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Narrativa Diária

Não escrever um romance na «horizontal», com a narrativa de peripécias que entretêm. Escrevê-lo na «vertical», com a vivência intensa do que se sente e perturba. Vergílio Ferreira

Narrativa Diária

Dom | 13.09.20

Costa apoia Luís Filipe Vieira

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O semanário Expresso avançou neste sábado que António Costa e Fernando Medina vão integrar a comissão de honra de recandidatura de Luís Filipe Vieira à presidência do Benfica.

A lista contém mais de 500 nomes de várias áreas e diversos quadrantes políticos, como: o antigo ministro da Administração Interna de um Governo PS, Rui Pereira; o deputado do PSD, Duarte Pacheco; o deputado do CDS, Telmo Correia; o presidente do Câmara Municipal do Seixal pela CDU, Joaquim Santos; António Saraiva, presidente da Confederação Empresarial de Portugal, entre outros.

O primeiro-ministro já reagiu dizendo que o apoio é apenas enquanto sócio do Benfica e não como primeiro-ministro. Também o gabinete do autarca de Lisboa destaca que o apoio é enquanto sócio.

Um dos principais problemas da sociedade portuguesa é precisamente o excesso de promiscuidade entre a política e futebol e toda a opacidade associada a este mundo.

O primeiro-ministro de um país imiscuir-se nas eleições de um clube de futebol já coloca muitos problemas éticos. Pior, quando este apoio é feito a alguém que está a braços com a justiça em casos de corrupção, fraude fiscal, lavagem de dinheiro, recebimento indevido de vantagem e devedor de centenas de milhões de euros ao Novo Banco que, como bem sabemos, está a ser intervencionado com dinheiros públicos, pagos pelos contribuintes.

Ao apoiar Luís Filipe Vieira, Costa está implicitamente a dar um atestado de credibilidade e de honorabilidade a alguém que já deu várias provas do contrário.

É importante ainda não esquecer que a invocação de que o faz como adepto também não colhe, porque conforme disse o próprio António Costa, em abril de 2016, relativamente ao ministro da cultura, João Soares... «nem sequer à mesa do café podem deixar de se lembrar que são membros do Governo». Portanto, como primeiro-ministro, António Costa, em nenhum momento pode colocar o estatuto de adepto acima do titular de cargo político.

Tudo isso é algo perfeitamente incompreensível e desnecessário. Não se percebe como António Costa, sendo um político hábil, se deixou levar neste engodo de apoiar o presidente do Benfica e com que objetivos, sabendo de antemão toda a polémica que iria gerar. E não, a clubite não é justificação para esta tomada de posição.