Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Narrativa Diária

Não escrever um romance na «horizontal», com a narrativa de peripécias que entretêm. Escrevê-lo na «vertical», com a vivência intensa do que se sente e perturba. Vergílio Ferreira

Narrativa Diária

Sab | 15.02.14

António José Seguro sob pressão

A pouco mais de três meses das eleições europeias, aperta-se o cerco à liderança interna do PS. José Sócrates, António Costa, Francisco Assis e Carlos César são algumas das vozes dissonantes que preenchem o espaço público com recados a António José Seguro. À ideia de que o maior partido da oposição «está de boa saúde», atestada esta semana pelo secretário-geral socialista, António Costa respondeu na 5ª feira no seu programa semanal, na SIC Notícias, «o PS podia estar-se a posicionar melhor para estas eleições. O autarca, que há um ano criticou o rumo seguido pela liderança do PS, disse mesmo não compreender, não só o partido não apresentado um cabeça de lista mas, sobretudo, a forma como se tem permitido desgastar sucessivos nomes na praça pública, desde Jorge Sampaio, Carlos César a Francisco Assis. Relativamente às eleições europeias, Costa afirmou que atendendo ao atual contexto, não será «credível trabalhar num qualquer cenário que não seja uma vitória significativa do PS» nas próximas eleições. «Ganhar poucochinho, é fazer uma coligação poucochinha e fraquinha. É preciso ganhar solidamente para ter força e capacidade para negociar e fazer acordos», sublinhou. Referindo, ainda, que uma derrota do PS é um cenário totalmente impensável. José Sócrates foi, contudo, mais prudente, O antigo primeiro-ministro colocou uma fasquia a Seguro numa conferência realizada no ISCTE subordinada ao tema «O papel do Estado na sociedade contemporânea», sublinhando o valor político atribuído das europeias e afirmando que não deixa de ter «a maior expectativa» nessas eleições. «Gostaria que a esquerda se apresentasse, ao nível europeu, com um novo programa político», advogou o ex-primeiro-ministro, que optou por sacudir as críticas no plano europeu para o Presidente François Hollande. Sócrates admitiu «fazer parte do grupo de pessoas descoroçoadas com a linha política francesa». Ainda na percepção do antigo governante, «o dever da esquerda europeia é ser muito ambiciosa». O que passará por «dizer claramente não à Alemanha».
Mas, foi através de Carlos César que o verniz começou, esta semana, a estalar no seio do PS. Na quarta-feira, os ecos de uma entrevista do antigo presidente do Governo Regional dos Açores à rádio Renascença depressa intimidaram a liderança de Seguro. César adiantou ter conversado sobre um «eventual comprometimento» nas europeias com o secretário-geral do PS, comunicando-lhe que «não tinha disponibilidade» para integrar a lista ao Parlamento Europeu. Deixou críticas severas ao desempenho do atual líder, dizendo duvidar que Seguro «deva falar sobre tudo e durante todo o tempo, porque suscita a necessidade de, sendo assim, pronunciar-se sobre as mais exóticas matérias, que talvez não caibam a uma liderança, mas que podem caber a colaboradores, desde que eles existam e tenham qualidade para isso». Disse ainda que o Partido Socialista tem surgido «demasiado oponente e pouco proponente». César estimou mesmo que a liderança partidária pode ficar em causa num cenário de maus resultados eleitorais. Na sequência desta entrevista a cúpula do PS faria sair um comunicado, declarando que «o secretário-geral não fez qualquer convite a Carlos César para encabeçar a lista de candidatos às eleições europeias». Mais tarde, questionado pelos jornalistas no Parlamento, o próprio Seguro recusar-se-ia a reagir diretamente às palavras de César, repetindo, por duas vezes, uma frase genérica: «O PS está de boa saúde e recomenda-se», afirmando que a três meses das europeias as suas reais preocupações as suas prioridades são os problemas graves que o país atravessa.

Por seu lado, Francisco Assis mantém o interesse na corrida eleitoral, aguardando no entanto um convite que tarda em chegar. Anteontem à noite, na TVI 24 passou às críticas dizendo que se «fosse o secretário-geral do PS, resolveria isto o mais rapidamente possível». Seguro, ao que parece, não terá gostado do que o ouviu, e ontem, os dois estiveram reunidos durante meia hora. A posição de Assis terá ido no mesmo sentido das declarações da noite anterior: mesmo que o candidato seja outro, é importante que seja anunciado já.Seguro, igual a si mesmo, saiu da reunião com apenas uma frase: «O PS apresentará as suas listas no tempo adequado e não tenho mais nada a dizer».

Comentar:

Mais

Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

Este blog tem comentários moderados.