Adiamento da venda do Novo Banco
O Novo Banco foi posto à venda e o Banco de Portugal identificou três compradores, sendo que as negociações com os chineses da Anbang que apresentaram a proposta mais vantajosa, terminaram sem acordo. Os chineses da Fosun e os americanos da Apollo eram outros potenciais compradores que estavam na corrida, mas, nos últimos dias, vários órgãos de informação deram conta da possibilidade das negociações terem fracassado e da venda do Novo Banco ser adiada para depois das eleições legislativas de 04 de outubro.
É que, ao que parece, a Fosun recusou subir a oferta de 1,5 mil milhões de euros, valor que nem chega a metade dos 3,9 mil milhões de euros que o Estado meteu no Fundo de Resolução. Perante este impasse, e depois do falhanço da venda à Anbang, a venda será adiada até que sejam conhecidos os resultados dos testes de stresse do Banco Central Europeu que ditarão em quanto terá de ser reforçado o capital da nova instituição herdeira do BES.
As razões estão á vista: ninguém está muito interessado em adquirir o banco, independentemente dos ativos que possui. Razão tinha Vítor Bento quanto se propunha estabilizar a situação do banco e vendê-lo pelo menos sem prejuízo. Mas o prejuízo parece já ser um dado adquirido. A fatura indireta para os contribuintes (via CGD), já é certa, só resta saber como passará a ser a direta. É que o regresso a uma nova operação de alienação do banco vai mexer nas contas públicas. O Governo já admitiu que o adiamento da venda do Novo Banco vai implicar uma revisão em alta do défice de 2014, em 4.900 milhões de euros, o montante total da capitalização do banco aquando da resolução do BES gerida pelo Fundo de Resolução bancário, entidade gerida pelo Banco de Portugal e que detém 100% do capital do Novo Banco. Deste montante, 3,9 mil milhões resultam de um empréstimo remunerado feito pelo Estado e o restante resulta de um empréstimo, também remunerado, feito por vários bancos a operar em Portugal e de capitais do próprio Fundo de Resolução. Situação que não preocupa a ministra das Finanças, a qual considerou que era «Nada tem de ser compensado e não há quaisquer efeitos nas metas de 2015, 2016 ou anos seguintes. É meramente um reporte estatístico de uma revisão do ano de 2014».
O Governo sempre nos vendeu a ideia de que o Novo Banco não terá custos para os portugueses, mas esta ideia é cada vez mais difícil de engolir, porquanto, em vias de falhar a venda do antigo BES, há um buraco iminente nos cofres do Estado de, pelo menos, 3,9 mil milhões de euros correspondentes à amortização do empréstimo efetuado ao Fundo de Resolução. Ou seja, a falência do BES foi de facto mais uma tragédia que se abateu sobre nós, que, direta ou indiretamente, sobrará inevitavelmente para os suspeitos do costume – os contribuintes.