Análise Social Censurada
(imagem retirada do Expresso)
Tomei contacto com a notícia através do blogue «Entre a Bruma da Memória » e fui pesquisar.
A última edição da prestigiada revista Análise Social foi suspensa e os exemplares já impressos vão ser destruídos, segundo uma decisão do diretor do Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa, José Luís Cardoso, num um puro ato de censura.
Alegadamente a razão para esta edição da “Análise Social” não ter chegado a sair da tipografia ficou a dever-se à capa do referido número da Análise Social remeter para um pequeno estudo sobre a importância dos murais como forma de protesto atual, assinado por Ricardo Campos, investigador do Universidade Aberta, que tem os graffitis como uma das suas áreas de investigação.
Contradizendo os argumentos de José Luís Cardoso, Pina Cabral, diretor da Revista, defende que «a preservação e publicação de material desta natureza, não fere em nada a seriedade científica da revista». Pelo contrário, «existe mesmo uma volumosa e respeitável tradição nas ciências sociais de estudar e preservar as formas públicas reprimidas de manifestação de insatisfação popular», acrescenta o antropólogo social.
Mas para José Luís Cardoso, o ensaio é de «mau gosto e uma ofensa a instituições e pessoas». Para retirar o artigo A luta voltou ao muro da edição 212 da revista, o diretor do ICS argumenta também que este ensaio visual «não passa pelo processo de avaliação científica», ao contrário dos restantes artigos da Análise Social», o que é estranho porque todos os artigos científicos são objeto de uma peer review, isto é uma revisão feita pelos seus pares.
Mas tudo isto é inconcebível! Desde quando um qualquer diretor de um Instituto pode condicionar a liberdade académica de alguém em função da sua própria orientação no campo académico, intelectual ou ideológico?