Crónicas de escárnio e maldizer
Vasco Pulido Valente está de volta, agora no Observador. Igual a ele próprios e ao que no habituou desde as suas crónicas no Independente: inteligente, cáustico, amargo, mordaz. A sua imagem de marca é o ceticismo. Mas também o escárnio e o maldizer, uma tradição muito portuguesa com sucesso garantido na imprensa escrita.
Vejamos, de forma sucinta, como comenta os assuntos que marcaram esta semana no seu diário:
- O que diz sobre os taxistas: «Esta querela dos taxistas é um retrato da imbecilidade nacional».
- Sobre a eleição de Guterres para a ONU: «Por acaso conheço a criatura. É um homem fraco, influenciável, indeciso e superficial».
- Sobre o anterior livro de Sócrates (não leu ainda o novo): «É um exercício escolar sem originalidade ou rigor, que, como lhe compete, exibe uma enorme incultura filosófica».
- Sobre as eleições americanas: «O debate entre Trump e Clinton não passa de uma zaragata de bordel. A famosa civilização do Ocidente deu nisto».
- Sobre o OE2017: «As discussões sobre o Orçamento de 2017 deixaram à vista a pobreza e a fragilidade de Portugal».
- Sobre Portugal: «A choradeira e o ranger de dentes não levam a nada, nem os triunfos vicários com as façanhas de Ronaldo ou Guterres. Sempre foi assim».
À exceção dele próprio, tudo neste país é péssimo, trágico ou apocalíptico, um desastre que ele nos anuncia em crónicas infalivelmente pessimistas e biliares.
Ora, se todas as suas previsões catastrofistas se cumprissem o país provavelmente há muito que não existiria enquanto nação.