A greve dos professores
A greve dos professores e as negociações com os sindicatos e o Governo, em vésperas da aprovação do orçamento, marcaram a agenda política da semana.
A proposta de orçamento para 2018 previa que não fosse contabilizado o trabalho realizado entre 31 de agosto de 2005 e 31 de dezembro de 2007, nem entre janeiro de 2011 e 31 de dezembro de 2018 dos docentes, porque, segundo o Governo, a contagem desse tempo de serviço iria pôr em causa a sustentabilidade dos próximos orçamentos, uma vez que teria um custo total de cerca de 600 milhões de euros.
Os professores desagradados com esta medida resolveram avançar para uma greve em defesa da contagem integral do tempo de serviço e concentraram-se em frente à Assembleia da República, no dia em que foi discutido o orçamento da educação no Parlamento.
Entretanto sabe-se que algumas das revindicações dos professores foram acolhidas já que a recuperação do tempo de serviço e o início da reposição salarial será efetuada ainda nesta legislatura.
Encorajada pelas negociações do governo com os sindicatos de professores, a Associação Sindical dos Profissionais da Polícia enviou uma carta, assinada por Paulo Rodrigues, presidente da associação sindical, ao primeiro-ministro, onde se podia ler: «Não me passa pela cabeça que o Governo vá tratar de forma diferente os profissionais da polícia. Se houver uma porta aberta para os professores tem de haver para nós, caso contrário seria um caos em termos de revolta entre os profissionais da polícia».
As exigências podem estender-se ainda aos militares, que também querem as mesmas condições para progredir nas carreiras.
Também o presidente do Sindicato Independente dos Médicos, Roque da Cunha, declarou hoje que quer que os médicos sejam também abrangidos pela solução que o Governo propôs aos professores quanto aos descongelamentos.
Como era de esperar, abre-se aqui uma caixa de pandora, porque à semelhança dos professores, outras classes profissionais vêm agora exigir um tratamento semelhante nas suas carreiras, com impactos imprevisíveis na conflitualidade social e nas Finanças Públicas.
Não as podemos condenar, porque uma coisa é certa: 'o Sol quando nasce é para todos'.