E assim vai a campanha eleitoral…
«Por cá, alguém que não conhecesse o país suporia que foi o PS que esteve no Governo nos últimos quatro anos. Da direita à esquerda só se discute o PS, o programa do PS, as promessas do PS, os cortes na segurança social do PS, o acordo da troika que o PS assinou, o plano secreto que o PS tem para se aliar à CDU e ao BE para não deixar o centro-direita governar. (...) E ninguém debate os últimos quatro anos, os 485 mil emigrantes (...), os cortes nos salários da Função Pública e nas pensões dos reformados, a desmotivação completa dos funcionários públicos, o desemprego, o emprego que está a ser criado (90% é precário), os 50% de portugueses que ganham menos de 8000 euros por ano, o facto de estarmos a trabalhar mais 200 horas por ano e a ganhar em média menos 300 euros, o descalabro na educação (...), a miséria que se vive no Serviço Nacional de Saúde (...), os medicamentos que faltam nas farmácias e só estão disponíveis daí a dois dias, a machadada que levou a ciência e investigação, os problemas que se continuam a verificar na justiça, a inexistência de respostas ao envelhecimento da população (em 2014 já havia mais de 4.000 pessoas acima dos 100 anos em Portugal e há 595 mil portugueses com mais de 80 anos), a irrelevância do ministro dos Negócios Estrangeiros, a fragilidade da ministra da Administração Interna, as múltiplas garantias de Passos Coelho que foram sempre desmentidas por decisões do próprio Passos Coelho, o programa da coligação que não se discute porque não existe, etc, etc.»
NICOLAU SANTOS, Expresso, 2015.09.28
Isto decorre, há que dize-lo, não apenas de uma habilidosa estratégia da PAF (o balanço destes últimos quatro anos de governação está praticamente arredado da campanha eleitoral. As propostas concretas da PAF para o futuro, também); da errada opção do PS (que devia concentrar-se mais no seu programa); mas essencialmente da paupérrima cobertura mediática que a generalidade dos meios de comunicação social difundem, designadamente as televisões.