E o PAN?
O PAN foi, como nos lembramos, a surpresa das eleições europeias, tal como havia sido em 2015, nas legislativas. Conseguiu eleger o seu primeiro deputado ao Parlamento Europeu sendo o único partido, oriundo de Portugal, a sentar-se no grupo dos Verdes europeus.
André Silva foi-se impondo como uma forma diferente de fazer política. Tem boas ideias sobre ambiente e alterações climáticas. É fofinho porque gosta de animais, tem boa imagem, é sereno e assertivo, é cool (pratica mergulho e biodanza) e tem propostas que, por estranhas que pareçam, agradam aos cidadãos, sobretudo aos jovens eleitores que estão pouco interessados em política e em políticos e o discurso do PAN, sendo claro e simples, cai como ‘sopa no mel’.
A juntar a este desempenho, o partido de André Silva começa a aparecer como resposta à ausência de uma agenda clara dos partidos ecologistas (os Verdes, como sabemos, de ecologia só o nome) e o PAN cavalga essa onda, centrando o seu discurso na ‘agenda verde’ que atrai os eleitores. A sua força resulta exatamente das suas bandeiras, os cuidados animais e a defesa intransigente do ambiente, sem descurar as alterações climáticas que, sejamos claros, devem constituir pressupostos civilizacionais do mundo em que vivemos.
Poluição, transição energética, proteção ambiental, descarbonização e fim do nuclear, novos empregos 100% verdes, mobilidade responsável, afetação dos fundos comunitários à agricultura biológica, combate ao tráfico de animais e defesa dos direitos humanos, com ênfase no acolhimento dos refugiados são algumas causas por que têm pautado o seu discurso. Julgo até que nenhum partido político pode, no programa que apresenta aos eleitores, deixar de incluir estas questões de forma coerente e sistemática.
A diferença do PAN e os demais partidos está na forma como mostrou ser um partido de causas, lutar por uma sociedade mais humana, mais justa e mais igualitária, e que não se posiciona nem à esquerda nem à direita do espetro político.
Por isso, estou em crer que o PAN poderá, uma vez mais, surpreender nestas eleições de 6 de outubro. Se, há um ano, André Silva conseguiu espantar tudo e todos ao conquistar um lugar no Parlamento, as sondagens apontam para que o PAN consiga arrebatar 5,2% dos votos (apenas a um ponto do CDS), podendo conquistar seis lugares!
O PS, a julgar pelas sondagens, estaria a dois deputados da maioria absoluta. Mais do que quem vencer as eleições, a questão que se tem colocado nos últimos meses é qual a dimensão da vitória do PS, que tem, sucessivamente, surgido destacado nas sondagens.
Desta feita, se o PS não conseguir a maioria absoluta, precisaria apenas de um acordo parlamentar com o PAN para formar governo, num registo de geringonça, já que André Silva recusa, para já, entrar no Governo, por admitir, e bem, que o PAN está ainda numa fase de crescimento.