desinteressante. Percebe-se. O problema do discurso do PSD é o vazio que ele encerra. Como é que o PSD pode vir defender a classe média, quando lhe aplicou doses cavalares de austeridade? Como é que se é contra o aumento dos impostos, quando o próprio os aumentou de forma desmedida? Como é que se critica o governo, quando se tem telhados de vidro?
A certa altura Passos Coelho reconheceu que o Governo atingiu realmente a meta do défice, mas diz que isso só foi possível porque «mudou de estratégia e recorreu a medidas extraordinárias», que, para ele, seriam o tal Plano “B”.
Acontece que o défice ficou nos 2,1% e, mesmo sem as receitas extraordinárias que todos os governos aplicam, ficaria, segundo a insuspeita Unidade Técnica de Apoio ao Orçamento (UTAO) da Assembleia da República, pelos 2,4%. Diga-se, em abono da verdade, que tal aconteceu sem aumento da carga fiscal, pelo contrário, até houve uma queda ligeira. As contas agora parecem suficientemente consolidadas para o Conselho De Finanças Públicas de Teodora Cardoso avançar com uma previsão de 1,75 de défice para 2017.
Resumindo: a única mensagem clara desta entrevista foi para o interior do partido, ao avisar os seus adversários políticos que não se demite caso tenha um mau resultado autárquico. Quanto ao resto…. Foi mais do mesmo.