Estamos em confinamento? Ninguém diria.
Somos atualmente o segundo país no mundo e o primeiro na Europa com a média mais alta de novos casos de Covid por um milhão de habitantes. E somos o quarto país com mais mortes por milhão de habitantes. O país acionou medidas de contingência, com muitas exceções. Tirando restaurantes, cafés, cabeleireiros, barbeiros, ginásios e atividades desportivas, recreativas e culturais, todos eles impedidos de trabalhar, o resto é uma lista imensa de atividades excecionadas. Num fim-de-semana de sol, as pessoas sairam para a rua para passear, porque a lei permite.
Acho que já todos repararam que perdemos por completo o controlo da Pandemia e que estas medidas só servem para mitigar e não resolvem o problema, sobretudo do SNS que continua com enorme pressão. O governo optou por manter a economia aberta. Não pode é dizer que está a fazer tudo para proteger o SNS. Claramente não o fez. Se tivesse feito tinha imposto medidas drásticas e absolutas. Ia ser criticado, mas salvava vidas e protegia os médicos e hospitais da pressão. Travou tarde demais e, como se viu, mal. Ninguém vai cumprir. Não há forma de cumprir com tanta exceção. O facto de as escolas continuarem em funcionamento foram um fator absolutamente decisivo no falhanço dos objetivos, já que movimentam diariamente mais de 2 milhões de pessoas.
Este 2º confinamento está a ser muito mais leve do que o 1º e traduz a falta de medo. O problema é que a falta de medo está associada à falta de consciencialização. Essa falta de consciencialização leva inevitavelmente ao aumento da mortalidade, direta e indireta.
Urge um confinamento mais agressivo, sem exceções e com uma estratégia de comunicação clara e objetiva e acima de tudo coerente, determinando quais os objetivos a alcançar a curto e médio prazo.
É disso que necessitamos, e não de exceções que se revelam inúteis, sobretudo se permitem a circulação sem muitas restrições.