Cristina Ferreira muda-se para a TVI
Dois anos depois de ter deixado a TVI e ter ido para a SIC, Cristina Ferreira está de volta à casa mãe, qual filha pródiga. Um negócio milionário que a coloca num lugar de direção na TVI.
A apresentadora vai ser diretora de entretenimento da TVI, bem como acionista e administradora da Media Capital. Sabe-se que a apresentadora vai ainda liderar a subsidiária Plural que é a produtora responsável por conceber e produzir os conteúdos de ficção para a estação de televisão.
Este «regresso à casa mãe com funções distintas é um projeto ambicioso ao qual era impossível dizer que não. É uma escolha conduzida pelo afeto com firme vontade de contribuir para recolocar a TVI no coração dos portugueses», diz Cristina Ferreira.
A propósito da transferência da Cristina Ferreira para a TVI, tenho lido por aí muitas críticas que percebo. Num país onde o salário mínimo é de 635 euros por mês e onde o desemprego não para de aumentar, não deixa de ser chocante que uma apresentadora de televisão aufira cerca de 3 milhões de euros.
Mas, goste-se ou não do estilo de apresentação da Cristina Ferreira, a sua evolução profissional ao longo das últimas décadas tem sido notável. Começou como repórter na RTP, cresceu na TVI, a sua transferência para a SIC foi um dos negócios da década em televisão e agora torna-se administradora e acionista da Media Capital e diretora de entretenimento da TVI, desejo que aliás que já tinha partilhado com Manuel Luís Goucha: «um dia vou ser diretora deste canal».
No meio de tudo isto, a única crítica que faço é à Media Capital, empresa que o Estado subsidiou, através do pacote que o governo aprovou para apoiar a comunicação social, no valor de 15 milhões de euros, com a compra antecipada de publicidade.
Também a empresa Plural Entertainment, empresa de produção audiovisual detida pela Media Capital recebeu apoios estatais quando entrou em lay off em abril, devido à crise pandémica, situação que se prolongou por dois meses. Segundo o Observador, enquanto o Estado financiava o lay off, a empresa recorreu a prestadores de serviços para efetuar as mesmas funções que os trabalhadores do quadro da empresa, situação que levou os Sindicato dos Trabalhadores de Espetáculos, do Audiovisual e dos Músicos pedirem à Autoridade para as Condições do Trabalho que fiscalizasse o lay off da produtora televisiva.
Como bem refere Miguel Poiares Maduro: «as empresas privadas devem ser livres de pagarem aos seus funcionários e gestores o que quiserem. É o mercado que as vai premiar ou penalizar por essas decisões de risco. Mas é diferente quando pedem apoio financeiro ao Estado. Os bancos que receberam auxilio do Estado durante a crise financeira ficaram sujeitos a tetos salariais. Mas ninguém parece incomodado com contratações milionárias por empresas de media que ainda há pouco reclamavam e receberam auxílios públicos. Há sempre um juízo diferente quando estão em causa estrelas populares, mas não devia!»
A entidade reguladora (ERC) garante estar a analisar o caso. Na passada sexta-feira emitiu um comunicado, onde referia: «Tendo tomado conhecimento de mudanças relevantes na estrutura da TVI», o regulador «está a avaliar o âmbito das mesmas e eventual configuração de nova posição». «Em análise está a eventual alteração não autorizada de domínio, que envolve responsabilidade contraordenacional e pode dar origem à suspensão de licença ou responsabilidade criminal, tendo em conta o artigo 72.º da Lei da Televisão e dos Serviços Audiovisuais a Pedido».