As críticas dirigidas a Mário Soares
Mário Soares será recordado como um dos maiores políticos portugueses de sempre. Será sempre lembrado como um lutador, um combatente pela liberdade e um construtor da nossa democracia, foi esse o grande legado que nos deixou. E por isso mesmo na hora da sua morte deveria haver um certo respeito pela sua memória.
Porém, não é isso que se verifica. Se por um lado muitos demonstram consternação pelo seu desaparecimento, e isso foi visível nas ruas por onde o cortejo fúnebre passou e pelos milhares que se dirigiram ao Jerónimos para lhes prestar a última homenagem, há os que destilam um profundo ódio nas redes sociais pela figura de Mário Soares.
As críticas provêm sobretudo de dois grupos distintos: de um lado, de saudosistas do antigo regime e de outro, os retornados do ultramar que nunca perdoaram a Soares nem a Almeida Santos a forma como foi conduzido o processo de descolonização.
Mas são sobretudo do primeiro grupo donde provêm as mensagens mais hostis. As críticas a Soares são acompanhadas com histórias sobre a alegada profanação da bandeira nacional, sobre o «caso Emaudio» e sobre a Fundação Mário Soares.
Calcula-se que os autores dos posts a denegrir e a insultar Mário Soares não pensem, por um segundo sequer, que um dos principais motivos porque podem emitir tais "opiniões" é porque Soares lutou uma vida inteira para que o pudessem fazer.
Mas, o mais preocupante de tudo isto são estes sentimentos e estas emoções negativas serem o espelho do nacionalismo ideológico que por esse mundo conseguem fazer eleger Trumps, Le Pens, Farages e quejandos.
Diria também que também aqui o populismo nacionalista faz o seu caminho e não é imune ao que se passa noutras regiões do mundo.