Alentejo prometido, de Henrique Raposo
Ontem, Henrique Raposo lançou o seu livro da sua autoria Alentejo Prometido, com a chancela da Fundação Francisco Manuel dos Santos, onde o autor retrata a sua vivência em terras alentejanas, através de histórias familiares e memórias pessoais e escreve sobre fenómenos sociais como o suicídio a violência doméstica ou a pobreza na região alentejana, dando algumas explicações para a ocorrência desses factos.
Muito antes de a obra ter sido oficialmente apresentada começou a causar contestação nas redes sociais e fora delas, sobretudo depois da participação do autor no programa da SIC Radical Irritações, de Pedro Boucherie Mendes, onde afirmou que «para um alentejano, o suicídio é como se fosse um fenómeno perfeitamente natural: «Olha, matou-se», ou referindo-se às alentejanas mais idosas, as quais, segundo Raposo, nem sequer têm uma palavra para descrever ‘ violação’ limitando-se a dizer: «Ele chegou-se ao pé e mim e pronto», são duas das frases mais criticadas.
Na rede social Facebook foi mesmo criada uma página intitulada ‘Henrique Raposo - O Inimigo Nº1 do Algarve e do Alentejo’, que conta já com milhares de seguidores. Num dos posts, um homem surge fotografado a incendiar alguns exemplares do livro.
Não nutro especial simpatia por Henrique Raposo que conheço apenas das crónicas do Expresso. Não li o livro e, provavelmente, não o irei ler, mas entendo que o autor tem todo o direito de publicar o que bem lhe apetecer, pois assim o exige a mais elementar noção de liberdade de expressão.
É claro que muitos poderão discordar da visão que Henrique Raposo tem do Alentejo, estão no seu pleno direito, mas não devem esquecer que essa é uma visão meramente pessoal. As opiniões de Henrique Raposo como as de qualquer pessoa poderão ser discutíveis, aceito até que haja quem não aprecie o estilo, o que já não me parece aceitável é a autêntica campanha movida contra o livro e o seu autor. Uma campanha que não se fica pela divergência de ideias, estende-se aos insultos e ameaças físicas. Discordar sim, censurar nunca. Até porque fazer tanto ruído a volta deste assunto só serve para promover ainda mais o livro e o seu autor.