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Narrativa Diária

Não escrever um romance na «horizontal», com a narrativa de peripécias que entretêm. Escrevê-lo na «vertical», com a vivência intensa do que se sente e perturba. Vergílio Ferreira

Narrativa Diária

Qui | 16.04.20

Duas perdas literárias!

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Ontem morreu o Rubem Fonseca (1925-2020). Hoje morreu o Luís Sepúlveda (1949-2020). A literatura perdeu dois dos seus grandes vultos. Um, oriundo do Brasil, considerado um dos maiores escritores brasileiros do século XX, elevou a língua portuguesa e projetou-a a vários cantos do mundo. Outro, nascido no Chile, generoso na escrita e na vida, combativo, sonhador, resistente, encarava a sua escrita como um "ponto de encontro entre o escritor e o leitor". «Sempre vi a literatura como um ponto de encontro. Primeiro, é um ponto de encontro do escritor com a sua própria memória, com as suas referências culturais e sociais. Depois, é um ponto de encontro entre dois estados de alma: o do escritor, quando estava a escrever, e o do leitor, no momento em que lê», afirmou em 2016, em entrevista à agência Lusa.

 

Não podiam ser duas pessoas mais diferentes, em todos os aspetos da vida e do pensamento. Mas cada um deles, à sua maneira, tinha aquela marca que projeta a intemporalidade. Um mundo literário mais pobre,  aquele nos resta, sem dúvida.


A morte de Luís Sepúlveda toca-me mais, certamente porque conheço melhor a sua obra, da qual li alguns dos seus livros. Era um escritor amigo de Portugal, sendo que a sua última aparição tenha sido no festival Correntes d'Escritas, na Póvoa do Varzim, em fevereiro deste ano, poucos dias antes de ter sido hospitalizado por estar infetado com o novo coronavírus.


A sua morte lamentavelmente veio a confirma-se, mostrando, uma vez mais, que este vírus não brinca em serviço. Luís Sepúlveda perdeu infelizmente essa batalha contra a Covid-19. Ficará para sempre a sua  magnífica obra, sem dúvida intemporal.