Balanço de 2020
Chegámos ao último dia do ano. Tempo de balanços e de análises. O ano que agora termina, talvez tenha sido o ano mais duro das nossas vidas, enquanto sociedade, enquanto país, fruto de uma pandemia da COVID-19, à escala global,que nos colocou grandes desafios, obrigando-nos a mudar atitudes e comportamentos.
Perante um vírus altamente contagioso, que se transmite com base no nosso comportamento, foram implementadas medidas (como o confinamento, o dever de recolhimento cívico, o número máximo de pessoas num determinado espaço ou o distanciamento físico) que, indiretamente, influenciam direitos, liberdades e garantias que dávamos como garantidos.
Não passámos apenas a usar máscara, a lavar mais frequentemente as mãos e a manter o distanciamento social. Esta experiência mudou a forma como nos relacionamos, como exercemos a parentalidade e a cidadania, como trabalhamos e nos organizamos (individual e socialmente).
Perderam a vida cerca de 7000 pessoas em Portugal, neste ano, vítimas da Covid19 e a atividade económica sofreu um rude golpe. No período entre abril e junho do confinamento e do Estado de Emergência o produto interno bruto (PIB) de Portugal registou uma contração de 14,1%, face aos três meses anteriores A perda de postos de trabalho e o aumento do desemprego comprometeram gravemente os meios de subsistência de muitas famílias. As medidas políticas adotadas pelo governo, como o lay off e as moratórias, bem como as iniciativas a nível da UE, contribuíram para atenuar o impacto da pandemia nos mercados de trabalho.
A pandemia confrontou-nos com a nossa fragilidade. A pandemia introduziu um grau incomum de imprevisibilidade, interferindo com a nossa possibilidade de fazer planos e a nossa perceção de controlar a nossa vida. Apesar da nossa vulnerabilidade ter sido ser posta à prova, revelámos uma grande capacidade de adaptação e de superação.
Apesar de todas as consequências negativas da pandemia, os momentos de crise e adversidade também contribuíram para impulsionar a resiliência e a aprendizagem. Em cerca de dez meses, a pandemia veio introduzir mudanças e a revelar o melhor de nós. Aprendemos muitas coisas e, muitas outras, foram colocadas em evidência.
Passamos a valorizar ainda mais a importância do SNS e todos os profissionais de saúde que desde a primeira hora estiveram e estão na linha da frente a lutar e a zelar pela saúde de todos nós.
O distanciamento social criou uma nova forma de relacionamento social. Ligámos mais vezes a familiares e amigos, participámos em encontros virtuais e estamos mais disponíveis para partilhar histórias ou vivências pessoais.
As imposições da pandemia revelaram ser possível existirem outras formas de organização do trabalho e realidades profissionais. Por exemplo, a modalidade de teletrabalho pode constituir uma opção que veio para ficar, porque traz potenciais benefícios para as organizações e colaboradores, nomeadamente a melhoria do equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.
A experiência generalizada do ensino à distância, em diferentes níveis e sistemas de ensino, abriu possibilidades a novas formas de ensino-aprendizagem e de relação entre estudantes e professores, escola e família.
Os nossos comportamentos individuais e coletivos tiveram um impacto imediato e visível na melhoria da qualidade do ambiente. Por exemplo, o confinamento conduziu a uma diminuição global das emissões de gases com efeito de estufa. Podemos, de facto, consumir energia de forma mais responsável e sustentável.
E no meio de tudo isto, em menos de um ano, as primeiras vacinas para a covid-19 foram aprovadas e já começaram a ser administradas aos profissionais de saúde em Portugal. O ARN mensageiro, molécula que no organismo está envolvida na síntese de proteínas, foi trabalhado em laboratório para instruir células saudáveis a fazerem cópias da proteína-chave do coronavírus, estimulando o sistema imunológico a gerar anticorpos neutralizadores do SARS-CoV-2, com selo de garantia da imunidade conferida e taxas de eficácia anunciadas superiores, na maioria dos casos, a 90%.
O balanço de ano novo representa o fim de um ciclo e o início de uma nova fase que chega para trazer esperança renovada. Parece que, finalmente, depois da tempestade virá a bonança . Tenho quase a certeza que, logo à noite, quando soar a primeira badalada, toda a gente, em todo o mundo, pedirá o fim da pandemia! A esperança num futuro melhor será o sentimento transversal que estará presente no começo do novo ano.
Por isso é dia de comer à meia-noite as 12 passas e pedir os 12 desejos para 2021. Entrar com o pé direito no novo ano e deixar 2020 para trás!
Feliz Ano Novo 2021! Que todos os vossos desejos e sonhos se concretizem.