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Narrativa Diária

Não escrever um romance na «horizontal», com a narrativa de peripécias que entretêm. Escrevê-lo na «vertical», com a vivência intensa do que se sente e perturba. Vergílio Ferreira

Narrativa Diária

Dom | 07.06.20

Black Lives Mater

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Milhares de pessoas em protestos contra o racismo em Lisboa, Porto e Coimbra desfilaram em homenagem a George Floyd, gritando palavras de ordem como Black lives mater e também em português — As vidas negras importam.

 

O racismo é deplorável e deve ser combatido, sem hesitações. Porém, não obstante a causa ser nobre, nada justifica que se juntassem aglomerados de pessoas, algumas de máscaras, outras não, ignorando as regras de segurança da DGS. Esta leviandade, em tempo de pandemia, é intolerável e imperdoável, porquanto podem por em causa tudo aquilo que, com sacrifício, foi conseguido ao longo de três meses.

 

Convém recordar que a manifestação da esquerda radical espanhola em 8 de março, sob o mote: “o único vírus perigoso é o teu machismo” teve consequências nefastas no país vizinho, com milhares de espanhóis infetados.

 

Ora, sabendo-se que a situação pandémica na área metropolitana de Lisboa é preocupante (os números falam por si) e que a atividade não urgente em hospitais da região de Lisboa foi novamente suspensa, como medida de precaução, desfilar numa manifestação que não respeita elementares regras de distanciamento físico (o mero uso de máscaras não é suficiente para travar a propagação do vírus) não deixa de ser um ato irresponsável.

 

E havia certamente outras formas de dizer NÃO ao racismo, seja através das redes sociais, seja colocando bandeiras à janela, seja por exemplo o país parar por alguns minutos,  a uma determinada hora ou como se fez em Itália, oito minutos em silêncio, sentados numa praça, mas observando os princípios do distanciamento social.